tag:blogger.com,1999:blog-39188677195615464382024-01-05T05:35:23.848-08:00Mundo AnalistaTeologia e política sob os pontos de vista da apologética e do pensamento conservador.Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.comBlogger182125tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-76853294371229217702017-11-21T07:59:00.000-08:002017-11-21T08:02:12.321-08:00O gado humano dos concursos públicos e o solapamento do setor privado<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Fui fazer uma prova de concurso público nesse
último domingo. O segundo ônibus que peguei para chegar ao local devido estava
entupido de pessoas indo prestar o exame também. Naquele momento, tive a forte
confirmação de que todos ali (incluindo eu) éramos gado. Enfurnados numa lata
para fazer uma maldita prova que representa para alguns a última (ou única)
alternativa de ter uma vida mais digna. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A revolta de ver tanta gente precisando se
submeter àquele processo e a náusea de eu mesmo precisar estar lá é indescritível.
Trata-se de um sistema nojento e cruel, onde a melhor opção de vida digna é
disputar com “concurseiros profissionais” algumas vagas para fazer menos e
ganhar mais (em relação ao setor privado) à custa justamente dos que fazem mais
e ganham menos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não, não se trata de generalização. Falo de cargos
administrativos, nos quais reina a lerdeza e o descaso no setor público. Lembro-me
de um amigo, comentando sobre um conhecido que foi aprovado num desses cargos.
Entrou dedicado, querendo acelerar os processos, e recebeu do chefe de setor
um: "Calma, rapaz. Vamos ver essas coisa só semana que vem ou depois. Não
precisa correr aqui". </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Esse é um "bom" chefe. Um chefe pior,
vendo o esforço do dedicado funcionário, colocaria tudo nas costas dele, como já
ocorreu no passado com uma tia-avó. Ela diz hoje: "Não mostre muito
serviço no setor público. Senão os descansados vão jogar tudo nas suas
costas". Essa é a dinâmica do sistema. E não há problema. O salário está
garantido e a estabilidade estão garantidos. Opa! Nem tanto. Uma hora a conta
chega, não é mesmo? Um país que incha sua máquina pública, incentiva a cultura
concurseira, desestimula o empreendedorismo e cria um ambiente péssimo para a
melhoria das condições dos trabalhadores no setor privado, uma hora vai à
bancarrota. Uma hora vai faltar dinheiro até para o setor público. E se falta
dinheiro, obviamente quem vai receber primeiro e sem interrupções não são os
que estão nos postos mais baixos dessa pirâmide, mas sim políticos,
secretários, ministros, assessores, presidentes e diretores de estatais, juízes,
procuradores, em suma, todos os que ganham mais, tem mais benefícios e menos
trabalham. O sistema, no fim das contas, acaba engolindo até o concurseiro que
tanto almejou estabilidade e salário alto. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Isso não é uma crítica a quem presta concurso,
mas ao sistema. Aquele que presta concurso é mais uma vítima. Só há muitos
concurseiros hoje porque (1) não existem muitas opções melhores de emprego fora
da esfera pública, (2) há muitos concursos, (3) pagam muito bem, (4) oferecem
estabilidade. Esse é o sistema. E ele começa com o solapamento do setor
privado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Eu trabalho no setor privado e sei como a coisa
funciona. Tomemos minha empresa como exemplo. Possui cerca de 150 funcionários.
Se cada um receber um aumento de 100 reais no salário, isso representa um
aumento de 15 mil reais mensais de custo para a empresa. Acha pouco? Mas não é.
Eu faço parte do setor financeiro/administrativo da empresa e conheço todas as
contas. Vejamos o que é esse custo para nós. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Quinze mil é o valor do Vale Transporte de um mês
de todos os funcionários. Quinze mil pagam o plano de saúde de um mês e meio
dos funcionários que o aderiram. Ou dez meses de materiais de limpeza e
escritório para a empresa. Ou as contas de luz de todas as unidades (em época
de inverno, pois verão quase dobra). Ou três meses de contas de água. Ou um mês
e meio de telefone e internet. E lembre-se: estamos falando de um aumento de
míseros 100 reais no salário de cada um, o que não dá nem para as compras de
três dias de alimentação numa casa com mais de uma pessoa. E sabe de uma coisa,
amigo? Não há esses 15 mil sobrando na empresa. Quer entender o motivo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É que gastamos 15 mil mensais de ISS, 7 mil
mensais de COFINS, 2 mil de PIS, 60 mil trimestral de IR, 25 mil trimestral de
CSLL, 5 mil de IR sobre aluguéis, 4 mil de IPTU's, 1 mil de taxas municipais,
35 mil de INSS, 10 mil de FGTS e ainda os impostos indiretos embutidos em cada
produto e serviço. E há retorno para o cidadão? Nós sabemos que não. Ou seja,
estamos jogando dinheiro fora. Dinheiro que poderia ser usado para pagar melhor
os funcionários e fazer mais investimentos na empresa. Sem dúvida mais da
metade do faturamento da empresa vai embora em impostos diretos e indiretos que
não voltam para o cidadão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E o pior: pagamos duas vezes. O trabalhador do
setor privado recebe pouco porque a empresa é asfixiada pelos impostos e porque
ele mesmo paga muito nos produtos que compra para casa (também pelos impostos).
Na verdade, ele paga mais que duas vezes, pois também paga pela corrosão do seu
dinheiro gerada pela inflação; pelos juros altos necessários quando a inflação
precisa ser controlada; pelos déficits do setor público; pelo aumento da
máquina estatal; pelos empréstimos que o governo pega; pelo dinheiro desviado; pela
ineficiência; pelos serviços privados que é obrigado a usar, já que os públicos
não funcionam direito. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Tem mais. O problema não são só os impostos,
mas a enorme burocracia. É sabido que em diversos países uma pessoa demora um
dia (às vezes, alguns minutos) para abrir e regularizar uma empresa. No Brasil,
a média para isso é superior a 100 dias. Isso para abrir. Para manter é mais
outra dor de cabeça. E eu sinto isso na pele, no setor administrativo da
empresa em que trabalho. Veja um exemplo: uma secretaria municipal exigiu um
monte de documentos para uma unidade continuar funcionando. Juntamos tudo.
Então, se percebeu que o Alvará está com um pequeno erro no endereço. Falta um
andar na descrição. Sabe o que significa? Se não alterar dentro de dez dias, a
unidade não pode prestar alguns serviços no ano que vem inteiro!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Vamos resolver? Vamos! Mas não é tão fácil.
Para mudar o Alvará, é precisa mudar o IPTU. Para mudar o IPTU, o Contrato
Social, o CNPJ e o Certificado dos Bombeiros precisam estar iguais. Cada
documento desse você só altera de posse de outros tantos documentos, em lugares
diferentes, fazendo procedimentos distintos. Todos eles demoram mais de uma
semana para ficar prontos. E alguns têm custos. Para alterar uma frase no
Contrato Social, por exemplo, são mais de 2 mil reais. Em alguns municípios,
para alterar alvará, vão quase mil reais. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Ademais, para fazer tudo isso, você precisa ou
de funcionários próprios à frente do trabalho ou de uma empresa terceirizada.
Nos dois casos, haverão custos e perda de tempo. Você já percebeu que
nesse exemplo que dei, é impossível resolver tudo em dez dias. Ou seja, ano que
vem uma unidade da nossa empresa não poderá oferecer alguns serviços. E por quê?
Por um mísero erro num documento. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Quer outro exemplo? Recentemente fizemos um
financiamento via banco. Muitos documentos são pedidos. Um deles é a
"Certidão de Inexigibilidade Ambiental" que serve para comprovar
que... Não precisamos de uma Certidão Ambiental! O detalhe é que nossa empresa
fica num meio totalmente urbano e seus serviços são meramente educacionais.
Meio óbvio que não destruímos nenhuma floresta ou rio, né? Não para o governo.
Por isso, baixaram uma lei que obriga as empresas que querem empréstimos a
apresentar esse documento. Onde podemos conseguir? Na secretaria de meio
ambiente da prefeitura. Bom, juntei diversos documentos para dar entrada, levei
até lá e esperei um mês para receber uma mísera folha de papel. Razão da
demora? Excesso de pedidos de empresas por esse documento. Por quê? Por causa
da lei inútil que fizeram. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E quando além das leis inúteis e da burocracia,
temos a ineficiência do Estado nos atrapalhando a seguir as próprias leis do
Estado? Há pouco tempo o governo suspendeu sumariamente nossa inscrição
estadual. Como proceder? O site não explica. Busquei um telefone na internet e
liguei para um polo da secretaria da fazenda do estado."Ah, não é aqui.
Tem que ligar para a agência do bairro de vocês", me informou a atendente.
Ela me passou quatro números e avisou que algumas pessoas estavam reclamando sempre
que ninguém atendia. Liguei para os quatro e... Não fui atendido! E aí? Como
resolve o problema? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Imagine o trabalho que é manter em ordem
Inscrição Municipal, Estadual, CNPJ, Contrato Social, IPTU, Alvará, Bombeiros,
Pareceres periódicos de Secretarias Municipais e Ministérios, Certidões, Certificados,
etc. Mude uma coisa e tudo precisa ser mudado. Invente de criar uma filial ou
fechar uma e você morre numa grana e num tempo desgraçado para resolver toda a
documentação. E se deixar de lado e for pego pela fiscalização, será multado e
até proibido de funcionar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O que muita gente não percebe é que impostos
numerosos e burocracia gigante afetam muito mais as pequenas e médias empresas
(e, por tabela, o cidadão comum) do que as grandes. Para a grande empresa é
fácil pagar um dinheiro sujo para fugir da fiscalização, obter uma facilidade,
acelerar um processo burocrático, comprar favores, obter isenções fiscais
futuramente. Mesmo que ela não use desses expedientes escusos, por ter mais
dinheiro, pode sobreviver com mais facilidade a esse cenário extremamente
regulado da economia. E, sentindo-se muito apertada, pode mais facilmente
aumentar o valor de seus produtos e serviços ou se mudar da cidade, estado ou
país. Mas e as empresas menores? E o cidadão comum?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">As empresas menores vão perder muito tempo e
dinheiro para o governo, o que dificultará o seu crescimento e talvez as leve à
bancarrota. E o cidadão comum trabalha nessas empresas. Por essa razão ganhará
pouco, trabalhará muito e eventualmente será demitido. Ele sofrerá porque a
empresa sofre e também sofrerá diretamente nas mãos do governo. Veja esse
exemplo pessoal recente: entrei no bankline do meu banco para pagar uma conta.
Então, fui informado que meu CPF estava bloqueado. Eu não recebi carta ou
telefonema do governo sobre isso. Soube pelo banco, que me avisava: se não
regularizar, pode ter sua conta corrente cancelada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Fui até uma agência da receita federal ver qual
era problema (já que o site da receita não informa). Lá um funcionário abriu um
programa furreca, que mais parecia um MDOS, com aquela toda preta e sem uso de
mouse. Era ali que se fazia alterações no CPF. E sabe qual era o problema? Não
tinha o número do título de eleitor nos dados do meu cadastro. O número do
título! É um dado que o próprio governo tem! Mas seus órgãos não se comunicam e
quem precisa ir lá resolver o problema sou eu. Algo que, aliás, poderia muito
bem ser resolvido pela internet. Ou seja, trabalho para sustentar alguém que
faz coisas como alterar dados no meu CPF e ganhar o triplo do que ganho, no
mínimo. O procedimento não levou cinco minutos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Tudo bem, resolvido, né? Não. Por causa da
idiotice do governo, o banco cancelou meu limite bancário. E esse limite sempre
me salvou. Passei um ano vivendo só de limite, quando fiquei desempregado e
estava pagando contas de uma mudança da família. Eu pagava 150 reais de juros
ao mês. Muito dinheiro? Sim! Mas em compensação, eu tinha 5000 reais disponíveis
todo mês, dos quais usava 1500. Sem esse empréstimo constante e ininterrupto,
eu não teria vivido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Arrumei um emprego e resolvi minhas dividas faz
tempo. Conta azul. Mas deixei o limite lá para emergências, como sempre foi.
Sei controlar limite e cartão de crédito. E para meu contexto, é importante eu
ter essas reservas, que tem ajudado muito em casa com necessidades. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Pois bem. Fui agora correr atrás do banco para
comprovar que resolvi o problema do CPF. Comprovei. Mas para reativar o limite,
precisei comprovar vínculo empregatício, salário, etc. Fiz. Mais quinze dias de
espera. E então... Limite revisto e reduzido para 600 reais. Motivo? País em
crise, o banco oferece menos crédito. Aqui note que o governo é duplamente
culpado. Ele me fez perder limite com a palhaçada do CPF e fez o banco
reduzi-lo por causa da crise.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Explico a crise: os governos Lula e Dilma
inflaram a moeda, derrubaram taxas e incentivaram os bancos a oferecerem
créditos. Com a economia deslanchando, incharam mais ainda o Estado (o que se
tem feito quase ininterruptamente desde Vargas). Mas tudo o que é artificial um
dia acaba mal. Com a volta da valorização do dólar (que se manteve alguns anos
baixo, possibilitando a expansão de moeda brasileira sem aumento de preços), a
inflação começa a aparecer. Daí os juros sobem para conter o problema, como
sempre. Os endividados (empresas e pessoas físicas) se veem com dificuldade de
pagar suas parcelas, a inadimplência sobe e o consumo reduz. Sem consumo,
empresas reduzem os lucros ou vão à falência. Com inadimplência de pessoas e
empresas, bancos reduzem o crédito. E eu acabo perdendo uma reserva que me
servia de garantia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O meu problema não acaba aí. Com menos
empregados e menos empresas no país, há menos arrecadação. Como o governo
gastou demais, o déficit fica enorme. Resultado: as empresas aumentam os
preços para se manter e o governo aumenta impostos para pagar as dividas que
tem. Quem perde? Mais uma vez eu e meus companheiros do setor privado. A
diferença agora é que nessa pirâmide ridícula, nosso trabalho não suporta mais
a máquina pública. Ela se tornou grande demais, ao mesmo tempo que nós fomos
sufocados ao extremo pelo governo. Agora que entramos em colapso, colapsa
também o setor público.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O sistema não cessa de ser cruel. Porque não é
todo o setor público que sofre, como eu disse. Sofre primeiro quem ganha menos
e trabalha mais. Assim, policiais, bombeiros, professores (sobretudo dos
ensinos fundamental e médio), médicos e enfermeiros serão os primeiros
afetados. O salário e os benefícios dos políticos, seus apadrinhados e todo o
alto escalão do judiciário estão mais que garantidos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Aqui retorno ao setor privado solapado, a base
desse sistema pútrido. O trabalhador pobre do setor privado, como eu, vê que
nesse setor não vai conseguir um bom salário e estabilidade. Olha então para o
tanto de concursos públicos e se lança nesse caminho. O efeito é devastador.
Perde-se o estímulo de empreender. Perde-se a confiança num crescimento pessoal
no setor privado. Cria-se antipatia pelas empresas particulares, alimentando a
falsa crença de que pagam mal pura e simplesmente por exploração e nada mais. Com
a disparidade entre o emprego público e o privado, cultiva-se um apreço cada
vez maior pelo sonho de estabilidade, salário alto e pouco trabalho. A função
já não importa. A produtividade menos. Se aparecer emprego público para cavar
buraco e depois tampá-lo (o que é inútil para a sociedade), está ótimo! O
importante é ganhar muito dinheiro com isso e nunca ser demitido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O povo, inebriado da cultura concurseira e
estatista, já não quer produzir. E o vírus contamina até os melhores. Sobretudo
quando lá dentro. Não há pressão, não há risco de falência, não há competição
entre empresas. O sistema produz o ambiente perfeito para que nem os
melhores e mais honestos consigam dar o melhor de si. E nós, do
setor privado, pagamos. O sistema nos envergonha; impõe sobre nós duas opções: ou
mal sobrevivemos, sustentando toda a máquina pública e sendo sufocados, ou
passamos a fazer parte da máquina, sendo sustentados pelo setor privado e
sufocando-o. E todos juntos sustentarão e serão sufocados pela elite política e
judiciária.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O sistema gerará as piores desigualdades e
absurdidades. Quanto mais a máquina pública crescer, mais pagaremos por
funções inúteis, burocracias infindas, benefícios parlamentares, facilidades a
grandes empresas, auxiliares administrativos ganhando dez vezes mais que os do
setor privado e trabalhando dez vezes menos, etc. Pagaremos, por exemplo, por
uma empresa de Correios pública que não entrega mais encomendas em área de
risco (eu não recebo mais encomendas onde moro), atrasa para entregar e gera
déficits de 2 bilhões ao ano. E sonharemos em trabalhar lá. Vergonhoso e
insustentável, sem dúvida. Uma hora a pirâmide não suportará. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Sustentamos milhares de burocracias, regras e
leis complexas; milhares de políticos, cargos comissionados, conselhos,
secretarias e ministérios; centenas de empresas estatais; dezenas de agências
reguladoras; fundo partidário, lei Rouanet, carnaval, times de esportes,
filmes, peças, teses e dissertações sobre inutilidades ou putarias, exposições
de arte degeneradas, obras em países ditatoriais, empréstimos baratos para
grandes empresas e muito mais! Tudo isso está sob nossas costas em forma de
altos tributos, tempo perdido, dor de cabeça e uma consequente economia
impossível de melhorar nossa vida. E o que nos resta? Retroalimentar o sistema
sonhando com um cargo público. Não, não é hipocrisia, mas sobrevivência. E
assim somos obrigados a morrer ou ajudar a matar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Então, voltamos ao concurso. Para quem não
passa, a vida continua rude. Fica o gosto amargo de quem pagou mais uma taxa
para engordar os bolsos do governo, se submeteu a uma prova que não garante
bons funcionários (apenas elimina gente, já que não dá pra aprovar todo mundo)
e vai continuar tendo seu salário, tempo e vida sugados. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Eu entrei no ônibus com toda aquela gente e
tudo me pareceu ridículo. Não nós. A situação. Ali a maioria estava lutando
para sobreviver, para ter uma vida melhor, mais digna, submetendo-se à triste
realidade de compor o setor que se alimenta de cada um de nós hoje. E assim é a
vida no Brasil. Naquela lata quente, com rodas, todos eram gado. Alguns
deixarão de ser em alguns meses e nos sugarão. Outros continuarão sendo gado e
sendo sugados. E o Estado brasileiro permanecerá inimigo de todo o povo. </span></div>
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Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-70907851244220228502017-09-13T14:27:00.000-07:002017-09-13T14:28:40.929-07:00Sete observações sobre o liberalismo econômico<div style="text-align: justify;">
Resolvi elencar algumas observações minhas sobre liberalismo econômico. São conclusões às quais cheguei com o tempo, a partir de leituras e experiências. Separei em sete pontos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1.</b> Liberalismo não é uma panaceia. Embora muitos dos primeiros liberais, influenciados pelo germe redentor do iluminismo, tenham observado esse sistema com grande empolgação, o fato é que como qualquer outro sistema humano, ele não pode criar um mundo perfeito ou próximo a isso. O liberalismo é a economia do possível, tal como o conservadorismo é a política do possível. O não reconhecimento disso distorce suas próprias bases como, por exemplo, a noção de pessimismo ou ceticismo antropológico (o homem é inclinado à imperfeição). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2.</b> O liberalismo sozinho não constrói, tampouco muda uma grande nação em termos políticos, morais, espirituais e culturais. É um engano achar, por exemplo, que o liberalismo, por si só, é responsável pelo alto nível de honestidade de alguns povos. A honestidade coletiva se constrói ao longo de séculos de valores morais e éticos cultivados, protegidos e passados de geração em geração. Assim, um povo pode ser mais honesto que outro independente de modelo econômico adotado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A importância do liberalismo nessa equação é que ele se encaixa melhor com um ser humano inclinado ao mal. Em outras palavras, ele possui maior potencial para impedir que o despotismo estatal. Uma sociedade honesta, mas com economia muito interventora tende a alimentar a corrupção, ou o autoritarismo, ou a ineficiência, pois mesmo o grau de honestidade sendo alto, o homem continua tendo propensão à imperfeição. Por outro lado, uma sociedade de economia liberal, mas com povo desonesto, tende a macular o liberalismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O liberalismo, portanto, serve como um delimitador da maldade humana, assim como também o são o Estado de direito, a tripartição dos poderes, a democracia representativa é a transparência nos procedimentos públicos. Eles são muito úteis numa sociedade civilizada e com cultura moral e espiritual elevadas (dentro das possibilidades humanas). Mas pouco podem fazer em uma sociedade de ímpeto mal, que além de inclinada à imperfeição, cultiva com afinco os piores vícios. Na verdade, numa sociedade assim, sequer pode surgir essa instrumentos de delimitação humana, visto que as pessoas não estão interessadas em travar nada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em suma, do ponto de vista histórico, esses mecanismos de limites para o ser humano só puderam emergir porque muitas sociedades se tornaram mais civilizadas, mais sensíveis moralmente, menos bárbaras. E o grande responsável por isso, em nossa era, pelo menos culturalmente, foi o cristianismo, ficando a moral judaico-cristã entre os povos e resgatando algumas boas ideias políticas originadas na Grécia que não tinham ido adiante. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>3.</b> Sabendo que o liberalismo econômico é positivo, mas não civiliza ou moraliza sozinho uma nação, deve ser concebido sempre em união com uma cultura moral e intelectualmente sólida, bem como mecanismos políticos firmes de contenção da ganância e da violência humanas. Qualquer proponente do liberalismo que não atente para esses tópicos está fadado ao fracasso. Seu projeto de economia não mudará a sociedade. Talvez até crie melhores condições e riqueza. Mas riqueza para um povo é um governo corruptos não geram uma boa estrutura social. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4. </b>O liberalismo também deve andar de mãos dadas com o conservadorismo. A cosmovisão conservadora coloca o liberalismo com os pés no chão, impedindo que ele faça do modelo liberal um tipo de revolução. O liberalismo, ressalta-se, deve ser visto como a economia do possível e não mais que isso. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>5. </b>Considerados esses fatores, o liberalismo, em maior ou menor grau, pode ajudar muito uma sociedade já bem estruturada moralmente a ser mais mais honesta, mais rica e mais virtuosa. Há, na economia liberal, potencial para gerar virtudes no povo como o espírito empreendedor, as associações não governamentais de assistência social, a responsabilidade individual, a visão da família como pilar social e a autonomia em relação ao governo; e virtudes nos governantes como o respeito à limitação do Estado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por outro lado, o estatismo tende a corroer esses valores e criar vícios sociais. No povo, tende a gerar a delegação de responsabilidades individuais ao governo, o desprezo à atividade empreendedora (deixando-a entregue apenas aos gananciosos), a cultura do cargo estatal como meta de vida (seja por indicação ou concurso), o hábito de não cuidar bem das coisas públicas, o desestímulo ao trabalho eficiente em cargos públicos, a extrema dependência do Estado, a exigência de cada vez mais funções para o governo (e menos para a sociedade) e a substituição da autoridade familiar pela autoridade estatal. No governo, tende a atrair políticos corruptos, oportunistas, autoritários e idealistas, que se esforçarão para criar um Estado cada vez mais poderoso, tornando-o mais exposto à corrupção, ao despotismo e/ou à ineficiência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>6.</b> É um mito crer que o liberalismo está baseado em um egoísmo do tipo mesquinho. É preciso entender o conceito observado primeiramente por Adam Smith a respeito do egoísmo como base do crescimento econômico. O egoísmo aqui não é definido em termos positivos ou negativos, mas neutros. A melhor palavra para descrever talvez seja amor próprio. Todos precisam ter amor próprio e é, em geral, pelo amor próprio que nos esforçamos em nossos trabalhos, a fim de prover nosso sustento. O amor próprio se torna ruim quando nosso amor não se estende às outras pessoas. Esse é o egoísmo mal ou mesquinho. Mas o amor próprio que não impede o amor pelos outros, nem o altruísmo, é um sentimento bom e importante. </div>
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Do ponto de vista estritamente econômico, tanto o amor próprio bom quanto o ruim tendem a gerar o mesmo efeito: produtos e serviços melhores, mais abundantes e mais baratos. Isso porque todos os agentes econômicos geralmente irão se esforçar para ganharem a concorrência, no intuito de terem o melhor para si. E para ganhar a concorrência, arrumam formas de atrair clientes com preços e/ou qualidades melhores. Claro que o caso aqui não é uma regra infalível. A relativa eficácia do modelo depende de algumas circunstâncias, dentre as quais uma sociedade realmente livre economicamente, onde o governo não beneficia uns em detrimento de outros (Smith fala sobre isso em seus livros). E a própria honestidade do povo também será essencial para a saúde do processo. Os indivíduos de uma sociedade vil arrumarão mais constantemente formas de se beneficiar sem se esforçar para beneficiar os demais.</div>
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O ponto a ser enfatizado aqui, no entanto, é que o liberalismo não obriga o indivíduo a ser egoísta no sentido mal. Tampouco necessita desse tipo de egoísmo (embora possa se beneficiar dele em algum grau). O amor próprio saudável, que mantém sentimentos altruístas, é melhor para a sociedade e para o próprio liberalismo, pois possibilita a manutenção de um ambiente de negócios mais ético, uma concorrência mais saudável e dentro das regras legais estabelecidas, uma estrutura legal mais rígida e a existência de indivíduos (empreendedores ou não) e associações livres dispostos a ajudarem socialmente os mais necessitados. </div>
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<br /></div>
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Uma vez que o liberalismo possui em si a capacidade de gerar mais riqueza, uma sociedade moralmente saudável poderá se utilizar bem desses recursos para ajudar livremente, o que reforça o senso de responsabilidade individual e, por conseguinte, social. Aqui, ressalta-se, responsabilidade social não se confunde com responsabilidade estatal ou governamental, como ocorre nos regimes econômicos estatistas.</div>
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<br /></div>
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<b>7.</b> Em geral, as sociedades mais bem sucedidas chegaram aonde estão hoje por uma confluência de fatores. O primeiro fator é a modelação da cultura por meio da moral judaico-cristã (ou algum sistema moral semelhante e igualmente impactante). Isso tanto no sentido da conduta ética, quanto no sentido racional, suplantando modelos antigos de politeísmo e teocracia, historicamente frágeis e inferiores quanto a essas questões. </div>
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A cultura remodelada cria condições para o surgimento de um povo mais racional e polido, de onde emergem homens com ideias positivas de limitação do poder do Estado, império das leis, garantia de direitos humanos, sistema de pesos e contrapesos, democracia representativa, economia mais livre, etc. </div>
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<br /></div>
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Implantadas essas ideias, a cultura e o tempo serão responsável pelo aperfeiçoamento das mesmas. E o aprimoramento da estrutura político-econômica será, por sua vez, um fator importante para a manutenção da sociedade dentro de determinados limites. </div>
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<br /></div>
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O processo, contudo, está sujeito à interferências das mais diversas, tanto no que se refere à degradação da cultura, quanto à degradação do próprio sistema político-econômico. O norte para a ser seguido no intuito de evitar essas degradações diversas é sempre resgatar os valores culturais responsáveis pela civilização/moralização da sociedade e pela germinação das estruturas político-econômicas mais elevadas e eficazes para o ser humano como ele é.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-4208150696523450232017-09-13T14:23:00.002-07:002017-09-13T14:23:25.163-07:00Ainda sobre nazismo e fascismo<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
Ainda sobre a questão do nazismo e do fascismo, como eu disse no meu <a href="http://www.mundoanalista.com/2017/08/o-nazismo-e-o-fascismo-no-espectro.html">último artigo</a>, o principal da discussão não é o nome, mas o mapeamento das ideias. Em outras palavras, o problema não é você ser de direita e chamarem o nazismo de extrema direita. O problema é você defender uma visão cultural e política conservadora e econômica liberal e alguém vincular isso a Hitler e Mussolini, quando não tem absolutamente nada a ver.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
O fato é que o conservadorismo e o liberalismo econômico, se extremados, não se tornam nazismo e fascismo. Podem até se tornar coisas ruins, mas não nazismo e fascismo. Por outro lado, se você defender uma economia interventora e a transformação total da sociedade através do governo, essa posição extremada vai levar inevitavelmente à modelos bastante semelhantes a nazismo e fascismo.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
O desafio continua: tente encontrar em autores como Edmund Burke, Alexis de Tocqueville, Raymond Aron, Eric Voegelin, Eric Von Kuehnelt-Ledding, Ortega Y Gasset, Russell Kirk, Jonh Gray (conservadores), Adam Smith, Frederic Bastiat, Carl Menger, Eugen von Bonh-Bewerk, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Ayn Rand, Milton Friedman e Thomas Sowell (liberais) algum traço de defesa do ou inspiração para nazismo e fascismo. Será um fracasso retumbante. E esses são os principais nomes da direita. Por outro lado, olhe para as ideias de Rousseau, Hegel, da Revolução Francesa, do marxismo, do positivismo, do darwinismo social, das diferentes doutrinas anticlericais e perceba que as raízes totalitárias e a sanha redentora estão lá.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
O nome não é o mais importante. Mas o mapeamento. Você pode não brigar pelo nome. Mas é seu dever Mostar quê suas ideias não levam, em nenhum mundo possível, a movimentos totalitários de redenção. Tenha em mente, contudo, que é justamente pelos rótulos que a esquerda vai te jogar no mesmo saco de nazistas e fascistas, e te chamar de extrema-direita só por discordar de mulheres nuas protestando na rua e homens bomba destruindo a Europa.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
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Winston Churchill já dizia que os fascistas do futuro se chamariam a si mesmos de antifascistas. Seu dever é mostrar quem são os fascistas de verdade. E não é você.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-71553310213484492372017-08-17T19:20:00.000-07:002017-08-17T19:20:26.016-07:00O nazismo e o fascismo no espectro político<div style="text-align: justify;">
Já escrevi alguns textos sobre a relação entre nazismo, fascismo, direita e esquerda [1]. Como está na moda da semana, resolvi sintetizar aqui o que sei. Antes de começar, julgo importante explicar algo. Muitas pessoas tem dito que é inútil discutir qual é a posição do fascismo e do nazismo no espectro, pois cada lado diz uma coisa, não há consenso, tampouco utilidade prática em buscar uma resposta final. Mas na verdade a discussão é importante sim. Não pelo rótulo, mas pelo mapeamento das ideias.</div>
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Pouco importa os nomes que fascismo e nazismo receberão, mas é muito relevante descobrir de onde suas ideias se originaram, a fim de que possamos evitar o surgimento de movimentos semelhantes. A classificação é possível mediante modelos baseados no diagrama de Nolan, no qual há quatro quadrantes, dividindo os dois lados do espectro em pelo menos dois grandes grupos. Dito isso, começo a elencar os pontos principais.</div>
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<strong>Pontos principais sobre nazismo e fascismo</strong></div>
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<strong>1.</strong> A teoria nazista, exposta por Adolf Hitler em sua obra <em>Mein Kampf</em>, faz parte da tradição de ideologias seculares redentoras que se iniciou a partir do iluminismo e teve seu ponto alto no século XX. Essas ideologias possuem em comum os seguintes pressupostos: (A) a sociedade precisa ser redimida do mal e reestruturada; (B) há um inimigo que perpetra esse mal, mantendo uma velha estrutura social; (C) o ser humano pode redimir o mal da sociedade e reestruturá-la através de um bom projeto de governo nesse sentido e governantes capazes de representar fielmente os anseios do povo; (D) esse governo redentor deve ter grande poder político, econômico e cultural para emplacar esse grande projeto. Em suma, a ação política salvará o mundo.</div>
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Fizeram/fazem parte dessa tradição o jacobinismo, os diversos tipos de socialismo, o positivismo, o marxismo, o darwinismo social, o sindicalismo revolucionário, a socialdemocracia original, o fascismo italiano, o nazismo e outras correntes. Todas elas podem ser conceituadas como religiões políticas.</div>
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<strong>2.</strong> Ainda conforme as ideias expostas em <em>Mein Kampf</em>, os judeus pretendiam subordinar todas as nações ao que Hitler chamava de "Capitalismo Internacional Judaico". Ou seja, para o nazismo hitlerista havia um plano judaico de dominação mundial. Hitler chega a essa conclusão baseado no fato de que os judeus estavam espalhados por toda a Europa, ocupando posições importantes como donos de jornais, banqueiros, políticos, sindicalistas, etc. Então, era um povo gigante fora de sua terra de origem, sugando as riquezas de outros povos e ocupando todas as posições.</div>
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<strong>3.</strong> Segundo a doutrina nazista, o marxismo e a socialdemocracia eram dois movimentos mentirosos, criados por judeus para dar uma falsa impressão de luta contra o capitalismo é a favor do proletariado. A intenção, contudo, era a mesma dos judeus burgueses: subordinar o mundo ao grande capital internacional judaico. A prova disso, conforme a explicação dada em <em>Mein Kampf</em>, era justamente o fato de que as lideranças desses movimentos todos tinham raízes judaicas. Karl Marx, aliás, era de família judia, o que só reforçava o mito criado por Hitler.</div>
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<br /></div>
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<strong>4.</strong> A oposição da doutrina nazista em relação ao marxismo e a socialdemocracia, portanto, não se dava pelos princípios proclamados de luta contra a desigualdade ou da defesa de uma economia planificada, do controle governamental sobre o empresariado e da construção de uma nova sociedade (mais justa). A oposição se dava, conforme explicado detalhadamente em <em>Mein Kampf</em>, por esses dois movimentos serem falsos, ferramentas judaicas para engano do povo. Daí a conclusão de que o único socialismo verdadeiro era o nacional socialismo (nazismo).</div>
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<br /></div>
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<strong>5.</strong> O nazismo se colocava como o socialismo verdadeiro porque lutava de verdade contra o capitalismo mundial. Combater de fato esse sistema global era, para o movimento, se opor ao internacionalismo, que atendia aos interesses dos capitalistas imperialistas, desejosos de um mundo sem fronteiras dominado por meio de seus escritórios. Combater de fato esse sistema global era atacar os principais capitalistas imperialistas do mundo: os judeus. Combater o capitalismo realmente era se opor à farsa do marxismo e da socialdemocracia, que de socialistas não tinham nada, pois defendiam o internacionalismo, dando assim o poder nas mãos do imperialismo judaico.</div>
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<br /></div>
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<strong>6.</strong> A doutrina nazista, à semelhança da marxista, buscava se firmar "cientificamente" também. Para Marx, o comunismo não era uma ideia. Já que ideias, para Marx, apenas justificavam as condições materiais de determinado tempo. O comunismo era uma ciência, uma ciência exata, a observação dos fatos como eles são. Essa definição está clara no Manifesto do Partido Comunista e também é uma tradição iniciada no iluminismo. Cada autor procurava dar à sua ideologia de redenção um status de ciência exata. Isso pode ser visto claramente, por exemplo, no positivismo, de Comte, e no <em>Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens</em>, de Rousseau.</div>
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<br /></div>
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Seguindo a tradição, o nazismo se fiou no darwinismo social. Para a doutrina, o ser humano era composto por raças mais evoluídas e menos evoluídas. A raça ariana, da qual fazia parte os alemães, era o supra sumo da humanidade em inteligência, moralidade, força, beleza, etc. A raça judaica, por sua vez, era a pior das raças, a mais depravada. Talvez por isso tenham se tornado capitalistas. O nazismo, portanto, combatia não apenas um sistema econômico com sanha imperialista, mas um sistema econômico usado por uma raça vil e ordinária.</div>
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<br /></div>
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<strong>7.</strong> O projeto econômico nazista era de cunho antiliberal. O livre mercado era um mal. Apenas o forte controle do Estado poderia impedir distorções sociais, manter a ordem e usar empresários e empregados para o bem da sociedade.</div>
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<br /></div>
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<strong>8.</strong> O fascismo italiano, proposto por Benito Mussolini, mantinha pelo menos uma grande diferença em relação ao nazismo de Hitler: não focava nos judeus como o grande mal do mundo. Pelo menos não em sua origem. A visão fascista de combate era mais generalista: o capitalismo internacional é o monstro. E contra esse grande monstro as armas eram o socialismo e o nacionalismo.</div>
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<br /></div>
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<strong>9.</strong> Para entender o socialismo fascista é preciso entender o processo de mutação pelo qual passou o pensamento de Benito Mussolini. O ditador italiano foi um marxista ortodoxo e militante durante toda a juventude, fazendo parte do PSI (Partido Socialista Italiano) e editando jornais socialistas. No entanto, influenciado por ideais revolucionários mais pragmáticos, como o "sindicalismo revolucionário", de Georges Sorel, ele passou a defender conceitos que se distanciavam do marxismo ortodoxo. A expulsão de Mussolini do PSI se deu após sua forte adesão à participação da Itália na Primeira Guerra Mundial. Para o partido, aquela guerra era capitalista e a Itália não deveria se intrometer. Para Mussolini, contudo, a participação poderia trazer benefícios à Itália.</div>
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<br /></div>
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<strong>10.</strong> O pragmatismo adotado por Mussolini o levou a desenvolver um novo tipo de socialismo, menos utópico e mais realista. Na nova doutrina, concebia-se o Estado como uma entidade insuperável, em oposição ao mito utilizado por marxistas de que o Estado se desfaria naturalmente após a ditadura do proletariado. Ele percebeu que isso era mentira e que o objetivo do socialismo é (e sempre foi) o poder supremo do Estado.</div>
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<br /></div>
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Pelo pragmatismo soreliano, Mussolini moldou sua visão sobre o uso de mitos políticos como força motriz para a condução das massas. Para Sorel, que foi um sindicalista revolucionário e marxista heterodoxo, o mito político era um conjunto de imagens com capacidade para gerar reações antes de qualquer análise refletida. Em outras palavras, não importava que uma ideia fosse mentirosa. Desde que ela servisse para impulsionar as massas, isso era suficiente para os fins desejados pelo socialismo. Mussolini captou essa ideia e, por esta razão, passou a se utilizar das ideias de religião, pátria e raça, que evocavam sentimentos fortes e capazes de unir a sociedade italiana em prol do projeto político fascista.</div>
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<br /></div>
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<strong>11.</strong> Na visão econômica, o fascismo italiano entendeu que se o Estado concentrava tudo em suas mãos, não havia necessidade de uma estatização direta da economia. Um controle corporativista se mostrava mais simples, eficiente e gerava uma aparência aceitável para o empresariado. Tanto o fascismo italiano, quanto o nazismo alemão perceberam que a manutenção de empresas privadas na sociedade não só evitaria uma difícil e custosa luta contra grandes empresários, como também abriria a possibilidade de o Estado se beneficiar do dinheiro, da organização, do poder e do apoio desses grandes empresários para os fins do regime. Para isso, bastaria garantir seus lucros e a proteção contra a concorrência, o que uma economia planificada faz muito bem.</div>
