segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Definição de Direita e Esquerda

O leitor com certeza já ouviu falar que uma ideologia, partido ou governo pode ser de “direita” ou de “esquerda”. Mas o que exatamente significa esses dois termos? De onde esses termos surgiram? Como podemos definir o que é direita e o que é esquerda no campo da política?

Bem, a primeira coisa que nós devemos ter em mente quando vamos definir esses dois termos é o seguinte: direita não é a mesma coisa que capitalismo e esquerda não é a mesma coisa que comunismo. Aqueles que definem direita e esquerda desta maneira jamais conseguirão compreender plenamente o que se passa na política. E não são poucos os que apresentam esta definição.

O motivo pelo qual esta errônea e simplista definição é tão aceita pelas pessoas é bem mais simples do que o leitor pode imaginar. Quando Karl Marx e Friedrich Engels criaram o que podemos chamar de comunismo, não demorou muito para que essa ideologia se tornasse a mais ampla e influente das ideologias de esquerda. Isso porque o comunismo conseguia agregar bem quase todas as bases do esquerdismo. Mais tarde, com a bipolarização político-econômica do mundo pelos EUA e URSS, o comunismo passou a ser oficialmente o ápice da esquerda. Estes dois fatos geraram a impressão de que a esquerda era o próprio comunismo. E se a esquerda era o comunismo, então a direita era o capitalismo.

Mas vamos aos fatos: (1) a esquerda surgiu antes de o comunismo ser formulado por Marx e Engels, o que deixa bem claro que esquerda e comunismo não podem ser a mesma coisa; (2) quando a direita surgiu, já existia o capitalismo, o que mostra que também estes dois não são a mesma coisa; (3) a esquerda não surgiu como uma posição contrária à burguesia ou ao capitalismo, mas antes, surgiu como uma posição favorável à pequena burguesia, que era a principal classe social representada pelo partido jacobino (o primeiro partido de esquerda que existiu); (4) a esquerda não-comunista sempre se mesclou muito bem com o capitalismo (a social-democracia é um exemplo).

Outras definições errôneas e simplistas também devem ser descartadas aqui. Por exemplo, há aqueles que definem a esquerda como “governo para os pobres” e a direita como “governo para os ricos”. Existe a definição de esquerda como o posicionamento a favor de mudanças e a direita como o posicionamento contrário a elas. Todas essas definições são tendenciosas e nos afastam do significado real dos termos, devendo assim ser descartadas.

Bem, se ficou bem claro para o leitor o que a esquerda e a direita não são, nós podemos começar definir o que a esquerda e a direita são sem que idéias pré-concebidas atrapalhem nosso raciocínio.

O surgimento dos termos e das definições

Os termos Direita e Esquerda política surgem a partir do contexto da Revolução Francesa (1789 – 1799). A França, tal como a maior parte do continente europeu, vivia sob o domínio da velha política absolutista, na qual o rei é soberano sobre seu Estado, detendo o poder absoluto. Nesse sistema, sempre há uma classe de nobres que apóia a manutenção do regime em troca de privilégios concedidos pelo rei. E estes privilégios, evidentemente, são obtidos através dos impostos do povo.

Esse antigo regime também se diferia dos atuais por se basear em premissas que hoje nos são estranhas como a de que Estado e religião devem andar juntas e a de que o rei era o representante máximo de Deus aqui na terra (o que seria a explicação para que o monarca tivesse o poder absoluto). Vale lembrar que, este regime, embora intentasse encontrar apoio na Bíblia, jamais apresentou base bíblica legítima. Em nenhum ponto, a Bíblia dá todo o poder a um rei e, no Novo Testamento, Jesus Cristo deixa muito claro que religião e política são coisas que não deveriam se misturar.

