terça-feira, 3 de abril de 2012

Por que é importante ter uma fé racional?

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Existem duas coisas básicas que os cristãos precisam saber. A primeira é que é importante que se cultive uma fé inteligente, com bases racionais e que ofereça certeza de veracidade. A segunda é que essa fé inteligente não deve ficar guardada dentro de sua casa, escondida do mundo. Pelo contrário, o cristão que possui uma fé inteligente deve, sempre que possível, expô-la aos que acreditam que fé é apenas crença infundada e sem evidências.

Agora, por que essas duas coisas são importantes? O que vale não é apenas crer e pronto? Cada um não tem direito de crer no que bem entender? Não é melhor deixar de lado as discussões e não interferir nas crenças dos outros? Vamos responder esses questionamentos.

Em primeiro lugar, devemos ter em mente que é natural querer saber se algo é verdadeiro antes de aceitar como verdade. O nome disso é ceticismo e por mais ingênua que seja uma pessoa, ela sempre terá certo nível de ceticismo. Um bom exemplo para se mostrar como que o ceticismo é natural e importante, imagine que alguém chegasse para você e dissesse: “Sou um lobisomem”. O que você faria? Simplesmente acreditaria, sem questionar? Eu tenho certeza que não. Você não acreditaria a menos que tivesse fortes evidências para crer nisso. Então, vemos que o ceticismo é natural e importante.

Da mesma forma, não pode haver fé se não houver também ceticismo. Afinal, para que você acredite em algo, é necessário que você tenha boas razões para crer que aquilo é verdadeiro, bem como ter boas razões para crer que as visões opostas a que você adotou são falsas. Então, fé envolve uma boa dose de ceticismo.

É claro que nem sempre as razões que temos para crer em algo são razões evidentes para outras pessoas. Muitas vezes cremos em algo por experiência pessoal. E o que é pessoal, é pessoal. Esse tipo de razão é válido, pois não deixa de ser uma razão, um motivo para crer. E é importante ter experiências pessoais, pois são as experiências pessoais que mais nos tocam e nos inclinam a crer na veracidade de algo.

Entretanto, se cultivamos apenas razões pessoais para nossa fé, poderemos ter dois problemas. Primeiro: Dificilmente poderemos convencer alguém de que nossa fé é verdadeira e racional. Segundo: Quando estivermos diante de argumentos contrários à nossa fé, provavelmente não saberemos refutá-los e, assim, além de passarmos vergonha e deixarmos uma má impressão da nossa fé, vamos também ficar com dúvidas. E essas dúvidas provavelmente não serão respondidas, pois nós não temos o costume de buscar razões lógicas (que excedem o campo do pessoal).

O resultado é catastrófico: Damos a impressão de que nossa fé é burra, ajudamos os argumentos contrários, afastamos as pessoas de acreditarem no que nós acreditamos e, por fim, acabamos perdendo a nossa fé. Isso não sou eu que estou dizendo. Isso pode ser atestado todos os dias nas faculdades e em meios mais intelectuais. Os cristãos são vistos como burros, retrógrados, ingênuos, anti-intelectuais, idiotas e por aí vai. Vários cristãos abandonam sua fé, muitos ateus não se convertem e os doutores e professores da faculdade continuam tratando fé como um empecilho.

Portanto, vemos que é essencial os cristãos cultivarem uma fé inteligente para que o cristianismo seja visto com mais respeito; para que menos cristãos abandonem a fé; para que mais ateus e agnósticos possam enxergar que o cristianismo é uma opção racional e viável.

Com relação ao direito de escolha, sim, todas as pessoas tem direito de crerem naquilo que bem entendem. E devemos respeitar isso. Agora, isso não significa que não podemos falar para as pessoas sobre algo que, a princípio, elas discordam. E existem vários motivos para isso. Um deles é que a pessoa pode estar errada e você certo. Assim, ao conversar com a pessoa, se ela realmente se importa em saber a verdade, ela terá a chance de perceber que está errada e mudar. Outro motivo é que você pode estar errado e a pessoa certa. Assim, você terá a chance de perceber que está errado e mudar.

Em todo o caso, a discussão pacífica e construtiva de qualquer assunto, sempre será positiva, pois poderá levar alguém a perceber o seu erro. Mas para isso é necessário que você estude o assunto para que não corra o risco de você estar certo, mas por falta de estudo achar que está errado.

Como cristãos, a questão fica ainda mais séria. Jesus afirma que quem conhecer a verdade, será liberto (João 8:32). Ele também diz que nos capacita para sermos suas testemunhas (Atos 1:8). Pedro nos diz que devemos estar sempre preparados para dar a razão de nossa esperança às pessoas (I Pedro 3:15). Calar-nos e deixar que as pessoas pensem que a fé é irracional, é, portanto, até mesmo uma falta de amor para com ateus, agnósticos e cristãos de fé vacilante. Cristo deseja que todos estes conheçam a verdade e se acheguem a ele. Cabe a nós dar a eles essa oportunidade. Se depois não quiserem aceitar, pelo menos estaremos certos de que fizemos a nossa parte.

Por fim, estudar as razões da nossa fé colabora para o nosso próprio crescimento espiritual, pois acrescenta mais certeza e segurança para o nosso coração de que estamos seguindo a coisa certa. Devemos lembrar também que se Deus criou o mundo também é dono da racionalidade, da inteligência e do raciocínio lógico. Então, tentar desassociar fé e razão é uma forma de chamar Deus de burro. Se Deus existe é claro que podemos chegar a ele através da razão.

Quanto às discussões, mais uma vez ressalta-se que elas devem ser pacíficas e construtivas. É preciso mostrar à pessoa com a qual discute, que você está interessado em discutir racionalmente, que está interessado em saber quais são as dúvidas ou as razões da descrença dela com o fim de ambos saberem a verdade.

Conclui-se, então, que é importante ser engajado intelectualmente no que diz respeito a sua fé. Mas não se assuste. Não é necessário saber muito e nem gastar anos e anos estudando. Apenas é necessário saber o básico. Um aprofundamento fica por conta do gosto do estudante pelo assunto. É curioso notar que ao estudar um pouquinho, nós percebemos que a maior parte das dúvidas dos não-cristãos são fáceis de responder. E mais interessante é que muitos ou não tem argumentos concretos para sua descrença ou simplesmente repetem o que outros disseram. Quando nos damos conta disso, aí vemos como o cristianismo tem perdido espaço nas universidades e centros intelectuais por verdadeiras bobagens. É claro que existem bons argumentos e bons argumentadores que militam contra o cristianismo e a crença em Deus em geral. Mas são poucos e também não devemos temê-los. Afinal, se aquilo em que cremos é verdade, a verdade sempre vai se impor sobre a mentira. No fim, quem estuda não tem medo de ter fé. E quem tem fé não tem medo de estudar.