quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Deus, o Imbatível

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Eu procuro não discutir com Deus. É inútil. Ele está sempre certo. Eu estou sempre errado. E não digo isso de modo irônico, como quem tenta afirmar implicitamente que Deus ganha arbitrariamente as discussões. Estou sendo literal e explícito. Deus não erra. E por isso é perda de tempo discutir com Ele. Não importa o que você fale, não importa o quanto você pense e argumente, no final Ele sempre te derrubará com um soco de realidade na boca do estômago. Não há como ganhá-lo. Não há como fazer melhor que Ele. Deus é imbatível.

Isso pode ser bastante irritante, às vezes. Nós nos sentimos melhor quando culpamos alguém pelos nossos problemas. Não ter a quem culpar é frustrante, angustiante. Falo como ser humano (parafraseando o apóstolo Paulo). Para o ateu as coisas são mais fáceis nesse sentido. Ele pode culpar o Deus em que não acredita por todos os seus problemas. Culpar quem não existe pode parecer esquizofrenia, mas é uma boa válvula de escape. É uma forma de odiar alguém sem se sentir culpado, já que esse alguém é apenas imaginação dos outros. Não que seja o certo. Mas é fato. Ademais, a porta dos vícios está sempre aberta. Há diversas ilusões nas quais se esconder, diversas rotas de fuga da realidade.

Para o cristão, as coisas são mais complicadas. Uma vez que Deus existe e está certo, não há escapatória. Seus problemas são seus problemas e Deus não tem culpa de nada. Entendem a feiura da situação? Se Deus errasse, poderíamos acusá-lo de injusto, ralhar com Ele e dizer em alto em bom som que nós faríamos melhor. E se Ele mudasse de ideia, como já bem falou C. S. Lewis, talvez pudesse nos poupar de algumas agruras da vida. Mas Ele é perfeito e imutável. Então, não há a quem recorrer. Não há argumentos. Não há chance de vitória. O perigo de estarmos sendo injustiçados por Ele ou de Ele estar gerindo mal a realidade simplesmente não existe. Não há do que reclamar, meus caros. O que poderia ser mais angustiante?

O cristão, pelo menos o cristão verdadeiro, é aquele que terá de enfrentar seus problemas sem válvula de escape. Impossibilitado de culpar a Deus, tudo o que resta ao cristão é aceitar que Deus está certo e todos nós teremos de passar por nossos problemas, por mais difíceis, irritantes e duradouros que sejam. Não há aqui quem proteja o cristão da perfeição de Deus. A limitação humana do cristão está absolutamente exposta à superioridade de Deus. E todas, absolutamente todas as ilusões estão mortas.

Para o cristão, sim, o cristão verdadeiro, não há mais chão. Ele está nu e sozinho diante da santidade do Justo do Universo. "Para onde me ausentarei do Teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face?", diz um salmista. A falsa e consoladora sensação de segurança em pessoas, coisas e vícios já não existe. Não há mais mentiras reconfortantes, não há mais autoenganos passageiros, há apenas a dura e fria realidade da vida. Nada mais pode entorpecê-lo. Ser cristão exige, em suma, a coragem de se expor à infinitude e perfeição de Deus sem nenhuma proteção. É pular sobre o abismo da verdade, sobre o imenso e tenebroso buraco negro da justiça e da retidão. Não é qualquer um que aceita esse desafio.

Talvez por isso a Bíblia afirme que o Reino de Deus não é para os covardes.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Quando o antigo Batman morreu

Um comentário:
Estava nesta semana refletido sobre o antigo Batman. Sim, falo daquele seriado de TV americano dos anos 60 (que viria para o Brasil mais tarde), no qual o Homem Morcego era um tanto fora de forma e seu fiel companheiro Robin era um bobalhão que colocava o adjetivo “santo” na frente de tudo o que exclamava. “Santo seriado, Batman!”. Com enredos surreais e lutas cômicas sempre acompanhadas de balões descrevendo os golpes com pow’s e pof’s, o Batman da década de 60 fez a alegria de uma geração inteira de crianças e deixou fãs nostálgicos que perduram até os dias de hoje. Aqueles que têm mais de quarenta anos ou pais que assistiram muita TV a década de 70 sabem do que estou falando.

A lembrança do antigo Batman me fez resgatar também outras memórias como a do antigo Hulk, do herói japonês Ultraman e do desenho animado Super Amigos. Há algo em comum nestas e outras produções daqueles anos: a simplicidade. Tudo era mais simples. Os enredos, os efeitos especiais, os personagens e a própria maldade. Não se via tanto sangue, tanta violência, tanta verossimilhança. Os filmes, seriados e desenhos animados para crianças eram, em geral, para crianças mesmo.

Minha mente volta a processar programações e logo me recordo dos seriados “Chaves” e “Chapolin Colorado”, criações imortais do saudoso Roberto Gomes Bolaños. Aqui no Brasil eles ainda passam, e há poucos que já não tenham visto pelo menos trinta vezes os mesmos episódios, rindo em cada um deles. O sucesso dessas criações não se deve à humor com conotações sexuais ou palavras de baixo calão. A inocência de ambos os seriados e a comédia pura foram a regra em todos os episódios. E era exatamente este humor infantil, leve, sem malícias, que levava as crianças às gargalhadas (e também os adultos, vale ressaltar).

