sexta-feira, 20 de março de 2015

A homossexualidade é imoral?

10 comentários:
Relacionamentos homossexuais são errados do ponto de vista moral? Eu desejo analisar isso nesse post, mas de um modo desapaixonado e neutro. A intenção é expor como pensam os dois lados, procurando compreender ambos e gerar uma discussão equilibrada e honesta.
 
O argumento que parece ser central para os que apoiam a homossexualidade é que ela não representa mal em si mesma. Em outras palavras, desde que um relacionamento homossexual ocorra de modo consensual entre as pessoas envolvidas, não há qualquer tipo de exploração neste tipo de relação que possa tornar o envolvimento condenável. Ao contrário disso, temos a mútua satisfação dos indivíduos em contato. Em silogismo, o argumento pode ser resumido assim:
1. Qualquer relacionamento consensual que não implique em exploração para as pessoas envolvidas, mas antes, satisfação, é correto do ponto de vista moral;
2. O relacionamento homossexual pode perfeitamente ser consensual e não implicar em exploração, mas satisfação;
3. Logo, o relacionamento homossexual em si é correto do ponto de vista moral.
O problema deste argumento é que a premissa número 1 está baseada em uma concepção de moral estreita. Essa concepção estreita só leva em conta a satisfação mútua e consensual em um relacionamento. Mas não necessariamente este é o único pré-requisito para que uma relação ou comportamento seja correto. Vejamos um exemplo. Há pessoas que gostam de viver como bebês ou como animais. Existem muitas dessas pelo mundo. Alguns programas televisivos, como Tabu (apresentado no National Geographic) às vezes produzem reportagens sobre o tema. Esses indivíduos assumem um personagem (um cachorro, um gato, um bebê), passando a manter os hábitos do personagem assumido, desde as vestimentas, até a alimentação e o modo de lazer. E, curiosamente, tais pessoas arrumam babás e “donos” para os satisfazerem em suas fantasias.
 
Temos aqui, portanto, diversos casos de comportamentos e relacionamentos que são consensuais, causam satisfação nos participantes e não implicam em exploração. Mas será que podemos entender esses comportamentos e relacionamentos como corretos? A resposta para esta pergunta depende da cosmovisão da pessoa. Se sou um humanista ou libertário, direi que por mais estranhos que possam nos parecer, são corretos porque respeitam a premissa 1 do argumento e ela é autoevidente.

Se eu sou um relativista, direi que não há certo e errado, mas apenas gostos. Viver como um bebê ou um cachorro, tomando madeira e urinando em fraldas, ou comendo ração e brincando de morder, podem não fazer parte do meu gosto, mas faz parte do gosto deles. Nenhum de nós está certo ou errado.
 
Um ateu, que realmente leve à sério a sua cosmovisão ateísta, dirá aqui que nosso universo inteiro é apenas um acidente e que não há nada que nos indique se há algo certo ou algo errado. Todos os comportamentos são iguais e, no fim das contas, isso não vai fazer a menor diferença depois que morrermos. Logo, viver como um bebê ou um cachorro não é certo nem errado. Tanto faz.

Uma pessoa sem religião específica, mas que acredita em moral, provavelmente dirá que existe certo e errado, mas que comportamentos como viver como um bebê ou um cachorro não se enquadram na questão da moralidade. São apenas gostos.
 
Agora, uma pessoa que acredita que a natureza foi projetada inteligentemente e que cada uma de suas partes apresenta um modo correto de funcionamento, afirmará que comportamentos como viver como um bebê ou como um cachorro, quando não se é nenhum dos dois, fogem do correto funcionamento, ferem a inteligência do projeto e se desviam do objetivo natural que deveriam seguir.
 
Certamente, isso se configuraria um erro do ponto de vista biológico e da finalidade do projeto. Mas seria um erro moral? Aparentemente sim, pois se a natureza é um projeto, há um projetista. Ferir a inteligência do projeto e do projetista usando as partes do projeto de maneira errada e renegando o objetivo de seu criador não parece ser uma atitude muito boa. Se considerarmos ainda que o projetista nos ama, tudo fica mais complicado, pois ao agir de modo diverso ao objetivo do projeto, estamos renegando a vontade de alguém que nos ama e nos possibilitou viver por conta disso. Seria como se um pai amoroso tivesse projetado um notebook para o filho e explicado que o mesmo não era à prova de água. O filho, rebelde, diz que o notebook é dele e ele usa como quiser. Então, leva para o banho e o aparelho queima.
 