Agora, o fato da Bíblia não incitar esse tipo de regime não é, evidentemente, uma garantia de que alguém não deturpará o livro sagrado dos cristãos, a fim de “legitimar” seu poder. E também não é garantia de que alguns cristãos ingênuos não irão ser enganados por esse tipo de argumento, ajudando a dar poder ao regime. Foi o que aconteceu durante séculos na Europa. E, uma vez tornado tradição esta prática, a dificuldade de se mudar a mentalidade e o medo de se almejar uma reforma são grandes.

Mas voltando ao contexto histórico da Revolução Francesa, a França enfrentava uma forte crise econômica. Sem saber como resolvê-la, o então rei absoluto Luís XVI, convocou uma assembléia com os representantes das três classes da época (o clero, a nobreza e o restante do povo), a fim de obter aconselhamento sobre o que fazer.

Nesta assembléia, os que representavam a nobreza, favorável à manutenção de todo o sistema absolutista, assentaram-se à direita do rei. Já os representantes do povo, influenciados pelos ideais iluministas que surgiam e contrários a esse sistema vigente da época, sentaram-se à esquerda do rei.

A tal assembléia acabou sendo violentamente dissolvida pelos representantes do povo e a França deixou de ser uma monarquia absolutista para se tornar uma república, através do sangrento golpe dos revolucionários (que se estendeu pelas ruas de Paris e outras cidades da França). A partir de então, os revolucionários franceses se dividiram em três partidos: Gironda, Planície e Montanha; e formaram uma assembléia chamada Convenção, que passou a governar o país.

Os deputados da Gironda (girondinos) passaram a se assentar na parte direita da Convenção. Eram deputados mais conservadores (isto é, menos radicais), que estavam de acordo com a queda da monarquia absolutista, mas que temiam o aprofundamento da revolução e a agitação das massas.

Os deputados da Planície passaram a ocupar o centro da Convenção. Não tinham posições muito firmes e, por isso, costumavam a votar nas propostas que acreditavam ter mais chances de vencer, oscilando assim, freqüentemente, entre o partido da direita (Gironda) e o partido da esquerda (Montanha).

Finalmente, os deputados da Montanha, chamados de montanheses ou jacobinos, eram os que se sentavam na ala esquerda da Convenção, na parte mais alta. Eles eram os mais radicais dos revolucionários franceses. Pouco satisfeitos com as conquistas da revolução, defendiam o aprofundamento e a radicalização da mesma.

Pois bem, como podemos perceber, antes da França se tornar uma república, os absolutistas se assentavam à direita e os revolucionários à esquerda. Tendo os revolucionários derrubado o absolutismo e instaurado a república, os próprios se dividiram em três partidos: um partido mais radical, que se assentou à esquerda; um partido mediano, que se assentou no centro; e um partido mais conservador (no sentido de querer conter a mentalidade de agitação, afobação e violência que eles próprios ajudaram a criar), que se assentou à direita.

Ora, em função dessa disposição espacial na assembléia francesa, onde os mais conservadores tinham o costume de se assentar à direita e os mais radicais de se assentar à esquerda, os dois termos passaram a ser relacionados, inicialmente, a postura de um político. Em outras palavras, quem tinha a postura mais conservadora, era chamado de político de Direita. Quem tinha a postura mais radical e revolucionária era chamado de político de Esquerda. O mesmo servia para partidos e ideologias.

Entretanto, tal acepção destas palavras logo se mostrou problemática. Afinal, ser conservador e ser radical são duas posturas contextuais. Um exemplo interessante disso é a postura do político e pensador Edmund Burke (1729-1797). Este é considerado o pai do conservadorismo anglo-americano. Este tipo de conservadorismo, também chamado de conservadorismo burkeano, é definido como, principalmente, uma postura contrária a mudanças bruscas, e respeitosa para com a experiência e para com o tradicional (já que o futuro é incerto, mas o passado pode nos ensinar muito). Edmund Burke também foi um ferrenho crítico da Revolução Francesa, em função de sua violência e de sua quebra geral com o passado.

