Introdução
“Revelação de Jesus
Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve
devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao
seu servo João, o qual atestou a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus
Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que
ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo
está próximo” (Apocalipse 1:1-3).
O
livro do Apocalipse sempre despertou a emoção das pessoas. Mas raramente essas
emoções foram emoções corretas. Há quem sinta medo do que está descrito neste livro, outros fazem sensacionalismo em cima de sua mensagem
repleta de símbolos e não poucos preferem não
estudá-lo porque “como o que está para ocorrer irá ocorrer de qualquer
forma, não há necessidade de discutir interpretações”.
Para
estes três tipos distintos de posições em relação ao Apocalipse, algumas
verdades devem ser ditas. A primeira é que o Apocalipse não é um livro para se
meter medo, muito pelo contrário, é um livro que deve gerar esperança e
conforto. O que está escrito nesta obra inspirada por Deus é o mais sublime
propósito para humanidade, é a promessa mais esplendida que se pode esperar.
Quem deve ter medo do Apocalipse é justamente quem sabe que sua vida não está
correta e que não tem interesse em mudar este quadro.
A
segunda verdade é que sensacionalismo nunca foi à forma escolhida por Deus para
revelar os seus planos. Para ele as revelações não servem para serem
transformadas em um espetáculo, mas apenas para revelar. Logo, é sempre
positivo que se desconfie de interpretadores e interpretações espalhafatosas,
que impressionam os ouvintes, criam um clima de temor e como se não bastasse deixam
uma pensa de dúvidas sem serem respondidas.
Por
fim, a terceira verdade é que o livro do Apocalipse não foi escrito apenas para
completar a Bíblia. Há um objetivo claro no livro que é o de informar aos
leitores o que irá ocorrer em um futuro não muito distante e prepará-los para
tal. Então, é óbvio que importa estudá-lo. Profecias não são dadas à toa. Em
Mateus 24:15, Jesus Cristo, ao comentar sobre os eventos preditos pelo profeta
Daniel faz questão de enfatizar: “Quem lê, entenda”. Treze vezes a Santa Bíblia
conclama os que quem tem ouvidos para ouvir que o usem para ouvir. Em
Provérbios 29:18, lemos: “Não havendo profecia, o povo se corrompe” e em Isaías
5:13: “o meu povo será cativo, por falta de entendimento”.
Sendo
assim, o objetivo deste capítulo é justamente estudar de um modo lógico,
detalhado e satisfatório o livro do Apocalipse, a fim de que não mais sermos
assaltados por sentimentos de dúvida e insegurança e ter uma resposta
convincente às intempéries que têm sido proferidas sobre sua mensagem. Tenho
certeza de que já está mais do que provado que com honestidade, neutralidade,
raciocínio lógico e ajuda do Espírito Santo, não há porque temer para onde o
estudo irá nos levar, pois estes são os ingredientes da santa e boa verdade.
As
Sete Igrejas
O livro do Apocalipse foi
escrito pelo apóstolo João, por volta do ano 98 d.C., quando o mesmo se
encontrava cativo na ilha de Patmos. Segundo o próprio afirma no início do
livro, ele recebe uma visão, na qual Cristo glorificado lhe diz para escrever
aquilo que ele falará. João prontamente atende e Cristo passa a anunciar uma
mensagem específica para cada uma de sete igrejas presentes na Ásia.
As
sete igrejas são o ponto de partida para entender a linha de raciocínio que o
livro seguirá. Essas sete igrejas realmente existiam na região da Ásia (na
época) e seus nomes se referem à cidade à qual cada uma pertencia (a “divisão”
da Igreja de Cristo era feita por cidades). Mas a escolha dessas igrejas por
Cristo foi feita com a intenção de se criar uma simbologia, onde cada uma
dessas igrejas representaria, conforme as suas características reais, um dos
sete períodos distintos que se sucederiam na história do cristianismo.
Em suma, veremos em cada
carta endereçada a uma igreja, existe uma descrição profética de algum período
da história da Igreja de Cristo. Esta interpretação sobre as sete igrejas de
apocalipse, em geral, é bem aceita pela maioria das denominações cristãs, além
de ser facilmente verificável. Então, vamos começar as análises.
1)
Carta a Éfeso – O período apostólico
A primeira igreja descrita
é a igreja que se encontrava na cidade de Éfeso. Ela representa o primeiro
período da Igreja Cristã. Podemos ler:
“Conheço as tuas obras,
tanto o teu labor quanto a tua perseverança, e que não podes suportar homens
maus, e que puseste à prova os que a si mesmo se declaram apóstolos e não são,
e os achaste mentirosos; e tens perseverança e suportaste provas por causa do
meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste
o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à
prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu
candeeiro, caso não te arrependas. Tens, contudo, ao teu favor que odeias as
obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da
vida que se encontra no paraíso de Deus” (Apocalipse 2:2-7).