Como o leitor já notou, eu não favoreci até agora nenhuma visão. O que fiz foi apenas explicar cada uma delas, demonstrando como cada tipo de pessoa chega até determinada conclusão. À priori, nenhuma dessas visões, ou cosmovisões, são incoerentes. Se, de fato, a premissa 1 é autoevidente, não podemos dizer que tais comportamentos são errados. E se a  moral é relativa, ou o mundo é obra do acaso, ou os comportamentos que estamos analisando não se enquadram na questão moral, não podemos dizer nem que são corretos, nem que são errados, mas apenas questão de gosto.
 
A análise da validade dessas posições se inicia agora. A primeira nos diz que é uma verdade autoevidente que qualquer comportamento ou relacionamento consensual, que cause satisfação mútua e não exploração é correto do ponto de vista da moral. Contudo, como já vimos, isso não é necessariamente uma verdade, pois depende do que abrange a moral. E a moral pode muito bem abranger mais do que esses pré-requisitos. Se a hipótese do projetista estiver correta, por exemplo, a primeira premissa está errada. Portanto, não temos aqui um fundamento autoevidente, mas um fundamento que depende de uma evidência externa a si mesmo. Em outras palavras, é preciso provar que a moral só abrange o que a primeira premissa diz. Não é suficiente só dizer.
 
As demais hipóteses tentam transformar alguns comportamentos em questão de gosto pessoal apenas, portanto, não enquadráveis na ideia de moral. Mas se alguma delas estiver correta, elas derrotam o próprio argumento de que a homossexualidade é moral, pois este comportamento também passa a ser uma questão de gosto. E se é uma questão de gosto, qualquer um pode concordar ou discordar, tal como discordamos ou concordamos com a prática de comer sorvete, ou de fumar charutos, ou de torcer por um time de futebol. E como gosto não se discute, pois é subjetivo e cada um tem um, não faz sentido dizer que não gostar da homossexualidade é algo errado. Aliás, nos dois primeiros casos, o do relativismo e o do ateísmo, não há certo e errado. Portanto, até mesmo a violência contra homossexuais não seria errado (apenas seria algo fora da lei nos países democráticos, mas não imoral).
 
Neste ponto, o defensor da homossexualidade geralmente vai tentar atacar a noção de que seu comportamento não é natural. Seu intuito aqui é provar que a homossexualidade está de acordo com a biologia e quaisquer finalidades que, porventura, existam no projeto natural. Ele poderá também dizer que não há um padrão biológico ou um objetivo natural. A ideia é concluir que a homossexualidade é moral em qualquer hipótese, incluindo na hipótese de que haja um projetista na natureza.
 
Mas o argumento é falho. É patente que os componentes da natureza apresentam uma funcionalidade padrão e objetivos específicos. Por exemplo, se meu vizinho tenta colocar uma colher de arroz no nariz, tencionando se alimentar, em vez de usar a boca para isso, é óbvio que temos uma fuga de padrão natural. O nariz serve para respirar e a boca serve para comer. Negar isso é negar o conhecimento biológico mais simples. Aliás, quando aprendemos biologia, a ideia da disciplina é que saibamos para quê funciona cada coisa em nosso corpo e no ecossistema. Então, sim, existe um funcionamento padrão e objetivos na natureza.
 
O comportamento homossexual, evidentemente, não se adéqua a esse funcionamento padrão. O homossexual assume um papel que não é o seu, e utiliza partes de seu corpo que tem determinadas finalidades, para outras finalidades. O indivíduo homossexual tenta ser o que não é, e fazer o que seu gênero não foi projetado para fazer.
 
