sábado, 30 de agosto de 2014

Como tratar um homossexual (princípios básicos)

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Ao amigo ou amiga homossexual:

Para mim, tua opção sexual não torna-te diferente de ninguém. És um ser humano como qualquer outro e eu o amo, tal como a qualquer indivíduo. Não quero o teu mal, não quero o teu sofrer. Se levares um tombo na rua, eu estenderei a mão para te levantar. Se te quiserem machucar, eu intervirei para tentar defendê-lo. Se algum dos meus amigos o humilhar, em público ou a sós, darei ao mesmo uma grande bronca. Se ficares doente, orarei por ti. Se me pedires atenção, eu lhe atenderei. Não ligarei de ouvir tuas mágoas e de oferecer-lhe um conselho. Não me importarei de ser-te um amigo. 

Torcerei pelo teu sucesso. Quererei ver-te em um bom emprego e feliz. Quererei ver-te bem com tua família, que é o bem mais importante do mundo. Quererei ver-te saudável e completo. 

Por quê? Porque és humano como qualquer outro. E o Deus ao qual eu sigo, o Deus da Bíblia, me ensina a não fazer distinção entre pessoas, mas amar a todos como Ele ama. Este Deus me deu muitos exemplos de como devo amar as pessoas. Sem dúvida, porém, o maior deles foi ter-se entregue para morrer na cruz. Ali, Ele me fez entender o que é amar. Por isso, eu procuro amar a ti, independentemente do que Tu fazes em tua vida privada.

Isso não quer dizer que concordo com teu estilo de vida. Na verdade, o amor não está em concordar com tudo o que faz a pessoa a quem se ama, mas sim, mesmo não concordando, ainda assim querer bem. Ama mais aquele que ama sem concordar do que aquele que ama apenas aqueles com quem concorda. Eu não concordo com o que fazes. Mas quero que saibas que és importante para mim. Para mim e para Deus.

Que Deus esteja contigo.

domingo, 10 de agosto de 2014

O deus do Evangelho Libertário (ou: Analisando a "Caiofabiologia")

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Um amigo meu me mostrou há algum tempo um vídeo do Sr. Caio Fábio, líder do segmento religioso "Caminho da Graça". No vídeo em questão, o ex-pastor da igreja Presbiteriana é questionado por um internauta sobre se Jesus Cristo é Deus. O leitor se dizia estudante de filosofia e afirmava que algumas passagens da Bíblia lhe davam a impressão de que Jesus é menor que o Pai, que Jesus não é Deus, embora seja uma criatura muito evoluída. Para quem quiser ver o vídeo, coloco-o abaixo:


Bom, como é hábito meu, resolvi fazer algumas considerações por escrito sobre o vídeo do Caio Fábio, após assisti-lo. Antes de tudo, porém, gostaria de falar um dos motivos pelo qual não gosto do Sr. Caio: ele tem uma habilidade incrível de misturar verdades com mentiras. É, de fato, uma habilidade fantástica, pois quem consegue fazer isso bem, torna suas mentiras atrativas. É o que pretendo mostrar a você nessa análise. Vamos ao que interessa.

Repare que Caio Fábio, nesse vídeo, quer vender a ideia de que Deus é absurdo, impossível, que não cabe dentro da “caixinha”, que está totalmente além da nossa razão humana, que é incompreensível para o homem e que só pode ser sentido; sentido através da fé. Há muitas verdades aqui. Para nós, humanos, por exemplo, é absurdo pensar em algo que não tenha início. É algo que não conseguimos compreender direito. Isso não cabe em nossa mente finita. Mas Deus não tem início. Ele é eterno. A eternidade é absurda para a compreensão humana. 