Falo das programações infantis, porém as próprias programações de adultos não eram tão dotadas do voyeurismo, da agressividade, da imoralidade e da maldade explícita a que hoje estamos acostumados. E me parece, por tudo o que tenho ouvido de pessoas mais velhas, que havia uma linha divisória mais bem definida entre o que era de criança e o que era de adulto. O que era de adulto passava depois das 22h, quando as crianças já estavam indo dormir. Sim, criança ainda tinha hora de dormir à época. E era comum que os pais controlassem isso. Por mais incrível que pareça.

O tempo parece ter mudado os hábitos aos poucos. E com eles, toda a mentalidade da sociedade. Passo por passo, a grande mídia acompanhou essa mudança (ou, quem sabe, não foi ela mesma a principal autora do processo?) e o que antes não era para a criança, passou a ser. Proteger os filhos pequenos de diálogos baixos, bem como cenas de sexo e violência foi se tornando desnecessário e até ridículo. Em nome da verossimilhança, dos efeitos especiais mais realistas e, claro, de uma mente mais aberta e progressista, aceitamos com o passar dos anos ver e ouvir de quase tudo, praticamente sem peneiras, e achar que não há mal em que nossos filhos façam o mesmo. E então a velha inocência, retrógrada e ultrapassada, foi mesmo deixada de lado.

A mudança não foi brusca. Não se sobe uma escada dando um salto do primeiro ao décimo degrau. Mas do primeiro para o segundo degrau a diferença é bem pequena. E do segundo para o terceiro também. Em cada novo estágio, o estágio subsequente não parece tão distante. E assim se sobe toda uma escada. E assim se muda uma cultura.

Recentemente uma charge procurou demonstrar a existência de um gênero hipócrita de brasileiro, que permite ao filho ver imagens indecentes do Big Brother Brasil e a feroz violência de filmes de ação ou do MMA, mas o proíbe de ver um casal homossexual se beijando. Não tenho como saber, estatisticamente, se realmente existe um número tão grande de pessoas com este julgamento hipócrita, o qual justifique a formulação dessa charge. Seja como for, eu me pergunto se o que a charge tenta rotular como hipocrisia não seja simplesmente a postura natural de uma sociedade que ainda está em fase de transição. Afinal, a feroz violência de um MMA ou de um filme como Tropa de Elite, ou então, as representações sexuais entre casais heteros nas atuais telenovelas ou em filmes como Cidade de Deus, não seriam aceitas como programações apropriadas para crianças e adolescentes nas décadas do Batman-fora-de-forma e dos Super Amigos. Chocariam até mesmo boa parte dos adultos.

Daquela sociedade para cá, uma série de degraus foram subidos, um por um. O hipócrita que hoje aceita o MMA, a Tropa de Elite, A Cidade de Deus e os amassos heteros em todas as produções, mas não o beijo gay, talvez não aceitasse nenhuma dessas coisas há quarenta anos; possivelmente aceitará o beijo gay daqui a vinte anos; e, sem dúvida alguma, morrerá vendo toda uma nova geração totalmente acostumada com a ideia de amassos homossexuais na TV. As coisas continuarão mudando e o chargista não precisa temer a suposta hipocrisia que acusa. Ela também passará.

Um aviso fica: por mais mente aberta que julguemos ser, nossas gerações posteriores sempre questionarão muitos de nossos princípios. No futuro, tenho por certo que pessoas que hoje se julgam mente aberta, serão criticadas por não concordarem com - quem sabe? – pornografia em canal aberto durante o dia, ou com programações explorando a defesa de casamentos incestuosos e poliamorosos (entre três ou mais pessoas), ou com desenhos animados para crianças, em busca de verossimilhança e uma postura de crítica social, mostrando um marido espancando sua mulher, um mendigo sendo incendiado, ou um vilão estuprando alguma moça. Quando esse tempo chegar, essas pessoas serão consideradas as novas “hipócritas” da sociedade. Quando esse tempo chegar, todos nós teremos saudades do antigo Batman dos anos 60. Então, nos sentiremos culpados por tê-lo matado.

Nota: Texto escrito para a disciplina de Língua Portuguesa, que consta na ementa de Comunicação Social da minha universidade. O professor deu nota máxima.

Os problemas da educação brasileira

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Resolvi fazer um canal no Youtube para explicar melhor alguns dos conceitos e análises que tenho abordado em meus textos. Nesses primeiros vídeos, falarei sobre os verdadeiros problemas da educação brasileira e minhas propostas para resolvê-los. Inscrevam-se no canal e acompanhem os vídeos. Deixo aqui o link para o vídeo introdutório.


As ideias divulgadas nesse canal servirão para conscientizar as pessoas de soluções que poucas pessoas conhecem e para, talvez, possibilitar uma futura candidatura de minha a algum cargo político, no qual poderei tonar efetivas as minhas propostas. Quem concordar com as ideias lá expostas, por favor, ajude a divulgar esses vídeos. Desde já agradeço.