Uma vez que tal fato é inescapável, o defensor da homossexualidade poderá oferecer dois argumentos aqui. O primeiro é que, se há um projetista, ele pode não se importar com o que fazemos com nossos corpos ou com o que desejamos ser, desde que não façamos mal ao nosso próximo. De fato, as religiões teístas dizem, por exemplo, que Deus é amor. Se ele é amor, não deve ver mal no amor genuíno entre pessoas do mesmo sexo. E se ele é amor, deve querer a felicidade de todos, inclusive de quem quer ter um relacionamento homossexual.
 
À priori, esta hipótese parece ser plausível. Mas há alguns questionamentos que precisam ser feitos. Em primeiro lugar, por que razão Deus criaria gêneros, amor de casal, relação sexual e casamento? Ele poderia ter feito criaturas sem gênero e assexuadas, que vivessem como irmãos/amigos apenas. Bom, se respondermos que o único objetivo foi para que os gêneros se interessassem um pelo outro e gerassem filhos, então certamente não fazia parte dos planos de Deus que pessoas do mesmo gênero se unissem dessa forma. Se, porém, respondermos que a procriação não era o único objetivo, isso nos leva a questionar por que Deus não teria feito o ser humano hermafrodita.
 
Pense no seguinte: Deus não criou o mundo mal, segundo as religiões teístas. O mal entrou no mundo, que antes era perfeito. Suponhamos que o mundo continuasse perfeito hoje, como Deus o criou. Neste caso, os homossexuais teriam um problema: eles não teriam como ter filhos naturais, tampouco adotar (pois em um mundo perfeito, nenhum pai ou mãe abandonaria, ou venderia, ou daria seus filhos. Tampouco as pessoas morreriam. Logo, não haveria orfanatos e filhos para seres adotados). Isso seria um grande transtorno para os gays, que não poderiam constituir família, ao passo que os heterossexuais poderiam.
 
Além disso, haveria uma desigualdade natural bastante desagradável entre gays e heteros no que tange a relação sexual, já que os heteros teriam seus corpos naturalmente projetados para o sexo, ao passo que os homossexuais precisariam (como precisam hoje) improvisar. E se nós pensarmos naqueles que nascem insatisfeitos com seu gênero e desejam fazer operações de mudança de sexo, a coisa fica mais complicada, pois questionamos: por que Deus permitiria, num mundo perfeito, que algumas pessoas só pudessem ser felizes de maneira artificial, necessitando mutilar ou implantar membros? Em outras palavras, se Deus desejava que pessoas do mesmo sexo tivessem um relacionamento de casal, não faria sentido Ele ter criado dois gêneros. O hermafroditismo seria muito mais justo e feliz. Parece, portanto, que Deus desejou/projetou desde sempre a união sexual/matrimonial apenas entre homem e mulher.
 
Em segundo lugar, se realmente Deus criou tudo perfeito, mas o mal entrou no mundo, é possível supor que o sentimento homossexual seja algo que não existia quando o mundo ainda era perfeito, nem existiria. Talvez o sentimento homossexual seja algo que surja em decorrência de o mundo não ser mais o mesmo que Deus criou. Ele foi deformado, e assim, as coisas mudaram. A deformação do mundo e de nossa própria natureza pode ter criado um descompasso entre o que somos/para quê fomos projetados e o que desejamos ser/fazer. Isso explicaria porque uma pessoa que nasce com um gênero/sexo pode ficar insatisfeita com ele e querer mudar de gênero/sexo. Se isso é fato (e há plausibilidade nisso, pois é muito mais provável um Deus bom criar pessoas que tenham um sentimento de acordo com o que ela é e foi projetada para ser), então a homossexualidade não só não é natural, como é algo que só existe porque o mundo deixou de ser perfeito.
 
Em concordância com isso, muitos homossexuais afirmam que gostariam de não ser gays, mas que infelizmente apresentam um sentimento homossexual. Estas pessoas às vezes afirmam: “Não tenho culpa de ter esse sentimento”. Então, para essas pessoas, é ruim o fato de haver esse descompasso entre o gênero natural delas e como elas se sentem. Logo, não é um absurdo supor que tal sentimento não foi criado por Deus, não é plano dele, não deveria existir e só existe por conta do pecado.
 