Este é o início da Igreja
de Cristo na Terra, marcado por uma pregação enérgica por parte dos apóstolos e
um rápido espalhamento do evangelho. A intensa atividade e a pureza da Igreja
desse período se dão pelo fato de que o ministério de Jesus, sua morte, ressurreição,
ascensão aos céus e a descida do Espírito Santo sobre os discípulos, ainda
estavam muito recentes, o que tornava suas mensagens mais enfáticas e gerava
cristãos mais assíduos. Como também muitos guardavam a esperança de que Cristo
retornaria muito em breve (possivelmente em setenta ou oitenta anos) o esforço
para manterem a Igreja pura e em crescimento acabava por ser maior.
Entretanto, a passagem
sobre a igreja de Éfeso nos mostra que este período abandonou o primeiro amor.
Em outras palavras, as dificuldades, as perseguições e a demora do retorno de
Cristo, foram fazendo os cristãos perderem o gás que mantinham logo no início
do cristianismo. Cristo, então, conclama sua Igreja para voltar à prática das
primeiras obras para que não houvesse necessidade de se permitir que
perseguições “acordassem” os cristãos.
A mensagem ao período
termina, no entanto, com o elogio de que a Igreja não dava ouvidos às heresias
(simbolizadas pelos nicolaítas, uma seita da época), e com a promessa de que o
vencedor comeria do fruto da árvore da vida.
O período da igreja de Éfeso provavelmente
termina um pouco depois da morte de João, talvez após o ano 103 d.C. Com todos
os discípulos diretos de Jesus já mortos, a Igreja passou a agregar lentamente
alguns costumes e elementos pagãos. Porém, esse processo acaba sendo retardado
pelas duras perseguições que o Império Romano faz à Igreja de Cristo. Neste
ponto, se inicia o segundo período do cristianismo, representado pela igreja de
Esmirna. Vejamos.
2) Carta à Esmirna – O Período da mais
dura perseguição romana
“Conheço a tua
tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia do que a si mesmos se
declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Não temas as
coisas que tens de sofrer. Eis que o Diabo está para lançar em prisão alguns
dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê
fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos ouça o que o
Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá o dano da segunda
morte” (Apocalipse 2:9-11).
Perceba que a mensagem
proferida a este período é totalmente voltada para o problema das perseguições.
Cristo fala de tribulação, pobreza, prisão, fidelidade até a morte e, mesmo a
promessa do final é feita de um modo a dar segurança àqueles que seriam
perseguidos. Este difícil período se deu em etapas de menor e maior proporção,
entre as quais a mais contínua e violenta foi a que se estendeu por dez anos
entre 303 e 313. Estes dez anos são os dez dias de tribulação dos quais a
passagem fala. Trata-se de “dias proféticos”, onde cada dia se refere a um ano
(princípio baseado nas passagens de Números 14:34 e Ezequiel 4:6-7).
Também é bom notar que o
versículo nove confirma o que disse há pouco sobre a Igreja agregando costumes
pagãos. Cristo enfatiza que conhece “a blasfêmia dos que a si mesmos se
declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás”. O leitor reparou
nos termos utilizados? Jesus fala de judeus
e de sinagoga. Claramente termos
simbólicos, pois em um contexto cristão blasfêmia não seria se declarar judeu
sem o ser, mas sim se declarar cristão, sem o ser.
Mas por que estes termos
são utilizados? Porque Jesus quer deixar claro que, embora a maioria dos judeus
não o tenha aceitado como o Messias, ele não fundou uma nova religião. O
cristianismo não é uma nova crença, mas a continuação do judaísmo com Cristo. A
única coisa que deveria ser mudada no judaísmo, com Cristo, era a visão de
nação específica de Deus (que agora não faria mais sentido na Nova Aliança) e o
sistema ritualístico judaico (que era prefiguração de Jesus Cristo e também não
faria mais sentido na Nova Aliança). Fora esses dois elementos, a religião era
a mesma. Os mesmos profetas, os mesmos Escritos, os preceitos morais.
Assim, os termos que
Cristo utiliza aqui serviam para alertar que a Igreja já dava indícios de que
se afastaria de alguns princípios bíblicos, com a desculpa de que eram de
velharias judaicas.