Para nós, humanos, a Trindade também é absurda. É impossível entende-la em sua plenitude. Afinal, nós não somos seres triúnos. E é difícil você entender algo que você não é, nem nunca passou pela experiência. Mais que isso: É difícil compreender algo que não tem igual para se comparar. Não há exemplo na realidade que se compare a Trindade. E o ser humano só consegue compreender algo plenamente quando ele pode comparar. A Trindade é única e, portanto, incomparável.

Para nós, humanos, o amor de Deus também é absurdo. Simplesmente não é o que nós esperaríamos se Deus funcionasse da maneira como estamos acostumados a ver as coisas no mundo. Um amor tão forte a ponto de causar a morte de um Ser sem pecado para salvar seres imundos... Isso é o absurdo dos absurdos. Enfim, nesse sentido, Caio Fábio está certo. Deus está além da compreensão plena do ser humano. Ele está além do entendimento habitual do homem (o que é normal: Ele é Deus; nós somos meras criaturas finitas).

Agora, esse absurdo que Deus é para nós, humanos, não é um sinônimo de ser ilógico, irracional e sem sentido. Quando falo de lógica, razão e sentido, me refiro a um padrão de realidade que é imutável. Por exemplo: não existem coisas como um quadrado triângulo, um casado solteiro, um corrupto honesto, um preto branco. Estas coisas não existem porque a simples ideia delas é contraditória. São coisas ilógicas, irracionais, sem sentido. Se eu disser (para citar outro exemplo) que Deus é plenamente bom e plenamente mal, você saberá que estou falando algo impossível. Uma coisa anula a outra. Em outras palavras, existe um padrão lógico-racional na realidade. É um padrão de sentido que nunca é quebrado. Ele é inerente à realidade e à existência. O que quer que exista, se enquadra nesse padrão.

Você pode dizer: “Mas esse padrão pode ser quebrado por Deus, pois Ele o criou e está acima dele”. Está errado. Esse padrão não foi criado por Deus. Ele faz parte do próprio Ser de Deus, assim como o amor também não foi criado por Deus. Deus é amor. O amor é inerente à essência de Deus. É tão eterno quanto Deus porque é parte do próprio Deus. 

Se você entende isso, percebe que Deus é absurdo não no sentido de ser uma contradição lógica. Ele é absurdo, não no sentido de fugir a esse padrão de sentido da realidade. Ele é absurdo, mas não no mesmo sentido de ser capaz de ser plenamente bom e plenamente mal ao mesmo tempo, ou de ser corrupto e honesto ao mesmo tempo e etc.

Deus é absurdo em dois sentidos: (1) o de que a sua natureza é inigualável e está além do mundo físico, escapando, por isso, à nossa plena compreensão; e (2) o de que Ele quase sempre faz as coisas de modo diferente ao que esperaríamos ou estamos acostumados. Em ambos os sentidos não há quebra de razão e lógica, mas apenas a quebra de nossas expectativas humanas. Esperamos que Deus aja conforme nós agiríamos, ou que faça sentido à luz de nossos hábitos e nossa compreensão finita. E isso realmente não acontece. 

A salvação do ser humano por meio de um Deus que se faz homem mortal e simplesmente morre na cruz é o melhor exemplo disso. Não é o que esperávamos como seres de mente finita. Todos esperavam um herói, que arrancaria as cabeças dos romanos e seria o mais novo Alexandre o Grande. Esperávamos um Hércules, um Kratos, um Deus da Guerra. Então, ele veio como um cordeiro e morreu. Parece uma derrota. Parece não ter sentido. Parece, porque quebra com nossas expectativas. Mas só parece. Não quer dizer que realmente não tenha sentido, que não seja lógico e racional, que não possamos entender, ainda que seja estranho à primeira vista.