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<br /></div>
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<strong>12.</strong> A visão econômica proposta pelo fascismo e o nazismo são exatamente a mesma de outros tipos de socialismo e do marxismo em seu estágio intermediário. Todo socialismo propõe uma intervenção cada vez maior e mais ampla do governo na economia até o estágio de uma economia planificada. O marxismo, o mais extremo dos socialismos na área econômica, sustenta não só a escalada até uma economia planificada, mas até uma economia totalmente estatizada. O que difere cada tipo de socialismo, na área econômica, é apenas o grau de intervenção e o objetivo final. Isso implica que o natural de uma economia marxista é que ela passe por estágios corporativistas.</div>
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<br /></div>
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Na verdade, essa é a lógica inescapável da planificação da economia. Na medida em que o governo intervém mais com impostos, regulações, burocracias, agências reguladoras, expansão de crédito, etc., mais dificulta a atividade empresarial no geral, o que torna o empreendedorismo uma atividade restrita à poucos grandes homens com boas relações com o governo. Estes darão ao governo apoio moral e financeiro. Receberão do governo a garantia de que nenhuma outra grande corporação aparecerá para tirar seus lucros. Sem o governo, essas grandes corporações não existem, pois é a relação com o governo que decide quem sobrevive. Então, elas se tornam sustentáculos do regime. Aqui já se encontra a planificação da economia. Lenin chamava esse estágio de capitalismo de Estado e o definia como o estágio anterior ao socialismo. As relações entre a planificação da economia e os diversos tipos de socialismo é lógica e perceptível.</div>
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<strong>Considerações sobre os pontos elencados</strong></div>
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No lado direito do Diagrama de Nolan há o quadrante dos conservadores e o quadrante dos liberais. Os conservadores se definem historicamente por ser contrários à ideologias políticas redentoras, revoluções sanguinárias como métodos eficientes para reestruturar a sociedade e qualquer projeto que intente resolver problemas sociais destruindo pilares da sociedade, tais como a família, a religião e a moral judaico-cristã. A política conservadora é a política da prudência, da forte orientação pelos ensinamentos do passado e das reformas necessárias sempre baseadas na conservação dos pilares sociais.</div>
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Uma leitura nos escritos de Edmund Burke, Alexis de Tocqueville, Eric Voegelin, Erik von Kuehnelt-Leddihn, José Ortega Y Gasset, Raymond Aron e Russell Kirk, grandes nomes do conservadorismo, deixam claro esse espírito de prudência e anti utopia presente nessa posição política. Um mergulho em escritos políticos de filósofos cristãos anteriores ao iluminismo também demonstram a inexistência de um ideal de redenção política, já que para a visão judaico-cristã, o mundo sempre terá problemas, a redenção plena vem apenas de Deus e o paraíso não será erguido por nós. É nesta visão judaico-cristã cética e prudente em relação ao ser humano e o mundo que o conservadorismo mantém suas raízes. O conservadorismo, em suma, é a política do possível.</div>
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Ante o exposto, parece bastante claro que nazismo e fascismo não se enquadrariam jamais no quadrante conservador do lado direito. Edmund Burke, pai do conservadorismo moderno faria, certamente, as mesmas criticas que fez à Revolução Francesa em relação a esses movimentos que, aliás, descendem de uma mesma tradição de políticas redentoras surgidas no iluminismo. Winston Churchill, primeiro ministro britânico entre os anos de 1940-1945 e 1951-1955, é a maior prova de que, na prática, o conservadorismo rechaçava o nazismo e o fascismo. Um dos maiores nomes do conservadorismo, Churchill lutou vorazmente contra os dois movimentos e como governante se limitou a fazer a política do possível.</div>
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O fato de o nazismo e o fascismo terem flertado com algumas (poucas) posições e discursos geralmente defendidas por conservadores não faz desses movimentos conservadores, já que as principais características que definem o conservadorismo político eram rechaçadas pelas duas ideologias. Não só o discurso e as ações propostas, mas o próprio modus operandi do nazismo e do fascismo eram revolucionários. Eram dois movimentos baseados na rebelião das massas, algo típico da Revolução Francesa e das rebeliões socialistas, atitudes nada conservadoras.</div>
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<br /></div>
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Ainda no lado direito, há também os liberais. Historicamente, esse grupo sempre se definiu por ser contra uma forte intervenção do governo na economia. A economia deveria ser o mais livre quanto possível, a fim de gerar maior competição, um dos fatores responsáveis pelo surgimento de mais empregos, melhores produtos e serviços, avanços tecnológicos e maiores salários. Os liberais também perceberam, com o tempo, que governos antiliberais não só atrasavam o desenvolvimento econômico da sociedade, como se tornavam autoritários. Não demorou para que o liberalismo econômico entendesse que quanto mais poder econômico tinha o Estado, mais poder político ele também o tinha. E isso certamente descambaria em tirania estatal. Aliás, todos os projetos redentores de governo propunham exatamente isso: tirania estatal para salvar o mundo. Uma leitura nos escritos de Adam Smith, Frederic Bastiat, Carl Menger, Eugen Von Bohn Bawerk, Ludwig Von Mises e Friedrich Hayek, grandes nomes do liberalismo econômico, demonstra como esta corrente sempre defendeu um estado pequeno e uma economia livre.</div>
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<br /></div>
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Então, fica claro que também é impossível incluir o nazismo e o fascismo no quadrante liberal da direita, já que esses regimes eram absolutamente contrários ao livre mercado e um Estado pequeno. Todo o pensamento nazista e fascista está baseado em um altíssimo grau de controle estatal da economia e da sociedade, e na visão de que o capitalismo liberal é o grande mal do mundo. Mises e Hayek, que viveram à época do nazismo e do fascismo, destacaram o antliberalismo desses movimentos e como esse tipo de política econômica altamente interventora sempre gera autoritarismo e despotismo políticos.</div>
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O fato de, vez ou outra, o nazismo e o fascismo terem se utilizado de algumas decisões mais liberais não torna esses movimentos liberais, já que no quadro geral a economia não tem liberdade. Governos intervencionistas usam um pouco de pragmatismo econômico sempre que necessário, já que economias planificadas não se sustentam por muito tempo. Uma privatização aqui para reduzir gastos e contar com a melhor organização do setor privado ou uma redução de impostos sobre um setor ali para criar incentivo são atos que podem ser colocados em prática de modo bem controlado, quando for preciso. O próprio Lenin retrocedeu um pouco ao capitalismo após a revolução russa através da NEP (Nova Política Econômica), já que a estatização radical gerou uma crise.</div>
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Pequenas concessões à práticas do liberalismo econômico são aceitáveis pelo socialismo quando controláveis. Desde que o poder continue firme nas mãos do estado, não há problema. Daí os novos governos marxistas pós-URSS não mais pregarem a estatização completa da economia e a destruição do empresariado, mas uma sociedade em que o governo "faça justiça social com a ajuda de empresários responsáveis", o que na prática significa um amplo controle sobre a economia de modo indireto. Na prática, em suma, corporativismo, o mesmo modelo adotado pelo fascismo e pelo nazismo. O fato inescapável é que todos os governos de esquerda são, em maior ou menor grau, corporativistas. E no corporativismo, os mais sórdidos ditadores, políticos e empresários saem ganhando. Só quem perde é o povo.</div>
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Ora, se nazismo e fascismo não se encaixam em nenhum dos dois quadrantes da direita, devem se encaixar em algum dos dois quadrantes da esquerda. Bom, há o quadrante comunitário (ou autoritário) e o quadrante liberal/libertário. Os libertários de esquerda são aqueles que se dedicam hoje mais ao discurso de defesa de minorias e questões culturais do que aos discursos econômicos. É a nova esquerda, germinada por autores como Lukacs e Gramsci, e concebida por homens como Marcuse, Adorno e Foucault. É a esquerda que toma o lugar dos comunistas de discurso mais ortodoxo e economicista, passando a focar mais em temas como feminismo, aborto, divórcio, revolução sexual, homossexualidade, liberação das drogas, religiões alternativas, etc. A intenção é moldar a cultura da sociedade, forjar uma aparência de defesa das minorias, da democracia e da liberdade, ganhar apoio popular por meio de jovens libertários e ascender ao poder através de um discurso mais ameno. Quando no poder, colocarão em prática o mesmo tipo de planificação da economia.</div>
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Obviamente, por ser um fenômeno mais moderno, nazismo e fascismo não se enquadram nesse grupo. Como também não se enquadra o comunismo leninista, trotskista, stalinista, maoísta e castrista. Nenhum desses regimes se preocupou com aparência democrática, guerra cultural e o discurso de defesa de minorias. O discurso era radical. Lênin, por exemplo, entendia que o poder deveria ser tomado pela força, tão logo uma vanguarda revolucionária se formasse e tivesse condições de empurrar a população nessa direção. Nesses regimes, houve perseguição aberta de judeus, homossexuais e etnias religiosas. O tipo de discurso moldado pela nova esquerda ainda não existia. Ele nasceria a partir do fim dos anos 60 e começo dos anos 70, quando a própria esquerda contestaria a eficácia do modus operandi dos regimes comunistas mais velhos. Assim, todos os movimentos de redenção anteriores, incluindo aí o fascismo e o nazismo, não se enquadram na nova esquerda.</div>
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Sobra, por fim, o quadrante comunitário/autoritário do lado esquerdo do diagrama. Os movimentos presentes nesse quadrante se caracterizam pelo viés mais coletivista e radical de seu discurso e ação. Não se fala muito em direitos em individuais, mas sempre na luta coletiva contra o sistema capitalista. O foco não são minorias, mas o povo trabalhador no geral. Essa é a massa a ser defendida pelo discurso. Aqui a mudança não vem pela cultura. A cultura só é realmente importante depois que o partido ascende ao poder, pois o regime controlará a vida cultural. Assim o discurso é mais autoritário e despudorado. A mudança vem pela força, pela ruptura radical com a política e a economia atuais, com um governo que se oponha fisicamente aos que não desejam a mudança. Não há verniz democrático para disfarçar o regime autoritário, nem antes do poder, nem durante. O golpe de força não está descartado como forma de se alcançar o governo absoluto.</div>
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Nesse quadrante se encontram os comunismos descritos há pouco: leninista, trotskista, stalinista, maoísta e castrista. Uma frase de Engels sintetiza o tipo de discurso e ação presentes nesse grupo: "A democracia seria inteiramente inútil ao proletariado se não fosse imediatamente empregada para obter toda uma série de medidas que ataquem diretamente a propriedade privada e assegurem a existência do proletariado" [2]. Pois é exatamente nesse quadrante que o nazismo e o fascismo melhor se enquadram. O quadrante revolucionário e abertamente autoritário, que enxerga a sociedade apenas de maneira coletiva, e não procura esconder seus objetivos totalitários. O quadrante da economia extremamente planificada, seja de modo direto ou indireto. O quadrante que vende o discurso utópico de uma sociedade ideal. O quadrante da tradição iluminista de ideologias redentoras, da religião política, da salvação pelo Estado. O quadrante antiliberal e anticonservador por excelência. Esse quadrante está na esquerda e não há como negar isso.</div>
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<br /></div>
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Assim, o nazismo e o fascismo se originam a partir do ninho de projetos diferentes das mais diversas esquerdas para redimir a sociedade do caos. Não há, nesses movimentos, nada realmente basilar que venha da direita. Não há o compromisso conservador com os pilares, com a prudência, com a política do possível. Não há o compromisso liberal econômico com um Estado pequeno e uma economia livre. São projetos absolutamente revolucionários e estatistas. Qualquer comparação destes movimentos com ideias de direita é superficial. Quando, por exemplo, Donald Trump ou governos de países como Polônia, Hungria e República Tcheca tomam decisões pela soberania de seus países (tidas como nacionalistas), não o fazem por alguma ideologia de supremacia étnica ou por uma luta contra o capitalismo mundial. Trata-se apenas de defesa contra políticas diretamente prejudiciais às suas nações. E isso é o que se espera de todos os governantes: que zelem por suas nações. Não há nada de fascista ou nazista nisso.</div>
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O conhecimento das origens do fascismo e do nazismo, como já dito na introdução desse texto, nos ajuda na missão de evitar o aparecimento de regimes semelhantes. Fica claro, após essa análise, que os responsáveis pela concepção desses movimentos foram ideais utópicos de sociedade, rebeliões das massas, estatismo, intervencionismo exagerado, etc. Pois são contra essas ideias que devemos lutar. Nazismo e fascismo surgiram das ideias da esquerda. São de esquerda. Embora hoje, felizmente, esquerdistas não defendam esses movimentos, defendem regimes autoritários originados das mesmas bases. Por isso a discussão não é inútil. As ideias não surgem num vácuo. Elas possuem lastro. Elas possuem origem. Devemos estar sempre atentos a isso.</div>
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<strong>Referências:</strong></div>
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1. Publiquei os seguintes textos sobre o tema: </div>
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- <a href="http://www.mundoanalista.com/2013/09/o-antimarxismo-de-hitler-prova-que-ele.html">O antimarxismo de Hitler prova que ele era de direita?</a></div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="http://www.mundoanalista.com/2017/08/o-homo-spiritualis-e-as-religioes.html">O homo spiritualis e as religiões políticas</a></div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="http://www.mundoanalista.com/2013/10/o-nazismo-e-o-fascismo-eram-movimentos.html">O nazismo e o fascismo eram movimentos conservadores políticos?</a></div>
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2. MARX, Karl e ENGELS, Friedrich; tradução de NOGUEIRA, Marcos Aurélio e KONDER, Leandro. Manifesto do Partido Comunista. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 101.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-20489051571438227612017-08-13T11:59:00.000-07:002017-08-13T15:58:10.346-07:00O homo spiritualis e as religiões políticas<div style="text-align: justify;">
Os cientistas chamam a espécie humana de <i>Homo sapiens.</i> Seria mais apropriado nomeá-la como <i>Homo spiritualis</i> ou <i>Homo religionis</i>. O homem é inerentemente religioso. E a história do mundo, na verdade, é a história espiritual do ser humano. Tal fato pode soar estranho para quem tenha recebido uma educação secularista e para os indivíduos que não seguem, nem creem em nenhuma religião. Mas não há erro aqui. A constatação de que a espécie humana é religiosa, isto é, possui inclinação natural à religião não requer aceitação de que alguma religião é verdadeira, tampouco implica que todos os indivíduos sejam religiosos. Estamos falando de uma característica geral, de espécie, o que abarca a maioria dos indivíduos, mas não todos. Ademais, também não é necessário crer na veracidade de alguma religião para concluir o fato óbvio de que toda a história do mundo foi influenciada por pensamentos religiosos. <br />
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Essa influência da religião, tanto no sentido psicológico/biológico, quanto no sentido cultural/moral se encontra também em grandes ideias, movimentos e eventos seculares, tais como o iluminismo, a revolução francesa, o positivismo, o darwinismo, os diversos tipos de socialismo, o marxismo, o fascismo, o nazismo, etc. Todos esses movimentos, ideias e eventos possuem um objetivo redentor, sendo, portanto, religiões políticas. Eles surgem em razão da religiosidade intrínseca do homem em união com todo o arcabouço de pensamento religioso proveniente da cultura. Isso quer dizer que tais movimentos são religiosos na mesma medida em que são contrários à religião revelada tradicional (em especial, o cristianismo). São distorções da religião. E como toda a distorção, muitos de seus elementos descendem das tradições religiosas às quais se opõem. <br />
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O objetivo desse texto é trazer a lume essa concepção, mostrando o caráter religioso desses movimentos seculares, a impossibilidade de entendê-los plenamente sem levar em conta a influência psicológica e cultural da religião tradicional sobre a sociedade e, por fim, as razões que geraram esses movimentos distorcidos. <br />
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<b>Os três sensos do ser humano</b><br />
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Há na espécie humana como um todo pelo menos três sensos inerentes que resistem à passagem do tempo, sobrevivendo em cada geração. O primeiro é o senso objetivo de valor e moral. Ele se constitui na capacidade e na necessidade de dar valores positivos e negativos a determinadas ideias, comportamentos e seres de forma objetiva. Explico melhor. Um homem olha para as pessoas a sua volta e reconhece que a vida delas importa. Ele está dando um valor positivo à vida das pessoas. Dessa capacidade de valorar as pessoas, surge a capacidade de julgar certos comportamentos e ideias como justos ou injustos, bons ou maus, certos ou errados. Se esse homem vê uma das pessoas a sua volta sendo morta, sabe que algo de valor foi arrancado ali. Dependendo da circunstância ele pode concluir que o homicídio foi covarde, injustificado, que a vida de uma pessoa (o que é importante) foi ceifada sem qualquer razão que valesse mais que aquela vida. O homem conclui que o homicídio foi errado, mau, injusto. <br />
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De modo semelhante, esse homem pode ver uma vida sendo salva no meio da multidão e concluir que isso foi certo, bom e justo, pois uma vida humana importa, tem grande valor. Estou usando apenas alguns de centenas ou milhares de exemplos. Em suma, o senso de valor e moral nos permite saber que atitudes como matar por motivo torpe, roubar, torturar, estuprar e explorar são atitudes ruins, ao passo que salvar uma vida, dar água ao sedento, ajudar o fraco e julgar com equidade são coisas boas. Esse senso nos permite saber que o amor é bom e deve ser cultivado, que o ódio é ruim e deve ser evitado. Ensina que existem direitos e deveres. Capacita-nos a fazer juízos de valor e juízos morais o tempo todo. Talvez se possa classificar tal senso como dois distintos que se relacionam intimamente. Mas tratarei nesse texto como um senso só.<br />
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O segundo senso inerente ao ser humano é o de sentido da vida. Ele se constitui na necessidade que a espécie humana tem de se engajar em alguma atividade que vá além da mera sobrevivência. Diferentemente dos animais e outros seres irracionais, o homem não se contenta com uma existência limitada à satisfação mecânica de necessidades fisiológicas. Acordar, buscar alimento, se reproduzir e dormir são fatores que, sozinhos, não satisfazem o ser humano. A espécie humana compartilha de um forte desejo por um objetivo de vida, que confira a cada indivíduo sensações de importância, pertencimento a um grupo e/ou projeto interessante, ocupação, alegria, prazer e consciência limpa; que ofereça algum tipo de desafio, conjunto de metas, roteiro, enredo, fases.<br />
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A necessidade humana de sentido da vida engloba tanto o lado subjetivo e autocentrado desse senso, no qual cada indivíduo busca um “algo mais” que faça bem a si próprio, quanto o lado objetivo, altruísta e comunitário, no qual o indivíduo anseia por satisfazer os desejos do próximo. Em um ser humano moral e psicologicamente saudável, os dois lados desse senso, o subjetivo e o objetivo, caminham juntos. Assim, esse ser humano saudável procura um sentido para a sua vida que, de alguma forma, colabore com um sentido da vida mais geral, que abarca os interesses de todo. Aqui fala alto a visão de si mesmo como parte de um todo maior, que é a humanidade (e que é formada por grupos menores, como a família e as comunidades locais).<br />
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Finalmente, o terceiro senso é o de redenção da humanidade. Ele se caracteriza como uma forte convicção de que existe algo errado no mundo a nível moral e que isso deve ser consertado. Em outras palavras, o mundo precisa de uma redenção para que passe a funcionar do modo correto. Geralmente, essa certeza se associa a alguma explicação sobre os motivos que levaram o mundo a situação caótica em que se encontra. Então, surge aí a pressuposição de que em algum momento do passado a sociedade não possuía os problemas morais e organizacionais que passou a ter. O senso de redenção leva diretamente à ideia de que o mundo será redimido de alguma forma, seja por ação direta do ser humano, por algum agente externo ou em conjunto.<br />
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Os três sensos elencados aqui estão intimamente relacionados. Sem o senso moral, não há como ter o senso completo de sentido da vida, nem o de redenção. A redenção só tem lógica se o homem puder olhar para determinada situação e dizer que ela é realmente justa ou injusta. E somente a possibilidade de fazer juízos de valor e morais objetivos pode criar um sentido real para a vida humana como um todo, tornar objetivamente bom o ímpeto de satisfazer o próximo e criar a obrigação moral de ajudar. <br />
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Sem a necessidade de sentido da vida, por sua vez, tornamo-nos meros animais, o que anula qualquer ímpeto de luta ou espera por redenção. E isso sufoca a moral até mata-la, pois se não há um sentido objetivo para a vida, a vida humana não tem um objetivo, nem um valor, de onde se deduz que tudo é permitido e não há regras reais. Tudo é questão de convenção e ilusão. <br />
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Já sem o senso de redenção, o sentido da vida coletiva desaparece, porque não haverá esforço ou aspiração pela resolução dos problemas sociais. A moral, por conseguinte, tenderá a sumir também, seguindo o desprezo pela redenção e o real sentido coletivo da vida.<br />
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<b>A religião tradicional</b><br />
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Tendo visto os três sensos inerentes da humanidade, nos voltamos para uma análise da religião tradicional. Por religião tradicional, nesse texto, entendemos todo o conjunto de tradições religiosas diversas que possuem a crença no conceito filosófico de Deus. Aqui é importante enfatizar que Deus, na concepção filosófica, se distingue das divindades menores de religiões politeístas e panteístas. As divindades estão inseridas no contexto espaço-temporal, sendo elas criaturas também, embora mais poderosas que o homem e imortais. Na maior parte das tradições religiosas tribais ao redor do mundo, no entanto, conservou-se a ideia de um Deus anterior e superior a todas as divindades, o qual seria o criador. A tendência, ao longo do tempo, foi o ofuscamento desse Deus criador original e a ênfase de divindades menores. Uma das razões é o fato de que o Deus Criador não pode ser representado, enquanto que deuses menores são passíveis de representação. Na falta de uma figura palpável para adorar, as tribos foram levadas a venerar os astros, os antepassados e divindades representadas como animais ou homens.<br />
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O conceito de Deus criador, no entanto, atravessa os séculos e é resgatado pela religião hebraica/judaica, onde o monoteísmo se impõe pela lógica. Diferentemente das outras divindades, o Deus dos hebreus é superior a tudo o que há no universo, o que significa que Ele transcende tempo, espaço e matéria. É exatamente o mesmo conceito presente em religiões politeístas, com a diferença de que no hebraísmo dá-se um passo a mais na lógica: o conceito filosófico de Deus impõe a existência de um só Deus. Assim, todas as divindades ou não existem ou são meras criaturas, não devendo ser adoradas.<br />
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As conclusões do hebraísmo/judaísmo, por serem uma questão de lógica, são alcançadas também por filósofos gregos como Sócrates, Platão e Aristóteles, a partir de observação e dedução. Deus é o primeiro motor do universo, a primeira causa, a fonte da vida e da ordem, a raiz do bem e do belo, e infinitamente superior a tudo. Os teólogos cristãos trabalharão sobre essas bases, entendendo Deus como a fonte primária de tudo. Assim, nossa moral, nossa razão e nossa vida se originam em Deus, que possui tais atributos como características intrínsecas. Deus é amor, é moral, é razão e é vida.<br />
<br />
É a esse conceito filosófico de Deus que nos referimos como pilar do que entendemos, nesse texto, como religião tradicional. Não falamos, por ora, de uma religião específica, mas de todas as tradições que possuem esse elemento em comum.<br />
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Ora, a religião tradicional desempenha a função de ponte entre Deus e os homens. Ao admitir a noção lógica de que há um ente pessoal que transcendendo tempo, espaço e matéria, do qual advém a realidade moral, os valores objetivos, a razão e a vida, ela nos leva à conclusão de que os nossos três sensos inerentes só são satisfeitos nele. Não se trata aqui apenas de uma conclusão lógica, mas de uma necessidade psicológica inata ao ser humano. Se de fato Deus existe, só encontra satisfação plena em Deus, que é a fonte da moral, do sentido da vida e da redenção. Uma vez que a religião tradicional cumpre o papel de ponte para nos levar a Deus, isso significa que ela é, ao mesmo tempo, ponte para nos levar à satisfação plena de nossos três sensos. É por essa razão que a espécie humana é inerentemente religiosa.<br />
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Não surpreende que no desenrolar da história das religiões vê-se, em cada uma delas, justamente tais elementos: uma noção de valores e moralidade (ainda que, muitas vezes, distorcida), uma noção de sentido para a vida e uma noção de redenção. Também se vê outros elementos relacionados como uma narrativa para a queda do ser humano e um ser maligno que traz o pecado para o mundo. A história das religiões evidencia uma única tradição cultural original da qual descende todas as outras, bem como uma estrutura psicológica comum à espécie humana, que serve de base para a manutenção dos traços dessa cultura religiosa original. Alguns antropólogos e teólogos trabalham aqui com os conceitos de tradição adâmica e monoteísmo primitivo. Ambos versam sobre a origem comum das religiões em um tronco monoteísta com as noções de criação e queda do ser humano. As evidências arqueológicas, linguísticas, históricas e psicológicas de fato apontam para a veracidade desses conceitos.<br />
<br />
O ser humano, portanto, é religioso pelo fator psicológico e pelo fator cultural, dois elementos que fortalecem e mantém um ao outro numa dialética constante. A cultura religiosa sustenta firme estrutura psicológica religiosa e esta, por sua vez, sustenta firme a cultura religiosa. Nós podemos afirmar, por conseguinte, que a religião tradicional é configurada de modo sócio psicológico.<br />
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<b>A fuga de Deus e a distorção da religião tradicional</b><br />
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Fizemos uma avaliação da estrutura religiosa do ser humano. Cabe agora analisar o que ocorre quando o ser humano procura fugir de Deus e da religião tradicional.<br />
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O homem tem sede de Deus, pois só reconhecendo a sua existência como fonte de tudo e mantendo um relacionamento com Ele, pode saciar plenamente os seus três sensos. No entanto, há aqui um paradoxo. O mesmo homem que tem sede de Deus, tem propensão natural à imperfeição. Do ponto de vista evolutivo (para quem nisso crê) somos apenas animais, o que significa que temos instintos vis. O fato de possuirmos a faculdade da razão não muda isso, mas agrava. A razão nos faz perceber maior facilidade e certos lucros pessoais em agir mal, ao passo que também faz notar a dificuldade e os prejuízos pessoais de agir bem. A razão nos faz muito mais perigosos e potencialmente piores que os animais irracionais. <br />
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Do ponto de vista religioso, temos propensão à imperfeição porque o mundo perfeito criado por Deus foi corrompido por nossas escolhas. E a desarmonia resultante dessas escolhas maculou nossa natureza. Já nascemos inclinados ao egoísmo, à ganância, à raiva, à mentira, à promiscuidade, à desonestidade. Somos pecadores. É mais fácil errar do que acertar. <br />
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Nesse sentido, é a visão judaico-cristã que irá incrementar na sociedade uma noção mais apurada e refinada de busca pela moralidade e negação dos desejos vis. É o judaísmo e, principalmente, o cristianismo que moldará em grande parte do mundo a ideia de vencer a si mesmo, de exercitar virtudes e superar vícios. O cristianismo ensinará que ao homem cabe o autocontrole e a formação de um novo eu, o que o cristão fará não sozinho, mas com o auxílio ininterrupto do Espírito Santo. Assim, o <i>Homo spiritualis</i>, imbuído de cultura judaico-cristã, se prenderá aos preceitos da religião tradicional, entendendo-se dependente de Deus para a reconstrução de si. <br />
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Uma vez, no entanto, que há livre arbítrio, muitos indivíduos irão preferir uma vida de vícios ou ainda, não desejarão saciar sua sede através de um relacionamento com Deus. Relacionamentos não são fáceis, requerem comprometimento, entrega, sacrifício, amor, aspectos que nem todos estão dispostos a doar. Com Deus não é diferente. Eis o x da questão. O homem tem sede de Deus como tem sede de água. Mas muitos preferem matar a sede com refrigerantes. O ser humano que nega a religião tradicional e a Deus, continuará com seus três sensos, necessitando saciá-los de alguma forma. A sede permanece. Na falta de Deus, onde o homem achará sentido? Na falta de um ser pessoal transcendente, do qual a razão, a moral, o sentido da vida é a redenção advém, a que religião o <i>Homo religionis</i> irá se agarrar? Se a religião tradicional faz parte de seu ser, o que fará sem ela? O que colocará em seu lugar? <br />
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É aqui que surgem as tentativas de criar um novo sistema completo de sentido, algo que substitua a religião tradicional e a necessidade por Deus. Esses novos sistemas completos são também religiões. Porém, não mais religiões de matriz tradicional. Deus ou é tirado de cena, ou resumido ao papel irrelevante. O homem agora é independente, soberano, senhor de seu próprio destino. O sistema completo terá sua própria moral, seu próprio sentido coletivo, seu próprio plano de redenção, no qual a humanidade, através de ação política, salva a si mesma. Esta é a religião política. <br />
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A religião política pode ser entendida como uma distorção da religião tradicional, ou ainda, como uma tentativa de plágio. Ela surge não apenas da necessidade psicológica do homem por Deus, mas da cultura religiosa que retroalimenta as relações do homem com o metafísico. Assim, por mais que a religião política procure se opor e até destruir a religião tradicional, ela o fará justamente com as bases da religião tradicional. Esta é a razão pela qual o antirreligioso geralmente não passa de um religioso político. <br />
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<b>A trajetória da religião política</b><br />
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Historicamente, os primeiros passos dados na direção da religião política ocorreram no período do iluminismo. O entusiasmo com o rápido surgimento de novas tecnologias e estudos voltados cada vez mais para o enaltecimento das capacidades humanas fizeram surgir ideias contrárias aos conceitos da religião tradicional e favoráveis a uma radical reformulação de tudo. Muitos, à título de se livrarem de distorções no âmbito da religião tradicional, jogaram a água suja fora com o bebê junto. E na falta do bebê, tomaram para si um simulacro de bebê. <br />
<br />
Há dois exemplos icônicos de ideias que irrigaram a religião política nessa época. Uma foi o deísmo. Sustentando a concepção de que Deus existe e gerou o universo, porém não intervém na história do mundo, o deísmo se tornou a crença de muitos pensadores do período iluminista, como Edward Hebert, John Locke, Voltaire e Thomas Paine. Em maior ou menor grau, a ideia influenciou também pensadores cristãos, pavimentando o caminho para um cristianismo liberal, cada vez mais relativista e desfigurado. <br />
<br />
Para os deístas, por mais que as religiões tradicionais tenham o seu valor como fonte de ética, nenhuma delas é verdadeira. Deus é o criador, a primeira causa, mas não se revela, não se comunica com o homem, não intervém e, portanto, não tem qualquer relevância na história do mundo e em nossas vidas individuais. Isso significa que a resolução de todos os problemas do mundo cabe unicamente à humanidade. Uma vez que os deístas do iluminismo se consideravam a geração iluminada de uma humanidade em constante evolução racional, era certo, para eles, que esses problemas seriam mesmo resolvidos. A humanidade pode. “We can do it!”.<br />
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Já para os cristãos mais liberais dessa época, o cristianismo não era abandonado, mas esvaziado. Milagres narrados na Bíblia eram tidos como símbolos, a Escritura deixava de ser totalmente inspirada e Jesus se tornava apenas um grande mestre da moral. Nos dois grupos, o dos cristãos liberais e dos deístas, havia um elemento em comum: Deus perdia o protagonismo e o homem era divinizado. O iluminismo, por mais que tenha popularizado algumas ideias boas, pode ser comparado a um adolescente: com excesso de confiança em si mesmo, afobado, impulsivo, desprezando a voz da experiência, não considerando a existência de certos limites e pilares a serem conservados. <br />
<br />
Ao propor que o homem é praticamente o seu próprio deus, agiu como aquele jovem universitário, recém saído do ensino médio, que pretende revolucionar o mundo, sem antes conhecer melhor a si mesmo e revolucionar o seu próprio caráter; aquele jovem que cheio de ideias para resolver os problemas da humanidade, mas incapaz de lavar a louça em casa, arrumar o quarto, ser fiel em seus relacionamentos e permanecer sóbrio aos fins de semana. O iluminismo, tal como esse jovem, conferiu ao ser humano uma capacidade que ele não possui. E isso, como veremos mais adiante, nunca dá certo. <br />
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Um segundo exemplo icônico de ideia que irrigou a religião política foi a suposição de que o homem é essencialmente bom em sua natureza. O maior expoente do conceito foi o filósofo Jean-Jacques Rousseau. Em um ensaio denominado “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, o autor defende que o estado natural do ser humano não é a corrupção. A degradação da humanidade seria causada por alguns elementos surgidos da associação entre os homens, como as distinções entre o mais belo, o mais forte, o mais inteligente, e o advento das propriedades privadas. As distinções feitas entre os homens geraram os sentimentos de inveja, vaidade, desprezo, vergonha e raiva. E a passagem de propriedade de geração em geração, gerou riquezas díspares, relações de escravidão, violência e guerra. Em suma, o homem não era, para Rousseau, inclinado naturalmente à imperfeição, mas tornava-se imperfeito porque a sociedade estava estruturada de modo imperfeito. <br />
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As implicações desse conceito são muito amplas. Se o ser humano é naturalmente bom, racional e perfectível, e o problema do mundo está numa má configuração da sociedade apenas, basta a própria humanidade reconfigurar a sociedade e o mundo se transformará em um paraíso. É partindo de pressupostos semelhantes que diversos autores otimistas do iluminismo, sobretudo o francês, escreverão ensaios, artigos e livros com suas ideias de sociedade perfeita e os modos de alcançá-la. O homem iluminista, finalmente, tomou o lugar de Deus e destituiu a religião tradicional de seu posto como condutor para a moral, o sentido da vida e a redenção do mundo. A humanidade chegara ao seu ápice e não precisava mais de Deus, mas apenas de um bom projeto político, homens engajados e força de vontade. Estavam aqui criados os pilares da religião política.<br />
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<b>A irracionalidade e as consequências desastrosas da religião política</b><br />
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O iluminismo vendeu à humanidade a ideia de que podia redimir o mundo sem Deus, através de algum plano político. Mas que plano? Como alcançá-lo? Cada pensador tem seu próprio conceito. E que ganhe o que conseguir emplacar o projeto mais bruto. Aqui começam os problemas. O primeiro eco prático da religião política ocorre na Revolução Francesa. Uma revolução regada aos ideais de liberdade, igualdade, fraternidade e um sonoro “não” à religião tradicional. Aos olhos dos iluministas, a primeira oportunidade de provar ao mundo suas ideias. “We can do it!”. O primeiro paraíso na terra está para sair do forno. Grande expectativa. O resultado? Err, bem... Um período do terror entre 1793 e 1794 instaurado pelos radicais jacobinos, que levou mais de 30 mil pessoas à morte por repressão; uma forte instabilidade política causada pelas lutas revolucionárias pelo poder; degradação moral, perseguição religiosa, perseguição política e, por fim, a assunção de um novo ditador, Napoleão Bonaparte, em 1799. Dez anos de violência e sangue que não levaram à nada. <br />
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Alguns pensadores da época, como Edmund Burke, perceberam os erros da Revolução Francesa desde seu início. O problema não estava em querer mudanças e lutar por elas, mas sim na forma como isso era feito e os fins que eram visados. A ruptura total e radical com tudo o que se via pela frente não levaria à construção de um mundo bom, mas à criação de instabilidade política e destruição de bases importantes da sociedade que levaram anos para serem erguidas e até mesmo pilares eternos. Os fins utópicos de uma sociedade perfeita só poderiam gerar frustração para os bem intencionados e oportunidades para os de mau caráter. A destruição indiscriminada de toda a estrutura da sociedade imbuiria o povo de desprezo pela prudência, pela sabedoria dos mais velhos, pelas lições da experiência e da história; formaria um povo de um espírito eternamente revolucionário, sem raízes em nada e, portanto, incapaz de reformar. Burke lembra que é mais fácil destruir do que construir e que, portanto, mudanças devem ser muito bem pensadas, no objetivo e no modo como serão feitas. A Revolução, como um adolescente inconsequente, não quis observar estas regras. <br />
<br />
O espírito revolucionário permanece vivo após a Revolução Francesa e irá contaminar a muitos outros autores, dentre os quais se destacam Karl Marx e Friedrich Engels, que formularam a doutrina comunista ou marxista. Os dois autores dão alguns passos ainda mais ousados na consolidação da religião política. Deus agora é totalmente retirado de cena. Segundo eles, Deus não existe e a religião tradicional não passa de um ópio para o povo. Agora, o homem não reconhece mais a Deus nem mesmo como criador e fonte da moral e da razão. A divinização de nossa espécie está completa. Somos deuses. <br />
<br />
Abraçando os ditames da religião política, a síntese da doutrina marxista propõe que o grande problema do mundo é a luta de classes. Há, em toda a história, uma luta interminável entre uma classe dominante e uma classe oprimida. Essa luta chega ao seu ápice no capitalismo. De um lado a classe proletária, oprimida, explorada, miserável. De outro lado, a classe burguesa, rica, dona dos meios de produção, exploradora. É desse cenário que surge, para os autores, a ganância, a violência, o desespero, as guerras, a fome, a destruição. E o que fazer para mudar isso? Atacar a base dessa desigualdade, a fonte dessa luta: a propriedade privada. Esse é o grande plano político redentor de Marx e Engels. É o que irá trazer a salvação do mundo. <br />
<br />
Note que todos os elementos da religião tradicional estão no marxismo, como também estavam na Revolução Francesa. Há uma noção de moral objetiva: Marx e Engels olham para a exploração do proletariado e julgam que isso é mau, errado, injusto. Não é, para eles, uma opinião, mas um fato. É um juízo de valor e moral. Há uma noção de sentido individual e coletivo da vida: Marx e Engels desejam (ou, ao menos, vendem a ideia de que desejam) fazer algo por essas pessoas. É o que irá dar sentido às suas vidas e às vidas de outras pessoas. Há uma noção de redenção: a situação caótica do mundo não é normal e precisa ser mudada. Como se não bastasse, é possível ver no marxismo uma história de queda original do homem, um inimigo da raça humana a ser destruído, um Apocalipse e um paraíso final para os justos. Todos os elementos da religião tradicional presentes na cultura (sobretudo na visão judaico-cristã, mas também em quase todas as religiões) em nossos três sensos psicológicos inatos.<br />