Em terceiro lugar, quando as religiões teístas dizem que Deus é amor, se referem ao amor geral. O amor geral é aquele que devemos sentir por qualquer pessoa pelo simples fato de ela ter vida e sentimentos. É o amor que Deus sente por nós e que nós devemos nutrir por Ele e pelo próximo. Não devemos confundir este amor com as suas demais vertentes, como o amor “Eros” (de casal), o amor “Philos” (de irmão) e o amor “Storge” (de família). Este amor geral é o amor Ágape. É um amor maior do que todas as suas vertentes e sem o qual nenhuma delas existe. É o amor do qual suas vertentes são apenas representações parciais. As vertentes de Ágape podem até simbolizá-lo em alguns aspectos, mas jamais podem substituí-lo, pois a representação nunca substitui o objeto representado.
 
Deus é Ágape e não Eros. Portanto, não faz muito sentido dizer Ele deseja que todos os seres humanos amem eroticamente qualquer um dos gêneros criados. Faz sentido sim dizer que Deus deseja que todos os seres humanos amem com amor Ágape a qualquer um dos gêneros. O amor Eros, no entanto, parece ter sido criado para ocorrer entre um homem e uma mulher. Outro ponto aqui é que o fato de Deus nos amar, não implica que Ele ache bom que adquiramos comportamentos provenientes de descompassos causados pelo pecado.
 
Estes questionamentos tornam improvável que Deus se agrade da homossexualidade e demonstram que é mais plausível pensar que Deus criou um em que não havia descompasso entre nossos sentimentos e o que somos naturalmente. Este descompasso, portanto, não é algo proveniente dele, tampouco é algo positivo.
 
A pessoa que apoia a homossexualidade aqui ainda pode tentar usar o argumento de que este comportamento não é uma escolha, mas uma característica natural com a qual algumas pessoas nascem. A ideia é dizer que o homossexual não tem escolha. Ele nasce com esse sentimento e não pode ser considerado errado por segui-lo. Mas o argumento apresenta pelo menos duas falhas. A primeira é supor que inerências naturais e comportamentos são a mesma coisa. Não é verdade. Ser negro, ter nariz grande, ser alto ou ter a voz grossa, não são comportamentos, mas inerências naturais. Ser cristão, jogador de futebol, filósofo ou socialista são comportamentos, mas não inerências naturais. Você pode, é claro, ter inclinações naturais para determinados comportamentos. Mas a inclinação não torna o comportamento inerente a uma pessoa. Pode-se escolher dizer “não” a determinado comportamento.
 
Dizer “não” a comportamentos que estamos inclinados a praticar é coisa que fazemos rotineiramente. Existem pessoas naturalmente geniosas, por exemplo. Em situações onde o estresse é grande, essas pessoas podem se sentir fortemente inclinadas a passar dos limites, dizendo palavrões, quebrando coisas, batendo nas pessoas e até dando tiros. Mas é certo dizer que elas não têm escolha? É certo dizer que elas são escravas de suas inclinações? É certo dizer que se elas matarem alguém, não tem culpa, pois são naturalmente geniosas e estavam em uma situação difícil? É claro que não.
 
Cabe a cada um dominar seus instintos, inclinações, impulsos, pensamentos, vontades, emoções, sentimentos e etc. É este autocontrole constante que é requerido de todos nós para a formação de nosso caráter, civilidade e cidadania. Aquele que não aprende a dizer “não” para si mesmo, a traçar limites para seus comportamentos e moldar os seus próprios desejos, está sempre perdendo para o seu “eu” e enfraquecendo o seu caráter.
 
O que se conclui daqui é que, se o homossexual acredita que seu comportamento é errado, existe a possibilidade de ele abster-se de manter relacionamentos amorosos, bem como de agir de modo diferente do seu gênero natural. A questão aqui não é a dificuldade que possa haver nessa abstenção, mas se ela é possível. E sim, ela é.
 