C. S. Lewis, ao falar sobre milagres, nos dá um exemplo muito interessante para mostrar que milagres não quebram as leis da natureza. Ele pede que imaginemos a seguinte situação: todo dia ele coloca três moedas dentro de sua gaveta. No final de quatro dias, quantas moedas ele terá? Doze moedas, não é? Mas se ele abrir a gaveta no quarto dia e lá só tiverem seis moedas? Ele deve concluir que as leis da matemática e da lógica foram quebradas? Claro que não! Essas leis nunca são quebradas. Três vezes o quatro sempre será igual a doze. O que ocorreu foi que alguém tirou seis moedas de lá. Então, o que foi quebrado não foram as leis da lógica e da matemática, mas apenas a nossa expectativa humana. E a nossa expectativa humana foi quebrada porque não contava com esse fator de que um ladrão tiraria seis moedas da gaveta.

A conclusão de C. S. Lewis é que é tolice dizer que milagres quebram leis da natureza. O que os milagres quebram são nossas expectativas, pois esperamos sempre que os eventos naturais ocorram sem a intervenção de Deus. Quando há uma intervenção, obviamente o evento não ocorrerá como esperávamos. O resultado será diferente. Mas as leis continuam intactas.

Sempre uso o exemplo da maçã. Se jogo uma maçã do quinto andar em direção ao chão, eu espero que ela vá atingir o chão. Mas se antes de ela atingir o chão, alguém estica a mão pela janela, lá no segundo andar, e pega a maçã, minha expectativa será frustrada. Isso não quer dizer que a lei da gravidade deixou de existir naquele momento, mas sim que um fator com o qual eu não contava entrou na equação: a mão de uma pessoa interceptando a queda da maçã.

É claro que, no caso das leis da natureza, elas podem ser revogadas se Deus desejar. Afinal, elas sim foram criadas por ele. Se Deus quiser tirar a gravidade da Terra, Ele a tirará. Mas no caso do padrão lógico-racional da realidade, isso não pode ser quebrado, pois é inerente à realidade e inerente a própria essência de Deus. O que se quebra são sempre as expectativas humanas.

Caio Fábio, no vídeo, pretende obscurecer este entendimento com o objetivo de desestimular o estudo racional da Bíblia. Para isso, ele vende a ideia de que esse padrão lógico-racional de realidade não existe. Ele faz o expectador acreditar que a razão e a lógica são invenções humanas ou, no máximo, criações de Deus. Com isso, somos levados a crer que Deus está além de toda a razão e lógica. Ao fazer-nos aceitar isso, ele pode se dar ao luxo de transformar a teologia e todo o conhecimento e estudo da Bíblia em lixos, em inutilidades. Você não precisa estudar. Você precisa crer. Só isso. Essa é a mensagem de Caio Fábio.

Repare que ele se recusa a responder a pergunta do espectador. Eu teria dezenas de respostas satisfatórias para oferecer baseadas no estudo lógico da Bíblia. Mas ele apenas se limita a dizer que o espectador que faz a pergunta é um “filosofozinho de merda” (traduzindo), que essa questão não tem resposta e que o espectador precisa crer para poder ficar satisfeito. Caio Fábio passa deliberadamente por cima de dezenas de passagens bíblicas que nos dizem para estudar e ser racional.

Mas o mais importante vem agora: Caio Fábio não faz isso sem perceber. Ele sabe muito bem o que está fazendo. Sabe como eu sei disso? Por duas coisas: 

(1) No vídeo ele faz questão de enfatizar a todo o momento que Ele já estudou tudo o que o espectador está estudando, que ele já sabe tudo o que o espectador vai perguntar, que ele já fez todos esses questionamentos, que ele detém amplo conhecimento bíblico, que ele já estudou teologia e filosofia a vida inteira, enfim, ele é o cara. Então, quando ele diz que o espectador não precisa estudar, o resultado final de seu discurso se traduz assim: “Aceite o que eu tô falando porque eu sei mais que você. Não precisa estudar, porque eu já estudei e sei tudo o que você precisa saber. Apenas acredite em mim”. 