Com apenas estas informações, nós poderíamos acreditar que Edmund Burke foi um absolutista, não é mesmo? No entanto, este homem foi também um ferrenho crítico do absolutismo e um dos principais integrantes do partido Whig, da Inglaterra, que fazia oposição ao partido absolutista Tory. Ora, foi justamente o partido Whig que derrubou o absolutismo inglês, na chamada Revolução Gloriosa.

Então, fica a pergunta: Edmund Burke era conservador ou era radical? Para os revolucionários franceses ele era conservador, mas para o partido Tory e os defensores do absolutismo ele era radical e revolucionário. O leitor percebe como esses termos são contextuais? Assim, dizer que os conservadores eram de Direita e os radicais eram de Esquerda não definia absolutamente nada.

Por esse motivo, não demorou muito e os termos Direita e Esquerda deixaram de ser utilizados para definir questões contextuais, passando a designar duas vertentes diferentes da nova política europeia que surgia: a vertente humanista e a vertente cética. Tais vertentes tinham em comum serem contrárias ao absolutismo. No entanto, diferiam radicalmente em sua visão de mundo.

A vertente humanista acreditava que o ser humano era plenamente capaz de criar uma sociedade totalmente nova, sem mais desigualdade e injustiças. A fé na capacidade, na racionalidade e na natureza boa do homem tornava esse sonho possível. E se o ser humano tinha essa capacidade toda de transformar o mundo, ele tinha como obrigação buscar essa transformação. Por essa razão, humanistas logo começaram a defender uma maior participação do Estado revolucionário na economia, um governo intervencionista, a radicalização das ações revolucionárias, uma maior valorização do coletivismo, um discurso voltado para a defesa das minorias, a excitação das massas e a luta pela igualdade social. Eram ações que visavam o alcance dessa sociedade paradisíaca que eles almejavam.

Essa vertente humanista da nova política passou a ser chamada de Esquerda. E é deste modo até os dias de atuais. A definição é fixa e concreta. Esquerda é o posicionamento político pós-absolutista que se baseia nos ideais humanistas de um ser humano perfectível, capaz de transformar o mundo, de um radicalismo político que quebre com as bases da sociedade atual e de um governo revolucionário forte e interventor que consiga servir de meio para o ser humano mudar o mundo. A Revolução Francesa é um ótimo exemplo desse tipo de iluminismo; e o partido jacobino francês é a encarnação do espírito humanista da Revolução Francesa.

A visão da vertente cética era exatamente a oposta. Era uma vertente mais pessimista da nova política no que se refere à natureza do ser humano e a sua capacidade de transformar totalmente o mundo. Para o cético político, o ser humano não era bom por natureza, mas sim naturalmente inclinado ao mal e incapaz de mudar sua natureza. Ou, mesmo que não inclinado naturalmente ao mal, ainda assim corrompido e falho demais como espécie para conseguir transformar o mundo em um paraíso. Isso não quer dizer que o cético político não acreitava na existência de uma moral a ser seguida. Entretanto, ele reconhecia no ser humano uma tendência (social ou natural) a não obedecer a essa moral.

Portanto, o cético era extremamente desconfiado do ser humano e do governo. Ele não acreditava que os homens poderiam formar um paraíso na terra e tinha aversão a um governo que tomasse para si muitas funções, porque isso gerava um risco muito grande de o governo abusar de seu poder, tornando-se despótico. Essa vertente cética defendia as idéias do liberalismo clássico (livre comércio, autonomia do indivíduo, Estado pouco intervencionista, governo com o poder bem limitado pelas leis e etc.) e as idéias do conservadorismo de Edmund Burke (respeito às tradições e à experiência, ceticismo em relação ao homem, mudanças não bruscas e etc).