A segunda falha é que não necessariamente o comportamento homossexual advém de uma inclinação natural. E também não necessariamente inclinações naturais se desenvolvem no individuo. Muitas pessoas podem se tornar homossexuais por curiosidade, ou desilusões amorosas com pessoas do seu gênero, ou por ter uma vida sexual muito permissiva e aberta a novos experimentos, ou porque cresceu em meio à pessoas de um gênero distinto do seu (vindo a copiar-lhes os modos e gostos), ou por influencia de amigos homossexuais, ou por algum problema de infância relacionado ao pai ou a mãe e etc.
 
Aqueles que alegam ser homossexuais desde a mais tenra idade talvez não tenham nascido com uma inclinação homossexual, mas simplesmente com alguns modos e gostos diferentes do seu gênero. E, uma vez que não tenha havido um acompanhamento apropriado por parte dos pais, tais modos e gostos se desenvolveram e levaram o individuo a agregar mais modos e gostos distintos até chegar ao ponto de desejar ser de outro gênero e/ou desejar se relacionar com pessoas do mesmo sexo. Há muitas pessoas que nasceram com tais gostos e modos e que até os conservaram durante a vida, mas não se tornaram homossexuais, donde se conclui que a criação dos pais podem impedir esse desenvolvimento e a própria pessoa, ao crescer, pode se interessar pelo sexo oposto, não se tornando homossexual apesar dos gostos e modos diferentes.
 
Finalmente, não devemos descartar a possibilidade de que um indivíduo realmente nasça com uma inclinação homossexual. No entanto, mais uma vez, é possível que essa inclinação não se desenvolva em função de uma criação apropriada dos pais, de modo que a pessoa se acostume a ser heterossexual e sua inclinação natural fique adormecida. Isso nos faz concluir que não há razão para se crer que o sentimento homossexual é algo tão poderoso que não possa ser adormecido, seja ele natural ou desenvolvido no decorrer da vida.
 
Até agora, como o leitor pode ver, eu não apelei a qualquer livro considerado sagrado por alguma religião. Apenas lidei com hipóteses, procurando analisar a coerência delas. Mas agora quero mencionar a Bíblia, a fim de complementar o assunto.
 
Segundo a concepção bíblica, Deus criou os gêneros, o casamento e a união sexual não apenas para que tivéssemos procriação. Afinal, Deus poderia muito bem desenvolver outro método de geração natural de seres humanos, ou mesmo criar todos diretamente. E nós poderíamos ser assexuados, como os anjos, sem que sentíssemos ou tivéssemos qualquer necessidade de casar ou fazer sexo. Mas aprouve a Deus criar gênero, casamento e sexo para que a união entre homem e mulher pudesse simbolizar a união entre Deus e seu povo. É por este motivo que, na Bíblia, o povo de Deus é sempre comparado a uma mulher, e Deus, ao noivo dessa mulher.
    
Portanto, qualquer o casamento (e, por conseguinte, a união sexual) que não ocorre nos moldes estipulados por Deus, destoa da realidade que ele representa, perdendo todo o seu sentido e propósito. E como eu afirmei já em outro texto, sobre casamento, Se alguém diz que acha ridículo não modificar a concepção de casamento "só" porque isso não representa Deus corretamente, faz do símbolo algo mais importante que a realidade simbolizada. Não é a realidade que deve ser modificada para se adequar ao símbolo, mas o oposto. O símbolo se sujeita ao real.
    
É por esse motivo que quando uma pessoa critica o cristianismo com o argumento de que não é errado um casamento homossexual ou poliamoroso porque “não faz mal ao próximo e é consensual”, está falando algo sem sentido. A imoralidade desses atos não se baseia no principio de fazer bem ao próximo, mas sim no principio de que o casamento é uma representação da união de Deus e seu povo. Ele foi criado para isso. Esse é o seu objetivo primordial. Então, é errado usá-lo de outra forma.
    
O que é curioso e esplêndido no cristianismo é que, ao mesmo tempo em que ele faz do casamento algo extremamente sagrado, por representar o amor de Deus para com o seu povo, ele também coloca o amor Eros em seu devido lugar, mostrando que ele é menor que o amor Ágape, sendo apenas uma representação, e uma representação passageira, já que, quando Jesus Cristo formar o seu novo Reino, todas as vertentes de amor serão reabsorvidas pelo amor geral, o amor Ágape. Então, não haverá mais casamento nem sentimento de casal, mas apenas o amor geral entre todas as pessoas e Deus.