O período da igreja de
Esmirna chega ao seu fim justamente em 313, quando um tratado assinado por
Constantino dá aos cristãos o direito de praticarem a sua fé sem que o Império
Romano permaneça perseguindo-os. Inicia-se, então, o período representado pela
igreja de Pérgamo.
3) Carta à Pérgamo – O período do
princípio da prostituição
“Conheço o lugar em que
habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste
a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi
morto entre vós, onde Satanás habita. Tenho, todavia, contra ti algumas coisas,
pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque
a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas
aos ídolos e praticarem prostituição. Outrossim, também tu tens os que da mesma
forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. Portanto, arrepende-te; e, se não,
venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor dar-lhe-ei do
maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre esta pedrinha
escrito um nome novo, o qual ninguém conhece exceto aquele que o recebe”
(Apocalipse 2:13-17).
Este é o período em que o
Império Romano resolve mudar a sua política e buscar uma aproximação com a
Igreja para aumentar o seu poder. A mudança mostra logo seus efeitos: o
processo de paganização do cristianismo ganha mais velocidade e a Igreja de
Cristo se transforma em uma instituição do governo. Trata-se do início do que
podemos chamar de romanismo.
Roma transformou a Igreja
de Cristo em política de Estado, passou a ditar as regras, a escolher o clero e
o que dizia era lei. Não culpo nenhuma denominação posterior pelos males que
infectaram o cristianismo. Toda a culpa partiu do romanismo, cuja tradição
ainda se encontra enraizada em quase todos os sistemas cristãos atuais.
Como se isso não bastasse,
o romanismo nos deixou a tendência de darmos mais crédito aos sistemas humanos
do que à Palavra de Deus. A sentença de Thomas Erskine não poderia ser melhor
para nos alertar deste perigo: “Os que fazem da religião o seu deus não terão
Deus em sua religião”.
Entenda religião, aqui,
como mero sistema de crenças, o que não presta para nada quando não estão
baseadas na Bíblia ou mesmo quando são bíblicas, mas ocupam o lugar que
pertence a Deus. Esse tipo de religião passou a ser amplamente propagada pelo
romanismo. E é abundante até hoje.
É por isso que Cristo afirma: “Conheço o lugar
onde habitas, onde está o trono de Satanás”. Sim, o trono de Satanás estava
ali, pois ali se assentava o sistema que se colocaria no lugar de Cristo,
roubando sua autoridade, dividindo sua supremacia com homens, tomando para si
seu status de ponte entre Deus e os homens e espalhando toda
a sorte de falsos ensinos.
A passagem também fala
sobre idolatria e prostituição, usando como símbolos das mesmas a doutrina de
Balaão e também a doutrina dos nicolaítas. A idéia é frisar que o período
representado pela igreja de Pérgamo começa a sofrer com um problema sério de
sincretismo religioso. Na Bíblia Sagrada, freqüentemente a prostituição é
utilizada como um símbolo de mistura dos preceitos de Deus com heresias pagãs. E
é exatamente o que ocorre neste período. O fim da perseguição aos cristãos traz
alívio físico, mas grande perigo espiritual a Igreja de Cristo.
O período de simbolizado
pela igreja de Pérgamo termina em 538, ano em que o imperador Justiniano
ratifica o catolicismo como religião oficial do império. A partir daí se inicia
o extenso período representado pela igreja de Tiatira.
4) Carta à Tiatira – O período da
hegemonia romanista
“Conheço as tuas obras, o
teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras,
mais numerosas do que as primeiras. Tenho, porém, contra ti o tolerares que
essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetiza, não somente ensine,
mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas
sacrificadas a ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia,
não quer arrepender-se de sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem como
em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras
que ela incita. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu
sou aquele que sonda mente e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas
obras.
“Digo,
todavia, que vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa
doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás:
Outra carga não jogarei sobre vós; tão-somente conservai o que tendes, até que
eu venha. Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei
autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a
pedaços como se fossem objetos de barro; assim como eu também recebi de meu
Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 2:19-29).
Esta carta se inicia com um
tom de lamento. Cristo elogia os verdadeiros cristãos dessa época, mas lamenta
que a Igreja esteja tão contaminada com tradições humanas e iniqüidades. É um
período difícil para a Igreja de Cristo. A santa doutrina foi maculada e os
erros que entraram no cristianismo foram confirmados como verdades pelos
líderes religiosos.