A vertente cética da nova política passou a ser chamada de Direita, em oposição à vertente humanista (Esquerda). E do mesmo modo é assim até os dias atuais. A definição é fixa e concreta. Direita é o posicionamento que se distancia do humanismo, baseando-se no conservadorismo de Burke e no liberalismo clássico, visões que encaram com pessimismo a natureza do homem e sua capacidade de transformar o mundo em um paraíso, contudo, entendem que o mundo pode ser um pouco melhorado através de um governo limitado e uma economia livre. A Revolução Gloriosa, na Inglaterra, e a Revolução Americana, nos EUA, são exemplos de movimentos orientados por essa vertente

A vertente cética, importa ressaltar, muitas vezes é conhecida como iluminismo britânico, já que muitos dos seus principais defensores eram iluministas da Grã-Bretanha, como Adam Smith, David Hume e Edmund Burke. E foi justamente na Grã-Bretanha que esta vertente melhor se desenvolveu, derrubando, inclusive, o absolutismo. A vertente humanista, por sua vez, é muitas vezes conhecida como iluminismo francês, pelos mesmos motivos: muitos de seus defensores eram iluministas franceses e foi lá, na França, que o humanismo mais se desenvolveu, derrubando também o absolutismo e influenciando muitas nações.

Voltando à Revolução Francesa

Voltando à Revolução Francesa, é possível aplicar essa nova definição, mais fixa e concreta na oposição entre jacobinos e girondinos dentro da Convenção. Embora os dois partidos defendessem os interesses da burguesia (foi uma revolução burguesa, não se esqueça disso), os jacobinos acreditavam que as propostas dos girondinos não eram suficientes para dar prosseguimento à revolução. Na visão jacobina, o governo deveria agir de maneira radical (o mesmo radicalismo sangrento com o qual os revolucionários derrubaram a monarquia absolutista).

Um ponto deve ser ressaltado aqui: embora o partido girondino tenha sido mais cético que o partido jacobino, fazendo oposição à manutenção da política radicalista herdada pela derrubada violenta da monarquia absolutista, os girondinos não podem ser considerados expoentes do conservadorismo de Direita. Afinal de contas, girondinos e jacobinos estavam juntos na violenta derrubada da monarquia absolutista.

Muito mais influente para o desenvolvimento do conservadorismo de Direita foi o escritor francês Alexis de Tocqueville, que via com maus olhos os excessos cometidos pelos revolucionários franceses como um todo. O já citado Edmund do Burke também foi um pensador muito importante para o conservadorismo direitista. Para tais autores, a revolução na França foi um movimento de muitos aspectos negativos, o oposto do que pensavam sobre movimentos como a Revolução Inglesa e a independência dos Estados Unidos, que foram, para eles, revoluções mais prudentes.

Nesse sentido, pode-se dizer que os girondinos não eram conservadores, mas sim menos radicais que os jacobinos. O partido girondino era, na realidade, um partido que percebeu que a manutenção de todo aquele espírito revolucionário poderia trazer alguns problemas desagradáveis. Seja como for, o partido girondino era bem menos radical que o jacobino, o que levava muitos de seus integrantes a aceitarem melhor o chamado liberalismo clássico.

A rivalidade existente entre os dois partidos tomou maiores proporções quando algumas potências absolutistas da Europa uniram as forças para atacar a França e acabar com a revolução. Com as fronteiras derrubadas e os exércitos inimigos avançando, os jacobinos propuseram tomar “empréstimos” dos ricos (para equipar o exército popular) e limitar o preço dos cereais.

Os girondinos discordaram de ambas as propostas, por julgarem ser propostas de cunho autoritário, agressivo e contrárias ao liberalismo clássico. Como os girondinos eram sempre menos radicais, os jacobinos acusaram os girondinos de serem os responsáveis pelas derrotas do exército francês. A acusação foi aceita pelo povo e o resultado foi uma invasão popular à Convenção e o aprisionamento dos deputados girondinos. Assim, os jacobinos passaram a governar sozinhos.