(2) Na entrevista que ele oferece a Gentile, a primeira coisa que ele diz é que os evangélicos são ignorantes, que não querem ter conhecimento, que ele ofereceu durante trinta anos conhecimento para as mais diversas denominações e que agora ele mantém um programa chamado “Papo da Graça” onde ele ensina as pessoas a pensar.

Pense um pouco comigo, amigo leitor: Se por um lado ele diz que Deus é absurdo, que está além da razão, que não adianta tentar estudar teologia e Bíblia, que é desnecessário responder as nossas dúvidas (é o que ele diz ao cara que fez a pergunta), mas, por outro lado, afirma que os evangélicos precisam muito de conhecimento, que as denominações não oferecem conhecimento e que ele tem se esforçado para dar esse conhecimento aos evangélicos, o que você acha que ele está dizendo? É lógico. Ele está dizendo: “Tudo que não vem de mim está errado. Estude só o que eu digo, creia em mim e seja feliz!”.

Agora, somos capazes de entender toda a estratégia de Caio Fábio. Ele primeiro fala algumas coisas ambíguas como, por exemplo, que Deus é absurdo. Dizendo isso, ele ganha todos os cristãos, porque, em certo sentido, Deus é absurdo mesmo. Depois ele começa a transformar essa absurdidade em sinônimo de estar além da razão e da lógica. Aqui ele ganha quem está despercebido. O despercebido não repara que nesse sentido as afirmações de Caio estão erradas. Ele é enganado pelas palavras. Em seguida Caio despreza todo o estudo da Bíblia, da teologia e da filosofia, pois Deus está além disso. Como o despercebido já foi enganado no nível anterior, ele aceita essa afirmação também, como conseqüência. É neste momento que Caio Fábio começa a fincar sua autoridade, dizendo que ele é o único líder que detém o verdadeiro conhecimento e que os cristãos precisam disso. Pronto! Substituímos a teologia e a filosofia bíblica pela “Caiofabiologia”, uma matéria onde conhecemos Deus através do que Caio Fábio fala sobre a Bíblia. Sim, não deixa de ser fé.

Não estou dizendo, amigo leitor, que o Caio Fábio seja um farsante, um maldoso, que quer desviar os cristãos e destruir a vida das pessoas. Ou que ele é um desonesto que quer angariar evangélicos para o adorarem. Não! Acho que ele realmente está fazendo o que acha que é certo. A história do Caio é a história de muita gente. Ela se resume no seguinte: Ele se decepcionou com todas as denominações, começou a achar que nada de bom pode sair das igrejas tradicionais e concluiu que ele era um dos poucos que detinha a verdade. Como ele era pastor, decidiu continuar sendo um líder espiritual. Assim, criou um movimento que se baseia nessa verdade que ele acredita ser um dos poucos a possuir. Então, é natural que ele queira que as pessoas abandonem qualquer estudo teológico tradicional e focalizem suas mentes no que ele diz. Porque ele acha mesmo que detém a verdade. E ele desenvolve essa visão de possuidor da verdade através de um profundo ódio a quem está em denominações. Quanto mais ele odeia quem está nas denominações, mais ele acredita que é o único líder que detém a verdade. 

Não tenho como apreciar as ideias de um homem como esse. Ele pode ter a melhor das intenções, mas, para mim, ele não é nada diferente de homens como Edir Macedo e Valdemiro Santiago. Trata-se de um herege que está afastando as pessoas de estudarem a Bíblia Sagrada, que está desabituando as pessoas a estudarem e debaterem educadamente, que está centralizando as atenções nele. Seus seguidores são exatamente iguais aos seguidores de Macedo e Valdemiro: não sabem debater ideias. A diferença é que um grupo diz que você está endemoninhado, enquanto o grupo do Caio Fábio diz que você é religioso, hipócrita, fariseu e manda você tomar no c*. Debate inteligente e educado você não vai encontrar. Nenhum deles está interessado em Bíblia, mas em líderes humanos. 