Quando alguém, portanto, trata o casamento e a união sexual de maneira errada, não apenas fere a sacralidade dessas criações de Deus como, curiosamente, superestima o amor Eros, colocando-o acima de Ágape. Por esta razão a homossexualidade é considerada um erro do ponto da Bíblia e do cristianismo. Isso só nos ajuda a entender melhor tudo o que já vimos até aqui antes de apelar para as Sagradas Escrituras cristãs.

Estas análises não tiveram como intuito expressar qualquer opinião política sobre a homossexualidade, mas apenas de analisá-la do ponto de vista da moral. E o que me levou a elaborar este documento não foi a necessidade de provar que eu estou correto, mas sim para mostrar que discordar da prática da homossexualidade não se constitui discriminação, nem é uma absurdidade baseada em meros preconceitos. Ao contrário disso, a opinião de quem não concorda com a homossexualidade tem um bom fundamento e não pode ser considerada em si mesma um ato de discriminação.

É preciso ressaltar ainda que Deus ama a todos os homossexuais e se importa com eles profundamente. Ele sabe o quão difícil é vencer os sentimentos (naturais ou não) que os fazem desejar serem de outro gênero e/ou se relacionarem com pessoas do mesmo sexo. A pessoa, portanto, que está convencida que sua a homossexualidade é um erro e quer lutar contra ela, não está desamparada e pode contar com a ajuda do Espírito Santo de Deus.

Por fim, as conclusões deste texto não servem, evidentemente, para serem usadas como instrumentos de repressão às pessoas homossexuais. Entende-se que cada indivíduo tem o direito de escolher o que acha melhor. E se alguém escolhe que o melhor é permanecer praticando a homossexualidade, ela está dentro de seu direito, devendo ser respeitada e tratada sempre como um ser humano. É isso, aliás, que prega o cristianismo bíblico.

terça-feira, 17 de março de 2015

Do desenvolvimento histórico da corrupção brasileira e o seu remédio

Um comentário:
Por que o Brasil é tão corrupto e como podemos reduzir isso? Segue uma breve análise sobre a questão.

Para começar, devemos entender que a corrupção está no ser humano. Por isso, todas as sociedades do mundo são corruptas (e sempre serão). Entretanto, algumas sociedades são mais corruptas que outras? Por que? Porque o nível de corrupção em uma sociedade depende de alguns fatores externos.

Dito isso, podemos agora mencionar brevemente alguns fatores que levaram a sociedade brasileira a se tornar muito corrupta. O problema começa quando o Brasil era ainda colônia de Portugal. Em suas primeiras décadas, estas terras serviram como uma espécie de lixão humano. Para aqui Portugal enviava gente da pior espécie, criminosos, exploradores corruptos e etc. Essa galera fincou o pé aqui e deu inicio à cultura da malandragem, da exploração, da baixeza e do crime.

Falando em exploração, ressalta-se que não fomos uma colônia de ocupação, como foi o caso dos EUA. Os que para cá vieram, não queriam formar um novo país, com ideais de justiça e liberdade. Antes, queriam explorar sem qualquer intenção de fazer destas terras um país.

Some-se aos fatos já citados o nosso clima predominantemente quente. O calor altera os ânimos, destrói formalidades, tira-nos de casa, põe-nos mais em contato com a rua, diminui as roupas, atiça à sexualidade, impele à explosão, intensifica os gestos, aumenta o tom de voz, reduz o contato com a leitura. Tais fatores gerados criam um ambiente mais propenso ao desenvolvimento de malandragens, pequenos desvios de ética, ultrapassagem de limites, gradual quebra de valores e etc. O frio, ao contrário, tende a desenvolver maior formalidade, o que acaba por fortalecer a educação e os limites. O frio também tende a manter as pessoas mais dentro de casa, fortalecendo hábitos mais calmos e cultos (como o da leitura), dificultando a intimidade com estranhos e desenvolvendo os laços familiares.