Com o partido jacobino no poder, diversas medidas foram tomadas com o intuito de proteger a revolução. Uma delas foi a formação do Comitê de Salvação Pública, cujo objetivo era dar início a uma repressão implacável contra os “inimigos da revolução”, isto é, qualquer pessoa que aparentasse não estar de acordo com os jacobinos. O tribunal funcionou por pouco mais de um ano e estima-se que pelo menos 20 mil pessoas foram levadas à morte; o período ficou conhecido como Terror.

Estas ações políticas por parte dos jacobinos deixam claro o quanto que o partido se baseava no ideal da construção de uma sociedade sem desigualdades. O magnífico futuro imaginado pelos jacobinos deveria ser o objetivo supremo de cada pessoa. Assim, qualquer um que aparentasse ser um obstáculo ao alcance desse objetivo deveria ser eliminado. Trata-se de um pensamento fincado nos pilares da Esquerda que observamos: o humanismo, o radicalismo político e o Estado interventor. E é exatamente o oposto do pensamento de direita, cujos pilares são o conservadorismo burkeano e o liberalismo clássico.

A revolução foi protegida e algumas reformas sociais foram feitas, mas o terror imposto pelos jacobinos à população enfraqueceu o partido e fez com que as massas deixassem de apoiá-los, o que possibilitou o retorno dos girondinos ao poder.

Contudo, a crise política vivida pela França não permitiu que os girondinos firmassem sua autoridade sobre o país. Assim, temendo pela ameaça de mais um golpe do partido jacobino e sem capacidade de continuar administrando a nação, os girondinos afastaram-se de vez do liberalismo clássico e apoiaram a ascensão de um governo ditatorial que resolvesse essas dificuldades de modo rápido e bruto (provando que, de fato, o partido girondino ainda conservava as suas raízes autoritárias que foram herdadas pelo iluminismo francês).

No fim das contas, fica claro que girondinos e jacobinos, por terem raízes comuns, acabaram se mostrando iguais em termos de autoritarismo. É por esse motivo que pessoas como Burke e Tocqueville criticavam a Revolução Francesa. Eles acreditavam que uma revolução fundamentada na violência, na agitação, na quebra geral do passado e na busca por mudanças através do autoritarismo, jamais poderia ser bem sucedida.

Pois bem, em 1799 o general Napoleão Bonaparte assume o poder na França e finaliza a Revolução Francesa, tornando-se ditador. Nossa viajem pelo contexto histórico termina aqui. Tendo feito esse mergulho no contexto que originou as definições de Direita e Esquerda, não corremos riscos de cometer erros na classificação de um partido, governo, político ou ideologia.

Considerações Finais

Vamos resumir o que aprendemos. Direita e esquerda são vertentes de uma nova política europeia que surge com a crise e o declínio do sistema absolutista de governo. As duas vertentes perduram até hoje. Direita é o posicionamento político baseado no (1) conservadorismo burkeano (ou anglo-americano, ou moderno), uma política da prudência, da valorização da experiência e do ceticismo em relação a capacidade do ser humano de transformar plenamente o mundo; (2) no ideal de Estado limitado, a fim de evitar despotismos; e (3) na defesa de uma economia mais livre. Esquerda é um posicionamento político baseado nos (1) ideais humanistas de um ser humano perfectível, capaz de construir uma nova sociedade; (2) em um radicalismo político que quebre com as bases da sociedade atual; e (3) na defesa de um Estado forte e interventor que sirva como meio para que o ser humano possa transformar o mundo.

Para se tornar mais fácil a distinção, vejamos um quadro comparativo expondo o que cada posicionamento defende:

9 comentários:

  1. Muito bom texto, parabéns. Esclareceu uns pontos para mim, eu sempre leio o blog do Ayan e sou um tanto quanto ignorante a algumas cousas(naturalmente, né)que me impedia de absorver a totalidade do que ele afirmava ali - até mesmo opiniar de maneira mais concisa.