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Não obstante, ao retirar Deus da equação, o marxismo tornou-se completamente falto de sentido lógico. Para começar, a existência de uma moral objetiva só é possível se ela estiver baseada em algo que transcende tempo, espaço, cultura, hábitos, gostos, instintos biológicos, etc. Se ela está baseada em qualquer desses elementos, não passa de algo aleatório, circunstancial e subjetivo. Para que uma ação seja considerada moralmente errada ou certa, justa ou injusta, boa ou má, independente de tempo, lugar ou cultura, a moral precisa estar além desses fatores, além do universo, fincada em algo imutável e acima de tudo. Uma vez que a moral é um atributo pessoal, esse algo só pode ser um ser pessoal. Assim, qualquer que sustente a existência de uma moral objetiva, está obrigado logicamente a aceitar que há um ser pessoal transcendente que é fonte da moral, o qual tradicionalmente chamamos de Deus. Esse conceito é explicado com mais detalhes em dois artigos que produzi a respeito do argumento moral para a existência de Deus (<a href="http://reacaoadventista.com/2017/01/12/serie-existencia-de-deus-parte-4-argumento-moral/">aqui</a> e <a href="http://reacaoadventista.com/2017/07/27/serie-existencia-de-deus-parte-5-um-mundo-amoral/">aqui</a>), os quais fazem parte de uma série. <br />
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Ora, se a moral objetiva só pode existir no caso de Deus existir, anular Deus da história é anular a própria existência de moral objetiva. Sem essa fonte pessoal transcendente, a moral não passa de uma ilusão. Não há obrigação, direitos ou deveres reais. Não há uma base para dizer que algo é bom ou mau, de fato. Há simplesmente algumas regras de convivência que inventamos como meio de autoproteção. Invenção. É isso que a moral se torna em um mundo sem Deus. <br />
<br />
Aqui nos perguntamos: de onde Marx e Engels tiraram a ideia de que a exploração de uma classe sobre a outra é algo ruim? De qual base transcendente essa ideia adveio? Se ela não veio de uma base transcendente, ela não é uma verdade absoluta e imutável. Se proveio de algo dentro do universo, como a época, o lugar, a cultura ou qualquer outra coisa, então é relativo e mutável. Logo, não é moral objetiva, mas subjetiva. E se é subjetiva, não é moral, mas apenas opinião.<br />
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Em um mundo sem Deus não há mais como valorar as ações ou pensamentos. Não há atos bons, ruins, justos, injustos, certos, errados. Há apenas atos. Atos sem valor. O mundo sem Deus não é imoral, mas amoral. Percebe qual é o primeiro problema do marxismo? Ele aponta uma injustiça em um mundo onde o conceito de injustiça já não faz o menor sentido, pois Deus não existe e nada tem valor objetivo.<br />
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Isso nos leva ao segundo problema do marxismo: se não há como valorar nada, também a vida humana e o que dela decorre não tem valor. Sem uma escala real de valores, não há como falar em sentido coletivo da vida. Afinal, não há mais como se dizer que a vida humana é importante e que devemos lutar por liberdade, igualdade, preservação do meio ambiente, manutenção da espécie, combate às injustiças, amor ao próximo. Sem uma escala de valores real restam apenas as perguntas: por que deveríamos? Para quê? Quem disse que devemos? Qual a base disso? A própria palavra “dever” não descreve mais nada real. Ninguém deve nada. <br />
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O mundo sem escala real de valores é um mundo sem Deus, a real fonte de valores. E sem Deus, a existência humana é apenas um acidente cósmico sem propósito. Ninguém nos projetou. Apenas surgimos. Não há um sentido para estarmos aqui, não há o que confira à nossa vida ou ao que quer que façamos uma importância objetiva. Não existe um norte que nos diga para onde devemos ir, simplesmente porque não faz diferença, porque não fomos projetados por ninguém superior, porque não há regras nem valores reais sobre todos nós, porque um dia todos nós deixaremos de existir. <br />
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Sem Deus e, consequentemente, sem uma escala de valores, o que resta são tentativas pessoais de dar algum sentido à própria vida. Mas tentativas pessoais são apenas isso: tentativas pessoais, gostos, opiniões. Se Marx e Engels se baseavam apenas em gosto quando diziam que a exploração era errada, então não se tratava de verdade absoluta, mas apenas do desejo pessoal deles, o qual era uma ilusão.<br />
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Aqui se chega, por fim, ao terceiro problema do marxismo: sem moral, escala de valores e sentido coletivo da vida, também não há sentido lógico na redenção. O conceito de redenção só pode existir se realmente existir bem e mal, e um propósito superior para a vida humana. Sem esses fatores não há do que redimir o mundo. O desejo de mudar o mundo e o sentimento de que isso é uma obrigação só são reais se Deus também for uma realidade. Do contrário, o que temos são apenas invenções humanas; um ópio para esquecer que a vida nada é. Eis uma grande ironia: Marx e Engels chamavam a religião tradicional de ópio do povo. Mas se Deus existe, a religião tradicional é a verdade. Se, no entanto, Deus não existe, a dupla estava absolutamente dopada de ópio. Ou seja, o próprio marxismo, em sua estrutura, é um ópio, uma ilusão. <br />
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Ainda que o marxismo revisse seus conceitos, sustentando que Deus existe, para poder contar com a moral, a escala de valores e o sentido da vida, não teria sentido lógico. Isso porque a redenção só pode ser levada a cabo por Deus, que é perfeito. O homem, por sua imperfeição, não tem aptidão para mudar o mundo. Este foi o erro em que caíram os revolucionários franceses. E foi o erro em que caíram também todos os revolucionários comunistas. Mais uma vez: expectativas. O mundo será mudado. “We can do it!”. E o resultado? Os diversos regimes comunistas/socialistas que se instauraram pelo mundo no século XX geraram ditaduras, perseguições políticas, perseguições religiosas, guerras civis e fomes extremas.<br />
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O marxismo falhou em se tornar a salvação da humanidade. E falhou em todas as áreas que poderia. A começar por sua visão antropológica otimista. Mesmo que o ser humano fosse bom por natureza, como sustentava Rousseau, ele está corrompido pela corrupção da sociedade. Corrompido culturalmente. De que maneira homens corrompidos poderão descorromper a sociedade? De que maneira homens imperfeitos em uma sociedade corruptora não se tornarão demônios ao receberem nas mãos todo o poder? Pois é isso o que o marxismo propõe: todo o poder nas mãos do Estado, o qual é dirigido por homens socialmente corrompidos. Isso se a inclinação ao mal não está na natureza humana, o que torna tudo ainda mais difícil. De que maneira o homem pode obrigar o mundo todo de seguir suas ideias de salvação do mundo senão por meio da força? É o que propõe o marxismo. É o que propôs a Revolução Francesa. A redenção não veio. A redenção não pode vir pela força de homens maus em uma ditadura sanguinária.<br />
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O marxismo falhou também em ser a redenção do mundo na área econômica. Ludwig von Mises, economista austríaco, já previa, em um artigo publicado em 1920, que os sistemas socialistas são impossíveis de funcionar economicamente. Sua análise contava com “profecias” sobre escassez de alimentos e desordem na produção. Década após década, elas foram se cumprindo em cada economia planificada. O sucesso da teoria de Marx e Engels se mede apenas pela riqueza e o poder dos burocratas e ditadores. Para a população o saldo foi amargo. Miséria, repressão e cerca de 100 milhões de mortos só no século XX. Os regimes socialistas continuam matando no século XXI, na Coreia do Norte, em Cuba e na Venezuela. <br />
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Os religiosos políticos poderiam ter desistido de suas premissas ilógicas e reconhecido que estavam errados. Mas cada qual escolheu permanecer com seu projeto salvador. Na Itália, Benito Mussolini, que passou toda a juventude no marxismo, percebeu que ideias como religião, pátria e raça poderiam ser úteis para unir o povo em prol de um ideal de nova sociedade. Criou o fascismo, que via no poder absoluto e perpétuo do Estado a fonte moral, o sentido coletivo e a redenção da sociedade italiana. Uma ideia absurda, um tirano, a habitual sede de poder do ser humano e mais resultados negativos: mortes, repressão, perseguição.<br />
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Adolf Hitler também fez sua tentativa. Em seu livro “Mein Kampf”, emplaca a ideia de que o grande problema da sociedade eram os judeus, que espalhados por toda a Europa, pretendiam dominar o mundo. Aqui estava eleito o inimigo. Uma raça degenerada, que enriquecia às custas dos alemães e de outros povos europeus, e que saíam lucrando tanto do lado burguês, quanto do lado comunista. Para Hitler, o marxismo não passava de um engodo criado por judeus para enganar proletários. Não se tratava de um socialismo de fato, mas de uma doutrina judaica que pretendia destruir fronteiras e dar poder ao que Hitler chamava de “Capitalismo Internacional Judaico”. Apenas o nacional socialismo poderia salvar a Alemanha e o mundo desta desgraça. E era justamente a raça ariana de sangue alemão que estava mais apta para essa missão.<br />
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Forte intervenção do governo, economia planificada, totalitarismo, perseguição de um grande inimigo da revolução, repressões. O nazismo de Hitler seguiu o mesmo script da Revolução Francesa, dos socialismos marxistas e do fascismo de Mussolini. Milhões de pessoas foram mortas. Uma guerra mundial foi gerada. E nada do mundo perfeito ser construído. <br />
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<b>O alto clero da religião política e ópio dos intelectuais</b><br />
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Esses movimentos desastrosos poderiam servir de exemplo para o homem abandonar de vez a religião política. Não deu certo para o povo. Só dá certo para os ditadores, para os que têm sede de riqueza e poder. O sangue derramado de milhões de vítimas deixa isso mais do que claro. Entretanto, pessoas em locais estratégicos da sociedade continuam alimentando as bases da religião política. Diversos jornalistas, sociólogos, antropólogos, biólogos, psicólogos e professores universitários passam suas vidas panfletando ideias como a de que o homem é um ser naturalmente bom e o problema do mundo não está na natureza humana; que a humanidade é perfectível e, portanto, capaz de construir um paraíso na terra através de um projeto político; que Deus não existe, ou é mero capacho da espécie humana, dependente de nossos projetos “infalíveis” de mundo paradisíaco, quando não um figurante irrelevante no grande palco da história. <br />
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Ideias originalmente bem intencionadas, surgidas de sentimentos humanitários sinceros, se tornam ferramentas de alienação de jovens universitários sonhadores, adolescentes irresponsáveis e, posteriormente, todo o restante do povo. As mesmas ideias são usadas por políticos e ideólogos para alcançar poder, fama status e riqueza. Ambientalismo, feminismo, movimentos negros, organizações pró-direitos humanos, grupos em favor de minorias oprimidas, tudo, absolutamente tudo, pode ser usado pelos burocratas do poder e seus ideólogos para legitimar o aumento do poder do Estado sobre a sociedade, o que garante muita influência, autoridade e riqueza para os que controlam o Estado ou seus parceiros de negócios e amigos próximos. E tudo, absolutamente tudo, pode ser vendido como um novo projeto redentor, infalível, repleto de sentido e moral, mas que no fim, sabemos, não dará em nada. A religião política tem um alto clero corrupto e uma horda de fieis enganados que sustentam seus dogmas ilógicos. <br />
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Nessa terrível contrafação da religião tradicional, um dos elementos mais importantes para a sua manutenção é a mentira. A religião política mente incessantemente. Ela se coloca como a mãe das virtudes, em oposição à religião tradicional, principalmente o cristianismo. Há uma clara predileção pela religião política em atacar o cristianismo, já que é sobre as bases da religião cristã que todo o ocidente foi erguido e todo o mundo foi influenciado. A cultura judaico-cristã causa fúria nos religiosos políticos e, por isso, há uma cruzada contra tudo o que é cristão. Uma cruzada de mentiras. <br />
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Pela boca de cientistas mal intencionados (ou mal informados), a religião política dirá que o cristianismo é contrário à ciência. Mentira! Os primeiros grandes cientistas do ocidente eram, em sua maioria, cristãos devotos, que entendiam o conhecimento como benção de Deus e evidência de sua sabedoria. A ciência só floresce no mundo por causa do pressuposto cristão de que um Deus racional projetou um universo também racional, regido por leis fixas. Este pressuposto está na Bíblia. Como também está na Bíblia uma série de passagens incentivando cada fiel a manter uma postura de busca pela sabedoria e questionamento para conhecer a verdade. Não fossem os pressupostos cristãos, ainda estaríamos adorando o sol, a lua, comendo tribos inimigas e matando casuais Sócrates que surgissem com uma filosofia mais racional. É o que o mundo pagão fazia.<br />
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Por feministas modernas, a religião política dirá que o cristianismo é machista e oprime as mulheres. Ela não mencionará que a Bíblia está repleta de textos que ordenam o respeito e o amor às mulheres, ou que grande parte das primeiras feministas eram cristãs devotas, ou que muitos homens cristãos lutaram ao lado das mulheres pelos direitos e dignidade. O feminismo moderno simplesmente apaga a participação cristã da história e deixa de representar mulheres religiosas e conservadoras, preferindo seguir uma agenda política.<br />
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Por pretensos defensores dos pobres e oprimidos, a religião política dirá que a religião cristã nada faz pelos desfavorecidos. Não dirá, é claro, que hospitais e escolas públicas existem por causa do cristianismo. Não mencionará que a Bíblia conta com dezenas de textos repetindo como ordem a assistência aos órfãos, viúvas e estrangeiros (as classes mais necessitadas das épocas bíblicas). Não lembrará o quanto as milhares de igrejas e os milhões de cristãos espalhados pelo mundo ajudaram, ao longo dos séculos, e ajudam ainda hoje pessoas em dificuldade com cestas básicas, remédios, tratamentos médicos, apoio psicológico, construção de abrigos, etc. As grandes instituições cristãs de apoio e o grandes nomes cristãos da ajuda humanitária serão propositalmente esquecidos. <br />
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A religião política não lembrará que foi pela luta de milhares de cristãos verdadeiros que a escravidão, tão comum na história do mundo, fosse gradualmente amenizada até ser extinta no mundo ocidental. Nem reconhecerá que, quando a prática ressurgiu, por uma influencia de tribos africanas que ainda a praticavam e negociavam seus escravos para europeus, mais uma vez milhares de cristãos verdadeiros lutaram contra ela, baseados na noção bíblica de que todos os homens são iguais em dignidade, pois foram criados à imagem e semelhança de Deus, o mesmo que se sacrificou pelo mundo mediante Jesus, o Cristo. <br />
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Por mais que a religião tradicional tenha sofrido com distorções internas ao longo dos séculos, incluindo aí o cristianismo, o fato é que o problema nunca esteve na crença em Deus ou na sustentação da Bíblia Sagrada. O surgimento de religiões violentas, imorais, discriminadoras e ilógicas são distorções da religião original, da tradição adâmica da qual todas as outras descendem. Essas distorções se distanciam da vontade de Deus. Da mesma forma, as distorções no interior do cristianismo (que se vê como herdeira direta da religião original), levam muitos cristãos a agirem contrariamente ao próprio ensino bíblico, destoando da vontade santa de Deus. <br />
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Um cristão que espanque sua esposa ou que, podendo ajudar, não estende a mão ao necessitado, não está agindo em conformidade com o cristianismo puro, com o padrão bíblico, com o desejo de Deus. E quanto mais um cristão se afasta do cristianismo, obviamente menos pode ser chamado de cristão. O problema, portanto, não está no cristianismo, mas em suas distorções. Ao homem que quer ser um bom cidadão, filho, esposo, pai, vizinho, amigo, enfim, humano, basta ser um bom cristão. O mesmo serve para mulheres. O cristianismo, quando seguido puramente, não gera homens dispostos a matar, roubar e fazer sofrer, mas a se doar a Deus e ao próximo por amor. E é por meio desse amor (para os cristãos, gerado por Deus em nós através de nossa aceitação dEle), que podemos nos descorromper gradualmente e impactar positivamente o mundo. <br />
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O cristianismo verdadeiro mantém os pés no chão. Reconhece a miséria interior do ser humano. Somos inclinados ao mal, imperfeitos moral e administrativamente. É mais fácil errar do que acertar. É mais fácil distorcer do que seguir a verdade. O cristianismo verdadeiro põe o homem em seu lugar. A mensagem básica da tradição judaico-cristã ao homem é: não confie plenamente em si mesmo, nem em outros homens, mas em Deus e seu amor. Não será por meio de planos políticos que acharemos a real fonte de valores, o sentido da vida e a redenção do mundo. Não é uma revolução mundial que mudará a história da humanidade e nos preencherá. <br />
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O sentido da vida está em algo muito menor que transformar o mundo em um paraíso, mas, ao mesmo tempo, muito mais trabalhoso: mudar a si mesmo e amar indivíduos. É fácil querer mudar o mundo. É difícil se dispor a mudar seus próprios maus hábitos e se tornar alguém cada vez mais amoroso, prestativo, sóbrio e perdoador. É fácil amar a humanidade. A humanidade é algo abstrato. Um agregado de pessoas desconhecidas. É difícil amar o indivíduo, aquele que está ao seu lado, que você vê, que é real.<br />
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No fim das contas, a proposta do cristianismo é dura e realista. O mundo continuará sendo um lugar cruel, injusto e difícil até que Jesus Cristo volte para resgatar aqueles que o aceitaram, condenar os que preferiram o mal e restaurar a Terra. A regra é clara na visão judaico-cristã: não há redenção, nem sentido, nem moral fora de Deus. Sem Deus, tudo o que nos resta é um mundo amoral, sem objetivo e sem esperança. A vida não é nada e a morte nos espera. E é para fugir a esse desespero de uma existência sem sentido que a religião política surgiu e sobrevive. A religião política é o ópio dos intelectuais antirreligiosos e anticristãos. <br />
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O fato inconveniente e inescapável é que todas as filosofias secularistas produzidas pela religião política não passam de plágios do cristianismo, contrafações da cultura religiosa que se tornou o pilar do mundo, o responsável cultural por elevar na mente e no coração de crentes e descrentes os nossos três sensos naturais. Buscando anular Deus e destruir o cristianismo, tais filosofias secularistas não conseguem se desvincular das sólidas bases de valor, sentido e redenção fincadas pela religião cristã na sociedade. São cristianismos distorcidos e sem Cristo, buscando um sentido fora de Deus. No entanto, se realmente há um Deus que tudo transcende, o mundo encontra o seu sentido apenas nesse Deus. E o cristianismo, a grande pedra no sapato desses intelectuais soberbos, provavelmente é tudo o que <i>Homo spiritualis</i> precisa para ser moral, completo e redimido. </div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-2418887535735814302017-02-27T11:44:00.003-08:002017-02-27T12:14:04.940-08:0020 verdades históricas inconvenientes<div style="text-align: justify;">
Resolvi selecionar 20 verdades históricas inconvenientes. É aquele tipo de verdade que irrita muita gente porque contraria suas ideologias. Essa gente tem o péssimo hábito de tentar moldar à realidade às suas ideologias, em vez do contrário. Talvez por isso, as verdades aqui expostas não sejam muito propagadas. Seus professores de história, geografia, filosofia, sociologia provavelmente não te ensinaram isso, aliás. Então, estou fazendo minha boa ação do dia. Lá vai:</div>
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1) Hitler era contrário ao marxismo por uma razão apenas: ele entendia que tal doutrina era um embuste criado por judeus para destruir os Estados nacionais, prostrando o mundo todo diante do que ele chamava de Capitalismo Internacional Judaico. Para Hitler, o verdadeiro socialismo não poderia se desfazer do conceito de nação ou de raça. Isso valia não só para a Alemanha. Ele elogiava o regime fascista italiano por valorizar seu próprio povo. </div>
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Tanto Hitler como Mussolini fizeram o mesmo que Stálin: perceberam a força do sentimento de nação para agregamento social e do próprio conceito nacional para melhor administração da sociedade. Ademais, seria muito mais fácil fazer uma nação grande e por meio dela conquistar o mundo todo, do que tentar dominar o mundo todo sem uma nação central que conduzisse o processo. </div>
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Friedrich Hayek (Nobel em Economia em 1974) já explicava, do ponto de vista econômico, nos anos 40, que o socialismo internacionalista tende a se tornar nacionalista depois que se instaura. Essa tendência só irá mudar um pouco na história com a introdução do conceito de multiculturalismo na política e a infiltração do progressismo na ONU, os quais habilitaram a mesma a se tornar uma entidade promotora do enfraquecimento dos Estados nacionais. O projeto nacionalista e o internacionalista de domínio mundial só se diferem na estratégia utilizada. A finalidade é a mesma: a promoção de um órgão central que controle o mundo todo.</div>
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2) Benito Mussolini foi, durante boa parte da vida, um marxista ortodoxo. Escreveu para jornais socialistas e foi integrante do Partido Socialista Italiano (PSI). Começou a se afastar da ortodoxia marxista ao perceber que a guerra imperialista poderia ser interessante para os propósitos socialistas. Influenciado por doutrinas de esquerda heterodoxas, como o sindicalismo de Georges Sorrel, percebeu que combater o conceito de nação era contraproducente e que algumas ideias populares, ainda que míticas, poderiam ser servir de força motriz para movimentar as massas. Usando de pragmatismo, também percebeu que o Estado jamais seria derrubado e que o capitalismo, em vez de destruído, poderia ser controlado pelo governo, o que era muito mais viável. Assim, surgiu o fascismo italiano.</div>
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3) Nazismo e fascismo foram movimentos antiliberais (em economia) e progressistas (em política) desde sua origem e não é de hoje que intelectuais de renome perceberam as relações íntimas entre esses dois movimentos e o socialismo marxista. Dentre mais antigos e mais novos autores, podemos citar autores do calibre de Ludwig von Mises, Eric Voegelin, Murray Rothbard, Friedrich Hayek, Hannah Arendt, Ernest Nolte, Joachim Fest, Anthony James Gregor, Helmut Fleicher, Klaus Hildebrand, Andreas Hillgruber, Rainer Zitelmann, Hagen Schulze, Thomas Nipperdey, Imanuel Geiss, Robert Gellately, Richard Overy, Jonah Goldberg, Erik Norling, Zeev Sternhell, Mario Sznajder, Maia Asheri, Erwin Robertson e etc.</div>
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4) Winston Churchill (primeiro ministro britânico entre os anos de 1940-1945 e 1951-1955) foi um dos maiores conservadores políticos do mundo. E também foi um dos mais ferrenhos opositores ao fascismo e o nazismo.</div>
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5) Marx e Engels defendiam o armamento do proletariado para derrubar a burguesia. Após chegarem ao poder, os ditadores marxistas se empenharam em desarmar seus povos. O regime militar no Brasil não desarmou a população.</div>
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6) O islamismo já surgiu, nos anos 600, como uma religião de guerra, que prevê o domínio mundial por meios bélicos. Se difere em sua raiz, portanto, do cristianismo, que surgiu e se expandiu como um movimento pacifico, e também do judaísmo, que surgiu num contexto histórico de guerras, porém jamais teve pretensões de dominação mundial e imposição de sua teocracia em todos os paises. O que o islamismo faz hoje através de seus governos teocráticos e seus grupos extremistas é apenas continuação do que se iniciou nos anos 600. Toda a historia do islamismo, desde o inicio, é uma historia dr invasões e dominações.</div>
<div style="text-align: justify;">
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7) A escravidão foi comum no mundo inteiro por milênios e, na maior parte desses milênios nada tinha a ver com cor de pele. Foram os princípios judaico-cristãos que começaram a humanizar gradualmente os escravos ao longo dos séculos até chegar o momento em que vários setores da sociedade começaram a clamar pelo fim da prática. Em geral, os países que mais tempo praticaram a escravidão foram os não-cristãos. Quando os europeus iniciaram expedições marítimas, tribos africanas que mantinham a prática em voga passaram a vender seus escravos de guerra aos navegantes da Europa. O resultado foi o incremento da escravidão em terras cristãs. E, uma vez que esses escravos comercializados eram negros, tornou comum no ocidente identificar escravidão à etnia africana e a cor negra. O racismo surge por conta disso e é algo novo na história do mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
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8) O cristianismo foi o grande responsável pelo avanço da ciência e da filosofia no mundo, pois popularizou o pressuposto de que um Deus racional criou leis fixas pelas quais a natureza funciona. Não fosse pelo cristianismo, o mundo provavelmente permaneceria trilhando pelas crendices politeístas irracionais, nas quais elementos da natureza como o sol, a lua, a chuva, os mares e etc. eram deuses ou atendiam aos desejos arbitrários de deuses. Lembre-se que Sócrates procurou estabelecer o mesmo pressuposto séculos antes e acabou sendo condenado. O mundo pagão não era muito racional. </div>
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9) O Brasil não passou apenas pelo golpe de 1964. Antes dele houve o golpe de 1937, dado por Getúlio Vargas, que se tornou um ditador, implementou censura, criou um Estado policial e perseguiu opositores. Antes ainda, houve o golpe militar de 1889, que derrubou a monarquia de maneira de maneira ilegítima, iniciando uma república instável, corrupta e repleta de microgolpes. A República brasileira, desde sua concepção, é ilegítima. </div>
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10) Em 1964, a maioria dos grupos políticos, tanto de direita, quanto de esquerda, não tinham muito apreço pela resolução dos problemas dentro da normalidade institucional. Seguindo a cultura brasileira de golpes e autoritarismo que nasceu com a República, os grupos que se opunham apenas esperavam uma brecha para implementar seu próprio projeto autoritário de governo. Em um contexto de plena guerra fria, a URSS tinha claro interesse em transformar o Brasil num país comunista (o maior das Américas), bem como os EUA tinham o claro interesse em não permitir isso. Os militares que forçaram a saída de João Goulart em 1964 impediram um muito possível e provável avanço dos comunistas neste projeto de poder. Mas também iniciaram um regime militar desnecessário e que traiu muitos dos que apoiaram a intervenção como solução cirúrgica. </div>
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11) Apesar de ter sido autoritário, o regime militar não possuiu características plenas de ditadura. Seu modelo foi um híbrido entre democracia e ditadura, um tanto brando quando comparado às ditaduras comunistas e à ditaduras mais à direita, como a chilena, de Pinochet. Não houve um ditador supremo, mas cinco presidentes, cada qual cumprindo o seu mandato. Cada um dos cinco possuía visões distintas, sendo dois de linha dura e três favoráveis à reabertura democrática. Os dois últimos deram contribuições para desmanchar o regime. Havia dois partidos: o do governo (ARENA) e o da oposição (MDB). Por algum tempo, houve eleições para governadores e foi comum o partido de oposição ao governo vencer. O governo não recolheu as armas dos cidadãos. O número de mortos pelo regime, durante 21 anos, gira em torno de 500 pessoas, das quais boa parte era composta de terroristas com projetos totalitários de poder. </div>
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12) Os regimes comunistas mataram, juntos, cerca de 100 milhões de pessoas durante o século XX, o que é amplamente reconhecido e documentado. Alguns países do Leste Europeu consideram os regimes comunistas tão totalitários e terríveis quantos os regimes fascistas e nazistas.</div>
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13) Há diversos fatos históricos comprovados sobre Jesus. Ele realmente existiu, foi um judeu, foi condenado a uma cruz, sua tumba foi encontrada vazia, diversas pessoas alegaram tê-lo visto, os primeiros cristãos acreditavam na ressurreição e os mártires cristãos morreram afirmando serem testemunhas do que pregavam. Tais fatos são históricos porque passam pelos testes comumente de historicidade comumente utilizados pelos historiadores, tais como: multiplicidade de fontes, multiplicidade e antiguidade de manuscritos, relatos com contextos detalhados, relatos que causaram prejuízos aos seus autores, comprovação em fontes não cristãs, comprovação de fontes inimigas, etc. </div>
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14) O Novo Testamento é o livro que mais possui documentos manuscritos antigos no mundo. São cerca de 5700 cópias. O segundo lugar pertence à obra Iliada, de Homero: cerca de 640 cópias. O Antigo Testamento possui cópias antigas preservadas que datam de até 300 anos antes de Cristo, bem como alguns fragmentos mais antigos. O que lemos em nossas Bíblias hoje é a mesma mensagem que os judeus liam no primeiro século (e antes, no caso do Antigo Testamento). </div>
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15) Os primeiros cristãos eram judeus e conversos gentios ao judaísmo que frequentavam sinagogas aos sábados e mantinham diversos hábitos judaicos. Pelo menos nas primeiras quatro décadas após a morte de Jesus, o cristianismo não era encarado como uma religião diferente, mas como uma vertente do judaísmo. O panorama mudou gradualmente e as primeiras separações mais sérias e evidentes ocorreram após o ano 70 d.C. </div>
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16) A Revolução Francesa matou cerca de 50 mil pessoas por repressão só entre os anos de 1793 e 1794, no chamado Período do Terror. Após muito sangue derramado, perversões públicas e instabilidade política, durante uma década, a Revolução terminou com a subida de Napoleão Bonaparte ao poder, muito mais poderoso do que os tradicionais absolutistas. A Revolução Francesa deu em nada, no fim das contas. </div>
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17) O capitalismo trouxe ao mundo uma riqueza jamais vista nos séculos passados, fazendo com que tanto pobres quanto ricos em diversas partes do mundo tivessem acesso aos mesmos produtos (embora os produtos dos ricos sejam melhores). Assim, podemos ver ricos e pobres com computador, internet, televisão, rádio, celular, chuveiro quente, água encanada, microondas, liquidificador, carro e, principalmente, alimento. Os níveis de miséria se reduziram drasticamente com o advento do capitalismo. E se ela persiste ainda hoje é justamente porque há lugares em que simplesmente não há capitalismo. </div>
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18) Os maiores capitalistas do mundo geralmente são anticapitalistas. Muitos deles alcançaram o lugar onde estão através não do livre mercado, mas de conchavos com o governo. Outros gozaram realmente do livre mercado e de suas capacidades empreendedoras, mas ao chegarem no topo, perceberam que não é mais conveniente defender essa liberdade econômica (pelo menos não para todos). Afinal, se eles chegaram ao topo, alguém pode chegar também e tirá-los de lá. Assim, esses bilionários frequentemente se convertem em "metacapitalistas", homens que desejam Estados fortes, que controlem a economia e o mantenha no topo. Alguns desses, como George Soros, vão mais além, abraçando ideologias de esquerda e promovendo-as através de seus investimentos. </div>
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19) O primeiro movimento feminista, chamado também de primeira onda, era composto por muitas mulheres religiosas e conservadoras. Elas lutavam contra abusos e desejavam dignidade civil/humana. Aos poucos, o secularismo e o progressismo foi tomando conta do movimento e deixando de atender aos interesses de todas as mulheres, tornando-se meramente um braço da esquerda. Hoje o feminismo se converteu em uma caricatura feia e distorcida do que já foi e só mostra interesse em defender pautas de esquerda e mulheres de esquerda.<br />
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20) Não há evidência histórica de que o ser humano pode construir um paraíso na terra, varrendo toda imperfeição do interior dos seres humanos. Em milênios de história, a humanidade testemunhou uma constante e incessante imperfeição mundial e tudo permanece igual nos dias de hoje. A crença de que o progresso tecnológico, a razão e a aquisição de conhecimentos trariam também um progresso moral e um mundo cada vez mais perfeito continua a ser refutada todos os dias. Não há relação entre progresso científico, filosófico e tecnológico com o progresso moral. E se todos permanecem fadados à imperfeição, crer que imperfeitos trarão a perfeição é como crer em Papai Noel. <br />
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Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-17711959772730636402016-12-30T16:43:00.002-08:002016-12-30T16:43:48.331-08:00A Igreja Católica Apostólica Judaica<div style="text-align: justify;">
Se fosse necessário dar um nome para a Igreja instituída por Jesus no primeiro século, esse nome deveria ser "Igreja Católica Apostólica Judaica" e não romana. Os primeiros cristãos eram judeus e continuaram se sentindo judeus após a ascensão de Cristo aos céus. Jesus não representava, para eles, o fundador de uma nova religião, mas o Messias Judaico. Assim, era natural continuar indo à sinagoga aos sábados, lendo as Escrituras Judaicas e cumprindo seus mandamentos. Também os gentios não enxergavam esses primeiros cristãos como membros de uma nova religião, mas como judeus comuns, frequentadores de sinagogas e guardadores do sábado. </div>
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<br />O evangelista Lucas, autor do livro bíblico Atos dos Apóstolos, menciona a ida de cristãos à sinagogas judaicas de pelo menos nove cidades pagãs: Damasco (At 9:2), Salamina (At 13:5), Antioquia (At 13:14), Icônio (At 14:1), Tessalonica (At 17:1-4), Bereia (At 17:10), Atenas (At 17:16-17), Corinto (At 18:1-4) e Éfeso (At 18:19). O historiador também cita o costume de Paulo e seus companheiros de dedicarem o sábado a Deus nas sinagogas (At 13:16, 13:42-22, 17:1-3 e 18:1-4). O apóstolo Paulo, aliás, quando trabalhou confeccionando tendas em Corinto, disponibilizava justamente o sábado para pregar o evangelho o dia inteiro. E mesmo após se irritar com judeus incrédulos e dizer que a partir dali focaria nos gentios (At 18:6), ele torna a pregar em sinagogas, na cidade de Éfeso, permanecendo ali por dois anos e convertendo tanto judeus naturais quanto gregos que iam à sinagoga (At 18:18-19 e 19:8-10). </div>
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<br />Ainda sobre Paulo, suas defesas contra acusações de judeus incrédulos também denotam uma forte sintonia com os hábitos judaicos. Ele reafirma seu judaísmo étnico e suas raízes religiosas judaicas (At 22:3); considera-se fariseu (At 23:6); afirma estar sendo julgado apenas por crer na mesma coisa que criam seus acusadores: a ressurreição dos mortos (At 23:6); ressalta que acredita em tudo o que está na lei e nos profetas, incluindo a ressurreição - tal como os fariseus que o acusavam (At 24:14-15); deixa claro que foi pego por seus oponentes sem estar transgredindo a lei, desempenhando ainda uma prática judaica (At 24:17-19) e torna a dizer que está sendo julgado apenas por crer na ressurreição (At 24:20-21). </div>
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<br />Em Atos 25:7, vários judeus incrédulos rodeiam o apóstolo e o acusam, perante o governante romano Festo, de várias transgressões que não podiam provar. Paulo responde, no verso 8: "Nenhum pecado cometi contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra Cesar". Continua nos versos 10 e 11: "Estou perante o tribunal de César, onde convém seja eu julgado; nenhum agravo pratiquei contra os judeus, como tu bens sabes. Caso, pois, tenha eu praticado algum mal ou crime digno de morte, estou pronto para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras as coisas de que me acusam, ninguém, para lhes ser agradável, pode entregar-me a eles". </div>
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<br />Fica claro que Paulo tinha a convicção sincera de não estar transgredindo ponto algum do judaísmo. Sua visão, como a dos demais cristãos, não era a de um rompimento com a religião judaica e a aceitação de uma nova religião. Era, sim, da manutenção de uma mesma religião, mas agora com a revelação plena do Messias. Podemos ver esse mesmo senso de pertencimento à religião judaica no apóstolo Pedro. Em Atos 10, quando Pedro tem a visão dos animais imundos e Deus lhe ordena que se alimente deles, responde: "De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum ou imunda" (At 10:14). A visão era uma parábola, conforme a continuação do capítulo 10 e o capítulo 11 demonstram. Os animais imundos simbolizavam os gentios e a instrução da parábola era que os judeus deveriam pregar o evangelho a estes, sem distinção. Para os propósitos deste post, contudo, o que importa é enfatizar que Pedro continuava guardando a dieta alimentar judaica. </div>
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<br />O apóstolo João também dá indícios de que ainda se sentia um judeu (ou que Jesus queria que ele se sentisse assim). Em Apocalipse 2:9 e 3:9, descrevendo as palavras que recebeu de Jesus, utiliza os termos "Sinagoga de Satanás" e "judeus que a si mesmo se declaram judeus e não são" para criticar uma classe de desobedientes. O Apocalipse, aliás, está repleto de termos e conceitos judaicos advindos dos livros proféticos do Antigo Testamento. Parece haver não só uma visão do judaísmo como a religião dos primeiros cristãos como um cuidado, sobretudo nesses dois textos, de mostrar aos cristãos que eles não deveriam perder suas raízes judaicas. Não nos referimos, claro, aos erros, preconceitos e tradições humanas que se infiltraram no judaísmo, mas sim daquilo que compunha, de fato, o conjunto de princípios dados por Deus ao povo judeu. Embora Deus já não tivesse um povo no sentido étnico, com uma pátria, uma língua e um governo teocrático, o judaísmo como religião permanecia. </div>
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<br />O apóstolo Tiago, irmão de Jesus, também demonstrava manter fortes laços com o judaísmo. Quando Paulo foi até Jerusalém, após alguns anos de missão, ouviu dele e dos presbíteros da Igreja de lá: "Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares de judeus que creram, e todos são zelosos da lei" (At 21:20). É evidente, como a própria continuação desse texto indica, que entre os judeus crentes em Cristo havia muitos judaizantes. Estes não entendiam que, conquanto a religião permanecesse a mesma, alguns preceitos ritualísticos haviam deixado de vigorar, por previsão da própria lei judaica, em função do sacrifício de Cristo. Isto não era uma quebra da lei ou uma abolição do judaísmo, mas apenas o cumprimento de uma previsão que estava de acordo com a Lei e os Profetas. Era por isso que Paulo se sentia confortável em dizer que não transgredia qualquer lei judaica e permanecia judeu. Era verdade, não mera estratégia mentirosa para se livrar de condenações. </div>
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<br />O problema é que os judaizantes não entendiam assim. Para eles, Paulo ensinava a transgressão da lei (At 21:21) e o boato acabava sendo comprado por grande parte da Igreja de Jerusalém, além dos judeus incrédulos.</div>
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<br />O próprio Tiago, no entanto, não era um judaizante. No primeiro grande concílio da Igreja Cristã, em Jerusalém, apóstolos, presbíteros e alguns nomes importantes entre os primeiros cristãos se reuniram para discutir se a circuncisão deveria ser requerida dos gentios para a salvação. Aparentemente, Jesus não havia deixado qualquer observação quanto a isso e grande controvérsia estava ocorrendo entre os partidários da circuncisão para salvação e os adeptos da incircuncisão (At 15). Houve um grande debate nesse concílio, mas ao fim dos testemunhos de Pedro, Paulo e Barnabé à favor da não necessidade de circuncisão, Tiago, como líder da Igreja em Jerusalém, tomou a palavra final e também votou pela desobrigação do rito aos gentios conversos (At 15:13-21). Mas, apesar de não judaizante, Tiago permaneceu judeu. São dele as contundentes palavras:</div>
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<br />"Se vós, contudo, observai a lei régia segundo a Escritura: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo', fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: 'Não adulterarás' também ordenou: 'Não matarás'. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade" (Tg 2:8-12).</div>