Veja que Cristo volta a
falar sobre prostituição, desta vez citando Jezabel (a terrível rainha
mencionada em Reis), que obrigava o povo a adorar o deus Baal, além de mandar
perseguir e matar os profetas de Deus. O paralelo feito por Cristo é muito
preciso: o sistema vigente desta época se coloca como uma profetisa de Deus,
mas mata milhares de pessoas na inquisição, ensina o povo a pagar pelo perdão,
proíbe a leitura da Bíblia, enaltece clérigos, endeusa o Papa, se coloca entre
Deus e o homem, incentiva o culto a santos, impele a devoção por objetos
sagrados e persegue a todos que tentam corrigi-lo.
O período se estende até o
ano 1517, quando Martinho Lutero prega as 95 teses na porta da igreja do
castelo de Wittenberg, iniciando a Reforma
Protestante. A partir daí, se inicia também o período representado pela
igreja de Sardes.
5) Carta à Sardes – O período da Reforma
“Conheço as tuas obras,
que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que
estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença
do meu Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e
arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás
de modo algum em que hora virei contra ti. Tens, contudo, em Sardes, umas
poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco
junto comigo, pois são dignas. O vencedor será assim vestido de vestiduras
brancas, e de nenhum modo apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário,
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 3:1-6).
Cristo começa a descrever
este período dizendo que a Igreja tem nome de que vive, mas está morta. Isso é
muito forte. Significa que os longos séculos de afastamento das santas verdades
deixaram a Igreja gravemente doente. Tão doente que nem mesmo a Reforma
Protestante foi capaz de curá-la totalmente, permanecendo em alguns velhos
erros e gerando problemas novos. Por este motivo Cristo convida a Igreja a se
lembrar daquilo que tem recebido e ouvido, ou seja, se lembrar do que a reforma
trouxe de bom e assim solidificar o que estava para morrer.
Ora, a tal solidificação
não acontece e o protestantismo entra em uma onda de discussões internas,
divisões e enfraquecimento do estudo das Escrituras, estagnando as metas de
Deus. Contudo, Cristo elogia o fato de que ainda existem umas poucas pessoas
que são dignas e não contaminaram as suas vestes com as sujeiras do romanismo e
dos demais sistemas falhos que surgiram.
O período termina em 1755,
ano em que a cidade de Lisboa é devastada por um grande terremoto. A partir
daí, se inicia o período que é simbolizado pela igreja de Filadélfia, quando
uma série de eventos vai contribuindo para que a sistema católico tenha sua
força atenuada e para que os cristãos prestem mais atenção a um assunto que por
longos tempos ficou esquecido: o retorno de Jesus.
6) Carta à Filadéfia – O período da porta
aberta
“Ao anjo da igreja de
Filadélfia escreve: estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a
chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: Conheço
as tuas obras – eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual
ninguém pode fechar – que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha
palavra e não negaste o meu nome.
“Eis
que farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos
se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se
aos teus pés e conhecer que eu te amei. Porque guardaste a minha palavra da
minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que a de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a Terra.
“Venho
sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Ao vencedor
fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também
sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém
que desce do céu, vinda da parte de Deus, e o meu novo nome. Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 3:7-13).
O período de Filadélfia é
caracterizado por ter uma porta aberta por Deus. Esta porta aberta simbolizava
um conjunto de eventos que abriria o caminho para algumas mudanças importantes
no cristianismo. Cristo deixa claro que a situação do cristianismo ainda é
frágil, pois o grupo daqueles que guardam a sua palavra é pequeno e o problema
dos “falsos judeus” da “sinagoga de Satanás” ainda persiste.
Contudo, Jesus Cristo faz
promessas singulares para a Igreja desse período. Ele diz que ninguém poderá
fechar a porta que ele abriu, que os da sinagoga de Satanás virão reconhecer
que ele amou esta Igreja, que por ela guardar a sua palavra será guardada por
ele nas provações e que ele retornará sem demora.
Nesse período que surge
por todo o mundo muitas organizações de Sociedades Bíblicas e se expande
consideravelmente os movimentos missionários. Também nesse período, diversos
estudos mais aprofundados das profecias de Daniel e Apocalipse são feitos por
cristãos de todas as partes.
Mas o que a mensagem deixa
patente para nós é que, assim como o movimento da reforma protestante havia
trazido algumas mudanças importantes na situação geral da Igreja de Cristo,
algum movimento seria levantado por Deus no período representado pela igreja de
Filadélfia. Um movimento grande, pois representaria o período, e também um
movimento que bateria de frente com o maior problema da Igreja: o romanismo,
que é o responsável pela grande maioria dos erros do e no cristianismo. Mas
que movimento foi esse? Saberemos em outra postagem. Por enquanto daremos
continuidade ao assunto que estamos tratando aqui.