    E sempre gosto de textos que apresentam o contexto histórico de algo. Valeu.

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  2. Hebert, obrigado pelas palavras.
    De fato, a ideia foi esclarecer alguns pontos básicos que não são facilmente encontrados em livros ou na internet. É bom começar assim porque evita confusões (ingênuas ou propositais) de quem quiser comentar.

    Sim, o contexto histórico é sempre muito importante. :D

    Abraços.

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  3. Olá, Davi!
    Gostei muito do artigo, irmão. Ampliou muito minha visão sobre o tema... Tenho acompanhado o blog do Luciano Ayan há alguns meses, sou principiante no estudo da "guerra política", mas tenho muito interesse no assunto. Meu intuito não é entrar na guerra literal, mas entender o pensamento e a filosofia esquerdista como precaução, pois convivo com agressividade de uns pouquíssimos esquerdistas.
    Ah, outra coisa:
    Parabéns por seres adventista!És meu irmão!
    Um abraço.

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  4. Ezequiel, obrigado pelo comentário. Eu acompanho o Ayan desde a época em que o Snowball e o Paulo Junior ainda postavam. Achei interessante a questão da guerra política pelo fundo teológico esse tema apresenta: (1) discussão sobre a natureza do ser humano (boa ou ruim) e (2) adesão da maioria dos não-religiosos à religião política (negam a religião tradicional, mas se agarram a uma crença infinitamente ingênua). Por esse motivo, principalmente, é que acho válido o estudo da guerra política.

    A propósito, que bom ter mais um adventista no blog. Também estarei postando sobre temas adventistas que as pessoas costumam a ter dúvidas.

    Abraços.

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  5. Muito bom o artigo, muito obrigado por esclarecer minhas dúvidas sobre o assunto, isso é algo que eu nunca aprenderia na minha escola...
    Sim, antes de ler isso eu era daqueles que acreditava que direita era sinônimo de capitalismo e esquerda sinônimo de comunismo rsrs.

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  6. Li o artigo e apesar de reconhecer o esforço filosófico e a iniciativa de contextualização sócio-histórica o texto me parece tendencioso. Todo o vocabulário/léxico usado para definir "esquerda" e "direita" parece evocar valorações que favorecem subjetivamente a última vertente. A ideia de que a direita quer "estado limitado" para coibir o despostimo é incoerente, uma vez que o próprio texto diz que o girondismo culminou em uma ditadura. Enfim, a oposição entre ceticismo x humanismo não me parece ocupar o centro do debate uma vez que os movimentos de direita costumam estar comprometidos, em toda a história, na conservação a ordem, não por "ceticismo" social, mas pela manutenção de privilégios de grupos específicos. Não me agrada a naturalização das desigualdades sociais, apenas pelo argumento "somos céticos". Bem como, não creio que todo movimento em direção à superação de desigualdades, seja necessariamente baseado em concepção purista do "humano perfeito". Espero que você dê margem ao contraditório e publique este comentário. Grande abraço!

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    1. Pro Thiago,

      Vou comentar por partes. Sobre a alegação do texto ser tendencioso, há duas observações a serem feitas. A primeira é que não acredito em imparcialidade plena. Escolher palavras, ordenar os acontecimentos e estruturar os textos são tarefas que sempre expressarão, ainda que sutilmente, alguma crença do escritor. E óbvio que essa parcialidade natural não deve ser tamanha à ponto de ofuscar ou distorcer deveras os fatos. A visão do todo deve prevalecer. Sob este prisma, acredito que sim, meu texto é tendencioso como o é qualquer outro texto. Mas não à ponto de tornar impossível ao leitor enxergar o quadro geral, bem como comparar o texto com outras interpretações distintas e extrair das mesmas um denominador comum que bata com a realidade.