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<br />Essa relação positiva com o decálogo era comum a todos os primeiros cristãos. Paulo, por exemplo, cria claramente na vigência do decálogo (Rm 13:9, Ef 6:2, I Co 7:18-19 e Rm 2:17-29) e asseverava que quem se mantinha na transgressão dos mandamentos morais de Deus, que são derivados do decálogo, não entraria no Reino de Deus (I Co 6:9-10 e Gl 5:19-21). Embora seu ensino fosse de que os mandamentos não salvam, nem purificam, apenas demonstram nossos erros, ele não deixa de afirmar que a lei não é pecado (Rm 7:7), que ela é santa e que seus mandamentos (tal como o de “não cobiçar”) são santos, justos e bons (Rm 7:12). Ele também faz questão de dizer que a lei é espiritual e que o ser humano é que é carnal (Rm 7:14). Ele diz ainda que a lei é boa (Rm 7:16) e que, embora ele não consiga seguir a lei com sua própria força (pois é pecador), ele tem prazer nela (Rm 7:22). O único problema da lei, segundo o apóstolo Paulo, é que ela não tem como fazer o pecador segui-la. Mas Paulo ensina que esse problema é resolvido por Jesus Cristo.<br /><br />João, por sua vez, enfatizou muito a observância dos mandamentos em seus escritos (I Jo 2:3-6, 3:22-24 e 5:2-3; II Jo 1:5-6; Ap 12:17 e 14:12). É verdade que João costuma a usar a fórmula resumida do decálogo, que foi ensinada por Jesus (Mt 22:36-40 e Mc 12:28-34). Mas essa fórmula de Jesus, longe de anular o decálogo, apenas demonstra que o mesmo possui dois mandamentos principais da Torá que lhe servem de base. Assim, um judeu que observe os dois, automaticamente observará todo o decálogo e mais todas os mandamentos morais que se desdobram a partir do decálogo, desde não assassinar até não odiar.<br /><br />Interessante é que a descrição feita pelo evangelista Marcos nos traz uma prévia do que os autores do Novo Testamento discutiriam sobre a lei décadas mais tarde. Após Jesus responder quais eram os dois mandamentos-base de todo o conjunto de leis da Torá, o escriba que o interpelou disse: “Muito bem, Mestre. Com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro; e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12:32-33). Marcos continua sua descrição da cena: “E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: ‘Não estás longe do reino de Deus’. E ninguém ousava mais interrogá-lo” (Mc 12:34). O leitor percebe? Jesus já deixava uma pista de que a discussão posterior seria mandamentos morais x sistema sacrificial – o qual se relacionava intimamente com as festas e feriados judaicos.<br /><br />Que Jesus Cristo demonstrou grande reverência pelo decálogo fica claro nas passagens que descrevem o diálogo com o jovem rico (Mt 19:16-19, Mc 10:17-19 e Lc 18:18-20), no sermão do monte (Mt 5:17-20) e na última ceia com seus discípulos (Jo 14:15-21 e Jo 15:9-10). <br /><br />A exposição deste pano de fundo nos ajuda a visualizar melhor como o afastamento entre judaísmo e cristianismo foi muito gradual nas primeiras décadas após a ascensão de Cristo e que não havia uma identidade cristã própria e plenamente desconectada do judaísmo na Igreja. A Igreja das primeiras décadas era formada basicamente por judeus, por gentios frequentadores de sinagogas e por judaizantes. As sinagogas continuaram sendo o local de adoração de muitos cristãos e foi também, por bastante tempo, o principal local de pregação do evangelho, onde eram alcançados judeus e gentios. O ponto de encontro entre o evangelho e os gentios era justamente às sinagogas plantadas nas cidades pagãs. </div>
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<br />Os cristãos aproveitavam as sinagogas judaicas para pregar justamente porque ainda se sentiam judeus e entendiam que pregar Jesus nas sinagogas não era pregar outra religião, mas apenas anunciar as boas novas do Messias Judaico. Era tão natural quanto alguém hoje ir a uma igreja de outro país, ler a Bíblia e dizer que Jesus é Deus. Seria estranho, no entanto, fazer isso numa Mesquita islâmica, num centro de Umbanda/Candomblé ou mesmo num Salão do Reino das Testemunhas de Jeová (que embora creiam na Bíblia, não creem na divindade de Jesus, nem na Trindade).</div>
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<br />O cenário da igreja do primeiro século é um cenário majoritariamente judaico e a sede da Igreja era a Congregação em Jerusalém, na qual os apóstolos ficaram durante muito tempo. E é por isso que a guarda do sábado durante esta época foi (com alta probabilidade histórica) algo bastante natural e intuitivo. Na Igreja de Jerusalém, conforme o próprio texto de Atos afirma, havia dezenas de milhares de judeus crentes zelosos da lei. Ou seja, guardavam o sábado e frequentavam sinagogas. Os gentios crentes de lá, portanto, certamente faziam o mesmo. O hábito ainda era seguido por todos os judeus e gentios crentes das cidades pagãs que mantinham sinagogas, conforme também os textos apontam. </div>
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<br />Nas duas décadas finais do primeiro século, no entanto, os cristãos já não tinham mais nenhum contato com sinagogas e a cultura judaica. Esse afastamento provavelmente se iniciou por volta do ano 70 d.C. com o aumento da antipatia dos judeus incrédulos para com os cristãos. Por volta do ano 90 d.C. já estava consolidada efetivamente a divisão e o cristianismo já não era mais visto, nem mais se via, como fazendo parte da religião judaica. Estavam abertas as portas para mutações em sua teologia em busca de uma identidade própria, desconectada o tanto quanto possível de suas raízes judaicas. É isso que vai alimentar, nas décadas seguintes, um sentimento antijudaico no que concerne a teologia cristã, a qual ajudará a colocar para dentro do cristianismo uma teologia que se orientava pelo antijudaismo em grande parte.</div>
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<br />O vácuo deixado pela perda de importância da Igreja de Jerusalém (tão relevante para a Igreja nas primeiras décadas de cristianismo) e pela morte de todos os apóstolos (que eram judeus) será suprido por uma influência cada vez maior da Igreja em Roma. Por duas razões básicas: ser a Igreja da capital do império e contar com um grande número de cristãos não provenientes do judaísmo. Assim, de maneira gradual, a Igreja que se via inicialmente como judaica e detinha sua matriz de influência na cidade de Jerusalém, passará a forjar uma nova identidade religiosa/cultural, passando a se enxergar como não judaica e adotando como matriz a cidade de Roma. </div>
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<br />Como se vê, este processo é bem anterior ao imperador Constantino. Na verdade, foi esta separação vagarosa entre cristianismo e judaísmo, seguido do desenvolvimento de uma teologia cristã não judaica (e até antijudaica em alguns pontos), que pavimentou o caminho para que um dia o referido imperador pudesse iniciar a união entre a Igreja Cristã e o Estado Romano, no quarto século. E é outro imperador, chamado Justiniano, que finalizará o processo no sexto século. A Igreja se torna, então, totalmente romana, como se o cristianismo tivesse surgido em Roma. Suas raízes judaicas jazem totalmente esquecidas ou, quando muito, taxadas como judaizantes. </div>
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<br />Obs.: Esse texto é um resumo das ideias expostas no meu texto: “<a href="https://reacaoadventista.com/2016/12/28/15-razoes-para-guardar-o-sabado-parte-2/">Quinze razões para guardar o sábado – Parte 2</a>”. A razão 10, que fala sobre as raízes judaicas da Igreja Primitiva, eu usei quase na íntegra aqui. Já a razão 11, que fala sobre a relação dos primeiros cristãos com o decálogo e a lei, eu só usei alguns trechos. Recomendo a leitura do texto citado, e com a Bíblia do lado, para checar todas as referências. </div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-25803200237009114352016-11-26T09:15:00.001-08:002016-11-26T09:15:32.668-08:00Uma reflexão adventista sobre a morte de Fidel Castro<div style="text-align: justify;">
Morreu hoje, aos 90 anos, o ex-ditador cubano Fidel Castro. Sua morte nos relembra uma valiosa lição: neste mundo todas as coisas passam. Castro procurou criar uma nova sociedade. Queria fazer um mundo a sua imagem e semelhança, ser ele mesmo a redenção dos homens. Talvez tivesse uma boa intenção no início. Quem sabe, realmente se incomodava com o sofrimento do gênero humano? Possivelmente, em algum ponto de sua distante juventude, tenha sentido, de fato, a dor de alguém e desejado sinceramente fazer um mundo melhor. No entanto, como todos aqueles que pretendem ser a redenção do mundo, Castro rumou pelo caminho da prepotência e do autoritarismo. Querendo agir como Deus, tornou-se assassino e repressor. Pretendendo, talvez, fazer um Céu na terra, criou um inferno. E nesse inferno buscou, egoisticamente, uma situação melhor para si mesmo.<br /><br />Castro, como todos os ditadores, é mais um símbolo da completa falibilidade humana e da tolice da salvação pelas obras. Descrente de Deus, mas crente em sua própria capacidade, Castro não conseguiu redimir o seu povo; não conseguiu ser o salvador que talvez um dia tenha pretendido ser; não conseguiu criar um mundo realmente bom. Castro não salvou a seus conterrâneos, tampouco a sua própria vida. Deixa para trás toda a sua riqueza, todo o seu poder e toda a sua vivacidade que outrora tivera. Nada leva desta terra, exceto, simbolicamente, as mãos sujas com o sangue de milhares de pessoas inocentes.<br /><br />Terá ele aceito a Cristo nos últimos dias de sua vida? Terá ele se arrependido de todas as maldades que conscientemente perpetrou ao seu povo? Pouco provável. Fidel Castro sai hoje da existência, tendo levado uma vida vazia, em busca do impossível, querendo fazer as coisas do seu próprio jeito, fugindo de Deus. Viveu iludindo-se e iludindo a outros. Foi transformado em santo por muitos, mas não fez qualquer pessoa se achegar a Jesus Cristo, o único e verdadeiro salvador. De que valeu a sua revolução? O sangue dos cristãos que matou clama na terra até hoje. E o seu povo está na miséria.<br /><br />Castro matou e morreu; assim se resume a sua vida. E se morreu da maneira como viveu, uma terrível punição o espera e, por fim, a inexistência absoluta. Nenhum bom legado deixa. Espalhou apenas sofrimento e hoje muitos comemoram a sua morte. Que triste fim! Que triste existência! Para ele, que via Jesus apenas como um mero revolucionário, as palavras de Paulo vem bem a calhar: "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (I Coríntios 15:19).<br /><br />É isso. Fidel Castro agora está morto. Já nada mais pode fazer ou sonhar. E o mundo permanece tão ruim quanto há 50 anos, quando ele resolveu revolucioná-lo. Quem saiu ganhando nessa história? Apenas Satanás. Iludiu um homem e através dele milhares de outros. Deu-lhes uma falsa esperança. Uma esperança humana. Hoje nada mais resta de bom aos que morreram nessa crença falsa e vazia. Nós, porém, segundo a promessa de Cristo, "esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça" (II Pedro 3:13).</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-85042230836391964992016-11-25T04:03:00.000-08:002016-11-25T04:14:21.678-08:00A eterna síndrome do amor ao Estado<div style="text-align: justify;">
Tem uma coisa que não consigo entender como se processa na mente de um esquerdista: a fé no poder politico. Vejam bem: todos os dias lemos notícias de políticos que nos deixam indignados com esta classe. Eles maquinam diariamente maneiras de nos prejudicarem em benefício próprio. Possuem dezenas de privilégios, um salário enorme e um poder maior ainda para decidir quase tudo sobre a sua vida. Fogem da justiça com uma facilidade absurda. São uns vermes, gente asquerosa, cínica, mentirosa, cruel, sem nenhum respeito pelo indivíduo humano.</div>
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<br /></div>
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E eu não falo de um grupinho de políticos. Estou falando de quase todos. A grande maioria é um estorvo para a nação. Só entre deputados federais e senadores, o nosso parlamento, há 594 políticos. Se 50 ali realmente prestam e possuem capacidade para estarem em suas posições é muito. O restante é um bando de néscios e ladrões, gente que mama o seu dinheiro de trabalhador suado para tornar sua vida mais difícil é a deles mais fácil. Nos estados e cidades a situação é ainda pior. Há câmaras inteiras sem uma única pessoa que preste. Há lugares em que os políticos viraram barões e suas famílias oligarquias. O poder é passado de geração em geração e nada muda. O povo permanece sendo massacrado.</div>
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<br /></div>
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Para mim, vendo tudo isso, é óbvio, claro e evidente que o poder dos políticos precisa ser reduzido, que seu campo de ação, seus benefícios, suas prerrogativas e responsabilidades, tudo tem de ser limitado ao máximo. O Estado precisa ser menor e menos poderoso. A classe política necessita de limites. No entanto, o esquerdista pensa justamente o oposto. De alguma forma que não entendo, ele consegue achar ruim todo esse cenário descrito, mas desejar que o Estado e seus agentes continuem tendo o mesmo poder e até o aumentem. Como assim?!</div>
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<br /></div>
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Será tão difícil entender que você não vai ter um hospital público de qualidade enquanto esses caras concentrarem tanto poder e funções? Será que não percebe que a educação jamais terá qualidade enquanto o Estado for esse monstro?</div>
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Você quer um Estado que dê assistência aos necessitados? Ok. É possível. E é justo. Há realmente gente nesse país que não tem condições de levar uma vida digna. Por culpa do próprio governo. Então, há quem precise mesmo de assistência. Mas, meu amigo, não dá para manter um Estado que dê assistência aos pobres e, ao mesmo tempo, aos políticos, parentes de políticos, empresários financiadores de políticos, militantes, partidos, assessores comissionados, concursados com super salários, dezenas de ministérios, milhares de secretarias, bancos privados, bancos públicos, blogs, revistas, jornais, canais de TV, times de futebol, artistas, filmes, ONGs, Sindicatos, MST, CUT, UNE, MTST, Cuba, Venezuela, Angola, Foro de São Paulo, Odebrecht, SuperVia, Correios, etc. Não dá! Ou o povo pobre ou todos esses políticos e apadrinhados políticos. Lembre-se que esse segundo grupo se alimenta do primeiro. O dinheiro que paga todo esse enorme aparelho estatal e os seus tentáculos sai justamente do bolso dos pobres que você diz querer ajudar. Quanto maior o Estado e quanto mais poder a classe política tem, mais os pobres são massacrados. É difícil entender isso?</div>
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Reduzir o Estado e o poder dos políticos deveria ser ponto em comum, ponto pacífico, unanimidade. É apenas com essa redução que pode-se pensar numa economia mais ativa, capaz de arrecadar mais impostos. É apenas com essa redução de custos que pode-se pensar em investir mais e melhor em saúde, educação e segurança públicas. Mas enquanto houver quem defenda político bandido, morosidade nos julgamentos e concentração de poder e dinheiro nas mãos do Estado e seus agentes, não tem como melhorar a vida do povo.</div>
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Não se pode servir a dois senhores. Ou se serve aos políticos ou ao povo. Tentar servir aos dois é certeza de desagradar a um deles. Ou ambos.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-3242147283116228322016-11-24T07:45:00.002-08:002016-11-24T07:45:46.034-08:00Conhecimento Econômico II: Inflação<div style="text-align: justify;">
Você sabe o que é inflação? Sabe como ela se forma? Vamos tratar hoje desse tema. O texto de hoje é o segundo da série que me propus a fazer sobre conhecimentos básicos de economia. Para quem não leu o primeiro, <a href="http://www.mundoanalista.com/2016/11/conhecimento-economico-i-geracao-de.html">clique aqui</a>. </div>
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Mencionei brevemente no primeiro texto o erro infantil (das crianças mesmo) de achar que imprimir mais dinheiro poderia resolver os problemas do mundo. Por incrível que seja, homens adultos, por vezes economistas, fazem uso desse artifício insano. Por quê? Explico.</div>
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Obviamente emitir dinheiro e distribuir à todos seria inútil, já que dinheiro é apenas um símbolo. Mas o governo pode (através do Banco Central) emitir mais dinheiro para os Bancos. Ao fazê-lo, os bancos terão mais dinheiro para emprestar. Isso reduz os juros dos empréstimos. Por quê? O juro nada mais é do que o preço do empréstimo. O empréstimo é um serviço como qualquer outro e, portanto, tem um valor. Isso é o juro.</div>
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<br /></div>
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Ora, se o banco tem muito dinheiro guardado, emprestar é mais fácil, logo o empréstimo será mais barato. Se suas reservas estão reduzidas, o preço do empréstimo se elevará, bem como os requisitos para consegui-lo; e os valores possíveis serão menores. Em outras palavras, quando o BC joga moeda na economia através dos bancos, estes passam a oferecer crédito fácil em todos os sentidos. Menos juros, menos requisitos, mais parcelas, empréstimos mais altos e etc. À curto prazo, isso gera um boom na economia. As empresas começam a pegar altos empréstimos para seus projetos; novos empreendedores surgem, conseguindo se capitalizar; os consumidores compram mais no crediário. É a farra do crédito. O banco tem para todos.</div>
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O que descrevi parece muito bom, né? Mas não se esqueça: é artificial. O que se aumentou, primeiramente, foi o dinheiro disponível (que é um símbolo) e não a produção. Isso quer dizer que, à princípio, há mais dinheiro em circulação para comprar a mesma quantidade de coisas. Não houve produção de riqueza, portanto.</div>
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<br /></div>
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Se todos recebessem esse dinheiro novo criado ao mesmo tempo e na mesma quantidade, isso não faria nenhuma diferença, nem positiva, nem negativa. Seria inócuo. Mas lembre-se que quem recebe primeiro são os bancos. Depois as primeiras empresas a pegar empréstimos. Ou seja, esse dinheiro vai sendo repassado para as pessoas aos poucos. Aí está o problema. As primeiras que receberem terão mais condição que antes de comprar coisas. E comprarão. Só que como a produção não aumentou à princípio, haverá menos produtos para os outros. Isso fará com que os preços se elevem. É o que chamamos de inflação de preços. Ela é causada pelo aumento de circulação de moeda no mercado.</div>
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Então, antes do novo dinheiro chegar à todos através do aumento de salários, os preços já subiram. Quer dizer, alguns tiveram aumento de renda e puderam comprar mais com os preços no mesmo patamar. Outros tiveram que comprar mais caro, ganhando o mesmo salário. </div>
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<br /></div>
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Mas por que, então, os governos inflam moeda? Há pelo menos dois motivos. O primeiro é o já mencionado "boom" na economia. Trata-se de uma aposta. O governo expande crédito e espera que os empréstimos que isso vai gerar expandam suficientemente os negócios para que mais empregos sejam criados, o que fará mais empresas concorrerem e mais pessoas consumirem. A ideia, portanto, é criar uma inflação dosada, que não cresça muito e seja rapidamente superada pelo conseguinte aumento de produção.</div>
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Um dos principais problemas desse tipo de política é que essa aposta é arriscada. Não há como prever que o crescimento será tão grande, nem que será uniforme. Na verdade, dificilmente o crescimento é uniforme, em geral uns ramos crescerão mais rapidamente que outros. Então, mesmo que a economia cresça muito, alguns ramos podem não crescer o suficiente para conter a elevação de preços ocasionada pela expansão de crédito. Ademais, o crescimento da produção realmente deve ser fantástico para que a inflação seja contida, o que dificilmente ocorrerá em um país que já não seja bastante desenvolvido e liberal na sua economia.</div>
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Mas ainda que um país consiga ser bem sucedido nesse crescimento fantástico, isso não durará muito tempo. Por que? Bom, aqui entra outro grande problema desse tipo de política: Nenhum governo poderá inflar moeda para sempre. Ainda que se consiga a proeza de se conter a inflação durante um bom período de crescimento, em dado momento a expansão de crédito deverá parar para que não ultrapasse a capacidade de produção. Tudo tem um limite. Quando o governo chega nesse limite máximo, iniciará um momento de corte radical na emissão de moeda e de aumento da taxa básica de juros. Aqui no Brasil a Taxa Básica de Juros é a SELIC, que é calculada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), um setor do BC. O aumento ou a redução dessa taxa pelo BC influencia todas as outras taxas de juro do país. É comum que o governo aumente essa taxa quando deseja reduzir ou evitar inflação. </div>
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Ora, com o corte radical na emissão de moeda e o aumento da taxa básica de juros, os bancos já não poderão emprestar na mesma velocidade, quantidade e facilidade de antes. Mas a sociedade ainda está à todo o vapor, lembra? Então, o que vai acontecer é que o preço dos empréstimos (os juros) tornarão a subir. Cessa a facilidade de conseguir dinheiro e quem fez empréstimos altíssimos terá uma surpresa: os juros aumentarão exorbitantemente. O que antes pareciam negócios lucrativos se mostram verdadeiras bancarrotas. Os empresários ficam endividados com o aumento dos juros. As pessoas que compraram em cartões ou que possuem dívidas no limite bancário também ficam mais endividadas. Os próprios bancos podem ficar em situação ruim, porque o não pagamento de seus empréstimos poderá quebrar suas atividades. Sem poder pagar suas dívidas, empresas demitirão funcionários e, se a concorrência permitir, procurarão aumentar preços.</div>
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O fim de toda a política inflacionária é essa. Mas para muitos governos vale à pena o risco, pois quem segurará o pepino provavelmente será o governo seguinte. Assim, é possível um governo inflar a moeda, aquecer a economia por alguns anos e deixar a crise para seus sucessores.</div>
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A segunda razão para governos inflarem a moeda é para pagar suas dívidas. Isso pode ser feito de três maneiras. A mais primitiva é o governo mandar o BC fazer dinheiro e pagar as dívidas. Mas isso é algo proibido em diversos países. Outra maneira é fazendo uma permuta com os bancos. O BC expande moeda para os bancos e os bancos, por sua vez, emprestam dinheiro para o governo. Em geral, esse empréstimo ocorre por meio de compra de "títulos de dívidas" do governo por parte dos bancos (grosso modo, isso nada mais é que empréstimo).</div>
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Por que os bancos aceitam isso? É óbvio. Além de terem recebido mais dinheiro para emprestar, ao emprestar quantias vultuosas para o governo terão um retorno enorme, já que quanto maior o empréstimo, maior o juro. O governo é sempre maior devedor que qualquer indivíduo ou empresa. Daí se segue também que quanto mais um governo gasta e pede empréstimos, melhor para os bancos (desde que o governo não seja caloteiro).</div>
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Uma terceira maneira de pagar suas dívidas através da inflação é visando reduzir justamente o juro de dívidas em andamento. Uma vez que expandir moeda reduz os juros, o governo pagará menos quando se utilizar desse artifício.</div>
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Quando entendemos essa dinâmica, conseguimos compreender alguns fenômenos da história. Por exemplo, por que o Brasil viveu uma hiperinflação nos anos 80 e início dos anos 90? Quem é mais velho lembra disso. Os produtos mudavam de preço todos os dias, duas, três, quarto vezes por dia. A pessoa recebia o salário e corria para o mercado para comprar antes que tudo aumentasse. Por quê? O motivo principal era a existência de um número enorme de empresas estatais (incluindo bancos) que davam déficits também enormes. Para que essas estatais não fossem à falência, o governo as acudia direta ou indiretamente imprimindo dinheiro. Resultado: uma inflação galopante.</div>
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Outro caso de distorção econômica causada pela política de expansão de moeda é a crise americana de 1929. Embora ela geralmente seja apontada como uma crise causada pela superprodução em uma economia extremamente liberal, a verdade é que sua causa foi a expansão creditícia promovida pelo FED, o Banco Central americano. Como se deu? O FED expandiu crédito por alguns interesses políticos da época. Isso derrubou os juros e estimulou a tomada de empréstimos. O resultado foi um boom na economia. Mas o FED teve que cortar o crédito, a fim de não criar um surto inflacionário. Os preços até então tinham sido segurados pela grande produção. Ao cortar o crédito e aumentar os juros, os empresários que fizeram altos empréstimos se viram com dificuldades de pagar.</div>
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Com as primeiras demissões e falências, muita gente começou a ir aos bancos para retirar dinheiro da poupança. Isso complicou a situação dos bancos, que já não estavam vendo o pagamento de muitos empréstimos.</div>
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O aumento do desemprego reduziu o consumo rapidamente. Então, aquela incrível produção passou a se acumular nas prateleiras. Havia mais produto que gente com condição de comprar. Em vez, então, de haver inflação de preços, houve deflação. Com excesso de produtos e pouco consumo, as empresas foram baixando os preços para tentar vender. Não é preciso ser um gênio para perceber que se você está em época de crise e ainda precisa baixar preços, você não vai durar muito.</div>
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Um terceiro caso desastroso de distorção econômica é bem mais atual. Aqui no Brasil, o governo Lula, após um breve período de ajuste da economia, também lançou mão da expansão de crédito. Mesmo esquema: uma aposta numa inflação contida que pudesse ser superada rapidamente pelo aumento de produção. A aposta deu certo principalmente por uma razão: a queda do dólar. Nesse período o dólar se desvalorizou bastante (provavelmente pelos efeitos da guerra no Iraque). Com o dólar caindo, todas as compras de produtos americanos ou que continham algum componente americano ficaram mais baratas. Isso não só anulou a inflação de preços como ajudou a aquecer a economia, aumentando a produção, a concorrência e o consumo.</div>
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O bom período econômico do presidente Lula acabou sendo mais extenso do que deveria pelos efeitos da queda do dólar. Houve outras razões também, como o bom momento dos países emergentes, incluindo a China, que virou grande parceira comercial do Brasil. Mas, como já vimos, a economia é implacável. Ele sempre impõe o acerto de contas. E o acerto começou a chegar quando o dólar voltou a subir. Os dois governos de Lula e o primeiro governo de Dilma haviam expandido crédito e gasto dinheiro como se não houvesse amanhã. Com a escalada da moeda americana novamente, nossa produção iniciou um movimento de queda, os produtos ficaram mais caros, a inflação começou a aparecer, a arrecadação de impostos pelo governo se tornou insuficiente para pagar as dívidas, os juros foram aumentados e entramos na crise que nos encontramos, com desemprego crescente e elevação de preços.</div>
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Esses exemplos nos deixam de lição de que não é possível enganar a economia. Você pode até expandir crédito e conseguir manter a inflação à níveis toleráveis por uma série de circunstâncias fortuitas. Mas uma hora chegará o acerto de contas em forma de juros altíssimos, causando endividamentos, queda nos investimentos, desemprego e falências. E se a produção foi muito acelerada, este cenário causará deflação.</div>
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Talvez isso possa parecer meio abstrato para você. Vamos expor de maneira mais concreta. Os empresários fazem seus investimentos com base nos sinais que a economia oferece. Esses sinais são os preços, a valorização da moeda, o nível da inflação, o nível de juros e etc. Se esses sinais forem falsos, todas as projeções e investimentos se mostrarão sem base em algum momento. Então, de repente, diversos empresários descobrirão que não deveriam ter pego empréstimo X, ou investido em Y, ou gasto tanto com Z. Ela se basearam em uma imagem falsa, distorcida da economia. É isso o que acontece quando o governo tenta criar crescimento econômico de forma artificial. Engana-se toda a população. O acerto de contas nos pega violentamente depois.</div>
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A pergunta que fica é: de que forma o governo pode impedir a si mesmo, de maneira eficiente, de criar inflação? Como uma sociedade consegue evitar esse mal? Esse será o assunto do próximo texto da série.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-31730943041975650762016-11-15T19:38:00.000-08:002016-12-02T05:05:26.032-08:00Acompanhem o blog "Reação Adventista"<div style="text-align: justify;">
Quero convidar os leitores do Mundo Analista a visitarem o blog <a href="https://reacaoadventista.com/">Reação Adventista</a>. Ele é uma iniciativa de um grupo de cristãos adventistas (do qual faço parte) que se cansou de ver ideologias anticristãs advindas principalmente da esquerda infectarem a mente de alguns membros da nossa Igreja. Nós iniciamos o projeto com uma página no Facebook. A página cresceu e resolvemos fazer um blog para organizar melhor os nossos textos. Temos hoje a página no Face, uma conta no Twitter e no Instagram, e o blog. Em breve também teremos uma conta no Youtube. Se você também está cansado do progressismo se infiltrando no cristianismo, distorcendo o evangelho e afastando pessoas de Cristo, acompanhe este projeto. </div>
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Segue abaixo o <a href="https://reacaoadventista.com/about/">texto introdutório do blog</a>, que descreve nosso objetivo.</div>
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<b>O que é o Reação Adventista? </b></div>
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A página “<a href="https://reacaoadventista.com/">Reação Adventista</a>” foi criada com um objetivo simples e direto: ser uma voz de reação contra filosofias anticristãs tais como o marxismo, o liberalismo teológico, o feminismo, o abortismo, o relativismo e o secularismo em geral. Essas pautas tem sido geralmente disseminadas pela esquerda política, mas não se tratam meramente de discussão política – elas penetram o campo da moral e atingem princípios bíblicos, afastando pessoas de Cristo e deturpando o evangelho.<br />
<br />
Entretanto, o intuito da página não é colocar o cristianismo (e o adventismo) em pé de igualdade com a direita. Até porque o que houver na direita que contrarie a Bíblia, nós não hesitaremos em rechaçar. Embora o posicionamento dos articulistas desta página seja, de fato, à direita (e não escondemos isso), temos a convicção de que direita e esquerda são dois posicionamentos políticos. É perigoso comparar posicionamentos políticos ao cristianismo, porque o cristianismo não é um posicionamento político ou econômico. São coisas de naturezas diferentes.<br />
<br />
O cristianismo é uma religião. E o cristianismo genuíno é mais do que uma religião. É um relacionamento profundo e verdadeiro com Jesus Cristo, o que leva à observância e ao respeito pela Sua Palavra, a Bíblia. Quando fazemos uma comparação entre direita, esquerda e cristianismo, transformamos o cristianismo em política (ou direita e esquerda em religiões) e acabamos por colocar o evangelho ao nível de filosofias terrenas. Mas o evangelho é muito superior a essas filosofias. Assim, o objetivo da página não é (e não será) defender a direita política.<br />
<br />
Contudo, também entendemos que há posturas e crenças políticas, culturais e até econômicas que contrariam princípios cristãos (e adventistas). E a esquerda é repleta desses elementos espúrios, corrosivos ao genuíno evangelho. Só para citar alguns exemplos:<br />
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Ela deposita confiança num Estado grande para mudar o mundo (como se fosse possível fazer um Céu na Terra), defende leis que criam sensação de impunidade entre os criminosos, tira do indivíduo a responsabilidade de ser caridoso (dando essa responsabilidade ao Estado), defende o aborto (que nada mais é que assassinato de inocentes), defende a liberalização das drogas (como se isso não fosse ter nefastas consequências em relação ao convívio social com drogados), defende altos impostos (o que a própria Bíblia diz que leva um povo à ruína) e usa uma retórica de ódio entre classes e subclasses (empregados x patrões, héteros x homos, negros x brancos, mulheres x homens) para alcançar seus objetivos.<br />
<br />
A mesma esquerda ainda defende o multiculturalismo (ideia que diz que todas as culturas são iguais e devem ser respeitadas, o que não é verdade. Devemos respeitar a cultura do Estado Islâmico de decapitar homossexuais, por exemplo?), ataca a família tradicional, defende o feminismo (que não serve mais para representar a mulher, mas apenas para seguir uma agenda de esquerda), apoia a violência do MST e as invasões de terras, defende regimes ditatoriais comunistas (que mataram 100 milhões de pessoas no século XX, e continuam matando hoje na China, na Coreia do Norte e em Cuba), defende a corrupção em prol dos partidos de esquerda (vide os petistas) e, quando não abraça o ateísmo, abraça formas deturpadas de cristianismo.<br />
<br />
Então, ser cristão e de esquerda não nos parece algo saudável. Ou você será um péssimo esquerdista ou um péssimo cristão. Para o cristão, politicamente, é melhor que ele seja de centro ou de direita. Quiçá, de uma esquerda moderada, isto é, sem os vícios culturais e morais já elencados acima (se é que essa esquerda existe e/ou é possível). Neste caso, não haveria problema.<br />
<br />
Os componentes dessa página são de vertente conservadora. Defendemos o respeito à família tradicional e aos valores judaico-cristãos; não acreditamos que o Estado pode mudar o mundo, não apoiamos regimes totalitários, somos anticomunistas, somos favoráveis a leis rígidas contra criminosos, uma carga tributária mais leve, igualdade perante à lei, uma economia mais liberal, etc. São valores que ou se coadunam com os princípios bíblicos ou que simplesmente não os ferem.<br />
<br />
A Bíblia não nos oferece uma fórmula política ou econômica específica para seguir. Mas nos ordena que tudo o que formos fazer, pensar, falar e defender não contradiga os mandamentos e as instruções de Deus. E ser de esquerda (pelo menos a esquerda que sustenta os pontos mencionados no texto) é pisar em vários princípios bíblicos. Em resumo: um cristão pode ter as posições políticas, econômicas e culturais que desejar (e não nos importamos com isso), desde que elas não firam a Palavra de Deus.<br />
<br />
Para não parecer demagogia quando dissemos que o intuito da página não é defender a direita citamos alguns exemplos aqui. Nós somos contrários à regimes autoritários e ditaduras geralmente relacionadas à direita, como a Chilena, de Pinochet, o regime militar brasileiro de 1964 a 1985. Não temos ditadores ou ditaduras de estimação. Seja fascismo, nazismo, comunismo, teocracias islâmicas ou regimes autoritários de viés anticomunista, nós somos contra. Somos pelo Estado de direito.<br />
<br />
Um segundo exemplo é que discordamos do libertarianismo e do anarcocapitalismo, duas correntes radicais do liberalismo econômico. Entendemos que essas correntes, ao colocarem o livre mercado como fim em si mesmo, acabam abrindo mão de valores morais, humanitários e cristãos em muitos casos. Nossa orientação é a Bíblia e não filosofias do mundo.<br />
<br />
Ponto importante a enfatizar é que nós nos colocamos, nessa página, radicalmente contra o liberalismo teológico que tenta se infiltrar em nossa Igreja. Nosso conservadorismo se estende aos hábitos e costumes. Rechaçamos que o cristão se vista indecentemente e que viva chamando atenção para si. Acreditamos em algo muito importante chamado “Modéstia Bíblica”, a qual sempre fez parte dos princípios adventistas, mas tem se perdido nas novas gerações.<br />
<br />
Também rechaçamos que a liturgia dos cultos a Deus seja infectada de mundanismo, transformando a Igreja em um clube. Somos jovens, não temos nada contra diversão, mas entendemos que o momento do culto é sagrado e deve servir para nos elevar a Deus em reflexão, contemplação e adoração, em um clima que não leve ao êxtase e à divagação.<br />
<br />
Finalmente, a página também se propõe a divulgar o cristianismo e o adventismo de forma inteligente, polida e racional, da maneira como acreditamos que merece o nosso Deus. Não acreditamos na tese espúria e tola de que fé e razão não andam juntas, ou que fé é crer sem evidências. Cremos no que cremos porque há razões plausíveis e suficientes para crer. Há uma lógica no mundo criado por Deus. E podemos escavar as verdades de Deus através dessa lógica. Neo-ateus “toddynhos” não terão vez aqui falando suas baboseiras travestidas de intelectualismo.<br />
<br />
Terminamos com duas citações de Ellen G. White que sintetizam o pensamento da página em relação à Palavra de Deus, à razão e à necessidade de correção dos que se desviam da verdade bíblica:<br />
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“Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Nela, Deus prometeu dar visões nos ‘últimos dias’, não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica. Assim tratou Deus com Pedro, quando estava para enviá-lo a pregar aos gentios.” (WHITE, Ellen G. “Primeiros Escritos”, p. 78)<br />
<br />
“Deus nunca pede que creiamos sem que nos dê suficientes evidências sobre as quais possamos alicerçar nossa fé. Sua existência, seu caráter e a veracidade de sua Palavra se baseiam em testemunhos que falam à nossa razão; e esses testemunhos são numerosos. Apesar disso, Deus nunca removeu a possibilidade de dúvida. Nossa fé deve se basear em evidências, não em demonstrações. Os que desejam duvidar terão a oportunidade de fazê-lo, enquanto os que realmente desejam conhecer a verdade poderão encontrar muitas evidências onde apoiar sua fé” (WHITE, Ellen G. “Caminho a Cristo”. Tautí: CPB, 2014, p. 105).<br />
<br />
……………………………………..<br />
Obs.: Se, ao ler nossa introdução, você concordou e se identificou conosco, fique à vontade para fazer parte desse projeto. Aceitamos sugestões e colaborações, que deverão ser enviadas para o e-mail: reacaoadventista@gmail.com</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-63909088656820845612016-11-04T08:19:00.000-07:002016-11-04T08:27:28.137-07:00Conhecimento Econômico I: Geração de Riqueza<div style="text-align: justify;">
Você sabe como o salário e a qualidade de vida dos trabalhadores aumenta? Qual é a fórmula, por exemplo, dos países com a melhor qualidade de vida do mundo? Você acha que é através de um governo que aprova leis aumentando o salário mínimo e dando mais garantias aos trabalhadores? Eu preciso te dizer que não é assim. Vou explicar resumidamente como funciona. Essa será a primeira de uma série de conhecimentos de economia que obtive lendo (não na faculdade, obviamente, já que não aprendo muita coisa útil lá).</div>
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Em primeiro lugar, você precisa ter em mente um fato básico: o estado natural do ser humano é a miséria. Por quê? Porque é preciso fazer algum trabalho para se ter as coisas. Isso não é novidade do mundo globalizado. Um primitivo homem de alguma tribo no interior da África há 4 mil anos precisava forjar sua lança e sair em busca de animais para caçar e terra nova para plantar. Alimento, roupa e objetos não se fazem sozinhos. É preciso produzi-los ou, no mínimo, se dispor a ir atrás deles.</div>
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Na medida em que as sociedades crescem, também cresce o número de coisas que precisamos e desejamos. E na medida em que as sociedades crescem, o que estava pronto na natureza passa a não ser mais suficiente para suprir o contingente de pessoas. Isso implica a necessidade de mais trabalho ou de um trabalho mais efetivo em produzir o suficiente para a demanda.</div>
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A evolução da sociedade não trará apenas novos tipos de produtos, mas também serviços. Isso porque naturalmente é mais fácil dividir as tarefas para diversas pessoas da sociedade do que cada um fazer tudo sozinho. Em vez de eu fazer minhas próprias roupas, móveis, utensílios e alimento, posso focar apenas em uma coisa e adquirir o restante através do trabalho de outras pessoas. Além do mais, nem todos os lugares são igualmente ricos em tudo (naturalmente falando). Daí se iniciarão as trocas. Eu produzo equipamentos de ferro. Você produz roupas de lã. Eu troco algum utensílio de ferro que você queira por alguma roupa que preciso ou desejo. As sociedades se desenvolverão desta maneira, com pessoas se especializando na produção de algum bem ou serviço e trocando com outras.</div>
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Em pouco tempo esse sistema se mostrará problemático por não oferecer um parâmetro único para valorar os produtos e serviços trocados. Quantas túnicas valem um boi? Quantos bois valem um camelo? Quantos camelos valem uma safra de milho? Quantas espigas de milho valem um boi? Confuso. É aí que surge uma das melhores invenções do mundo: o dinheiro.</div>
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<br /></div>
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O dinheiro é um símbolo. Ele em si não vale nada. É apenas um pedaço de metal (hoje em dia, um pedaço de papel). Seu valor está justamente no que ele simboliza: os produtos e serviços. A invenção é genial porque através dela é possível valorar todos os produtos e serviços com um denominador comum. Assim, o valor do boi não será mais medido em mil produtos e serviços diferentes. Será medido em um valor monetário. Isso facilita muito a vida, pois estabelecerá uma relação entre os preços de cada coisa. Por exemplo, eu não sei quantas espigas valem um boi. Mas se fixarmos que um boi vale cem moedas de prata e uma espiga vale uma moeda de prata, então eu sei que vendendo um boi eu compro cem espigas. Vendendo cem espigas, eu compro um boi. Se uma casa custa cem mil moedas de prata, eu sei que isso equivale a mil bois e a cem mil espigas de milho.</div>
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Percebe? Com os preços, é possível relacionar tudo. Além do mais, o dinheiro resolve uma limitação da negociação por trocas: no sistema de trocas, se eu quero algo seu, mas só posso trocar por algo que você não quer, que não tem valor para você, então nada feito. Mas com o dinheiro, qualquer troca é possível, já que de posse do meu dinheiro você pode comprar para si algo que eu não tenho para trocar. O dinheiro, portanto, dinamiza todo o sistema de troca de bens e serviços, tornando-o mais fácil, eficiente, justo e expansivo.</div>