Os fatores que intensificaram a corrupção no Brasil não acabam por aí. O Brasil não só foi uma colônia de exploração, como posteriormente passaria a ser alvo de disputas entre exploradores estrangeiros, o que só fez aumentar o número de gente de mal caráter por essas bandas e a cultura da disputa.

Sem um sentimento de nação, mas sendo apenas um enorme pedaço de terra sendo explorado e disputado, o Brasil continuou sem direção e com o povo totalmente alheio ao governo. Nossa independência foi conquistada por um português, sem qualquer iniciativa popular. E posteriormente nosso império seria derrubado por um golpe, também sem que o povo tomasse parte.

Voltamos à cultura para ressaltar que o Brasil desde sempre não se guiou por fortes princípios religiosos. Sofrendo um forte sincretismo, bem como um desleixo formado pela reunião de fatores já citados como a informalidade, a malandragem, a ganância dos exploradores, a sensualidade, o pouco valor dado à leitura, o desembaraço em ultrapassar limites, cometer pequenos desvios de ética e etc., deram à religiosidade brasileira uma superficialidade preocupante. Isso só fez prejudicar mais os valores, o que, por sua vez, fortaleceu os fatores anteriores.

Embora todos esses fatores tenham colaborado para fomentar uma sociedade injusta e corrupta, desde as camadas mais pobres às mais ricas, esta sociedade poderia ter sido amplamente regenerada se nossos políticos e intelectuais tivessem se prontificado a criar um Estado enxuto, de poder limitado, que permitisse uma economia mais livre, incentivasse a iniciativa privada e a industrialização, e se preocupasse em fazer cumprir leis rígidas que protegessem o cidadão honesto.

Isto levaria a sociedade brasileira a entrar nos eixos gradualmente, pois o autoritarismo e os golpes deixariam de fazer parte da cultura, o empreendedorismo traria desenvolvimento, o desenvolvimento traria instrução, as leis rígidas trariam ordem, a ordem e a instrução criariam certos limites sociais, os limites sociais reformulariam o respeito, que passaria a ser melhor ensinado dentro das casas e inverteria o processo, levando os próprios cidadãos a moralizarem a sociedade e serem juiz de seus políticos. Obviamente, é um processo que levaria décadas, mas ocorreria.

Mas, para infelicidade geral da nação, desde sempre tivemos políticos e intelectuais defensores de um Estado forte e centralizado, e sem visão alguma no que diz respeito à industrialização e a economia liberal.

Nossa Odisseia, então, continuou com dois impérios que pouco fizeram pela economia e pela indústria, deixando-nos à mercê de um sistema econômico quase feudal. Como se já não fosse pouco, nossa escravidão durou séculos, ajudando a consolidar esse modelo econômico baseado em fazendas e grandes fazendeiros, não deixando espaço para a indústria e arrancando da vida econômica uma parcela enorme da sociedade (os escravos).

A escravidão posteriormente ajudaria a criar um grande número de pessoas pobres e ressentidas, que ao deixarem seu estado de escravidão, não tinham instrução, moradia, dinheiro e tampouco uma sociedade economicamente saudável. Tal fato teria também seu peso na formação de alguns indivíduos que justificariam pequenos crimes em função de sua condição (e embora não se possa dizer jamais que estes seriam maioria, o mal requer muito menos pessoas para disseminá-lo do que o bem).

Então, chegamos à nossa república, que se inicia, como já dito, sem qualquer participação popular e sem qualquer consulta. Ela se inicia já com proto-ditadores militares que se guiavam pelo positivismo. Com isto, nossos primeiros republicanos estabeleceram como cláusula pétrea de nossa cultura política, ideias como o Estado forte, o autoritarismo governamental, os "jeitinhos" e os golpes.

A monarquia caiu, mas nada mudou economicamente. Continuamos sem industrialização e fortemente controlados por fazendeiros. Estes se tornaram poderosos na política, não apenas localmente, mas a nível nacional. Como a concorrência entre fazendeiros conta com bem menos gente que a concorrência entre empresários, e um sistema baseado em fazendeiros não oferece praticamente nenhuma chance de indivíduos pobres se tornarem grandes, a república se fixou como propriedade de algumas poucas famílias.