Vou lhe dizer no que acredito, amigo leitor: acredito que o cristão deve ser inteligente o suficiente para ouvir o que os outros cristãos tem a dizer e a responder com honestidade e racionalidade, sempre baseado na Bíblia. Deve estar sempre aberto ao fato de que pode estar errado e sempre disposto a mudar de ideia quando, após acurada reflexão e estudo, descobre que defendia uma inverdade. Deve, acima de tudo, amar, respeitar e buscar entender todos os cristãos, tanto os liberais, que acham que graça é ter liberdade para fazer tudo, quanto os legalistas, que se prendem tanto ao pode-não-pode, que se tornam hipócritas e acusadores. 

Caio Fábio tem se esforçado arduamente para não fazer nada disso. É por isso que não tenho como apreciar suas ideias e sua pessoa. Eu sou prudente demais para cair no conto do vigário; tanto de um lado, quanto do outro. Eu fico com o equilíbrio em Cristo e a fé inabalável em sua Palavra. E meu conselho/lema para todos os cristãos continua sempre sendo o mesmo: “Não acredite no que estou falando só porque eu estou falando. Estude mesmo, meta as caras”.

A democratização da imbecilidade e da devassidão

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Outro dia começou uma discussão sobre o funk carioca em uma aula que tenho na faculdade. Não me lembro como começou. Só sei foi mencionado a frase que uma professora universitária postou em seu face sobre o funk carioca. Ela contava que não estava conseguindo dormir com aquelas músicas altas tocando às três da madrugada em algum baile da vizinhança. E ratificava: "Se funk é cultura, exame de urina também é". A frase rendeu uma polêmica do cão e, ao ser relembrada na sala de aula, não deixou de acalorar os ânimos.

Mas não digo que chegou a causar polêmica. Quando em uma sala com mais de trinta alunos, apenas três ou quatro pessoas tem uma opinião divergente do assunto em discussão, e, apenas uma dessas três ou quatro pessoas diverge radicalmente, sendo as outras bem moderadas, o que temos não é uma polêmica, mas uma semi-unanimidade. Foi o que ocorreu naquele dia. Os ânimos acalorados eram puro histerismo. Histerismo de quem está tão acostumado a não receber oposição que se assusta ao ver uma ideia contrária.

Na concepção dessa maioria histérica que lá se encontrava, funk é cultura tal como qualquer outra coisa fabricada pelo ser humano também o é. De fato, isso é uma das várias definições da palavra "cultura"; palavra elástica, que Alfred Kroeber e Clybe Kluckhonh, autores de "Culture: A Critical Review of Concepts and Definitions", apontam para a existência de, pelo menos, 167 definições diferentes. Entre essas tantas definições existentes, há uma que é a definição popular, a definição do povão. Essa definição seria mais ou menos o seguinte: "Cultura é qualquer manifestação artística ou conjunto de pensamentos e hábitos coletivos que sejam bem elaborados e cujo valor não contradiga a moral e a dignidade do ser humano".

Conforme esta definição, eu não poderia considerar cultura o infanticídio regular praticado por determinadas comunidades humanas ou algum pirado que resolveu colocar um papel higiênico sujo de merda no meio de sua sala, ao lado do vaso de plantas, dizendo que isso é uma tradição da sua comunidade. Não, amigos, isso não é cultura, segundo esta definição popular, e qualquer pessoa simples, pobre e analfabeta concordaria que não é.

O mesmo pode-se dizer de grande parte dos funks cariocas, sobretudo, aqueles que são denominados carinhosamente de "proibidões", justamente por conterem apologia direta, clara e extensiva ao tráfico de drogas, à marginalidade, à pedofilia, ao adultério e à devassidão. Mesmo aqueles que não são proibidos, estão, em sua maioria, permeados de apologias a uma má conduta.