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Acha que saí do assunto? Não saí. Tem a ver. Eu comecei dizendo que o ser humano é naturalmente miserável. Ele precisa fazer algo (trabalho) para sair dessa condição. Ou seja, ele precisa produzir riqueza. Riqueza não é dinheiro. Riqueza são produtos e serviços. O dinheiro é apenas um símbolo para esses produtos e serviços, um meio para valorá-los sob um denominador comum.<br />
<br /></div>
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Aqui está o "x" da questão. Se dinheiro é só um símbolo, o aumento do dinheiro na sociedade sem o equivalente aumento de produtos e serviços não fará com que magicamente surjam mais produtos e serviços. Você aumentou o símbolo, não as coisas que o símbolo compra. Em outras palavras, não houve geração de riqueza.</div>
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Esse é um erro infantil, no sentido literal do termo. Toda criança pensa que se poderia resolver os problemas do mundo imprimindo mais dinheiro, cunhando mais moedas. Assim, elas pensam, todos poderiam comprar mais. O problema está justamente nisso: do que adianta ter o meio para comprar, mas não ter o próprio objeto disponível para compra?</div>
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O aumento de salário mínimo via canetada do governo não tem o poder de gerar riqueza, portanto. Se, por exemplo, pegarmos um país miserável e elevarmos os salários de todos para o que seria equivalente a 3 mil reais no Brasil hoje, o que ocorrerá é que diversas pequenas e medias empresas irão falir, haverão demissões em massa, os produtos e serviços serão vendidos mais caros, muitas pessoas migrarão para o trabalho informal (sem carteira assinada, ou o que o valha), sobrarão algumas poucas empresas grandes que dominarão o mercado consumidor e o mercado de trabalho, haverá menos concorrência entre empresas (pois sobrarão poucas) e o povo perderá muito de seu poder de escolha. Isso sem contar com o fato de que quando você cria dificuldades para empresários, os grandes tentarão comprar facilidades junto ao governo. Tudo isso com uma canetada do governo. Por quê? Porque obrigou-se muitos a pagarem o que não tinham.</div>
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O que se pode argumentar aqui é que aumento do salário pelo governo, embora não gere riqueza, corrige distorções. Ou seja, em uma economia em que se está produzindo bastante riqueza, o aumento do salário pelo governo iria impedir que empresas que possuem condição de pagar melhor, pagassem menos.</div>
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Este argumento é até plausível. Mas a verdade é que o fator primordial para o salário se elevar não são as canetas do governo. É sim a concorrência. Explico.</div>
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Na medida em que o governo não impõe muitas dificuldades ao empreendedorismo, a tendência e o surgimento de mais empresas. Com mais empresas, o trabalhador pouco a pouco ganhará mais opções de lugares para trabalhar, o que não o deixará refém de um emprego que lhe pague muito pouco. Essa maior flexibilidade para o trabalhador acarretará uma disputa, entre as empresas, pelos melhores funcionários. Sabendo que não conseguirão mantê-los pagando pouco, terão que elevar seus salários. Como a economia vai bem, eles poderão fazer isso, pois há riqueza suficiente gerada.</div>
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Ao mesmo tempo, o aumento de empresas forçará o preço dos produtos para baixo. Por duas razões: (1) a abundância e (2) a concorrência. Quanto mais fácil é achar algo no mercado, mais barato tende a ser, pois tem aos montes. E quanto mais empresas vendem determinado produto ou serviço, mais cada uma delas procurará não vender a um preço exorbitante e até procurar meios de baratear para ganhar da concorrência (ou, no mínimo, para não perder).</div>
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Com os produtos mais baratos, as pessoas poderão comprar mais, ter acesso à mais coisas que precisam e/ou desejam, viver melhor. Poderão, inclusive, buscar especialização e estudo que as tornarão profissionais mais valorizados; ou investir em um negócio, gerando mais empregos. Nos dois casos, ela estará contribuindo para a elevação de salário da sociedade, ou por aumentar o nível de instrução e especialização, ou por abrir mais uma empresa que forçará, por meio de concorrência, as demais a venderem mais barato e pagarem melhor seus funcionários. A concorrência tende a tornar as coisas mais justas, colocando preços e salários nos patamares convenientes à saúde da economia.</div>
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O resultado não é o fim da pobreza ou da desigualdade social, mas sim a elevação da qualidade de vida de pobres e ricos. Na verdade, a própria definição de pobre muda. O pobre passa a ter muito mais capacidade de aquisição de bens e serviços do que antes. Torna-se rico em relação ao passado. Os pobres passam a sê-lo apenas em relação aos mais ricos, mas terão a mesma dignidade de vida.<br />
<br /></div>
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Marx acreditava que esses sistema, ao qual chamava de capitalismo, inevitavelmente formaria monopólios. Na sua visão, o crescimento das grandes empresas inviabilizaria a vida das pequenas e médias, pois elas conseguiriam vender mais barato. E assim as poucas grandes empresas que sobrassem iriam permanecer explorando os trabalhadores.</div>
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Há dois erros nesse pensamento. O primeiro é que Marx não previu que o aumento da complexidade social cria necessidades distintas. Por exemplo, um mercadinho pode vender as coisas um pouco mais caras num bairro, mas ser preferência daquele casal de velhinhos que não tem disposição para ir até o centro comercial da cidade. Pode ser preferência daquele indivíduo mais preguiçoso ou que possui menos tempo para se deslocar. O mercadinho pode contar com um produto local bom que não é vendido pelos mercados grandes. Pode haver nesse mercado um confeiteiro que faz bolos muito bons. O mercado pode se especializar em algum produto ou serviço distinto. Algumas pessoas podem preferi-lo por ser mais vazio. O bom atendimento pode ser um diferencial. Os preços podem não ser tão divergentes, não fazendo tanta diferença no final. E o salário dos funcionários (bem como o lucro dos donos) pode ser menor, o que reduz os custos e possibilita produtos mais baratos. Em suma, há muitas nuances. E, de fato, a história comprova que essas nuances fizeram a diferença, já que a concorrência, onde pôde operar, gerou mais empresas e elevou a qualidade de vida da sociedade.</div>
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O segundo erro de Marx foi não ter percebido que seu próprio argumento favorecia a ideia de concorrência. Ora, se as grandes empresas ganhariam a concorrência por venderem mais barato, isso é um benefício para o consumidor. Eis, aliás, uma questão curiosa: embora possa, à priori, parecer interessante aos patrões (do ponto de vista mercadológico) pagar os menores salários possíveis, esse tipo de sistema logo se mostra inviável. Afinal, se todos os trabalhadores forem miseráveis, quem comprará os produtos? Assim, a elevação de salários segue seu rumo natural numa economia de mercado, sem poder ser contida em conjunto, sob o risco de reduzir os lucros de todos e ocasionar falências.</div>
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Mas voltando à questão da concorrência, como Marx não trabalha com a noção da melhora natural da qualidade de vida das pessoas, não consegue prever que isso possibilita o surgimento de novos ricos e de empreendedores habilidosos. Ou seja, em um sistema de mercado livre (onde o governo não intervirá favorecendo uns é prejudicando outros), quem chega ao topo não está seguro para sempre no topo. A melhora da qualidade de vida da sociedade implica mais concorrência, criando um ciclo positivo.</div>
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<br /></div>
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A história mostrou que estás elucubrações não são apenas teóricas. De fato, esses sistema pós industrial baseado em divisão de tarefas, livre mercado e o bom e velho dinheiro (sistema que chamamos de capitalismo) tirou o ser humano de uma produção ínfima que não mais supria a demanda, para uma produção muito mais abundante. Isso gerou uma redução da miséria, uma elevação do padrão de vida e uma mobilidade social jamais antes vistas no mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, atenção: isso não é um argumento contra a existência de um salário mínimo estipulado pelo governo e garantias legais. É apenas a constatação de que as canetadas do governo não se constituem fator fundamental para a elevação dos salários e da qualidade de vida. Isso não impede a existência de argumentos à favor de determinado grau de intervenção governamental no sentido de coibir abusos. A limitação de horas de trabalho por dia e a garantia de um salário mínimo digno me parecem ideias legítimas. Por outro lado, é preciso entender que no mundo real nem sempre existem soluções plenamente satisfatórias para os problemas. Estipular um salário mínimo também pode implicar menor número de empregados, já que algumas empresas não suportarão o ônus. Para quem está desempregado e nada recebe, poder receber algo, ainda que abaixo do mínimo, seria interessante.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ficamos então em um impasse: ou melhoramos a vida de quem já está empregado (via canetada do governo) e aumentamos o desemprego, ou reduzimos o desemprego e pioramos a vida dos empregados. Se escolhemos a primeira opção, podemos evitar que empresários maus explorem seus funcionários, mas também atrapalharemos a vida de empresários bons que não possuem condição de pagar muito. Se escolhermos a segunda, fica bem mais fácil conseguir emprego, mas abre-se possibilidade de trabalhos bastante exploradores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por outro prisma, também existe a possibilidade de que a redução do número de desempregados e o aumento do número de empresas torne os empregados mais disputados e valorizados, o que tenderá a elevar os preços por meio da pressão da concorrência. O contraponto é que essa elevação pode demorar algum tempo, o que manterá muitas pessoas em situação degradante. Mas há também outra nuance: a situação da maioria das pessoas antes do capitalismo era muito ruim. O capitalismo não tem como mudar tudo de uma hora para a outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ficam as dúvidas: tentamos proibir explorações correndo o risco de atrasar o desenvolvimento e a consequente elevação da qualidade de vida? Ou deixamos a economia o mais livre possível, abrindo riscos de exploração, mas acelerando o processo de enriquecimento de todos? Há um modo de equilibrar as duas coisas? São perguntas difícies. Não há como negar que os primeiros estágios do capitalismo foram bem ruins. Mas não há como negar que os estágios anteriores ao capitalismo também eram igualmente ruins. Tampouco há como negar que os países com melhor qualidade de vida do mundo são os que possuem legislação trabalhista mais frouxa. Em muitos deles nem salário mínimo estipulado pelo governo há, como na Suíça. E então?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como eu disse: não há solução plenamente satisfatória. Eu, Davi, procuraria uma espécie de equilíbrio. Trazendo a questão para o Brasil, creio que o maior entrave para a economia não é o atual salário mínimo estipulado pelo governo ou os direitos trabalhistas. O maior entrave está sim nos altos impostos e na excessiva burocracia e regulamentação para se abrir e manter negócios. É isso que dificulta a sobrevivência das empresas (sobretudo pequenas e médias), bem como a entrada de novos concorrentes no mercado. É por causa desse excesso de tributação, burocracia e regulamentação que o Brasil se encontra nas posições 118 e 122 nos rankings de liberdade economica (Economic Fredom) e facilidade de fazer negócios (Doing Business). Gerar empregos e riqueza assim é muito complicado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro problema que a intervenção governamental traz é a manutenção de alguns monopólios estatais e a proteção de monopólios e oligopólios privados através de agencias reguladoras. Tais políticas tiram da sociedade a capacidade de gerar mais empresas, empregos, serviços, produtos, qualidade, concorrência. E os consumidores ficam à mercê dessas grandes empresas, com pouca ou nenhuma liberdade de escolha, se sujeitando a preços altos e qualidade péssima.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O governo também, por gastar demais, cria déficits que acabam sendo pagos por nós. E é o governo o grande responsável por criar inflação (algo que será abordado no Conhecimento II), que reduz nosso poder de compra. Ademais, os direitos trabalhistas atrapalham mais pelo modo como foram formulados do que propriamente pela sua existência. Por exemplo, o INSS e o FGTS são descontados obrigatoriamente do trabalhador, indo para o governo. O funcionário deveria ter o direito de escolher ter esse dinheiro descontado ou não, contribuir para a previdência ou não. A previdência, aliás, deveria funcionar de modo individual, onde cada um contribuiria para a sua própria e não para a de outros. Já que todos os direitos do trabalhador são o seu salário compartimentado, ele deveria poder fazer uso dele integralmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atacando esses problemas, a economia se tornará muito saudável, não sendo necessário mexer nos direitos trabalhistas. Estes, por sua vez, se tornarão quase inócuos, já que o que faz a sociedade ficar rica não são as canetadas do governo. Se causarem algum problema, será muito pequeno, sendo logo compensado pelo rápido desenvolvimento do capitalismo. Se ajudarem a evitar abusos (ainda que não constituam o fator primordial para nosso desenvolvimento), saímos no lucro. Em todo o caso, o que fica claro aqui é: o que melhora a vida da sociedade é o capitalismo.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-9543903251941512712016-10-19T06:57:00.000-07:002016-10-19T19:06:19.631-07:00Por que a legalização do aborto é um absurdo moral e jurídico?<div style="text-align: justify;">
É bastante comum ouvir a seguinte alegação abortista: "É claro que sou contra o aborto. Eu não abortaria. Mas sou à favor é da legalização. É diferente". O argumento implícito aqui é o aborto pode até ser imoral, mas a legalização é apenas uma questão civil e não há imoralidade em ser favorável a ela. Esse argumento é válido? Não, não é e vamos expor isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A questão toda, como já mostrei <a href="http://mundoanalista.blogspot.com.br/2016/10/aborto-e-assassinato.html">em outra postagem</a>, gira em torno de uma pergunta básica: o que está no interior do útero de uma mulher grávida é uma vida humana ou não? Se é uma vida humana, então aborto é assassinato. Se não é uma vida humana, então não se trata de um assassinato. Quanto a essa questão, não há razão lógica, nem científica para se crer que o embrião, o feto ou o bebê dentro do útero não é uma vida humana. Nem cito aqui a questão teológica, já que vamos falar de legalização e o Estado é laico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, se há uma vida humana dentro do útero e tirá-la é cometer assassinato (a morte de um inocente), então não podemos legalizar isso. Afinal, estaríamos legalizando um crime. Apelar para o fato de que a criança ainda não nasceu, não se desenvolveu e etc. não muda o fato de que estamos falando de uma vida humana. Na verdade, a questão aqui se agrava, pois se apelarmos para o desenvolvimento incompleto, estamos justificando o assassinato de um ser mais frágil, só porque ele é mais frágil. Então, não, não é correto legalizar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Geralmente, o que se vai argumentar aqui depois é que a legalização do aborto seria uma questão de saúde pública, já que legalizando ou não, mulheres farão aborto. E é melhor elas fazerem numa clínica legalizada, sem correr risco de morrer. Mas esse argumento é ruim. Ele tenta justificar um assassinato apelando para o bem-estar das assassinas. Do ponto de vista puramente racional e legislativo, isso seria um absurdo. Ademais, com esse pensamento seria possível dizer: "Legalizando ou não o assassinato, o assalto, o roubo, o estupro, esses crimes vão continuar ocorrendo. Então, é melhor legalizar porque aí os criminosos não serão agredidos, nem as vítimas, já que os atos serão legais e elas não poderão reagir". Através dessa analogia, vemos que o argumento não faz sentido e é ridículo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É claro que há casos mais específicos. Por exemplo, uma mulher pode ter sido violentada, ou a gravidez pode lhe causar risco de morte, ou a criança pode ser comprovadamente anencéfala. Nos dois últimos casos, é justo que a mulher opte pelo aborto. Num caso ela está escolhendo proteger sua vida. Legalmente falando é um direito legítimo. No outro caso, um bebê anencéfalo é um bebê natimorto. Se a pessoa for cristã e crer em milagres, ela pode levar a gravidez adiante, orando a Deus para que o quadro seja revertido. O mesmo no caso do risco de morte. Mas aí é algo que a lei não pode impor. É escolha pessoal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto ao primeiro caso, o do estupro, não é justo o bebê ser morto porque é fruto de estupro. Por outro lado, também não é justo que a mulher tenha um filho que definitivamente não escolheu ter e que é resultado de abuso. Neste caso delicado, eu, Davi, não tenho opinião formada sobre o que a lei deveria fazer. Do ponto de vista moral e espiritual, o aborto não é uma boa alternativa aqui. A mulher violentada, evidentemente, deve contar com todo o apoio, amor e conforto de sua família, amigos e Igreja, tanto para lidar com o abuso sofrido, quanto para procurar amar a criança, que nada tem a ver com a violência do estuprador. Se optar pelo aborto, penso ser algo compreensível, embora não a decisão mais acertada no âmbito moral e espiritual. Mas legalmente falando eu realmente não sei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De qualquer forma, a lei brasileira prevê a possibilidade de aborto para esses três casos (estupro, alto risco de morte para a mãe e bebê anencéfalo). Ou seja, as pessoas que lutam por aborto hoje no Brasil (especialmente as feministas), não lutam por aborto para esses casos difíceis. Lutam por aborto para qualquer caso. Isso inclui a desistência de ter um filho, a gravidez indesejada contraída por uma vida promíscua, motivos econômicos, escolha de sexo do bebê, descoberta de algum defeito físico na criança e etc. Isso é terrivelmente imoral. Estamos falando de uma vida. Abortar por essas razões é não só dar aval para que a sociedade mate inocentes, mas para que mate inocentes por razões egoístas e até por eugenia. Colocar isso em lei, portanto, é ferir gravemente a legislação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do ponto de vista emocional, é claro que não podemos ser insensíveis. Há casos de mulheres que engravidaram porque o preservativo falhou, ou porque foram ludibriadas por algum homem que agora não quer assumir a criança. Tudo isso é triste e difícil. Mas não muda o fato de que aborto é assassinato. E não muda o fato de que priorizar o aborto, nestes casos, é ser egoísta e punir uma vida inocente. Não é bom para a sociedade ter um ato desse consolidado em lei, pois é imoral, egoísta e criminoso do próprio ponto de vista da legislação vigente. É homicídio. E homicídio é crime.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim sendo, ser contra o aborto, mas à favor da legalização (ampla e irrestrita) dá no mesmo. É errado do mesmo jeito. É ser favorável à legalização de um crime, do assassinato de pessoas inocentes e indefesas.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-3166418185854390372016-10-19T06:24:00.001-07:002016-10-19T06:25:39.656-07:00Aborto é assassinato<div style="text-align: justify;">
Não, a discussão sobre o aborto não é uma questão de saúde pública, ou econômica, ou de escolha individual. A discussão sobre o aborto é uma questão de moral. E a pergunta que deve iniciar e orientar a questão, a única pergunta realmente importante, é a seguinte: o ser que há no útero da mulher grávida é uma vida humana ou não?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, quer olhemos pelo viés científico, quer pelo viés lógico ou pelo viés teológico, não há qualquer razão plausível para considerar que o ser intrauterino não seja uma vida humana. Não, ele não é uma célula da mãe ou uma célula do pai. No momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo, temos ali a união de duas células, formando algo novo: um zigoto, que se desenvolverá naturalmente. É um novo ser em formação e não mera parte do pai ou mera parte da mãe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não, não se trata de uma potencial vida, mas de uma vida já em formação. Sim, trata-se de um organismo, por mais que ainda dependa de sua hospedeira, a mãe. É um ser humano, claro! Não poderia ser um elefante. Pode não ter autoconsciência, mas quem disse que a humanidade se define pela autoconsciência? Alguém que entra em coma, ou que perde totalmente a memória, continua sendo humano. Um bebê recém-nascido, por mais que não tenha autoconsciência formada é um ser humano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns procuram, arbitrariamente, definir fases da gravidez para dizer: "A partir daqui é uma vida humana. Antes, não". Que base possui esse tipo de pensamento? O simples fato de que um embrião ou um feto não é um bebê desenvolvido? Isso não faz sentido! Um bebê não é uma criança desenvolvida. Uma criança não é um adulto desenvolvido. Eu deveria dizer que uma criança não é humana porque ainda não é um adulto desenvolvido? Faria sentido dizer que uma menina de oito anos não é humana porque não possui os seios de uma mulher adulta?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É ridículo tal argumento. Estabelecer fases para a gravidez para definir o que é vida é absolutamente arbitrário. Não possui base científica. A vida intrauterina é vida e é vida humana, não importa a fase da gravidez. As etapas do desenvolvimento dessa vida não a fazem mais ou menos humana. São apenas fases.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É interessante refletir sobre essas fases. Desde o início da concepção, o pequeno e rústico organismo novo passa a trabalhar diariamente em seu próprio desenvolvimento. É um trabalho incessante e progressivo. Há mover e crescimento ali. Com 18 dias de vida, o coração do embrião já começa a se formar. Com 21 dias já está batendo. Ou seja, antes de completar o primeiro mês de gestação, já há um coração batendo no útero! Como dizer que não há vida ali?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, com 30 dias o bebê já possui um cérebro. E com 40 dias já é possível medir ondas cerebrais nele. Com oito semanas, pés e mãos estão quase prontos. E com nove semanas o bebê consegue até chupar o dedo. Todos os órgãos já estão presentes e os sistemas muscular e circular estão completos. Isso tudo em dois meses de gestação! Com dez semanas, isto é, dois meses e meio, o bebê já tem impressões digitais. Como não há vida? Que base há para essa inferência? Nenhuma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do ponto de vista teológico (e aqui termina minha reflexão) a vida começa na concepção. Sim, no momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo e forma o zigoto. Diz a Bíblia Judaica, que é também o Antigo Testamento cristão:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, pois fui formado de modo tão admirável e maravilhoso! Tuas obras são maravilhosas, tenho plena certeza disso! Meus ossos não te estavam ocultos, quando em segredo fui formado e tecido com esmero nas profundezas da terra. Teus olhos viram a minha substância ainda sem forma, e no teu livro os dias foram escritos, sim, todos os dias que me foram ordenados, quando nem um deles ainda havia" (Salmo 139:13-16).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O próprio Deus diz ao profeta Jeremias, conforme o mesmo registra em seu livro: "Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que nascesses te consagrei e te designei como profeta às nações" (Jeremias 1:4-5).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além dessas, há na Bíblia cerca de quarenta menções à vida intrauterina. Vida! Vida humana! É isso o que existe no interior do útero de uma mulher grávida. Quer olhemos para o aspecto lógico, quer para o científico, quer para o teológico, a resposta é uma só: o nascituro é uma vida humana. Portanto, aborto é assassinato.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-2080057957380314222016-10-05T19:37:00.001-07:002016-10-05T19:52:45.830-07:00Os interessantes projetos do Senador José Reguffe<div data-contents="true" style="text-align: justify;">
<div data-contents="true" style="text-align: justify;">
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="dc891-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="dc891-0-0">
<span data-offset-key="dc891-0-0"><span data-text="true">Vocês
já ouviram falar no Senador José Reguffe? Li sobre esse político pela
primeira vez em uma matéria na internet, quando ele ainda era deputado
federal. A matéria dizia que ele havia reduzido o número de cargos em
seu gabinete de 25 para 9 pessoas, além de abrir mão de vários
benefícios. À época, achei magnífica a iniciativa do deputado, mas como
ele não é muito falado na mídia e eu também ainda não era tão politizado
como hoje, acabei me esquecendo dele.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="4rgjd-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4rgjd-0-0">
<span data-offset-key="4rgjd-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="5h8ba-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5h8ba-0-0">
<span data-offset-key="5h8ba-0-0"><span data-text="true">Pois
bem, nesses dias um amigo meu comentou comigo sobre o Ruguffe, hoje
senador, e me lembrei dessa matéria que li tempos atrás. O amigo em
questão me informou que, além de recusar diversos benefícios oficiais do
cargo de senador, votou à favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Curioso, resolvi curtir a página dele no Facebook e fazer uma pesquisa
sobre o mesmo. Os resultados são interessantes.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="5hnen-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5hnen-0-0">
<span data-offset-key="5hnen-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="8mveh-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8mveh-0-0">
<span data-offset-key="8mveh-0-0"><span data-text="true">José
Ruguffe é senador pelo Distrito Federal. Já foi filiado ao PDT (ponto
negativo). Mas hoje está sem partido (ponto positivo). Alguns de seus
Projetos de Lei e Emendas à Constituição são:</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="8d4id-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8d4id-0-0">
<span data-offset-key="8d4id-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="51j5i-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="51j5i-0-0">
<span data-offset-key="51j5i-0-0"><span data-text="true">- PEC 2/15 - proíbe a tributação sobre remédios de uso humano</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="3r2s6-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3r2s6-0-0">
<span data-offset-key="3r2s6-0-0"><span data-text="true">- PEC 3/15 - proíbe que parlamentares possam se reeleger mais do que uma única vez</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="2g4cj-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2g4cj-0-0">
<span data-offset-key="2g4cj-0-0"><span data-text="true">- PEC 4/15 - fim da reeleição para cargos executivos</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="dkuck-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="dkuck-0-0">
<span data-offset-key="dkuck-0-0"><span data-text="true">-
PEC 5/15 - decreta a perda de mandato para pessoas que se elegerem
parlamentares e forem ocupar cargos no executivo, como ministérios ou
secretarias</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="aga4g-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="aga4g-0-0">
<span data-offset-key="aga4g-0-0"><span data-text="true">- PEC 6/15 - permite que as pessoas possam ser candidatas sem filiação partidária</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="a0l5v-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a0l5v-0-0">
<span data-offset-key="a0l5v-0-0"><span data-text="true">-
PEC 8/15 - institui a revogabilidade de mandatos, perdendo o mandato os
eleitos que contrariarem frontalmente o que colocaram como compromissos
de campanha (os candidatos a todos os cargos eletivos passam a ter que
registrar suas propostas e compromissos na justiça eleitoral)</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="cpa3c-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cpa3c-0-0">
<span data-offset-key="cpa3c-0-0"><span data-text="true">- PEC 9/15 - institui o voto distrital</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="eqnch-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="eqnch-0-0">
<span data-offset-key="eqnch-0-0"><span data-text="true">- PEC 10/15 - institui o voto facultativo no Brasil, com o fim do voto obrigatório</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="ba3m9-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ba3m9-0-0">
<span data-offset-key="ba3m9-0-0"><span data-text="true">- PEC 52/15 - institui concurso público para escolha de ministros do STF, STJ e TCU, com mandato de cinco anos</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="b9j76-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b9j76-0-0">
<span data-offset-key="b9j76-0-0"><span data-text="true">-
PLS 247/15 - obriga os governos a publicarem na internet os seus gastos
pormenorizados e por valor unitário (aumentando a transparência e
facilitando a fiscalização dos cidadãos)</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="efpot-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="efpot-0-0">
<span data-offset-key="efpot-0-0"><span data-text="true">- PLS 251/15 - reduz o número de deputados federais de 513 para 300</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="du8gg-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="du8gg-0-0">
<span data-offset-key="du8gg-0-0"><span data-text="true">- PLS 261/15 - proíbe o BNDES de financiar projetos no exterior</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="82q44-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="82q44-0-0">
<span data-offset-key="82q44-0-0"><span data-text="true">- PLS 715/15 - permite que se utilize o FGTS para a educação e qualificação profissional do trabalhador ou familiar</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="545o5-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="545o5-0-0">
<span data-offset-key="545o5-0-0"><span data-text="true">- PRS 6/15 - reduz os gastos dos gabinetes dos senadores para menos da metade que é hoje</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="96rj5-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="96rj5-0-0">
<span data-offset-key="96rj5-0-0"><span data-text="true">- PRS 47/15 - acaba com a verba indenizatória dos senadores</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="ca8t1-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ca8t1-0-0">
<span data-offset-key="ca8t1-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="b6cjj" data-offset-key="8hd52-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8hd52-0-0">
<span data-offset-key="8hd52-0-0"><span data-text="true">Como
senador, Reguffe ainda abriu mão do 14° e 15° salários, do plano de
saúde especial (que é vitalício para senadores), da previdência especial
(optando por continuar contribuindo ao INSS), do caro oficial e reduziu
sua verba de gabinete e o número de cargos de 55 para 12.</span></span></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8hd52-0-0">
<br />
<span data-offset-key="8hd52-0-0"><span data-text="true">As informações expostas aqui podem ser acessadas no <a href="http://www12.senado.leg.br/hpsenado">site oficial do Senado.</a></span></span></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8hd52-0-0">
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<span data-offset-key="8hd52-0-0"><span data-text="true"><a href="https://www12.senado.leg.br/radio/1/plenario/reguffe-destaca-necessidade-de-reforma-politica-e-tributaria">Clique aqui</a>
para ouvir um dos pronunciamentos que Reguffe fez sobre o impeachment,
quando no processo para votar a admissibilidade do mesmo.</span></span></div>
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Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-89574257284882869462016-10-05T11:03:00.002-07:002016-10-05T11:03:59.869-07:00Projeções sobre o fim<div style="text-align: justify;">
Como Adventistas do Sétimo Dia, nós cremos que em dado momento da história os governos do mundo adotarão uma agenda em comum. Ela trará como tema principal a necessidade de união dos povos em prol da paz mundial, da proteção ao meio ambiente e da tolerância religiosa. As linhas de ação propostas pela agenda procurarão, evidentemente, dar mais poder de ação aos governos para alcançar os objetivos já elencados. Dentre as ações que serão incentivadas nós cremos que a mais importante, e a que será aceita prontamente por todas as nações, será a imposição do domingo como dia mundial de descanso. A quem isso interessaria? À quase todos, da esquerda e da direita, secularistas e religiosos, ortodoxos e sincretistas, laicos e teocráticos. </div>
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<br /></div>
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Aos da esquerda trabalhista seria mais um direito assegurado ao trabalhador, que poderia gozar do domingo com sua família. Aos da esquerda marxista seria um golpe no capitalismo e nos grandes empresários, que precisariam cessar suas atividades nesse dia. Aos da esquerda ambientalista, seria um dia semanal de descanso para o planeta, um dia livre de poluição e produção de elementos tóxicos para o meio ambiente. Aos da direita religiosa, católicos e protestantes, seria a chance de conclamar suas igrejas à guardarem novamente o "dia do Senhor", prática que se perdeu no último século. Para sincretistas, seria um dia de guarda em comum à todos os credos e, portanto, um ótimo símbolo de união das religiões. Para ortodoxos, seria um passo importante para restaurar a espiritualidade do ser humano. Para os laicos, seria mais uma folga (o que é sempre bom). Para os teocráticos, seria um grande movimento na direção de uma teocracia. E para quase todas as pessoas seria um dia para se valorizar a família e os laços afetivos. Até para grandes empresários não seria tõ ruim, pois grandes empresários geralmente se associam à governos interventores corruptos, o que lhes garante maiores lucros.</div>
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A quem seria ruim essa imposição? A dois grupos: (1) o dos céticos em relação ao Estado (o que inclui liberais em economia, que não concordam que o Estado tenha todo esse poder e grau de intervenção na economia); e (2) os sabatistas, em especial, os Adventistas do Sétimo Dia. Para nós, adventistas, tal imposição estal seria terrível, pois não guardamos o domingo, mas o sábado. Este é o dia que Deus santificou (Gn 2:1-3). Este é o dia que consta nos dez mandamentos (Êxodo 20:8-11), não o domingo. Evidentemente, a simples imposição do domingo como dia de folga não nos afeta em nada. O problema é o que decorre juntamente com essa imposição e/ou após ela. Cenários como o fim de empregos que folgam no sábado por determinação do próprio governo (por alguma questão econômica, por exemplo) são bastante possíveis. E, de fato, para além do governo, tem sido cada vez mais difícil encontrar empregos que não exijam o trabalho aos sábados. Com a folga obrigatória no domingo desaparece até mesmo a possibilidade de adventistas negociarem esse dia.</div>
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Mas o problema não acaba aí. A Bíblia indica que não será o ateísmo que dominará os governos do mundo e perseguirá os cristãos, mas sim uma filosofia religiosa, de caráter sincrético, que mistura erros à verdades. Nada que não se possa deduzir do que vemos. O ateísmo, conquanto tenha dominado centros acadêmicos, laboratórios de ciência e governos, não chegou nem perto de destruir a religião no mundo. A maioria esmagadora do mundo possui alguma religião e mais da metade do mundo é monoteísta. A explicação é simples: o homem é um ser essencialmente religioso. Tanto os governos humanos, quanto o próprio Satanás, já perceberam que tentar extirpar a religião do mundo é inútil. E o diabo, soberbo que é, não deseja retirar do mundo a fé nas coisas sobrenaturais, pois seu intento ainda é ser adorado.</div>
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<br /></div>
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O ateísmo, na verdade, teve maior serventia para disseminar outra filosofia, bem mais destrutiva: o secularismo. Através do secularismo Satanás conseguiu enfraquecer valores dentro das próprias religiões, em especial, o cristianismo. Com o secularismo e o sincretismo, o Diabo tem a possibilidade de fazer as pessoas não se prenderem à Palavra de Deus, mas aceitarem as crenças mais heréticas e contraditórias, bem como viverem em uma série de pecados, julgando-se ainda assim cristãs e corretas. E é esse o tipo ideal de pessoa para aceitar qualquer ideia de união povos, ideologias e credos em prol da paz, do salvação do planeta e de uma suposta tolerância.</div>
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<br /></div>
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Daí emerge um cristianismo falso, repleto de cristãos que não se diferenciam em nada dos não-cristãos, mas que permanecem se julgando seguidores de Cristo e clamam por união. Daí emerge até uma teologia e (por quê não?) uma escatologia. Não mais se espera pelo retorno de Jesus para redimir a Terra, mas pela união dos povos para que o mundo seja preparado para a vinda de Cristo. Passamos a ter parte na construção desse novo mundo. Essa é a obra prima de Satanás. Tudo o que essas pessoas absortas nessa teologia humanista precisam é de um líder religioso importante que utilize a mesma retórica de união, a fim de inflamar os corações e trazer de volta a espiritualidade (um tanto deturpada, é verdade) e líderes políticos influentes que coloquem a ideia para frente. Percebe o enredo? Ao promover o encontro entre secularismo e sincretismo (duas ideias aparenemente antagônicas), Satanás consegue secularizar os religiosos e espiritualizar as ideias seculares, criando uma teologia que agrada à todos, cristãos e não cristãos, esquerdistas e direitistas. Para os líderes humanos mais estratégicos e influentes, aproveitar-se dessa nova teologia é imprescindível. Quem chegar primeiro consegue reunir o mundo e controlar toda a massa.</div>
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Eis o pulo do gato: se temos uma nova teologia, uma massa pronta para aceitá-la, uma agenda em comum à todos os governos e uma proposta mundial de dia de descanso capaz de agradar à quase todos os grupos, isso quer dizer que quem não concordar com a agenda e, sobretudo, com o dia de guarda, será considerado o novo herege mundial. Ora, esse certamente será o rótulo dos adventistas. Não é difícil deduzir o que vem depois. Secularistas nos considerarão o remanecente do fundamentalismo, uma pedra no sapato do progressismo. E todos os religiosos, sobretudo os cristãos, nos verão como o grupo que atrapalha a construção do novo mundo pelo homem, no Reino de Deus na terra, o qual será entendido por muitos como aquilo que falta para Cristo voltar à terra.</div>
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Democracia é "50% + 1". Basta que a maioria mínima da população abrace essa nova teologia (e a maioria mínima de seus representantes políticos também) e logo haverá pressão para que esses "heréticos e fundamentalistas" da Igreja Adventista do Sétimo Dia encontrem cada vez mais limitações por parte do Estado. E a pressão será aceita fácil porque será interesse dos mais variados grupos. Até quem não concordar com essas limitações, acabará cedendo à pressão. Ou seja, a imposição do domingo como dia de guarda não virá sozinha. </div>
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<br /></div>
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Na medida em que os problemas do mundo continuarem e até aumentarem (por conta dos juízos de Deus - ver Apocalipse 15 e 16), a antipatia pelos adventistas também aumentará. Ao mesmo tempo, cremos, mais e mais pessoas sairão de suas igrejas e religiões originais observando que elas estão a seguir uma teologia satânica. Estas pessoas se unirão aos adventistas na intenção de seguirem fielmente os desígnios de Deus. O ápice da antipatia aos adventistas será quando Satanás elaborar o seu "grande engano". Uma profecia de Ellen White prevê que Satanás aparecerá transfigurado de Cristo à diversas pessoas, simulando seu retorno. Suas ordens serão claras: há um grupo que está impossibilitando a paz no mundo. É o grupo que não guarda o "dia do Senhor" (WHITE, Elen G. "O Grande Conflito", p. 624). Aqui a nova teologia será consolidada. O mundo inteiro aceitará que a paz mundial e o estabelecimento do Reino de Deus depende do exetermínio desse grupo herético. Não haverá mais dúvidas. A perseguição tomará forma aqui.</div>
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<br /></div>
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Em uma próxima postagem farei uma análise bíblica ampla sobre a identidade da primeira e da segunda besta apresentadas em Apocalipse, e demonstrarei de maneira mais detalhada como nós, adventistas, chegamos às projeções expostas nessa postagem. Mas antes indico a leitura de outros três textos para entender melhor o panorama aqui descrito. Eles irão clarear algumas questões referentes à marca da besta e a imposição do domingo como dia de guarda. Aos poucos vamos montando o quebra-cabeça. Os textos se seguem abaixo:</div>
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- <a href="http://mundoanalista.blogspot.com.br/2015/06/a-marca-da-besta-e-um-micro-chip.html">A marca da besta é um microchip?</a></div>
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- <a href="http://mundoanalista.blogspot.com.br/2016/05/o-poder-do-estado-marca-da-besta-e-o.html">O poder do Estado, a marca da besta e o fim do mundo</a></div>