Isso nos levou a consolidar um sistema "republicano" porco, de cartas marcadas, no qual, mais uma vez, o povo não tinha qualquer participação. Este republicanismo barato e corrupto, obviamente não conseguiria servir de exemplo para o seu povo, tampouco ter alguma influencia em sua moralização. E assim o povo se acostumou a ser corrupto também.

Então, apareceu no cenário político nacional o grane Getúlio Vargas. Ele era grande porque sabia tirar proveito de nossa cultura corrupta e autoritária para estender o seu poder. E o fez de modo magistral, aproximando-se do povo, usando de carisma e, sobretudo, usando o Estado para industrializar o Brasil. Este último ponto foi, de fato, a jogada mais perfeita que um ditador poderia ter feito. Ele fez algo que deveria ter sido feito (a industrialização), mas da maneira que não deveria ter sido feita (através do Estado). Mas fez. E assim centralizou também o poder econômico, trazendo para si, como um ímã faz com o metal, todo o autoritarismo de que precisava para estender o seu governo.

Vargas personalizou o autoritarismo brasileiro e deu ao Estado o gosto de controlar de modo mais intenso a economia. O Brasil, com um histórico de governo e população altamente corruptos, agora começava dar largos passos para os ideais de Estado-empresário e da justiça social feita através da forte intervenção governamental. Isso significava mais impostos cobrados dos cidadãos, mais dinheiro nas mãos do governo e mais setores estatais, o que, sabemos, queria dizer: mais corrupção, mais desvio de verbas, mais autoritarismo e expansão da máquina estatal.

Nossa república falsa e nossa economia capenga alimentam os ideias comunistas. E como já tínhamos desde sempre também a cultura do golpe, logo o cenário político nacional se enche de diversos grupos golpistas, uns comunistas, outros fascistas, outros integralistas, mas todos com uma proposta comum: manter o Estado gigante, interventor e autoritário. A diferença estava só no grupo beneficiado.

A cultura do golpe e do governo interventor e autoritário tornou cada vez mais raro qualquer pensamento de Estado limitado. O povo, os políticos e os intelectuais se acostumaram aos fatores que só faziam concretizar a corrupção e o autoritarismo.

Em meio a essa babilônia intervencionista, o perigo de que o Brasil desse mais um passo, dessa vez sem volta, para o comunismo, levou a uma intervenção militar. Mas o que era para ser apenas uma intervenção, tornou-se um regime. E como era de se esperar, esse regime continuou a conservar o autoritarismo e o Estado gigante. Não só conservou, mas aumentou. O estado criou estatais e mais estatais, aumentou a inflação e sufocou as esperanças de um país mais saudável economicamente.

O regime militar termina e finalmente criamos uma república democrática. Poderes divididos, presidente limitado, golpes desvalorizados. Mas a Odisseia brasileira continua, porque a esquerda inicia um combate intenso para conservar nessa nova república as antigas culturas políticas do Estado gigantesco, do intervencionismo estatal e da economia engessada. Seu maquiavélico plano não para no nível econômico, mas se espalha para o nível civil/penal, tornando as leis frágeis e tornando a conduta criminosa ainda mais fácil de se manter. E como se isso já não fosse pouco, ela dá prosseguimento a seu ideal de destruir os pouco de valores culturais, espirituais, morais e éticos que o Brasil tem, incentivando a libertinagem, o menosprezo à religião, o preconceito entre classes sociais, gêneros, etnias e cores.

Quase todos os fatores que foram (e são) a base para que a corrupção brasileira se tornasse tão grave, tem sido apregoados, estimulados e intensificados pela esquerda.

Como mudar isso?

Votando em pessoas que irão atacar esses fatores, limitando o Estado, tornando-o menor, liberalizando a economia e intensificando as leis civis/penais, de modo a proteger o cidadão honesto e valorizar o respeito às leis.

Agora que vocês já sabem, a mudança está em suas mãos.