      A segunda observação é que não escrevi esse texto com a pretensão de parecer neutro (o que eu poderia ter feito). O texto foi publicado aqui e em um site de direita para o qual contribuo. Ele foi projetado com o claro objetivo de oferecer uma visão alternativa às interpretações dominantes e não como uma tentativa de expor várias interpretações distintas, didaticamente, dando a elas o mesmo peso.Esse é o tipo de texto que eu não escreveria para um livro de história, por exemplo, não por achar eu que ele foge à realidade, mas porque sua estrutura e linguagem estão voltadas para quem já é de direita ou já está à par das interpretações tendenciosas de esquerda e pretende ouvir o outro lado da história. Em suma, não há nesse texto um tratamento extensivo e equilibrado da questão, o que eu poderia fazer se fosse esse o meu objetivo à época.

      Com relação às intenções dos governos de direita ao longo do tempo, eu não gosto de entrar nesse mérito por uma questão simples: governos não são formados por uma só pessoa, mas por várias. Assim sempre há uma série de diferentes intenções envolvidas. Alguns que se alinham à direita podem intencionar reduzir o Estado em muitas áreas, mas beneficiar determinados grupos. Outros podem realmente querer a redução do Estado em todas as áreas. Alguns podem ser oportunistas. Outros podem crer realmente no que professam. Uns podem ser direitistas em alto grau. Outros podem ser menos, aceitando algumas visões de outros pontos do espectro. E por aí vai. As intenções são diversas. E o mesmo se dá na esquerda.

      Quando digo "a direita quer" ou "a esquerda quer", estou falando de tipos ideais. Em outras palavras, estou tratando do discurso que orienta a ideia em si, mas que não necessariamente orienta a intenção pessoal de cada político. O discurso da direita, em seu tipo ideal, é a redução do Estado por conta do ceticismo. Sem dúvida muitos autores acreditaram (e acreditam) nisso, como Frederic Bastiat e Ludwig von Mises. Eles não pretendiam conservar benefícios a determinados grupos. Sem dúvida também muitos políticos se orientavam por essa ideia. Thomas Jefferson, por exemplo, ainda que possa ter tido seus defeitos, era alguém que pretendia fazer um governo mínimo e que trilhou nesse caminho. Se ele não chegou ao ideal, isso não é suficiente para dizer que não foi um direitista de verdade. Aliás, a intenção pessoal não importa muito aqui, mas sim o modus operandi. Se age como direita, é direita. Se age como esquerda, é esquerda. Mesmo que as intenções sejam nefastas e não condigam com o que diz o discurso ou que não se coloque em prática todo o modus operandi que o posicionamento ideal requer.

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    2. Sobre a questão da naturalização das desigualdades, não sei a que desigualdades você se refere. No que tange à lei, o liberalismo clássico tem defendido desde sempre a igualdade entre os indivíduos. No que tange à economia, para os direitistas o importante não é a busca pela igualdade dos indivíduos, mas sim a busca pela redução da miséria. O problema não é Bill Gates ter dez mil vezes mais dinheiro que eu, mas sim eu não ter dinheiro para comer e viver dignamente. Acreditamos que é isso que precisa ser atacado.

      Anh, sobre a concepção purista de ser humano perfeito, perceba que essa é a origem do pensamento de esquerda, mas não quer dizer que todas as suas filosofias, sobretudo hoje, se baseiam nisso (pelo menos não diretamente). A ideia parece ter evoluído com o tempo para a concepção de que o ser humano é capaz de mudar a sociedade e transformar o mundo, utilizando o Estado como ferramenta. Aqui o Estado se torna agente ativo nessa transformação e a transformação, por sua vez, é bastante ampla. É nisso, parece-me, que se baseia a esquerda das últimas cinco décadas. No fim das contas, não mudou muita coisa. A crença no Estado como ferramenta do homem para mudar tudo permanece. E é aqui que se encontra o grande perigo.

      Abraços!

      Davi Caldas.

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