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- <a href="http://mundoanalista.blogspot.com.br/2016/10/o-intervencionismo-estatal-e.html">O intervencionismo estatal e a perseguição final dos cristãos</a></div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-77738825624461552932016-10-05T10:31:00.000-07:002016-10-05T10:31:01.310-07:00O intervencionismo estatal e a perseguição final dos cristãos<div style="text-align: justify;">
Sobre a chamada "segunda besta", Apocalipse 13:16-17 afirma: "A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome".</div>
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<br /></div>
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Esse texto deixa claro uma coisa: o governo representado pela figura da segunda besta será extremamente intervencionista na economia. Não é uma questão de opinião. Perceba bem: o governo que está sendo descrito aqui tem poder para proibir que pessoas comprem ou vendam. É uma imposição governamental na vida econômica de todos os indivíduos, sob força de lei. Aqueles que não aceitarem agir segundo suas regras (os cristãos verdadeiros, no caso), serão proibidos de comprar e vender.</div>
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<br /></div>
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Se você não percebeu o tamanho dessa intervenção econômica, eu vou tornar as coisas mais claras. O governo terá poder para fechar as empresas dos cristãos verdadeiros, tomar suas casas, proibir a abertura de negócios por eles, expropriar suas fazendas, impor que empresas para as quais trabalham os demitam, congelar suas poupanças, proibir que recebam doações, fechar suas igrejas, fechar suas instituições de caridade e proibir a circulação de moedas nas suas mãos. É uma baita intervenção econômica!</div>
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O que Friedrich Hayek explicou magistralmente em "O Caminho da Servidão" (1944) já era previsto na Bíblia: o dirigismo estatal leva ao totalitarismo, à ditadura e à repressão.</div>
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Em tempo: isso não significa que a besta será um governo marxista. O marxismo é estatista e intervencionista, mas não é o único sistema a sê-lo. A verdade é que o intervencionismo estatal é uma característica comum à todos os regimes e ideologias expansionistas, que pretendem impor ao mundo inteiro a sua cosmovisão - sempre com a justificativa de que é para o bem comum.</div>
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<br /></div>
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Chegará um dia em que as mais distintas (e até opostas) ideologias concordarão que no interior do cristianismo há um grupo pequeno de cristãos que permanece fiel à Bíblia. Serão taxados de fundamentalistas até pelos próprios cristãos ao redor. Serão vistos como a pedra no sapato do mundo. Serão entendidos como aqueles que impedem a união mundial das religiões, crenças e ideologias em prol de um mundo melhor. Então, ninguém hesitará em clamar pelo mais forte e intenso intervencionismo estatal, a fim de que todos os governos invistam contra esses cristãos inconvenientes.</div>
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<br /></div>
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O Caminho da Servidão está sendo pavimentado. Em breve será também o Caminho da Perseguição.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-55781097236295254772016-09-29T06:22:00.002-07:002016-09-29T06:43:30.712-07:00Guia Prático para a Esquerda alcançar o Poder Totalitário<div style="text-align: justify;">
Você é marxista, mas está frustrado porque precisa fingir ser democrático? Está irritado e triste porque não vê mais maneira de instaurar a ditadura do proletariado? Percebeu que seu sonho de ver conservadores e burgueses um dia fuzilados está indo por água abaixo? Seus problemas acabaram!!! Aqui vai o "Guia Prático para a Esquerda alcançar o poder totalitário". São 30 passos para você colocar seu partido no poder e instalar uma ditadura sem ser taxado de ditador e golpista. Vamos acompanhar.</div>
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(1) Encha as faculdades de professores marxistas e os instrua a enfiar ideias de esquerda no meio de suas aulas, mesmo que não tenha nada a ver. Com isso, as faculdades formarão militantes esquerdistas. Eles virarão advogados, juízes, jornalistas, sociólogos, psicólogos, filósofos, cineastas e artistas de esquerda, e começarão a ocupar outros lugares importantes, tornando-se influentes na sociedade. No meio de todos esses, a faculdade também estará formando professores! Esses professores continuarão o ciclo de doutrinação de alunos, muitos agora sem nem perceberem. Em pouco tempo, tanto nas faculdades, quanto nas escolas, os professores serão majoritariamente de esquerda.</div>
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<br /></div>
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(2) Modere seu discurso e procure apoio de grandes empresas e de algum grande partido. "Ah, mas eu estarei mentindo...". Dane-se! Você não quer o poder totalitário? Vale tudo! Tudo pela revolução. Os fins justificam os meios. O partido é o novo Príncipe, de Maquiavel. Com apoio de um grande partido e grandes empresas, seu partido terá dinheiro para fazer campanha e votos. Ficará fácil ganhar a eleição. E lembre-se: você encheu faculdades de marxista. Os intelectuais formados ali e espalhados em vários lugares de influência te darão apoio e farão você ter uma boa imagem para a sociedade.</div>
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(3) Chegou ao poder? Trate de agradar os empresários e o partido que te ajudaram a chegar lá. É sua parte no acordo e você precisa gerar confiança. Mas não se acomode. Há um totalitarismo à conquistar.</div>
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<br /></div>
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(4) Para não parecer elitista e também para conseguir a confiança do povo, invista em programas sociais. Se já existem, renomeie cada um deles, injete mais grana e diga que foi seu partido que os criou. Não se preocupe com questões supérfluas como: "De onde tirarei o dinheiro?". Se a economia estiver boa, dá para engordar esses programas por um bom tempo. Se não estiver boa, aumente impostos, mande imprimir mais dinheiro, pegue empréstimos com bancos privados, pedale com os bancos públicos, enfim... Há muitas maneiras de se conseguir dinheiro. Não se preocupe se todas essas maneiras vão destruir a nação, causando inflação, quebradeira nas empresas, desemprego e etc. O importante é ter o dinheiro para manter os programas sociais. Isso garante voto e será usado pelos intelectuais que você criou para defender o partido. O que ocorrer de ruim com a economia por sua culpa, você transfere a culpa para o governo anterior, ou para o sistema capitalista, ou para alguma crise global. As crises são suas amigas, não se esqueça.</div>
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<br /></div>
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(5) Mantenha altos os impostos, as burocracias e as regulamentações por parte do governo. Quanto mais você puder asfixiar o setor privado, melhor. Onde você puder colocar a mão do Estado, coloque. É claro que nesse cenário só as empresas grandes sobreviverão. Não há problema. São essas empresas grandes que você vai procurar agradar por um tempo para conseguir apoio. Concomitantemente, são elas que os intelectuais à favor do partido vão culpar por todas as desgraças do país, como se o governo não tivesse qualquer participação. Dificultar a livre concorrência com altos impostos, burocracias e regulamentações é perfeito para impedir o desenvolvimento pleno do capitalismo e, ao mesmo tempo, culpar o próprio capitalismo, fortalecendo o discurso de que o governo precisa intervir ainda mais na economia. Cria-se aqui um ciclo. Quanto mais você intervir, mais problemas causará. E quanto mais problemas causar, mais poderá culpar o capitalismo e vender a ideia de que precisa intervir mais. Mantenha esse ciclo vivo sempre e o caminho do totalitarismo será inevitável.</div>
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<br /></div>
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(6) Não tenha escrúpulos se precisar agraciar algumas grandes empresas "amigas" do governo com empréstimos à baixos juros, isenções fiscais, licitações fraudadas e obras superfaturadas. Lembre-se que em todas essas manobras o seu partido sairá ganhando, pois terá mais dinheiro e apoio.</div>
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<br /></div>
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(7) Utilize as empresas estatais para desviar verbas, distribuir cargos dos altos escalões para pessoas de confiança do partido, lotar os baixos escalões de militantes, sugar mais dinheiro de impostos do povo e consolidar a cultura do "meu sonho é passar num concurso para ser funcionário público". Tudo isso é muito importante. Com o aparelhamento das empresas estatais ao partido é possível criar os mais diversos esquemas de desvio de verbas, o que facilitará o financiamento das eleições do partido e a expansão de suas atividades legais e ilegais. Lembre-se: dinheiro é muito importante. Sem ele, o partido não poderá comprar o povo pobre, nem empresários, nem parlamentares, nem artistas, nem ninguém.</div>
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<br /></div>
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(8) Compre parlamentares sempre que necessário. Se uma lei importante precisa ser aprovada e tem gente indecisa no plenário, compre. Não hesite. Há um monte de políticos oportunistas só esperando quem irá pagá-los mais. Você pode pagar com dinheiros ou outros benefícios. Veja o que será melhor conveniente em cada caso. O importante é conseguir o voto dele e aprovar as leis que você precisa para chegar ao totalitarismo.</div>
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<br /></div>
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(9) Escolha bem os juizes da Suprema Corte do país, bem como os ministros e mais quem comporá cada órgão. Os escolhidos devem ser pessoas leais à cleptocracia do partido. São eles que darão status legal à tudo o que o partido quiser fazer. Os juízes, no entanto, devem fazê-lo de modo a não comprometer a imagem de imparciais. Deve-se lembrar ainda que nem sempre o partido poderá ser salvo por esses juízes, ou porque ficaria muito na pinta em determinadas circunstâncias, ou porque a pressão popular seria grande, ou porque a Corte ainda não está tomada inteiramente por juízes do sistema, o que impede uma maior liberdade. Por isso, é preciso cautela. </div>
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<br /></div>
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(10) Financie projetos de artistas, sobretudo se forem de esquerda. Isso colocará boa parte da classe artística à favor do governo. E o seu exército de intelectuais de esquerda (já produzidos pela faculdade) farão a sociedade achar que não se trata de uma moeda de troca, mas de "incentivo à cultura e à arte", o que soa muito importante. Coloque na cabeça das pessoas o mito de que a cultura e a arte não sobrevivem sozinhas se não tiverem incentivo do governo, que o Estado é essencial para que haja vida cultural no país, que quem se opõem a esses incentivos está querendo destruir a cultura, a arte e os artistas. Não negligencie esse ponto. O apoio dos artistas é essencial para ganhar as massas e fazer circular projetos de orientação esquerdista, sejam filmes, peças, séries, seriados, telenovelas, livros, músicas ou o que for.</div>
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<br /></div>
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(11) Crie uma forte campanha para desarmar a população, utilizando um discurso de que a violência no país se dá porque o povo tem acesso às armas. Desarmar a população é essencial para alcançar o poder totalitário no futuro sem grandes problemas. Uma população armada poderia se revoltar contra o governo e gerar uma luta sangrenta contra a ditadura. Não seria algo interessante para o partido. Então, armas só nas mãos da polícia, ok? Se não for possível desarmar por completo, crie o máximo de dificuldade possível. Não se preocupe com o fato de que os bandidos continuarão armados. Os bandidos não te causarão problemas. Eles estão pouco se lixando para política. A intenção é desarmar a população honesta mesmo.</div>
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<br /></div>
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(12) Só a polícia tem acesso às armas? Ótimo. O próximo passo é centralizar as polícias nas mãos do poder federal. Do que adianta, por exemplo, tirar as armas do povo, mas ter polícias independentes em cada Estado-Membro da União? Totalitarismo é o oposto a isso. Significa poder total nas mãos do Estado. Essa independência militar dos diferentes estados e regiões que compõem uma nação não pode existir. Isso tornaria muito difícil a tomada de decisões autoritárias por parte do governo federal. Crie um discurso de unificação das polícias e da criação de uma grande força nacional. A ideia vai colar bem se você defender isso alegando desejar uma maior organização e humanização da polícia. Se conseguir esse feito, toda a polícia do país estará nas mãos do partido. </div>
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<br /></div>
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(13) Fomente a indisciplina e a falta de limites no ensino básico e fundamental. Crianças e adolescentes precisam crescer sem limites, abusados, inconsequentes. Qualquer disciplina deve ser gradualmente considerada opressora. Os intelectuais de esquerda formados pelas faculdades ajudarão nisso, no âmbito da cultura. A ideia é que os estudantes sejam insubmissos à autoridade, amantes dos prazeres e pouco inteligentes. Isso os fará uma boa massa de manobra e enfraquecerá o conservadorismo. Os que escaparem ao emburrecimento, poderão ser doutrinados por professores marxistas ainda no ensino fundamental e/ou na faculdade. </div>
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<br /></div>
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(14) Crie projetos de lei para incluir educação sexual no curriculo escolar de crianças e adolescentes. Essa é uma das táticas importantes para enfraquecer o conservadorismo, o cristianismo, a moral judaico-cristã e a família tradicional - historicamente pedras no sapato do socialismo. Quanto mais devassos você conseguir transformar os jovens, menos resistência haverá na sociedade aos projetos do seu partido. Por esta causa, explore a imagem de o socialismo e o seu partido serem à favor da liberdade sexual.</div>
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<br /></div>
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(15) Espalhe, através de seu exército de intelectuais, a devassidão pela cultura. E faça o que for possível para fortalecer isso. Usar recursos públicos para esse tipo de coisa é belo e moral (para a causa do partido, claro).</div>
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<br /></div>
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(16) Fomente conflitos e problemas que possam ser usados para culpar o capitalismo, o conservadorismo, o cristianismo e os valores judaico-cristãos. A criminalidade, o racismo, a homofobia, a intolerância, enfim, tudo isso pode ser fomentado e depois colocado na conta da direita, do "neoliberalismo", da religião cristã e etc. Você pode e deve criar um caos na sociedade. O seu exército de intelectuais vai criar uma teia de explicações que culpará seus inimigos. </div>
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<br /></div>
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(17) Para garantir as eleições (caso a doutrinação da população demore ainda algumas décadas e os problemas econômicos coloque o povo insatisfeito com o governo), procure manter um sistema de urnas eletrônicas que possam ser facilmente fraudáveis. É óbvio que não será possível fraudar todas, mas sempre é possível fraudar algumas. Isso poderá ser muito útil.</div>
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<br /></div>
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(18) Crie projetos de lei que pretendam regular a mídia e a internet. Para esses proejtos fugirem ao rótulo de "censura", use o termo "democratização". Diga que a intenção dessas leis é impedir abusos de grandes grupos de comunicação e o ódio de indivíduos "fundamentalistas". É claro que a intenção real é fazer uma censura velada à opiniões, comentários, análises e notícias que possam ser muito prejudiciais ao governo.</div>
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<br /></div>
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(19) Financie com dinheiro público blogs, sites e revistas impressas que sejam favoráveis ao governo. Não hesite. Meta a mão na grana e gaste muito nisso, pois esses meios servirão de propaganda para o partido, mas com status e aparência de veículos sérios de informação. Encha a internet desse tipo de jornalismo. </div>
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<br /></div>
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(20) Não foque apenas nos meios de comunicação favoráveis ao governo. Uma forma de amenizar as críticas de meios de comunicação adversários é enchê-los de publicidade estatal. Seus proprietários, acionistas e mesmo editores-chefes tenderão a não pegar muito pesado. Mas se o dinheiro estatal não impedir muito as críticas, você ainda tem uma carta na manga: tirar o dinheiro. A redução de publicidade fará os meios de comunicação perceberem que o governo não gostou da postura, o que os impulsionará a pegarem mais leve. Relembro: dinheiro é muito importante.</div>
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<br /></div>
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(21) Aumente o número de cargos comissionados e pessoal de gabinete com militantes do partido. Dobre ou até triplique o número se for possível. Quanto mais inchado de militantes o Estado tiver, melhor. Isso dará substância e verba ao partido, servirá de moeda de troca e agradará os amigos.</div>
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<br /></div>
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(22) Depois de ter se esbaldado com dinheiro de empresários e eleito uma enorme bancada de parlamentares, se coloque favorável a uma lei que vete doação de empresas à campanhas. A ideia é aumentar o fundo público partidário. O maior beneficiário será seu partido, que já possui ampla bancada e receberá mais. Os partidos menores terão menos e sem poder contar com dinheiro de empresas, terão dificuldade de eleger parlamentares.</div>
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(23) Crie e mantenha financeiramente organizações que apoiam a esquerda, ou cooptar organizações já existentes para a esquerda, sejam elas ONGs, sindicatos trabalhistas, união geral de estudantes, movimentos feministas, movimentos LGBT e etc. A ideia é alimentar essas organizações, fazê-los aceitar a agenda do seu partido e criar uma rede fiel de organizações que aparentam lutar pelos interesses das minorias. </div>
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(24) Apoie tudo o que possa ir contra a moral judaico-cristã, o capitalismo, o conservadorismo, a família tradicional, o cristianismo ou os EUA. Pode ser ditaduras islâmicas, ditaduras comunistas, narcotraficantes, terroristas, multiculturalismo, relativismo moral, relativismo da verdade, vandalismo pró-socialismo, aborto, promiscuidade, sexualização de crianças e adolescentes, casamento gay, casamento poliamoroso, pedofilia, zoofilia, enfim, tudo. Não importa o quão contraditórias todas essas coisas juntas possam ser. </div>
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<br /></div>
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(25) Invista no politicamente correto e no policiamento ideológico. Tudo o que for ruim para o partido, chame de retrógrado, fundamentalista, intolerante, preconceituoso, discriminador, fascista, machista, desumano e etc. Policie a linguagem das pessoas, crie proibições sobre alguns termos e imponha os próprios chavões do partido e da esquerda. Sobretudo, mantenha-se senhor das definições e dos rótulos, a fim de que você ganhe as discussões na base dos termos e não dos conteúdos.</div>
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(26) Invista nas faculdades. Não no sentido de tornar o ensino melhor. Até porque, para isso, seria necessário investir primeiro nos ensinos básico, fundamental e médio. Invista nas faculdades no sentido de aumentar a oferta de vagas e facilitar a entrada de pessoas lá. As faculdades são grandes centros de doutrinação. Quanto mais universitário tiver, melhor. Vão sair todos militantes ou, no mínimo, simpatizantes do partido.</div>
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(27) Enfie um monte de livros enviesados na grade curricular das escolas e colégios. Quanto mais livros contiverem uma visão favorável à esquerda e ao marxismo, e antipática ao capitalismo, aos EUA e ao conservadorismo, melhor. O sistema de educação deve estar todo enviesado. Ele deve se tornar uma máquina de emburrecimento e doutrinação. Quem escapar do emburrecimento puro e simples, não escapará à doutrinação. Só há duas metas que a educação deve ter: criar massa burra de manobra e criar intelectuais militantes.</div>
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(28) Infiltre marxismo no interior das religiões, mas principalmente do cristianismo. Crie vertentes teológicas dentro do cristianismo que sirvam de braços para a esquerda, que possam influenciar e cooptar cristãos sem que eles precisem sair de suas religiões. A ideia é alcançar aqueles que não desejam se tornar ateus ou deixar crer em Cristo. Desde que o cristianismo deles esteja repleto de marxismo, secularismo e sincretismo, não há problema nisso. É até melhor, pois eles poderão influenciar cristãos dentro de suas igrejas com um discurso de que marxismo e cristianismo não se excluem, ao contrário, se complementam.</div>
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(29) Não permitam que associem a imagem do partido e da esquerda ao ateísmo. Embora o marxismo ortodoxo seja ateísta, a história deixou claro que tentar extirpar a religião do povo não dá certo. Então, a ideia é apresentar o partido e a esquerda como favoráveis à tolerância religiosa. É claro que essa tolerância não inclui o cristianismo verdadeiro. Mas isso não precisa ser dito. Para tanto, procure, através do exército de intelectuais de esquerda, incentivar o conhecimento e a tolerância às religiões africanas e tribais, ao budismo, ao hinduismo, às variadas formas de exoterismo e etc. Aos mais céticos, aí sim, sirva ateísmo (de preferência, ateísmo militante - neoateísmo). E aos cristãos que não vão deixar o cristianismo de forma alguma, sirva, como já dito, formas marxistas de cristianismo. Assim resolvemos o problema das religiões.</div>
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(30) Legal. Você chegou até aqui. Ocupou faculdades e escolas; doutrinou alunos; fomentou rebeldia e burrice; formou militantes esquerdistas e espalhou-os pela sociedade; subiu ao poder com apoio e financiamento de empresários; aparelhou as estatais; comprou o povo com populismo; comprou empresários com esquemas de corrupção; comprou parlamentares; comprou artistas; comprou parte da mídia; invadiu as religiões; fortaleceu conflitos, dividindo a sociedade; criou censura velada; desarmou a população; centralizou as polícias; garantiu um sistema eleitoral manipulável; expandiu a intervenção do Estado; colocou a culpa de todo o mal em seus inimigos. Neste ponto, você está pronto para dar o golpe final e instaurar o totalitarismo pleno. O Estado e a sociedade estão nas suas mãos. Abrir-se-ão três opções:</div>
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A) Você pode começar a se voltar contra os empresários que te ajudaram. Eles não são coitados, claro. Eles te ajudaram para obter benefícios e iriam te descartar no momento em que as crises causadas pelo seu partido começassem a afetá-los. Como um bom político estrategista, você os larga antes de eles te largarem. Iniciará um discurso firme contra o capitalismo e usará seus poderes despóticos para expropriar as empresas e bens deles;</div>
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B) Você pode resolver parar onde chegou, percebendo que estatizar tudo não dará certo e que é possível engambelar os seus amigos empresários (ou engambelar o povo), mantendo um poder totalitário de caráter corporativista. Aqui o populismo continua e o sistema permanecerá até que abe o dinheiro da população;</div>
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C) Você pode perceber que estatizar tudo não dará certo, que as crises causadas pelo seu governo irão destruir a nação e te tirar do poder, e que, portanto, é melhor fazer algumas reformas pontuais, liberalizando um pouco o mercado para que o país respire, mas sem tirar muito a mão do Estado, mantendo um corporativismo mais ameno.</div>
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Se escolher as opções (B) ou (C) você não deixa de ser esquerdista. Não se preocupe. Às vezes temos uma meta e depois descobrimos que ela não é possível ou viável. Acontece. Não se ache um farsante. </div>
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Mas talvez você tenha seguido todos esses passos desde o início por puro interesse em poder. Ou ainda: talvez você tenha inciado a trajetória realmente querendo mudar o mundo para melhor, mas acabou mudando de ideia no caminho, percebendo que ter poder é um bem em si mesmo e que você gostou do sistema incompleto que criou. Neste caso, também não precisa se preocupar. Lembre-se que nesse processo todo você abriu mão da moral, colocou-se acima do bem e do mal. Sendo assim, não há do que culpar. Você é tão inescrupuloso quanto qualquer político oportunista. Já que Deus não existe (segundo a ótica marxista), nem a moral, nem nada, aproveite a vida. Mantenha o poder, compre tudo do bom e do melhor e, quando precisar aliviar a consciência (essa coisa chata que insiste em nos atormentar), lembre a ela que você ajudou muitas famílias com populismo. E minta descaradamente para si mesmo. Não é difícil. Você mentiu a vida inteira para todos. Poderá mentir para você mesmo sem maiores dificuldades.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-8139715917806599772016-09-21T15:24:00.001-07:002016-09-21T15:25:32.019-07:00O cristão pode usar armas de fogo, reagir e se proteger?<div style="text-align: justify;">
Alguns cristãos acreditam que seria errado buscar a autoproteção e reagir à agressões físicas, principalmente utilizando armas de fogo. Um dos textos utilizados para se defender essa concepção passiva em relação à agressões está em Mateus 5:39-41. Nesse texto, Jesus afirma: "Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas".</div>
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Bom, se Jesus foi literal ao dizer estas palavras, devemos considerar que elas se estendem para todo e qualquer tipo de agressão sofrida. Isso quer dizer que, embora Jesus tenha dado apenas três exemplos, devemos aplicar o pensamento a outros. Sendo assim, segue-se que: (1) Se alguém vier com um pedaço de pau, te der uma cacetada na cabeça e você não desmaiar, ofereça o outro lado da cabeça também; (2) Se alguém vier com um caco de vidro e te cegar um olho, ofereça o outro olho também; (3) Se você é uma menina e um rapaz vem te beijar à força, ofereça outro beijo; (4) Se uma pessoa do seu mesmo sexo que você quiser te beijar à força, também deixe e ofereça outro beijo; (5) Se um estuprador quiser te violentar...</div>
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Como fica claro, interpretar as palavras de Jesus como sendo literais traz implicações nefastas. E essas implicações não parecem possuir qualquer ligação com os preceitos cristãos, tampouco possuem alguma utilidade racional. Ao contrário, quando interpretamos Mateus 5:39-41, estamos dizendo que os cristãos devem assumir uma postura de covardia e desvalorização da própria vida, o que não são virtudes cristãs. O cristão, como criatura de Deus, deve zelar por sua vida, a qual não pertence a si mesmo, mas é um dom de Deus. Deve ainda cultivar a coragem em todos os sentidos, já que a própria Palavra ensina que de fora do céu ficarão os covardes (Ap. 21:8). Ser corajoso, no sentido cristão, é não permitir que o medo nos paralise e nos impeça de fazer nossas obrigações. Isso inclui, evidentemente, a obrigação de proteger nosso corpo, nossa saúde, nossa vida, bem como nossa família, nosso próximo e nossos bens (sim, os bens, já que eles também provém de Deus).</div>
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Alguém poderá argumentar aqui que os mártires entregaram seus corpos e suas vidas em nome de Cristo e que, portanto, não seria correto tomar uma atitude de proteção da própria vida. Talvez até me citem Mateus 16:25: "Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará". A argumentação não é válida. Em primeiro lugar, porque eu não estabeleci a autoproteção como princípio máximo. Há ocasiões em que o sacrifício do próprio corpo ou da própria vida será necessário a fim de alcançar um bem maior. A autoproteção vigora como princípio básico apenas enquanto não há nada mais importante que a sua própria vida em jogo. No momento em que sua vida se torna secundária em função de algo superior, o sacrifício não só é permitido como é a cosia certa a se fazer. Num caso desse, negar a sua vida torna-se egoísmo. Essa é, aliás, a argumentação que faz G. K. Chesterton (grande pensador cristão) em um trecho de "Ortodoxia", onde pontua a diferença entre um mártir e um suicida. Em um dos parágrafos ele afirma:</div>
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"O suicídio não só constitui um pecado, ele é o pecado. E o mal extremo e absoluto; a recusa de interessar-se pela existência; a recusa de fazer um juramento de lealdade à vida. O homem que mata um homem, mata um homem. O homem que se mata, mata todos os homens; no que lhe diz respeito, ele elimina o mundo". Na sequencia, Chesterton continua enfatizando o quão hediondo é o suicidio e então confronta o suicidio com o martírio cristão:</div>
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"Obviamente um suicida é o oposto de um mártir. Um mártir é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece de sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que ele quer ver o fim de tudo. Um quer que alguma coisa comece; o outro, que tudo acabe. Em outras palavras, o mártir é nobre, exatamente porque (embora renuncie ao mundo ou execre toda a humanidade) ele confessa esse supremo laço com a vida; coloca o coração fora de si mesmo: morre para que alguma coisa viva. O suicida é ignóbil porque não tem esse vínculo com a existência: ele é meramente um destruidor. Espiritualmente, ele destrói o universo".</div>
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Então, não, não existe contradição entre o principio da autoproteção e o martírio cristão. O que existe são ocasiões distintas. Há ocasiões em que o martírio suplanta a autoproteção porque o que está em jogo é algo mais importante que a vida. E o que seria mais importante que a nossa própria vida? A lealdade a Deus é o maior exemplo. A vida de um filho geralmente é colocada num patamar acima da autoproteção também. E há quem nobremente coloque sua proteção em risco em prol de pessoas doentes ou em situação de perigo. A isso se chama amar ao próximo. Parafraseando Chesterton, quem age dessa maneira está morrendo para que algo viva. </div>
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Infelizmente, às vezes a autoproteção implicará a morte do agressor. Mas não se trata aqui de um caso de assassinato. O mandamento de Deus proíbe o assassinato, que seria um homicídio por motivo torpe ou vingança. Mas Deus outorga o direito de tirar a vida de outro ser humano quando esta é a única maneira de sobreviver a um ataque do mesmo. Isso é legítima defesa. Aliás, abro parênteses para ressaltar que Deus também outorga o direito de tirar vidas ao Estado, quando determinada sociedade resolve que crimes hediondos devem ser punidos com a pena capital. Há quem pense que a pena de morte é proibida pela Bíblia. O fato, no entanto, é que a Bíblia joga essa questão para o âmbito civil, a ser resolvida pela sociedade. Não há qualquer condenação da pena capital nas Escrituras. No Antigo Testamento ela era prescrita na sociedade israelita para alguns crimes. E no Novo Testamento, as poucas passagens que mencionam o assunto, deixam claro que o assunto é de âmbito civil. Em Atos 25:11, por exemplo, Paulo afirma: "Contudo, se fiz qualquer mal ou pratiquei algum crime que mereça a pena de morte, estou pronto para morrer. Mas, se não são verdadeiras as acusações que me afrontam esses homens, ninguém tem o direito de me entregar a eles. Portanto, apelo para César!". Já em Romanos 13:3-4: "Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal". Em suma, ser contra ou a favor da pena de morte não é irrelevante no tocante à vida cristã, pois não é discussão de cunho religioso, mas civil. Os argumentos, portanto, devem ser de outra natureza que não teológica.</div>
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Mas voltando ao texto de Mateus 5, é importante ressaltar que Jesus costumava a usar analogias para enfatizar suas verdades. Algumas delas recorriam à imagens absurdas para impactar as pessoas. Por exemplo, em Mateus 5:29-30 lemos: "Se o teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e lança-o fora de ti; pois te é mais proveitoso perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E, se tua mão direita te fizer pecar, corta-a e atira-a para longe de ti; pois te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno". É evidente que esse texto não é literal, pois a automutilação é um pecado. Jesus jamais a receitaria como método para vencer outro pecado. O que Jesus faz aqui é utilizar uma hipótese absurda para enfatizar que, na verdade, só há uma alternativa: abandonar o pecado. As analogias feitas por Jesus em Mateus 5:39-41 são do mesmo tipo; não devem ser entendidas literalmente. A essência do ensinamento de Jesus é bem clara e simples: não devemos procurar vingança pessoal contra as pessoas, mesmo que elas nos causem grandes danos. </div>
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Outro texto utilizado pelos cristãos defensores da passividade se encontra em Mateus 26:52, onde Pedro recebe uma advertência de Jesus ao tentar defendê-lo dos soldados romanos no Jardim das Oliveiras: “Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão". Esse texto, inclusive, é o preferido de cristãos que acreditam ser um pecado possuir armas de fogo. O que se deve perceber aqui é que essa assertiva de Jesus não é um mandamento geral para todas as pessoas de todas as épocas em todas as situações. Na verdade, a assertiva de Jesus é bem mais específica para o contexto do que os cristãos passivos supõem. Vamos analisar.</div>
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Em primeiro lugar, a preocupação central de Jesus não é com o fato de que Pedro está armado, nem com o uso que o mesmo faz da arma para enfrentar o soldado que prendia Cristo. A preocupação central de Jesus está no fato de que Ele possuía uma missão clara e que não poderia ser frustrada: morrer pela humanidade. Em outras palavras, ele precisava se entregar. Qualquer pessoa que, naquele momento, intentasse salvá-lo estaria se tornando literalmente um obstáculo aos planos de Deus. O contexto do da própria passagem de Mateus deixa isso claro. Nos versos que se seguem Jesus afirma: "Acaso, pensas que não posso rogar ao meu Pai, e Ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, no entanto, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?" (Mateus 26:53-54). Aqui Jesus deixa claro que está se deixando prender porque faz parte de sua missão. Cristo está literalmente dizendo: "Não quero sua ajuda, Pedro. Eu vim exatamente para isso".</div>
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A mesma ideia é expressa de modo mais direto no evangelho de João. Ele relata o episódio da seguinte maneira: "Mas Jesus disse a Pedro: 'Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?'" (João 18:11). Ou seja, a parte central da repreensão é que Pedro estava lutando contra os planos de Deus. O problema não estava no uso da espada, mas no momento, que era inoportuno. Marcos, ao narrar a mesma cena, sequer vê a necessidade de relatar a repreensão de Jesus feita a Pedro. Limita-se a descrever: "Nisto, um dos circunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha" (Marcos 14:47). Já Lucas resume a repreensão de Cristo na seguinte frase: "Mas Jesus acudiu, dizendo: 'Deixai, basta'. E, tocando-lhe a orelha, o curou" (Lucas 22:51). Em suma, nenhum dos textos oferece qualquer margem para que Jesus estivesse fazendo uma teologia antirreação e antiarmas. Supor isso é forçar os textos a dizerem o que eles não dizem; enfatizar nos textos o que eles não enfatizam; deixar de lado o que realmente os escritores bíblicos querem chamar a atenção no evento narrado.</div>
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Em segundo lugar, quando Cristo afirma que "todos os que empunham a espada, pela espada morrerão", deve-se ter em mente o contexto histórico da época. Israel vivia sob domínio do Império Romano, cujo poderio militar era incrivelmente grande. Roma tinha poder para massacrar qualquer grupo de rebeldes que desejasse. Se, portanto, os discípulos iniciassem seu ministério empunhando espadas por aí, rapidamente seriam vistos por Roma como rebeldes. Principalmente se esses discípulos viessem a matar algum soldado romano. O resultado disso seria, sem dúvida alguma, um rápido extermínio por parte do Império. As palavras de Jesus estavam, na verdade, traçando uma distinção entre a missão de um soldado e a missão de missionário. A missão do soldado é lutar fisicamente e o seu fim geralmente é a morte pelas próprias armas que utiliza. A missão do missionário, entretanto, era viajar por centenas de lugares pregando o evangelho. Longe de estar condenando a missão de um soldado, Jesus estava apenas enfatizando que os discípulos não eram soldados, mas missionários. Não há como ser as duas coisas. Não por haver alguma contradição moral, mas por haver uma incompatibilidade de missões. </div>
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Se os discípulos fossem caraterizados e rotulados, desde o início, como uma organização paramilitar, não teriam sequer um momento de paz para pregar o evangelho. O império romano, historicamente, perseguiu os cristãos não de maneira initerrupta, absoluta e geral, mas sim de maneiras localizadas no tempo e no espaço. Houve períodos e lugares com forte perseguição, mas também períodos e lugares em que os cristãos gozaram de liberdade. Mas isso só se deu porque os cristãos não eram soldados. Se fossem, o império romano teria sido absolutamente implacável desde o início, em todos os lugares e o tempo todo. O resultado teria sido a morte do cristianismo logo no seu surgimento. </div>
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Ademais, se os discípulos tivessem se caracterizado como soldados, o evangelho adquiriria um caráter distorcido, não mais de uma transformação espiritual e de um volver da mente às coisas celestiais, mas sim de luta política e militar, de guerra terrena, de batalha física, de revolta, conquista e ambição. Tal distorção era, aliás, o que havia tomado conta da teologia judaica sobre o Messias. Os judeus esperavam justamente um Messias político-militar, com uma frota de soldados fieis, que comandaria a destruição dos romanos e a libertação terrena de Israel. A militarização dos discípulos só faria consolidar esta ideia, dando ao evangelho a mesma significação que "revolta civil", "revolução" e "luta armada". Neste sentido, deixaria de ser uma fonte de salvação espiritual para ser meramente um movimento terreno por libertação efêmera. E um movimento desses, longe de criar gerar transformação interior e de ligar os homens intimamente a Deus, geraria lutas vis e homens que se uniriam ao movimento unicamente por razões terrenas e até egoístas. Talvez aqui deva-se enfatizar que esta foi a grande diferença entre o cristianismo e o islamismo em suas origens. Enquanto o cristianismo se inicou com missionários, interessados unicamente em pregar a salvação por meio do sacríficio de Cristo Jesus, o islamismo se iniciou com soldados interessados em coisas diversas. A diferença é notável.</div>
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Em suma, Jesus não queria que Pedro ou seus demais discípulos fossem soldados, mas missionários. A expansão da Igreja necessitava disso. Cristo necessitava de homens dispostos a abnegar até mesmo seus direitos mais básicos, como o da autoproteção e o da reação, a fim de unicamente anunciar o evangelho e manter intacto o caráter do mesmo. O contexto exigia isso. E ser missionário requer essa abnegação. </div>
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De tal fato não se pode depreender que todas as pessoas devem ser missionárias. Missionário, no senso estrito da palavra, é aquele que trabalha integralmente com o evangelho. Este é totalmente guiado pela missão evangelítica. Ele não pregará onde mora; morará onde precisa pregar. Ele não pregará para onde viaja; viajará para onde precisa pregar. Se precisar trabalhar, ele trabalhará para sustentar sua missão. Não pregará onde trabalha, trabalhará onde precisa pregar. O missionário estará pronto para abnegar todos os seus direitos/desejos se for necessário. Talvez o sonho de fazer faculdade, de ser juiz, de ir à Disney, de morar na Suíça, de ser rico, de casar, de ser um jogador de futebol. Ele não é mais um homem da sociedade. Ele é um ambulante, um peregrino, um nômade de futuro incerto que se movimenta em função de sua missão. O missionário é o oposto do homem cristão da sociedade, que desempenha a missão evangelística de acordo com as raízes que fincou na sociedade.</div>
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Ambos, no entanto, são importantes. O homem cristão da sociedade precisa existir justamente porque precisa compor a sociedade. A sociedade carece de cristãos espalhados por ela, com suas raízes fincadas, com suas relações na família, na vizinhança, na escola, no trabalho e etc. Nem só de nômades se faz o cristianismo. Além do mais, são os homens da sociedade que, com seu trabalho e sua fixidez social, financiam o trabalho do missionário. Para que haja missionário em tempo integral é necessário haver o cristão da sociedade. Para que haja recursos suficientes para a missão é necessário haver o cristão da sociedade. Repare que os discípulos tornaram-se nômades, mas as igrejas que plantavam em cada região eram feitas de cristãos da sociedade. Nem todo mundo nasceu para ser missionário. Nem todo mundo nasceu para ser cristão de sociedade. Cada qual tem sua importância nos planos de Deus. O evangelho deve ser pregado por ambos, mas as funções são distintas.</div>