O último período do
cristianismo retratado no Apocalipse é o que compreende a igreja de Laodicéia.
Ele se inicia ainda no século dezenove (talvez um pouco depois da metade do
século), quando a mornidão espiritual começou a afetar as igrejas.
7) Carta à Laodicéia – O período da
mornidão espiritual
“Ao anjo da igreja de
Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o
princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem
quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim porque és morno e nem és quente
nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: estou rico e
abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim,
miserável, pobre, cego e nu.
“Aconselho-te
que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras
brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua
nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e
disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à
porta e bato ; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua
casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo
no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 3:14-22).
As palavras que Cristo usa
para a sua Igreja no último período do cristianismo são duras. Ele aponta para
o fato de que a maior parte das pessoas não será quente nem fria, mas morna; o
que não lhe agrada nem um pouco. O que quer dizer isso? Os quentes simbolizam
os cristãos verdadeiros, aqueles que realmente vivem as verdades bíblicas que
professam crer. Os frios são aqueles que não se professam cristãos, estando
distante do que é correto e num estado desconfortável o suficiente para saber
que existe algo errado em sua vida. Agora, os mornos são aqueles que se
professam seguidores de Cristo, mas não agem em conformidade com a palavra de
Deus e também não sentem necessidade de mudar, já que o fato de se dizerem
cristãos, não matarem, não roubarem e não usarem drogas gera a idéia de que
está tudo certo.
Cristo continua a mensagem
descrevendo o perfil do morno: Aquele que diz que é rico e abastado, mas que na
realidade é infeliz, miserável, pobre, cego e nu. Não é isso o que temos visto
por aí no cristianismo? As características do período que se iniciou no século
dezenove se estendem até aos dias de hoje, nos mais diversos lugares, nas mais
diversas denominações. Freqüentemente não conseguimos distinguir entre aquele
que se diz cristão e aquele que não é, exceto pela hipocrisia, claro – por isso
Deus prefere os frios; eles não são hipócritas.
Do meio para o fim da
mensagem, Jesus aconselha que tais mornos resolvam esses problemas diretamente
com ele. É nele que está o ouro refinado, as vestes brancas e o colírio. A idéia
é que a Igreja se volte verdadeiramente para Cristo. E a mensagem que ele deixa
logo após o seu conselho é encorajadora: Ele repreende e disciplina a quem ama.
As duras palavras que utiliza são um sinal de que ele se importa com a Igreja.
E por isso ele se encontra à porta, batendo, e apenas esperando que cada um
abra e permita que ele entre e ceie com a pessoa e a pessoa com ele. Cabe a
cada um escolher se abrirá ou não.
Conclusão
O
método utilizado neste texto para interpretar o livro do apocalipse é chamado
de método historicista. Este método, que foi muito adotado pelas primeiras
igrejas protestantes (na época da reforma), se caracteriza por entender que os
livros proféticos da Bíblia apresentam profecias que se cumprem gradualmente ao
longo dos séculos, sendo necessário estudar a história para ver o seu
cumprimento.
O
método historicista se opõe ao chamado método futurista (o mais comum nos dias
de hoje) por não aceitar que todas as profecias necessariamente devam se
cumprir em um curto espaço de tempo.
Há
embasamento bíblico para o método historicista? Há sim. O primeiro é que o
livro de Daniel (livro profético e que aborda muitos assuntos do Apocalipse) é
um livro explícita e essencialmente historicista. No capítulo 2 de Daniel, por
exemplo, o profeta faz profecias que cobrem as dominações dos impérios babilônico,
medo-persa, grego e romano, isto é, séculos e séculos de história.
O segundo é que a Bíblia
afirma que sem profecia o povo se corrompe. Ou seja, o povo precisa ver que ao
longo da história as profecias foram se cumprindo. Isso é algo que posso
afirmar por experiência própria, pois o que me fez aceitar esses estudos do
livro do Apocalipse foi observar que tudo se cumpriu na história conforme as
profecias apontam com perfeição. Isso torna evidente que o método historicista
é correto.
Por
isso, podemos aceitar que a interpretação feita aqui sobre as sete igrejas de
apocalipse serem representações dos sete períodos do cristianismo tem
embasamento bíblico. Ademais, está na história. Para qualquer um que estude um
pouco, tornar-se-á claro que a Bíblia simplesmente previu toda a história do
cristianismo com detalhes.
A
próxima série do Apocalipse é a dos Sete Selos. Ela, assim como a série das
sete igrejas, revela um pouco mais sobre o que aconteceria em cada período da
história do cristianismo, fortalecendo mais ainda a veracidade da
interpretação.
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