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Aqui fica clara a distinção. O missionário, ao abnegar direitos dados ao cristão de sociedade, acaba por ter de abnegar também o uso de armas para autoproteção e reação. Como já dito, ele encontrou ali um contexto em que sua vida já não é mais prioridade. As armas tornam-se inconvenientes e o sacrifício, a única opção viável. Tal como ocorreu com Jesus. </div>
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Em suma, não há como utilizar o texto de Mateus 26:52 para sustentar que seria pecado buscar autoproteção ou reagir a agressões físicas. A passagem deve ser entendida dentro de seu contexto bem específico, no qual: (1) Pedro não deveria sacar sua arma naquele momento, pois Cristo necessitava morrer pelo ser humano; (2) os discípulos não deveriam parecer um grupo paramilitar, a fim de não distorcerem o caráter do evangelho, nem serem vistos pelo Império Romano como uma ameaça; (3) os discípulos não deveriam ser soldados, mas como missionários, abdicando de alguns direitos legítimos para pregar o evangelho intensa e integralmente, espalhando-o pelo mundo. Interpretar além disso é forçar o texto.</div>
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O cristão passivo pode tentar argumentar ainda com base em algumas ideias extraídas da Bíblia tais como: "O cristão deve ter fé em Deus e não em armas para protegê-lo", ou ainda: "O cristão não deve agredir ninguém, mas amar". Ora, essas ideias são distorções das Escrituras. Analisemos a primeira. Apela-se para a fé em Deus para protegê-lo. É óbvio que devemos ter fé em Deus sempre, mas isso não nos proíbe, tampouco nos exime de fazer a nossa parte. Se a fé em Deus nos desobrigasse de tomar medidas para nossa proteção, não faria sentido trancar a porta de casa com chave, ter extintor no carro, usar cinto de segurança, comprar um computador com garantia de fábrica, guardar pertences valiosos em um cofre, ir ao médico e etc. Na verdade, o próprio Jesus diz a Satanás: "Não tentarás o Senhor teu Deus". E o texto bíblico que afirma: "Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela" (Salmo 127:1), não exclui a necessidade de um sentinela, embora ele nada possa se Deus não estender sua proteção. O mundo que Deus criou funciona por meio de leis naturais. Não devemos viver nele como se vigorasse a magia. Na vida real devemos fazer a nossa parte à todo o momento. Deus fará a dEle. Ter uma arma ou aprender artes marciais podem ser atitudes importantes para se proteger ou proteger a outros. Não há qualquer passagem bíblica que desabone esse tipo de conduta. Pelo contrário, trata-se de algo prudente. E Deus poderá salvar pessoas através disso, inclusive.</div>
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Quanto à segunda ideia, perceba que ela distorce o amor. É evidente que amar não implica permitir que coloquem em risco sua vida ou a vida de alguém ao redor. Imagine que você está andando na rua e encontra um sujeito tentando se aproveitar de sua filha. Qual será sua postura? Deixar que o sujeito abuse de sua filha, alegando que precisa amá-lo e não agredi-lo? Ou tentará salvar sua filha, apartando-o com sua força física ou algum instrumento de proteção? Tenho certeza de que sua postura será a segunda. Não é diferente quando se trata de nossa própria vida em jogo. É perfeitamente possível ser um cristão amoroso, perdoador e que ajuda ao próximo, mas, ao mesmo tempo, que reage quando sua vida ou a vida de pessoas ao seu redor está em perigo.</div>
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Enfatizo que toda essa reflexão se refere à autoproteção e não ao uso da violência como forma de vingança, justiça própria e retaliação. A Bíblia é bem clara ao dizer que não devemos nos vingar, no âmbito moral, pois a "vingança" pertence a Deus. E, no âmbito civil, também não devemos buscar justiça com as próprias mãos, pois cabe ao Estado julgar, através do corpo de leis vigentes e de juízes preparados para isso. O próprio princípio do Antigo Testamento "olho por olho, dente por dente", não passava de uma regra jurídica aplicada apenas por juízes, após um julgamento formal, para determinados tipos de crimes - a saber, crimes de agressão física à inocentes ou falso testemunho (Êxodo 21:22-25, Levítico 24:19-20 e Deuteronômio 19:15-21). Aliás, a crítica de Jesus, no Sermão do Monte, ao princípio "olho por olho, dente por dente" não se referia a sua aplicação jurídica, a qual era legal, mas sim à sua aplicação no âmbito moral. Em outras palavras, muitos utilizavam o princípio como uma justificativa para odiar e retaliar, buscando vingança e justiça com as próprias mãos. Jesus, portanto, faz uma clara distinção entre princípio jurídico e princípio moral, estabelecendo que, no âmbito moral, o individuo deveria estar pronto para liberar perdão, e no âmbito jurídico, deveria deixar o julgamento e a punição à cargo dos juízes. Essa deve ser a postura cristã.</div>
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É curioso como que cristãos que sustentam a passividade gostam de pintar um "Jesus Cristo paz e amor" que jamais faria nada agressivo. Um colega chegou mesmo a me dizer, dia desses, que não conseguiria imaginar Jesus andando com uma Ak-47. Pois creio que esses cristãos nunca devem ter lido Apocalipse, por exemplo, que descreve Jesus voltando com uma espada que mata todos os ímpios da terra. A cena é simbólica, claro, mas o morticínio não. E a imagem utilizada para simbolizar essa terrível e gigantesca punição derradeira é justamente a de Jesus armado. Não com uma Ak-47, já que esse tipo de armamento não existia à época que João escreveu o Apocalipse. Mas com uma espada. Sim, a espada, a arma antiga, a arma utilizada pelos exércitos israelitas ao longo de todo o Antigo Testamento. A arma utilizada pelos discípulos enquanto andavam com Jesus. A arma com a qual todo o homem protegia a sua família de perigos. A arma que todo mundo tinha. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Demonizar a autoproteção e os meios com os quais pode-se torná-la efetiva não é uma postura que encontre base bíblica, tampouco lógica. Quando fazemos isso, encontramos inúmeras incoerências pela frente. Uma delas se refere ao próprio trabalho da polícia. Ora, se proteger e reagir são dois pecados e todos deveriam ser passivos em relação aos agressores, então todos os policiais estão em pecado. Sob essa interpretação, a atividade policial é, em si mesma, pecaminosa, imoral, anticristã, pois se baseia justamente em proteger e reagir. Posso imaginar um policial que tenha acabado de se tornar cristão e vê um homem agredindo fisicamente uma mulher. Ele corre para defendê-la, mas então se lembra: "Cristo me ensinou a não reagir". Então, com a consciência tranquila, deixa que a mulher morra nas mãos de seu agressor. Será mesmo que foi isso que Cristo ensinou? Certamente não! E, sem dúvida, o raciocínio serve para qualquer cidadão. É dever do cristão estar disposto a reagir e proteger, sempre que a situação não requerer a passividade. Fugir a essa obrigação é ser covarde. E os covardes, como já dito, não herdarão o Reino dos Céus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Concluímos, portanto, que não há absolutamente nenhum ponto na Bíblia em que seja proibido ao cristão buscar a autoproteção, reagir à agressões físicas e utilizar armas para isso. A questão das armas (e atualmente, das armas de fogo) não é uma discussão teológica, mas uma questão civil. A Bíblia não proíbe, como também não impõe, cabendo à sociedade julgar se deve possuir o direito de portar armas ou não.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-4999436319776134822016-09-13T20:28:00.003-07:002016-09-13T20:28:42.907-07:00Dez argumentos católicos ruins contra o protestatismo<div data-contents="true" style="text-align: justify;">
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9b42q-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9b42q-0-0">
<span data-offset-key="9b42q-0-0"><span data-text="true">Quero tecer minhas respostas a alguns argumentos católicos comumente usados para atacar o protestantismo. São argumentos que julgo bem frágeis e que eu pediria aos meus prezados amigos católicos que não os utilizem. A intenção do post não é provar que a Igreja Católica não é a verdadeira, mas apenas colaborar para que argumentos ridículos sejam postos de lado nos debates.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="6rv6p-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6rv6p-0-0">
<span data-offset-key="6rv6p-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="4gbc0-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4gbc0-0-0">
<b><span data-offset-key="4gbc0-0-0"><span data-text="true">1) A Igreja Protestante não pode ser a Igreja verdadeira porque ela é toda dividida.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="4g9jf-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4g9jf-0-0">
<span data-offset-key="4g9jf-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="deaef-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="deaef-0-0">
<span data-offset-key="deaef-0-0"><span data-text="true">R.: Esse argumento não faz o menor sentido pelo simples fato de que não existe uma "Igreja Protestante". O protestantismo não é uma instituição formal, nem mesmo uma instituição. O protestantismo foi o nome cunhado para se referir à instituições cristãs distintas que surgiram de dissidências com a Igreja Católica a partir de 1517. Há, na verdade, não uma Igreja Protestante, mas um movimento protestante. Então, não se pode dizer que "a Igreja Protestante é uma Igreja dividida". Estamos falando de várias instituições e não apenas de uma. O movimento protestante não é um análogo à Igreja Católica.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="djjtn-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="djjtn-0-0">
<span data-offset-key="djjtn-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="ehi7u-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ehi7u-0-0">
<b><span data-offset-key="ehi7u-0-0"><span data-text="true">2) O protestantismo relativiza a verdade.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="3jm9o-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3jm9o-0-0">
<span data-offset-key="3jm9o-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="aaqea-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="aaqea-0-0">
<span data-offset-key="aaqea-0-0"><span data-text="true">R.: Esse argumento provém justamente da pressuposição errônea de que o protestantismo é uma instituição, tal como a ICAR. Daí deduz-se que dentro da mesma instituição cada um tem a sua verdade. Como já mostrei, a pressuposição está errada, o que invalida a dedução. Longe de haver relativismo da verdade no movimento protestante, o que ocorre é que cada instituição julga o seu próprio corpo de regras correto, o que implica que o corpo de regras dos demais está errado em um ou mais aspectos. É exatamente a mesma visão que a ICAR tem de sua instituição e das demais. Não há diferença aqui. Não há relativização da verdade.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="7h2e4-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7h2e4-0-0">
<span data-offset-key="7h2e4-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="fskif-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fskif-0-0">
<b><span data-offset-key="fskif-0-0"><span data-text="true">3) A divisão do protestantismo em várias instituições implica a falsidade do movimento.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="530md-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="530md-0-0">
<span data-offset-key="530md-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="fvhf5-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fvhf5-0-0">
<span data-offset-key="fvhf5-0-0"><span data-text="true">R.: Sustentar este ponto coloca o católico em problemas. Ora, se um movimento torna-se falso por ter se separado de um movimento original, então o próprio cristianismo é falso, pois se separou do judaísmo. E talvez até o judaísmo seja falso, pois se separou do monoteísmo primitivo, vivido por clãs isoladas. Não me parece lógico apostar nesse argumento.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="cmfmi-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cmfmi-0-0">
<span data-offset-key="cmfmi-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2vuor-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2vuor-0-0">
<b><span data-offset-key="2vuor-0-0"><span data-text="true">4) A Igreja Católica, diferentemente da Igreja Protestante, nunca se dividiu. Permanece una.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="as59r-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="as59r-0-0">
<span data-offset-key="as59r-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="24oq6-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="24oq6-0-0">
<span data-offset-key="24oq6-0-0"><span data-text="true">R.: É claro que houve divisão! A Igreja Cristã se dividiu em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, na chamada grande cisma do Oriente (1054). Fez-se duas instituições diferentes, cada qual alegando estar correta. Posteriormente, após 1517, surgiram diversas instituições protestantes do seio da ICAR. Mais divisões. Quando uma divisão é feita, obviamente, as duas partes não são mais uma coisa só. Não se pode dizer, portanto, que a ICAR não se dividiu. Ora, a divisão em si mesma não é algo ruim. Seria preferível que ela não existisse, mas quando a verdade está em jogo, a divisão é necessária. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="4hhiv-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4hhiv-0-0">
<span data-offset-key="4hhiv-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="c7fej-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c7fej-0-0">
<span data-offset-key="c7fej-0-0"><span data-text="true">O argumento católico aqui pretende, na realidade, afirmar meramente que a ICAR é a Igreja verdadeira. Não importa quantas divisões ocorram em seu seio, quantos movimentos sejam excomungados, quantos grupos sejam desligados, ela permanece sendo a Igreja verdadeira. Isso pode até ser verdade, mas a questão é que não há um argumento aqui e sim uma mera afirmação travestida de argumento. Quando alguém afirma que a ICAR nunca se dividiu, mesmo tendo havido diversas divisões no seio dela (e sendo ela própria proveniente de divisões), o que está querendo dizer é simplesmente que ela é a igreja verdadeira e, portanto, todas as que dela saíram são falsas, o que implica que a igreja verdadeira em si não foi dividida. E nunca será, já que qualquer cisão que ocorrer implicará falsidade não dela, mas da outra parte. Isso é o que o católico quer dizer.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="619n2-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="619n2-0-0">
<span data-offset-key="619n2-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="na01-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="na01-0-0">
<span data-offset-key="na01-0-0"><span data-text="true">O fato ululante é que para quem quer discutir justamente se a ICAR é ou não a Igreja verdadeira, em um debate, inicar a discussão já pressupondo que ela é verdadeira se constitui raciocínio circular. Neste caso o debate não existe e não há nada o que se discutir.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="7s71g-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7s71g-0-0">
<span data-offset-key="7s71g-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="arahd-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="arahd-0-0">
<b><span data-offset-key="arahd-0-0"><span data-text="true">5) A Igreja Católica foi a responsável por escolher os livros que iriam compor a Bíblia. Mais que isso: ela foi responsável por inspirar os livros do Novo Testamento. Logo, todos devem a Bíblia à ICAR, por consequencia ela é a Igreja verdadeira e, portanto, só ela tem aptidão para interpretar as Escrituras Sagradas. </span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2mag0-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2mag0-0-0">
<span data-offset-key="2mag0-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="5neaa-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5neaa-0-0">
<span data-offset-key="5neaa-0-0"><span data-text="true">R.: Mais uma vez, o argumento só faz sentido quando se pressupõe a cosmovisão católica. Na cosmovisão católica, a ICAR foi instituída por Jesus Cristo, tendo o anúncio sido formalizado por ele mesmo à Pedro, em Mateus 16. Iniciar o debate já com essa pressuposição é raciocínio circular, já que é justamente esse um dos pontos que precisa ser provado. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="d7pjl-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="d7pjl-0-0">
<span data-offset-key="d7pjl-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="e10r7-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e10r7-0-0">
<span data-offset-key="e10r7-0-0"><span data-text="true">A cosmovisão protestante é distinta. Ela entende que Jesus não instituiu a ICAR, mas sim a Igreja Cristã, a qual, em sua primeira fase, se guiou puramente pelas pelas doutrinas apostólicas. Na medida em que o tempo foi seguindo, a Igreja Cristã foi passando por outras fases, nas quais elementos estranhos começaram a compor à doutrina cristã. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1qsfn-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1qsfn-0-0">
<span data-offset-key="1qsfn-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="14i5n-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="14i5n-0-0">
<span data-offset-key="14i5n-0-0"><span data-text="true">O processo de romanização da Igreja cristã se inicia, segundo a cosmovisão protestante, décadas após a era apostólica e de maneira bastante gradual e sutil. Nos primórdios do cristianismo, não havia um poder central formal instituído na Igreja. Cada cidade ou região possuía sim um bispo, que era simplesmente um membro local com bons atributos cristãos e que havia recebido instrução e preparo de algum missionário. Na era apostólica, os primeiros missionários foram os próprios apóstolos. Coube a eles a tarefa inicial de plantar igrejas nas cidades, preparar um líder e partir para outras cidades, deixando a Igreja plantada se virar sozinha. Havia, evidentemente, o cuidado, por parte dos apóstolos, de orientar de longe através de cartas, e de visitar as igrejas plantadas tempos depois, a fim de observar o funcionamento delas. As igrejas, por seu turno, enxergavam os apóstolos com grande respeito, já que eles haviam estado com Jesus e, portanto, conheciam a sua doutrina. Não havia, entretanto, uma hierarquia bem definida, um líder supremo dentre os apóstolos e uma sucessão formal. E cada igreja era bastante autônoma, apenas recebendo orientações de longe vez ou outra. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="ai8nb-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ai8nb-0-0">
<span data-offset-key="ai8nb-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="5uc37-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5uc37-0-0">
<span data-offset-key="5uc37-0-0"><span data-text="true">Com a morte dos apóstolos, a Igreja passou a se formalizar um pouco mais e os bispos de cada cidade ou região ganharam maior importância. Mas, segundo a cosmovisão protestante, a Igreja ainda seguiu por um tempo descentralizada, não possuindo um bispo supremo dentre os bispos, conquanto houvesse unidade nas doutrinas. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="94llb-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="94llb-0-0">
<span data-offset-key="94llb-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="f5lgb-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="f5lgb-0-0">
<span data-offset-key="f5lgb-0-0"><span data-text="true">O bispo de Roma passaria, gradativamente, a ganhar maior relevância dentre os bispos por pertencer à capital do Império e pelo cristianismo já não contar mais com uma Igreja forte em Jerusalém (a qual foi, na fase apostólica, Igreja central do cristianismo). Considera-se, dentro dessa cosmovisão, que apenas lá pela década de 530 o processo de romanização se consolidaria, transformando efetivamente o bispo de Roma no bispo dos bispos. Esse reconhecimento, portanto, foi sendo construído ao longo de um processo que durou séculos. Então, podemos dizer, dentro dessa cosmovisão, que a ICAR só surge, no mínimo, após o ano 500. Antes disso, o que se havia era uma Igreja cristã em processo de romanização, ou ainda, uma Igreja Proto Romanizada (e, por consequencia evidenete, não mais apostólica). Ou seja, nessa cosmovisão, quem fez selecionou os livros que iriam compor a Bíblia não foi a Igreja Católica, mas sim a Igreja cristã. O máximo que se pode dizer, nesta cosmovisão, é que a Igreja cristã que o fez estava em processo de romanização. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="6ebmq-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6ebmq-0-0">
<span data-offset-key="6ebmq-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="fjsr1-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fjsr1-0-0">
<span data-offset-key="fjsr1-0-0"><span data-text="true">Exponho essa cosmovisão não para afirmar que ela seja a correta (pois não é este o intuito do post), mas apenas para alertar que não existe apenas a cosmovisão católica. Portanto, iniciar um debate pressupondo que há apenas uma cosmovisão possível causa um desequilíbrio no debate. Ora, a ideia não é provar qual das duas está correta? Então, o debate deve partir do zero, sem suposições iniciais não provadas no próprio debate.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="6cq0b-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6cq0b-0-0">
<span data-offset-key="6cq0b-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="446gt-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="446gt-0-0">
<b><span data-offset-key="446gt-0-0"><span data-text="true">6) É logicamente necessário que Deus tenha instituído uma Igreja infalível doutrinariamente. Senão o cristianismo não vigoraria.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="buq2v-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="buq2v-0-0">
<span data-offset-key="buq2v-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="a1tsl-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a1tsl-0-0">
<span data-offset-key="a1tsl-0-0"><span data-text="true">R.: Não, não é necessário. Na Antiga Aliança, o povo judeu passou algum tempo crendo na doutrina errônea de que o Messias seria um líder militarista que destruiria o Império Romano. Era o povo de Deus, mas estavam em erro doutrinário. No mesmo judaísmo, surgiram divisões. As duas principais eram a dos fariseus e a dos saduceus. Ambos possuíam erros doutrinários. E o povo absorvia esses erros. Durante o ministério de Jesus, o povo judeu, no geral, continuou sustentando doutrinas erradas, incluindo a visão distorcida da missão do Messias. Felizmente, Jesus reuniu um grupinho de judeus que aceitou as doutrinas corretas. Esses judeus pregaram a outros judeus, que também aceitaram, e depois partiram para evangelizar o restante do mundo. Isso evidencia que, no interior do povo de Deus, pode haver erros doutrinários. O povo quase inteiro pode abraçar doutrinas erradas. É possível e já aconteceu. Mas, apesar disso, os planos de Deus não foram inviabilizados.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="3b25g-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3b25g-0-0">
<span data-offset-key="3b25g-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="cumhu-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cumhu-0-0">
<span data-offset-key="cumhu-0-0"><span data-text="true">Podemos voltar um pouco mais no tempo e pensar no monoteísmo primitivo, seguido pelas primeiras clãs do mundo. Formavam o povo de Deus. Mas aos poucos elas foram agregando ideias erradas também. Foi, aliás, este motivo que levou Deus a usar Abraão, membro de uma dessas clãs monoteístas, para formar um povo específico para Ele; um povo que pudesse manter as suas verdades ao longo do tempo e dar ao mundo o Messias. Este novo povo, como vimos, não se tornou infalível à nível doutrinário. E à nível moral foi um povo bastante problemático. Entretanto, Deus cumpriu seus planos através dele, não foi? O judaísmo vigorou até a vinda do Messias, não é? Do judaísmo saíram os primeiros cristão, correto? A primeira Igreja era majoritariamente formada por judeus, não é mesmo? Pois é. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="aj1uh-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="aj1uh-0-0">
<span data-offset-key="aj1uh-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="82mv-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="82mv-0-0">
<span data-offset-key="82mv-0-0"><span data-text="true">A ideia de que uma instituição falível à nível de doutrina não pode servir aos planos de Deus não parece corresponder à realidade histórica e bíblica. Na comovisão protestante, Deus permanece sendo o guia supremo da história. Não importa o quanto o homem seja falível moral e doutrinariamente, o quanto o seu povo se engane com mentiras, o quanto a humanidade crie problemas, Ele sempre irá levantar homens para resgatar suas verdades e até mesmo agir por meio de quem não tem as ideias totalmente certas. Isso não é, de forma alguma, um incentivo ao erro. É apenas uma constatação: Deus age até em instituições erradas usando homens errados. Homens como Arão, Sansão, Davi e Jonas, embora falhos e com ideias tortas, foram muitas vezes usados pelo Espírito Santo para que Deus cumprisse seus objetivos. Até mesmo o problemático Saul (que no fim da vida se perdeu), quando intentava matar a Davi, foi tomado pela influência do Espírito de Deus, desistindo do mau intento e passando a profetizar (I Samuel 19:18-24). Isso mostra que o Espírito de Deus age em quem Ele quiser e alcança seus planos do modo como quiser. Quem somos nós para limitar a Deus?</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="dksuq-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="dksuq-0-0">
<span data-offset-key="dksuq-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="7omj6-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7omj6-0-0">
<b><span data-offset-key="7omj6-0-0"><span data-text="true">7) A Igreja Católica é verdadeira porque deu ao mundo um enorme legado de boas obras e avanços nas mais diversas áreas do conhecimento, sendo este legado muito superior ao deixado pelos protestantes.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="8gp39-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8gp39-0-0">
<span data-offset-key="8gp39-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="ats8n-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ats8n-0-0">
<span data-offset-key="ats8n-0-0"><span data-text="true">R.: Acho esse argumento bastante bobo. Não porque eu discorde do tamanho do legado positivo que a ICAR deu ao mundo (embora eu também creia que ela cometeu muitas falhas, sobretudo no quesito doutrinário). Mas eu acho um argumento bobo porque este legado positivo não é, definitivamente, um argumento para provar que a ICAR é a Igreja verdadeira. A cosmovisão protestante, por exemplo, não crê que tudo o que sai da Igreja Romanizada seja ruim. Ao contrário, uma vez que ela faz parte da Igreja Cristã, ela sempre possuiu membros cristãos verdadeiros e fervorosos que foram utilizados por Deus para a sua obra. Então, dentro da cosmovisão protestante, a ICAR fez muitas coisas boas para a sociedade não porque é uma instituição romanizada, mas sim porque, apesar dos seus erros doutrinários, é uma instituição que faz parte da Igreja Cristã e que possui membros cristãos verdadeiros e fervorosos.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="14ue2-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="14ue2-0-0">
<span data-offset-key="14ue2-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="bu01v-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bu01v-0-0">
<span data-offset-key="bu01v-0-0"><span data-text="true">Nenhum protestante honesto e minimamente estudioso negará o peso positivo que a ICAR teve em muitos aspectos da nossa sociedade ao longo dos séculos. E é óbvio que o legado dela tende a ser maior que o protestante, já que sua instituição é mais antiga. Mas antiguidade não comprova originalidade, tampouco pureza doutrinária. Por isso o argumento é inválido. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2b9mt-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2b9mt-0-0">
<span data-offset-key="2b9mt-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="kc6k-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="kc6k-0-0">
<span data-offset-key="kc6k-0-0"><span data-text="true">Só para lembrar: para a cosmovisão protestante, Jesus não instituiu a Igreja Católica Romana, ou a Igreja Católica Ortodoxa, ou alguma das Igrejas Protestantes. Ele instituiu a instituiu a Igreja Cristã, lá no primeiro século (e que era, aliás, formada majoritariamente por judeus e cujo centro foi por muito tempo em Jerusalém). A Igreja Cristã deixou sua fase apostólica e começou a se romanizar. Esse processo se consolidou lá para os anos 530, quando toda a cristandade reconheceu o bispo de Roma como bispo dos bispos. Ou seja, a Igreja Cristã não surgiu romanizada, mas tornou-se romanizada - pelo menos, majoritariamente, já que sempre existiram grupos cristãos fora da ICAR (muitos dos quais eram heréticos, mas não todos).</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="b1im0-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b1im0-0-0">
<span data-offset-key="b1im0-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="ca348-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ca348-0-0">
<b><span data-offset-key="ca348-0-0"><span data-text="true">8) Os protestantes acreditam na livre interpretação da Bíblia, o que é uma prova de relativismo da verdade. A Igreja Católica acredita em uma só interpretação da Bíblia, portanto, é a Igreja verdadeira.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="a7p7-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a7p7-0-0">
<span data-offset-key="a7p7-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="fkduq-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fkduq-0-0">
<span data-offset-key="fkduq-0-0"><span data-text="true">R.: Errado. Os protestantes acreditam no livre exame da Bíblia. Isso significa que, para a cosmovisão protestante, todo cristão tem o direito de estudar a sua Bíblia e procurar base escriturística para as doutrinas da Igreja. O livre exame não deve ser confundido com a livre interpretação. O cristão não é livre intelectual e moralmente para interpretar a Bíblia como bem lhe aprouver. A correta interpretação bíblica requer domínio de regras interpretativas lógicas, bom conhecimento histórico, bom conhecimento da própria Bíblia, hábito de leitura, honestidade intelectual, humildade de espírito e um bom relacionamento com Deus. Sobre as regras lógicas de interpretação, podemos citar as mais conhecidas: avaliação do contexto histórico, do contexto da passagem, do estilo do livro estudado, da finalidade do livro, do autor, dos destinatários, da cultura e do idioma em questão e da relação do texto com outros textos da Bíblia.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2alqe-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2alqe-0-0">
<span data-offset-key="2alqe-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1gkan-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1gkan-0-0">
<span data-offset-key="1gkan-0-0"><span data-text="true">É evidente que muitos cristãos, ao terem livre acesso à Bíblia, procurarão interpretá-la sem um ou mais desses requisitos básicos. É daí que surgem as heresias. Mas veja que isso é um pecado exclusivo da pessoa que resolve assim proceder e não da cosmovisão protestante. Nenhum protestante honesto e minimamente inteligente defende que as pessoas interpretem à Bíblia de qualquer maneira, sem os requisitos básicos. Na verdade, o bom protestante deseja que todos os cristãos aprendam os requisitos básicos para se interpretar corretamente e, uma vez dispondo dessas ferramentas fundamentais, sejam livres para avaliar a Bíblia. Longe de ser um erro, tal postura é honesta, pois dá a cada um a oportunidade de zelar pelo bom cumprimento da Palavra de Deus, averiguando se ela está sendo seguida por sua comunidade. Isso não exclui, evidentemente, que cada um peça ajuda à pessoas que tem maior capacidade intelectual e espiritual para fazer avaliações. Ter humildade de espírito também se trata disso.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="4ub8e-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4ub8e-0-0">
<span data-offset-key="4ub8e-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1phrr-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1phrr-0-0">
<span data-offset-key="1phrr-0-0"><span data-text="true">Os católicos geralmente batem na tecla de que o problema dessa liberdade de exame é justamente o perigo de insensatos deturparem a Bíblia. Mas esse risco é o preço da liberdade. E sempre foi. A liberdade sempre implica riscos. Quando Deus fez o Jardim do Éden para Adão e Eva, deixou no centro do jardim uma árvore cujo fruto não deveria ser comido. Mas, uma vez que ela estava ali, havia a liberdade de Adão e Eva comerem. Deus poderia não ter dado a eles essa liberdade, impedindo que aquela árvore estivesse no jardim (ou cercando-a com grades intransponíveis). Mas não foi assim que Deus agiu. Ele preferiu deixar que a escolha ao alcance das mãos do homem. O risco era a queda da humanidade no pecado. Pois foi exatamente o que ocorreu (e Deus já sabia desde sempre).</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="210aq-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="210aq-0-0">
<span data-offset-key="210aq-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="b44ro-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b44ro-0-0">
<span data-offset-key="b44ro-0-0"><span data-text="true">Após o pecado a questão não muda. Ecoam na minha cabeça as palavras do próprio Deus a Caim: "Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo" (Gênesis 4:7). Ou ainda as palavras de Deus ao povo hebreu, no deserto: "Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência"</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="fjoq3-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fjoq3-0-0">
<span data-offset-key="fjoq3-0-0"><span data-text="true">(Deuteronômio 30:19).</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="fbk51-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fbk51-0-0">
<span data-offset-key="fbk51-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="3e4kh-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3e4kh-0-0">
<span data-offset-key="3e4kh-0-0"><span data-text="true">Lembro ainda que o autor inspirado Lucas afirma sobre os cristãos bereanos: "Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, porquanto, receberam a mensagem com vívido interesse, e dedicaram-se ao estudo diário das Escrituras, com o propósito de avaliar se tudo correspondia à verdade" (Atos 17:11). Parece-me que a Bíblia dá muita ênfase à avaliação para descobrir se algo é verdadeiro. Em Provérbios Salomão já dizia: "O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos" (Provérbios 14:15). Eu poderia citar várias outras passagens do gênero. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1ocm1-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1ocm1-0-0">
<span data-offset-key="1ocm1-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="ej7h3-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ej7h3-0-0">
<span data-offset-key="ej7h3-0-0"><span data-text="true">A suma é: não parece haver qualquer condenação bíblica ou lógica ao livre exame das Escrituras. E o fato de existirem pessoas que irão distorcer a Palavra de Deus é apenas uma consequencia da liberdade. Devemos aprender a lidar com isso e, através do estudo sério e da oração fervorosa, nos manter longe dos erros e abertos à verdade. Como Pedro já orientava no primeiro século: "[...] tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (I Pedro 15:18).</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="5uppf-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5uppf-0-0">
<span data-offset-key="5uppf-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1jo0l-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1jo0l-0-0">
<b><span data-offset-key="1jo0l-0-0"><span data-text="true">9) Uma Igreja falível (como sustentam os protestantes) não poderia produzir uma Bíblia infalível.</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1k4rc-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1k4rc-0-0">
<span data-offset-key="1k4rc-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="19f0t-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="19f0t-0-0">
<span data-offset-key="19f0t-0-0"><span data-text="true">R.: Não vejo razão para concordar com isso. Lanço mão de uma analogia para explicar. Eu fiz cerca de 230 provas nos meus três anos de ensino médio. Embora eu tenha sido um bom aluno, é óbvio que não tirei 10 em todas essas provas (tampouco na maioria). Mas eu gabaritei algumas sim. Acredito que umas 40 ou mais. Nessas provas, portanto, eu fui perfeito, acertei tudo. Produzi uma prova sem falhas. No entanto, isso não muda o fato de que eu sou falível, imperfeito e que na maioria das provas eu não acertei todas as questões. É possível concluir daí que o ser humano, mesmo sendo falível e falho, pode produzir alguns resultados isentos de erros em determinadas ocasiões. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="8b4gr-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8b4gr-0-0">
<span data-offset-key="8b4gr-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="drbpv-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="drbpv-0-0">
<span data-offset-key="drbpv-0-0"><span data-text="true">Da mesma maneira, todo cristão é passível de erros morais, administrativos e doutrinários, tanto na condução da sua vida individual, como na condução da Igreja de Cristo. Ser passível de erros não significa viver errando, ou jamais conseguir um resultado perfeito em determinada ocasião. Significa apenas que é possível cair e que, com muita probabilidade, isso vai acontecer em um ou mais momentos. O que define a intensidade dos erros e o tempo para consertá-los é uma palavrinha chamada "humildade". Quando o cristão é humilde e reconhece ser passível de erros, tenderá a cometer erros menores e a consertá-los com mais rapidez. Uma instituição, no entanto, que não reconheça essa possibilidade de desvio, poderá cair em um e nunca sair. O erro se consolida como verdade, torna-se tradição sagrada e vira um dos pilares inamovíveis da Igreja. É um perigo real.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2el5d-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2el5d-0-0">
<span data-offset-key="2el5d-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9hhrm-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9hhrm-0-0">
<span data-offset-key="9hhrm-0-0"><span data-text="true">Mas voltando à questão principal: se cristãos falíveis podem produzir resultados perfeitos em algumas ocasiões da vida, seja no âmbito moral, administrativo ou doutrinário, então é perfeitamente aceitável que alguns bons cristãos tenham recebido inspiração de Deus para compor as Escrituras, de modo que, ao fazê-lo, foram perfeitos doutrinariamente. Isso não muda o fato de que tais cristãos eram falíveis. Mas em determinadas ocasiões escreveram coisas perfeitas que os demais cristãos, majoritariamente, perceberam ser inspiradas. Não há qualquer contradição lógica nesta cosmovisão. Em tempo: o povo israelita era falível e compôs o Antigo Testamento. É sempre bom lembrar disso. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1ffpl-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1ffpl-0-0">
<span data-offset-key="1ffpl-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="7lhsn-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7lhsn-0-0">
<b><span data-offset-key="7lhsn-0-0"><span data-text="true">10) Mas se a ICAR não é a Igreja instituída por Deus, qual é? Como encontrá-la num mar de igrejas rivais?</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="au1m9-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="au1m9-0-0">
<span data-offset-key="au1m9-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="uk8n-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="uk8n-0-0">
<span data-offset-key="uk8n-0-0"><span data-text="true">R.: Primeiramente, é preciso entender qual a concepção de Igreja para a cosmovisão protestante. Igreja não é uma instituição formal, com CNPJ, Razão Social, templos e hierarquia. Não que essas coisas sejam erradas ou não tenham relevância. Mas elas, na verdade, são acessórios. Igreja é, antes de qualquer coisa, o conjunto de todos aqueles que creem verdadeiramente em Jesus como Senhor e Salvador do mundo, bem como na Bíblia (Antigo e Novo Testamento). Em suma, Igreja é o nome que se dá ao coletivo de todos os cristãos espalhados na face da Terra, independentemente se todos mantém contato ou não. Se três cristãos, por exemplo, forem parar cada qual em uma ilha deserta diferente, eles continuam sendo parte da Igreja de Cristo. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="4lqhs-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4lqhs-0-0">
<span data-offset-key="4lqhs-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="cf00j-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cf00j-0-0">
<span data-offset-key="cf00j-0-0"><span data-text="true">Entendido isso, fica claro que a Igreja de Cristo transcende os inúmeros grupos e facções que existem no cristianismo. Os cristãos verdadeiros de cada facção (Católica Romana, Católica Ortodoxa, Luterana e etc.) fazem parte da mesma e única Igreja: a Igreja de Cristo. Isso não implica, evidentemente, que todas as faccções contém o corpo correto de doutrinas. Já falamos sobre isso. E aqui está o desafio: como encontrar a congregação cristã que possui as doutrinas bíblicas corretas? Só há um caminho: estudar a Bíblia com afinco e fervorosa oração. A congregação correta há de se pautar inteiramente na Bíblia ou, no mínimo, demonstrar tal disposição. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="e658m-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e658m-0-0">
<span data-offset-key="e658m-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="8n3ht-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8n3ht-0-0">
<span data-offset-key="8n3ht-0-0"><span data-text="true">Eu, como Adventista do Sétimo Dia, acredito que esta é a congregação na qual (e com a qual) Deus tem terminado de resgatar suas santas doutrinas bíblicas. Na cosmovisão adventista, Deus não deixa de agir durante toda a história, procurando fazer a Igreja Cristã como um todo retornar à pureza doutrinária da Era Apostólica. Neste sentido, o movimento protestante foi muito importante, embora não tenha completado a reforma. Esta reforma continuaria nos séculos seguintes, através de outros movimentos e grupos, todos falhos e falíveis, mas em busca da verdade. Para nós, a Igreja Adventista, vem para dar a contribuição final à Igreja Cristã, espalhando verdades não reformadas como a guarda do sábado, a mortalidade da alma, a mentira do inferno como lugar de tormento eterno, a importância da mensagem de saúde e etc. Mas isso é assunto para outra postagem. Em suma, cada igreja acredita deter o correto corpo de doutrinas. Apenas o estudo sério, honesto e unido à oração fervorosa pode provar este tipo de afirmação. E isso é a obrigação moral e espiritual de todo o cristão.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="3fv59-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3fv59-0-0">
<span data-offset-key="3fv59-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="ct4rl-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ct4rl-0-0">
<span data-offset-key="ct4rl-0-0"><span data-text="true">No final de tudo, entretanto, todas essas facções e grupos desaparecerão; tornar-se-ão fúteis. Os cristãos verdadeiros, espalhados por todas as igrejas, sairão de suas instituições formais corrompidas, aceitando o verdadeiro evangelho e recusando-se a seguir outra coisa que não a Palavra de Deus. Então, todos estes estarão juntos e juntos sofrerão a perseguição daqueles que preferirão a falsa religião e seu prazeres. Neste período da história, ficará claro que a Igreja de Cristo transcende paredes e que o verdadeiro cristão é aquele que "guarda os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Ap. 12:17 e 14:12).</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="59cqq-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="59cqq-0-0">
<span data-offset-key="59cqq-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="36lns-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="36lns-0-0">
<b><span data-offset-key="36lns-0-0"><span data-text="true">Considerações Finais</span></span></b></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="8416f-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8416f-0-0">
<span data-offset-key="8416f-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="28m38-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="28m38-0-0">
<span data-offset-key="28m38-0-0"><span data-text="true">Como já dito, o intuito desse post não foi provar que a ICAR não é a Igreja verdadeira, mas apenas fazer uma crítica de alguns argumentos frágeis que são comumente usados por católicos em debates contra protestantes. Nos debates que já travei, invariavelmente a argumentação católica se resumiu à seguinte linha de raciocínio:</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="b1544-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b1544-0-0">
<span data-offset-key="b1544-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="f5oal-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="f5oal-0-0">
<span data-offset-key="f5oal-0-0"><span data-text="true">(1) A ICAR é a única que sabe interpretar as Escrituras Sagradas;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="at5nh-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="at5nh-0-0">
<span data-offset-key="at5nh-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2enhe-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2enhe-0-0">
<span data-offset-key="2enhe-0-0"><span data-text="true">(2) Logo, a interpretação da ICAR sobre a instituição dela mesma por Jesus em Mateus 16 está correta;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="cd3u7-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cd3u7-0-0">
<span data-offset-key="cd3u7-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2a6t7-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2a6t7-0-0">
<span data-offset-key="2a6t7-0-0"><span data-text="true">(3) Logo, a ICAR existia antes do Novo Testamento ser escrito;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="bssoc-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bssoc-0-0">
<span data-offset-key="bssoc-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2ev2e-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2ev2e-0-0">
<span data-offset-key="2ev2e-0-0"><span data-text="true">(4) Logo, a tradição da ICAR gerou o Novo Testamento;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="6akf6-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6akf6-0-0">
<span data-offset-key="6akf6-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="k7k3-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="k7k3-0-0">
<span data-offset-key="k7k3-0-0"><span data-text="true">(5) Logo, a tradição da ICAR é tão importante quanto a Bíblia e não a contradiz;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="7p18h-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7p18h-0-0">
<span data-offset-key="7p18h-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="914hb-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="914hb-0-0">
<span data-offset-key="914hb-0-0"><span data-text="true">(6) Logo, a tradição da ICAR pode ser usada, juntamente com a Bíblia para provar que a ICAR é verdadeira. </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="8dcf8-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8dcf8-0-0">
<span data-offset-key="8dcf8-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9dmbs-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9dmbs-0-0">
<span data-offset-key="9dmbs-0-0"><span data-text="true">Percebe o raciocínio circular? Pois é, a argumentação dos católicos com os quais já debati sempre se baseou nesse tipo de raciocínio. Que fique claro que isso não é uma generalização. Não estou dizendo que todos os católicos argumentam assim. Refiro-me apenas aos que já debati (e alguns que já vi debatendo por aí). E enfatizo que não eram católicos ignorantes em teologia, apologética e história da própria instituição deles. Mas cometiam esses erros. Ora, assim como argumentos católicos ruins me incomodam bastante, argumentos protestantes ruins também me deixam irritado. Quando vejo um protestante acusando os católicos de crerem que o Papa não peca, fico para morrer. Não é isso que diz o dogma da infalibilidade papal. É preciso conhecer o que se critica. A minha intenção, portanto, é sempre tornar o debate mais rico.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2k3t8-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2k3t8-0-0">
<span data-offset-key="2k3t8-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
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<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9d36b-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9d36b-0-0">
<span data-offset-key="9d36b-0-0"><span data-text="true">Como um debate entre católicos e protestantes deveria ser? Quero terminar o post falando sobre isso. A questão principal a ser discutida é: a ICAR foi realmente instituída por Jesus? Para responder a essa questão é preciso: </span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="2ds31-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2ds31-0-0">
<span data-offset-key="2ds31-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
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<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="1902q-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1902q-0-0">
<span data-offset-key="1902q-0-0"><span data-text="true">(1) fazer uma análise do texto de Mateus 16 (a principal passagem bíblica usada por católicos para sustentar sua cosmovisão), avaliando e confrontando todas as suas interpretações possíveis;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9pfjf-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9pfjf-0-0">
<span data-offset-key="9pfjf-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9c7em-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9c7em-0-0">
<span data-offset-key="9c7em-0-0"><span data-text="true">(2) fazer uma análise histórica profunda para saber se há textos do primeiro século que comprovem a posição soberana do bispo de Roma e a sucessão papal a partir de Pedro;</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="b4jeb-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b4jeb-0-0">
<span data-offset-key="b4jeb-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="emtm5-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="emtm5-0-0">
<span data-offset-key="emtm5-0-0"><span data-text="true">(3) avaliar, perante uma análise interpretativa séria, lógica e acurada da Bíblia, se as doutrinas e a tradição católicas estão de acordo com as Escrituras Sagradas.</span></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="9ne5i-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9ne5i-0-0">
<span data-offset-key="9ne5i-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="1c5ra" data-offset-key="8a2pn-0-0">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8a2pn-0-0">
<span data-offset-key="8a2pn-0-0"><span data-text="true">Esses são os três pontos básicos. O que se espera é que, tendo a ICAR sido fundada por Jesus Cristo, essas três análises podem ser feitas e suas respostas demonstrarão, inquestionavelmente, a veracidade da teologia e cosmovisão católicas. Do contrário, segue-se que a cosmovisão protestante está correta. Os debates que se pautarem nesses três pontos serão, sem dúvida, muito construtivos e enriquecedores. Deixo aqui o meu pedido, à protestantes e católicos, que invistam nesse nível alto de discussão.</span></span></div>
</div>
</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-33708377618211590162016-08-23T07:30:00.001-07:002016-08-23T07:30:29.763-07:00Quando eu aconselho ler mais sobre um assunto<div style="text-align: justify;">
Às vezes, em discussões pela internet, eu pergunto ao oponente se ele já leu determinados livros sobre o assunto (os quais eu já li). O intuito não é exaltar a "minha erudição". Até porque, se eu realmente fizesse questão de ser um intelectual (no sentido estrito do termo), eu precisaria ler muito mais, o que exigiria disposição e dedicação que hoje não tenho. O intuito dessas minhas perguntas é realmente mostrar à pessoa (ou ao público que vê o debate) que o tema em questão está sendo tratado de maneira superficial; que há uma montanha de informações importantes em livros básicos que o oponente não está levando em consideração.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É óbvio que poucas pessoas (raríssimas mesmo) tem tempo e/ou disposição para ler os principais livros dos principais temas que existem. E eu seria hipócrita se pretendesse me passar por uma espécie de leitor universal, conhecedor supremo da essência de quase todos os assuntos. Estou longe disso. Grande parte do nosso conhecimento se baseia em resumos, apanhados rápidos, leituras breves, passadas de olho, aparências, comentários das obras e coleções de "ouvi dizer", "vi por aí", "dizem". E eu não sou a exceção dessa tendência. Estou ciente disso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, estou convencido de que é possível aumentar a qualidade de nossos conhecimentos em diversas áreas, mesmo sem se tornar expert no assunto. Se, por um lado, é preciso conhecer bem algo para poder analisar, por outro lado conhecer bem nem sempre requer a leitura de 20, 30 obras distintas sobre o tema. Dito à grosso modo, não é necessário comer fezes para saber que é fezes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando pergunto a um oponente se ele já leu determinados livros, a ideia não é cobrar dele uma erudição impossível de ser alcançada. É apenas indicá-lo algumas obras básicas sobre o tema. Nem sempre é necessário. Às vezes alguns poucos resumos sobre um tema são suficientes para que se apreenda a essência. Mas, outras vezes, a leitura de uma ou duas obras mais detalhadas são imprescindíveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em geral, quanto mais polêmico o assunto discutido, mais necessário se faz ler ao menos duas obras boas. E quando falo de leitura, nem estou falando de uma leitura completa. Aprendi com C. S. Lewis que não há nada de errado em não ler uma obra toda. Pode-se ler a maior parte, focando nos pontos essenciais e deixando pontos secundários de fora. Quem já fez TCC (Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia) sabe o que é isso. Esse método pode falhar? Pode. Mas uma das funções do debate é essa: descobrir que talvez seu conhecimento deva ser aprimorado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É por isso que indico leituras. E geralmente, as leituras que indico são curtas e de fácil linguagem. Quando não são, eu aviso. Penso que todo o debatedor deveria levar essas indicações mais à sério. Muitos fazem para tentar humilhar, para tentar ganhar o debate na aparência. Não é o meu caso. Mas ainda que fosse, por que não procurar as leituras sugeridas? Se em um debate eu menciono informações importantes que você desconhece, é bastante provável que essas leituras realmente sejam relevantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que me deixa chateado é a postura orgulhosa de muitos que desejam debater sem terem conhecimentos básicos sobre a questão. Eu entendo que às vezes podemos achar que conhecemos bem um tema e, repentinamente, percebermos que não, não conhecemos. Já ocorreu bastante comigo. E, inclusive, algumas das opiniões que mudei ao longo da vida se devem ao fato de eu ter me debruçado melhor sobre a questão e descoberto riquezas que eu desconhecia. Mas é triste quando, mesmo vendo exposta sua ignorância, um oponente permanece agarrado aos seus preconceitos e forte orgulho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nenhum de nós está livre de cometer esse erro ao longo dos debates da vida. No entanto, a construção da honestidade e humildade intelectual está em reconhecer esses erros (o mais rápido possível de preferência) e não fazer deles um hábito. Um bom antídoto para isso é sempre entrar num debate de maneira serena, educada, aberta e disposta a saber mais sobre o que o outro pensa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nós sempre entramos em um debate achando que estamos certos. E isso não é ruim. Mas devemos considerar a hipótese de estarmos errados ou de estarmos certos, mas não termos mecanismos suficientes para provar nosso acerto e refutar o erro do oponente. A humildade e a disposição de aprender mais com o outro serão essenciais para mudar esse quadro, nos fazendo estudar mais. É o que tenho tentado fazer. Não com a aplicação que eu deveria ter, mas vida que seque. O importante é tentar melhorar sempre.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-32160473907539371372016-08-19T07:38:00.000-07:002016-08-19T07:38:09.418-07:00Pobre de direita<div style="text-align: justify;">
"Pobre não pode ser de direita". Meu filho, uma das razões para eu ser de direita é justamente o fato de eu ser pobre. Por eu ser pobre eu não quero um governo que dificulte a vida de pequenas e médias empresas com excesso de impostos e burocracia, pois isso reduz o número de empregos e torna os preços dos produtos mais alto. Quem sofre mais com isso? O pobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo com a mentalidade criminosa de imprimir dinheiro às pampas para pagar dívida pública e derrubar taxas de juros, pois isso gera inflação de preços à médio e longo prazo. Quem sofre mais com a inflação? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo mantendo um monte de empresas estatais ineficientes, que comem dinheiro dos meus impostos e que também servem aos interesses de corruptos e totalitários que as aparelham. Quem mais sofre por ter que pagar pelos rombos dessas empresas? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo que veja vagabundo criminoso como vítima da sociedade, pois a maioria dos pobres é honesta e não se torna criminosa por conta de condição social. Por outro lado, a classe mais criminosa que existe (a classe política) é também a mais rica. Enquanto criminoso é tratado como vítima, as reais vítimas (cidadãos inocentes) permanecem à mercê dos criminosos. E qual o tipo de cidadão inocente que está mais à mercê da violência dos criminosos? O pobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo que crie incentivos para que os alunos de escolas públicas (pagas com o meu dinheiro de impostos) não tenham limites, fazendo da sala de aula um inferno e dificultando assim a vida dos bons alunos que desejam aprender e dos bons professores que desejam ensinar. Quem mais sofre com essa falta de limites permitida e estimulada pelo governo nas escolas públicas? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo que use as escolas públicas também como centros de doutrinação sexual e marxista, a fim de que professores desonestos destruam a inteligência e a moralidade daquela parcela pequena de alunos esforçados que ainda resta nesse inferno que se tornou a escola pública. Quem mais sofre com essa doutrinação nas escolas públicas? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo que utilize bolsas importantes para pessoas carentes sem critérios sólidos, de forma populista, como moeda de troca para votos. Isso é chantagem. E quem mais sofre com essa chantagem? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre eu não quero um governo que supervalorize os concursos públicos, enquanto menospreza a atividade empreendedora. Ao fazer isso, o governo fomenta a cultura exdrúxula de desejar trabalhar pouco (e sem riscos) ganhando muito através dos impostos de quem trabalha muito e ganha pouco. Esse tipo de cultura perpetua uma desigualdade social criada pelo próprio Estado, desestimula o empreendedorismo, lota o setor público (o que significa mais impostos para sustentar a máquina estatal) e, ademais, uma vez que quem passa em concurso geralmente é quem tem mais grana, quem é que mais sofre com isso adivinha quem é? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, eu não quero um governo que faça de tudo para me proibir de ter uma arma de fogo. Cabe ao Estado a segurança pública. Mas cabe ao cidadão a segurança individual. Ao me privar do direito de autoproteção (ou me criar grandes dificuldades para obtê-lo), o governo me faz refém do Estado, bem como de corruptos, déspotas e vagabundos. Uma vez que o pobre não tem condições de contratar seguranças individuais para o proteger, quem mais sofre com um governo que ataca o seu direito de autoproteção? O pobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, eu não quero um governo ache errado o sistema de vouchers escolares e o homeschooling. O cidadão não é um capacho do governo e sua liberdade deve ser respeitada. O voucher escolar nada mais é do que uma bolsa dada pelo governo para cidadaõs carentes em um colégio privado de sua escolha. Substituir parte das escoals públicas pelo sistema de vouchers é uma forma de esvaziar as salas de escolas públicas (que são muito cheias), reduzir o desvio de verba (já que o financiamento passa a ser individual) e dar ao cidadão o poder de escolha. Já o homeschooling é o ensino em casa, a educação provida pelos pais aos seus filhos, no caso de não desejarem que ele frequente uma escola formal. Uma vez que a família é quem educa, em primeiro lugar, ela deve ter primazia sobre essa escolha. Quando o governo proíbe essas duas modalidades, retira da família o poder de escolher uma educação que julgue melhor para seus filhos. Quem mais sofre com isso? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero que o governo me obrigue a "contribuir" com o INSS, pois o sistema previdenciário público é uma pirâmide, vive cheio de rombos (pois o governo usa dinheiro de aposentadoria para cobrir suas despesas) e eu acharia mais seguro aplicar em algum investimento bancário ou numa previdência privada. Quem mais sofre com essa obrigação trabalhista? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero que o governo proíba que novos serviços melhores e mais baratos surjam em diversas áreas. O Estado não deve proibir o UBER, não deve taxar a NETFlIX, não deve meter a mão no Whatsapp. Aliás, o Estado não deve impedir que novas empresas entrem e concorram entre si na telefonia (como faz hoje através da Anatel), na TV fechada, na internet, nos transportes, nos serviços postais ou seja lá o que for. Quando o governo fecha esses mercados, criam-se monopólios e o povo fica na mão de algumas poucas grandes empresas. Quem mais sofre com isso? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero um governo que ataque os valores familiares. Quando o governo faz isso, desestrutura as famílias, estimula a geração de filhos rebeldes e acaba por fragilizar uma das colunas da sociedade. Quem mais sofre com a desestruturação das famílias? Ora, quem tem menos dinheiro claro. O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero um governo que enxergue a ordem, o respeito à autoridade, o civismo e a hierarquia como formas de opressão. Não quero um governo, alías, que menospreze as forças militares, ignorando suas virtudes, retirando sua moral e sucateando-as. Quando o governo faz isso, fragiliza as relações entre os cidadãos entre si e dos indivíduos para com as leis. Quem mais sofre com isso? Ora, quem já sofre com a falta de condições. O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero um governo para o qual seja bom que existam pobres. O governo não deve ser um defensor dos pobres, mas sim um defensor da criação de condições, a fim de que a sociedade prospere. Quem mais sofre com governos que desejam a existência de pobres? O pobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero um governo que exalte regimes totalitários que cometeram os maiores genocídios do mundo. Nesses regimes, o pobre sempre foi tratado como número. Passou fome, sofreu perseguição do governo, violação dos direitos humanos e virou adubo. Quem mais sofre com um governo que apoia essa mentalidade? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por ser pobre, eu não quero um governo que utiliza bancos públicos para financiar projetos de grandes empresários e obras em países totalitários e ditatoriais. Afinal, trata-se do meu dinheiro de impostos. Não é justo que eu, pobre, trabalhe tanto para sustentar o populismo de ditadores e os projetos de empresas bilionárias. Quem mais sofre com esse por ser obrigado a financiar esta imoralidade? O pobre.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, não quero um governo que usa meu dinheiro para financiar artistas, projetos artísiticos e clubes de desportos. Se o dinheiro é meu, devo financiar os artistas, projetos e clubes que eu admiro e desejo financiar, e não os que o governo crê que eu devo ajudar. É um absurdo trabalhar tanto, tendo tantas contas para pagar, e ser obrigado a pagar pelos salários e projetos de quem não presta nenhum serviço para você. Quem mais sofre com esse dinheiro tirado à força? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, não quero um governo que usa meu dinheiro para financiar mais de trinta partidos políticos. Partidos políticos devem ser sustentados por doações espontâneas. Não é justo que meu dinheiro suado seja perdido para sustentar partidos que sequer me representam. Quem mais sofre mais uma vez com esse dinheiro tirado à força? O pobre.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, não quero um governo que gaste bilhões anualmente com para sustentar seus próprios cargos. Grande parte do dinheiro suado do povo vai para inúmeros gabinetes de políticos, secretarias, ministérios, além de salários e benefícios vergonhosos de toda essa gente. A classe política traz um peso enorme para o bolso do pagador de impostos. E quem mais sofre com isso? O pobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Por eu ser pobre, não quero um governo que gaste bilhões anualmente com presidiários vagabundos. Não é justo sustentar pessoas que mataram, roubaram, estupraram, sequestraram. Preso precisa trabalhar para sustentar sua estadia na prisão, para produzir riqueza para a sociedade e, claro, para aprender a ganhar as coisas através do trabalho honesto. O trabalho dignifica o homem; a vagabundagem não. Quando o governo sustenta vagabundo na prisão gera custos altos para a sociedade e nada faz para torná-lo uma pessoa melhor. E quem mais sofre com esses custos altos e essa verdadeira fábrica de vagabundos? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, eu não quero um governo que se utilize de argumentos econômicos para legalizar o aborto. Aborto é assassinato de inocentes. Usar argumentos econômicos para assassinar crianças é uma forma de banalizar a vida, a maternidade, a paternidade, a família, além de dinamitar a moral e usar mais uma veaz a pobreza para justificar atrocidades. Quem mais sofre com esse oportunismo e banalização da vida? O pobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, eu não quero um governo que nos divida em classes e subclasses, criando ódio mútuo e nos impedindo de lutar contra o verdadeiro inimigo, contra a verdadeira elite, que é a classe burocrata. É a classe burocrata que nos tem mantido na pobreza, na miséria, na humilhação, tolhendo nossa liberdade e sugando nosso dinheiro para se manter no poder e sustentar seus luxos. O inimigo nunca foi o patrão ou o empregado, o homem ou a mulher, o hetero ou gay, o negro ou o branco. O inimigo é o Estado inchado, é a classe política poderosa, são os beneficiados da burocracia. Quem mais sofre com essas divisões e ódio mútuo que o governo estimula para nos cegar? O pobre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por eu ser pobre, eu não quero um governo que deseja centralizar tudo (direta ou indiretamente). A sociedade deve ter autonomia para resolver seus problemas em suas cidades, bairros, vizinhanças. As escolas devem ser mais independentes, as universidades, as empresas, os hospitais, as famílias, os comerciantes, os indivíduos. Não precisamos do Estado para observar cada passo que damos. Quem mais sofre com todo esse controle ferrenho é o pobre. O rico também é roubado (e muito) pelo governo. Mas ele ainda pode chorar confortável dentro de seu carro de luxo. O pobre chora no ônibus ou trem lotado, todos os dias, sob a escravidão de um Estado inchado mantido e alimentado pela esquerda. Para mim, ser pobre e de esquerda é que é o absurdo. Eu desejo liberdade.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-20606901600647049992016-08-15T18:20:00.000-07:002016-08-15T18:20:38.118-07:00Pré-candidato à prefeitura do Rio pleiteia na Justiça concorrer sem partido<div style="text-align: justify;">
O advogado e professor universitário Rodrigo Mezzomo, pré-candidato à prefeito da cidade do Rio de Janeiro, entregou hoje (15/08) um requerimento à Justiça Eleitoral para pleitear o direito de disputar as eleições sem se filiar a um partido político. Em sua <a href="https://www.facebook.com/rodrigo.mezzomo/photos/a.795977020491413.1073741828.376654295757023/1132621356826976/?type=3&theater">página no Facebook</a> o pré-candidato escreveu:</div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
Inicia-se aqui uma importante jornada por liberdade individual.</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
Estamos pleiteando ao Judiciário o reconhecimento do direito de um cidadão se candidatar SEM PARTIDO. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Entendemos que a candidatura independente deriva diretamente dos fundamentos da República brasileira (CF/88 Art. 1º), em especial a cidadania, a dignidade da pessoa humana e o pluralismo político. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Além disso, lembramos que ninguém pode ser compelido a associar-se ou permanecer associado (CF/art. 5º, XX) e, assim sendo, nem mesmo a lei pode compelir alguém a se filiar a um partido para poder gozar da plenitude de sua cidadania política. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Poucos lembram que o (i) Pacto de São José da Costa Rica, o (ii) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e a (iii) Declaração Universal dos Direitos do Homem asseguram aos indivíduos o direito de participarem diretamente das eleições, votando e sendo votados, livres de injustos obstáculos ou infundados entraves. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Poucos lembram que os partidos políticos são entidades de natureza privada e, portanto, atribuir-lhes o monopólio do acesso à vida pública significa a privatização da própria cidadania, justamente aquilo que não pode ser privatizado! </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
É preciso mencionar, ainda, um imperativo de ordem lógica: se nossa legislação permite que um indivíduo exerça um mandato sem partido, deve, por razões lógicas, poder pleiteá-lo sem estar filiado a um partido. Lembre-se: aquele que pode “o mais” também pode “o menos”; </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
O reconhecimento do direito à candidatura independente não retira, priva ou afeta direitos dos candidatos que se lançam por partidos políticos, portanto, não há nenhum prejuízo aos candidatos partidários; </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Assim sendo, em suma, no tocante à filiação partidária prevista como condição de elegibilidade (CF de 1988, Art. 14, §3º, V), deve a mesma ser interpretada como alternativa, ou seja, como escolha ou preferência do candidato, jamais como obstáculo, impeditivo ou restrição. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
A correta interpretação da lei implica entender a FILIAÇÃO PARTIDÁRIA COMO UMA OPÇÃO DO CANDIDATO, NÃO COMO UMA OBRIGAÇÃO. </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
A filiação partidária deve ser um bônus, não um ônus. Em suma, filiação partidária não pode ser embaraço ao cidadão que deseja se lançar candidato aos cargos nos Poderes Executivo ou Legislativo.</blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
Se seu requerimento for aprovado, isso significará uma grande vitória para a liberdade individual e um ataque importante ao atual sistema partidário, dando ao cidadão um leque maior de escolhas.<br /><br />Ademais, no caso de Mezzomo conseguir a candidatura avulsa, a cidade do Rio de Janeiro contará com dois candidatos de direita disputando as Eleições Municipais: o próprio Rodrigo Mezzomo e Flávio Bolsonaro, atualmente deputado estadual pelo PSC-RJ. Com fichas limpas, boas propostas e posições à direita, os dois candidatos proporcionarão aos cariocas a oportunidade não precisarem votar em candidatos de esquerda ou de centro por falta de uma opção de direita.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-87114752882997764732016-08-15T06:52:00.001-07:002016-08-15T10:09:32.908-07:00Eleições Municipais 2016<div style="text-align: justify;">
Eleições municipais estão chegando, galera! Já sabem, né? Nada de votar em socialistas. Evitem também votar em candidatos estatistas que já estão há anos no poder e só fazem aumentar o Estado. Evitem também votar em quem não quer ver vagabundo preso e é a favor dos direitos dos manos. Também não votem em quem diz que não existe doutrinação ideológica nas Escolas. E muito menos em quem deseja implantar ideologia de gênero na educação pública. Querem que eu dê nome aos bois? Não votem em ninguém do PT, Rede, PCdoB, PCB, PSOL e PDT. E em nenhum socialista de qualquer outra sigla.</div>
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Não tenho indicação de partido bom. Garimpem candidatos nos partidos menos ruins. Há alguns (poucos) que se salvam no PP, PSC, PMDB, PSDB e DEM. O NOVO e o PSL têm me decepcionado muito com sua cegueira em relação à guerra cultural contra a esquerda. Mas creio que possam haver alguns bons candidatos por lá. Aqui no Rio, para prefeito, há duas opções: o Flávio Bolsonaro (PSC) e o Rodrigo Mezzomo, que vai tentar concorrer sem partido (fará a petição ao STF nos próximos dias). São dois candidatos honestos (até onde se sabe) e de direita. Ou seja, não há necessidade de votar em ninguém do PSDB ou do PMDB por falta de opção. Hora de tirar o PMDB da prefeitura do Rio, portanto.</div>
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Não deixem de dar importância para os vereadores. Não é só o prefeito que importa. Uma câmara municipal cheia de imbecis e corruptos atrapalha muito o trabalho de um bom prefeito.</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3918867719561546438.post-12164461334320682132016-08-12T12:20:00.005-07:002016-08-12T12:24:16.357-07:00Como a doutrinação marxista nas escolas pode ser bastante sutil<div style="text-align: justify;">
Aí vai um exemplo de como a doutrinação marxista nas escolas pode ser bastante sutil. O professor ensina sobre o surgimento do liberalismo. Daí cita Adam Smith e fala sobre seus conceitos de divisão de funções, a competição gerando produtos melhores e mais baratos, a chamada "mão invisível" do mercado e etc. Seguindo a cronologia histórica, o professor fala, numa ocasião posterior, sobre o surgimento do socialismo cientifico (sic). Daí cita Karl Marx e fala sobre seus conceitos de mais valia, exploração do proletariado, luta de classes, competição gerando monopólios e etc. Bom, foram citados os dois lados. Então, não houve doutrinação, correto? Errado. </div>
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Note que o socialismo surge para combater o capitalismo. O capitalismo encontra seu ponto alto no liberalismo econômico. Ou seja, não há como falar em socialismo sem falar em liberalismo. Entretanto, se eu ensino sobre o surgimento do liberalismo, depois sobre o surgimento do socialismo, e paro por aí, a impressão que fica é que o socialismo refutou o liberalismo. Afinal, o professor não expôs que há réplicas ao socialismo e quais são elas. </div>
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Você pode estar se perguntando: "Mas se o professor expusesse as réplicas ao socialismo e parasse por aí, ficaria a impressão de que o liberalismo refutou o socialismo". Sim. Por isso, o professor teria que expor também as respostas do socialismo. E isso não acaba nunca? Acaba sim. Ao expor pelo menos uma argumentação e uma réplica de cada lado, você mostra ao aluno que a discussão é longa, que não terminou e que o aluno pode estudar os autores se quiser. Daí o professor vai mostrar a as principais obras e autores de ambos os lados.</div>
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Quando isso não é feito, pensamos que tudo termina em Marx. A falta de menção de outros autores importantes e do fato de que a discussão permanece nos faz crer que o capitalismo é mesmo uma merda, que só quem o defende são os bilionários exploradores e, logo, Marx está com a razão. Quando se chega a essa conclusão porque se estudou os dois lados, tudo bem. Mas chegar a essa conclusão porque só se lhe apresentou um lado, isso é doutrinação.</div>
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Esse tipo de doutrinação é solidificada quando chegamos na Crise de 1929. Qualquer livro didático do ensino médio vai dizer que a culpa da crise foi da supreprodução de bens de produção, causada pelo liberalismo econômico. Ninguém ensina que há outras teorias econômicas de peso sobre a crise de 29. Logo, a impressão que fica é que o liberalismo realmente é muito problemático. Ponto para Marx novamente. E mais uma vez: só quem defende o capitalismo é bilionário explorador. Não há bons argumentos para o capitalismo. </div>
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Posteriormente, a doutrinação continuará quando o professor e os livros do MEC associarem o liberalismo econômico à fome na África, ao fascismo, ao nazismo e às I e II Guerras Mundiais. Também encontrará solo fértil quando se utilizar o termo "neoliberalismo" para mencionar processos de privatização e redução do Estado nos anos 80 e 90. Afinal, quando ouvimos a palavra "neoliberalismo" imaginamos que se trata de um novo liberalismo. Se o liberalismo causou tantos problemas (segundo a impressão que todo o ensino supracitado nos passa), o neoliberalismo passa a ser uma tentativa estapafúrdia de fazer retornar algo ruim, mas com uma máscara nova.</div>
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Você pode perguntar: "Mas o socialismo também não deu certo nos outros países. E isso muitas vezes é dito". Mas sabe como isso é dito? Mais ou menos assim: "O socialismo real pretende ascender o proletariado ao poder e transformar os meios de produção em propriedade do povo, de modo que não haja exploração e todos possam viver dignamente. Nesse estágio, o Estado se torna desnecessário e o socialismo passa a ser comunismo. Mas o comunismo nunca foi implantado no mundo". </div>
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Percebe a impressão que essa resposta deixa no aluno? A impressão de que o socialismo só não deu certo porque não chegou à fase comunista, ao comunismo real. Então, a ideia é boa. Não se pode criticar o que não existiu. Logo, o comunismo ainda pode dar certo.</div>
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Essa é um faorma de doutrinar. Há outra forma. O professor/livro do MEC mostrará que o socialismo se desvirtuou de seus objetivos. A base explicativa aqui é a mesma: o comunismo pretende criar uma sociedade justa. Os burocratas do socialismo não fizeram isso. Logo, esse socialismo não é o verdadeiro. A impressão que fica: "Então, podemos continuar tentando implantar o socialismo verdadeiro que levará ao comunismo de fato".</div>
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Se voltarmos um pouco, cronologicamente, veremos que essa doutrinação sutil existe quando se fala do iluminismo e da revolução francesa. Tanto um como outro são pintados como coisas maravilhosas para a humanidade. Em geral, não são citados os grandes autores que viram falhas nesses dois movimentos. </div>
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A omissão de estudos sobre Edmund Burke, por exemplo, é flagrante. Seria imprescindivel aprender sobre o iluminismo e a revolução francesa também sob a ótica de Burke. Mas seu nome sequer é citado nas aulas. E o modo como pintam a Igreja Católica? Menciona-se só os seus erros. Mas e os acertos? E a visão dos grandes autores católicos sobre o assunto?</div>
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Vamos para o século XX de novo. Brasil. 1964. Qual a narrativa que prevalece nos livros e nas aulas? Golpe militar. Deveria prevalecer alguma outra narrativa? Não. O que deveria ser feito é expor duas ou três narrativas principais. Como professor, eu faria mais ou menos assim: </div>
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"Galera, em 1964 houve uma intervenção militar que depôs o presidente João Goulart. Esse é o fato bruto. Há pelo menos três visões principais para explicar o fato: a visão de esquerda, a visão conservadora e a visão militar. Vou explicar o fato segundo a ótica de cada um desses grupos. Vou expor os principais autores, livros e textos de cada visão. Na prova, cobrarei as três visões. Vocês precisam saber sobre todas. Estejam, no entanto, à vontade para adotarem a visão que quiserem para si". </div>
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Na exposição dos autores, livros e textos, eu realmente mostraria os principais, os de peso, sem fazer uma seleção fajuta do grupo que não me interessa. </div>
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Isso é ensino. O que passa disso é doutrinação. Infelizmente, acostumou-se a entender que para ensinar sobre um fato é preciso adotar uma narrativa oficial, ignorando ou escondendo todas as outras, por mais importantes que sejam.</div>
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Daí você me dirá: "O que importa? No Brasil, a maior parte dos alunos não se esforça para aprender. Não prestarão atenção nessas nuances". Há duas coisas para se dizer quanto a isso. Primeiro: em uma turma de 50 alunos, geralmente 3 ou 4 são esforçados. Eles irão apreender essas nuances. E desses 3 ou 4, provavelmente 1 ou 2 entrarão na faculdade. E lá, meus amigos, a doutrinação continua, só que mais forte. Ele conhecerá DCE's tomados por partidos políticos, terá aulas com professores que usam as aulas propositalmente para doutrinar, irá a diversos eventos de posição política enviesadas e topará com alunos já doutrinados. </div>
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No futuro, esses 1 ou 2 de cada sala que passaram para a faculdade serão professores, jornalistas, advogados, juízes, sociólogos, historiadores, psicólogos, antropólogos, escritores e palestrantes. Sim, pessoas influentes e com status de intelectual. Percebe o problemão?</div>
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Segundo: sim, a maioria dos alunos não se esforça para aprender. Em vez disso, usam as aulas para desrespeitar o professor, falar alto, pichar parede, quebrar cadeira e tirar zero nas avaliações. Mas não era assim nas décadas 1960 e 1970. Os alunos eram mais disciplinados, cantava-se o Hino Nacional, o professor era respeitado pelos alunos e pelos pais, e os desordeiros tinham medo de irem para a direção. O que mudou de lá para cá? Eu explico. </div>
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Mudou que "intelectuais" infectaram a cabeça de políticos, jornalistas, universitários, psicólogos, juízes, escritores e palestrantes com ideais do tipo: "Criança e adolescente precisam ter mais liberdade de escolha e ação", "A ordem e o respeito ensinados pelo militarismo não são virtudes, mas opressão", "Criança e adolescente podem e devem ser incentivados a aprender e fazer sexo", "Não existe saber mais ou saber menos, existem saberes diferentes", "Não se pode dar palmadas nos filhos", "Valores judaico-cristãos são retrógrados e opressores", "Ser promíscuo é virtude", "Engravidou? Aborte!", "Leis duras contra criminosos são opressoras", "Criminosos são vítimas da sociedade", "Condição social ruim é justificativa para cometer crimes", "Criança e adolescente não devem ser tratadas como adultos quando cometem crimes", "A religião é opressora", "Uma família estruturada é opressora", "A virgindade antes do casamento não é uma virtude", "Funk obsceno é cultura".</div>
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Ideias como essas foram sendo disseminada aos poucos o respeito, a ordem e os bons costumes na sociedade, criando filhos e alunos sem limites, desordeiros, imorais e, claro, alienados. Não espere que pessoas assim queiram estudar. Mas espere dessas pessoas alienação suficiente para não depor a classe de burocratas que se mantém no poder por décadas às custas deles. </div>
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Os 3 ou 4 que se salvarem de cada turma, provavelmente manterão exatamente esse sistema. Eles podem escapar do emburrecimento, mas estarão à mercê da doutrinação. E assim o sistema se retroalimenta. Você percebe agora como a doutrinação pode ser sutil? E percebe como essa doutrinação sutil nos trouxe até à desordem em que nos encontramos hoje? Espero que sim. Mas a pergunta que realmente quero fazer é: você vai continuar indiferente a isso?</div>
Davi Caldashttp://www.blogger.com/profile/08884446908436811769noreply@blogger.com0