Além do mais, geralmente são músicas burras. Sim, burras, com pouco conteúdo, dito de forma pobre, com repetições infindáveis. O ritmo, segue o mesmo padrão. Uma batida incessantemente repetitiva, cheia de sons destoantes, sem harmonia e que leva o cérebro a um estado de caos, agitação e vazio intelectual. Não que músicas agitadas sejam um mal em si, mas a mistura criada por boa parte dos funks cariocas é perniciosa. Ela inclui, em uma grande sopa mórbida, agitação e idiotice, caos e liberação dos instintos animalescos, sem dar espaço para reflexão, sem permitir que o coração seja tocado em algum ponto da melodia e que o cérebro retire alguma boa lição que tenha sido inteligentemente amalgamada ao ritmo veloz.

Para piorar, ele ainda inclui em sua mistura maligna cantores que simplesmente não são cantores. São pessoas de vozes desentoadas, desafinadas, fracas, estridentes e feias. Não, não se trata de preconceito. É pós-conceito. Chego a essa conclusão após ouvir muitos e muitos funks cariocas (não por vontade própria, mas por imposição de muitos funkeiros, que não sabem ouvir sua música para si mesmos e precisam colocá-las em caixas altíssimas de som para toda a cidade ouvir). Não, não é preconceito e eu provo. Embora eu não goste de funk, reconheço que a Srta. Anitta, que canta, entre outras músicas, a "O Show das Poderosas", tem uma boa voz. Ela sabe cantar. E, por mais que as letras de suas músicas não me agradem nem um pouco, elas tem alguma harmonia. Contudo, o que mais tenho ouvido do funk carioca são conjuntos de barulhos repetitivos com uma letra imoral.

Os histéricos que estavam na sala, naquele dia, tem muitos histerismos para lançar como objeções ao que estou dizendo. Um deles é que estou sendo elitista. É típico de quem se acha o revolucionário e defensor dos pobres. Respondo que minha posição nada tem a ver com condição social. Os melhores e mais inteligentes sambas e chorinhos que já foram escritos na face da terra saíram da cabeça de favelados dos anos 20, 30 e 40. Todo mundo sabe disso. Eram pessoas que nasceram em meio à pobreza, mas que escreviam melhor que qualquer "filhinho de papai". E que melodia! Não curto samba, mas os sambas dessa época eram bons. Procure no Google por homens como Otávio de Souza, Pixinguinha e Cartola (o primeiro, um humilde mecânico, os dois últimos, negros e favelados) e veja a profundidade das letras que eles compunham. Obras primas! 

Não, meus amigos. Não tenho nada contra pobres. Sou um deles. Meu salário não financia nem a metade do valor dos carros que meus professores comunistas tem. Não tenho casa própria. Não moro na zona sul. E não, eu não tenho a oportunidade de poder só estudar, como muitos dos histéricos daquela sala têm. Eu trabalho duro, em empresa privada. E se eu não for eficiente, serei mandado embora (com justiça!).

Minha crítica é à idiotice e à imoralidade. Ou melhor, nem isso. Seja idiota e imoral quem quiser ser. A minha crítica é a um patota ridícula que deseja me obrigar a considerar bom, bonito, normal e cultural vozes desentoadas e desafinadas cantando imoralidades e idiotices, acompanhadas de um conjunto de barulhos frenéticos sem harmonia.

À pretexto de ajudar os pobres, os gurus dessa patota histérica democratizaram, em um passado não muito distante, a imbecilidade e a devassidão. E agora esses histéricos, que são seus filhos, querem que eu aceite isso como uma vitória da sociedade. Mas eu permaneço firme em minha posição: papel higiênico sujo de merda no meio da sala não é cultura. É insanidade.

sábado, 9 de agosto de 2014

Análise sobre o texto de Mateus 16:18-19

4 comentários:
Gostaria de analisar, neste post, a passagem bíblica que está em Mateus 16:18-19. Esse texto é a principal passagem utilizada por católicos para sustentar que (1) a Igreja Católica Apostólica Romana é a única e verdadeira Igreja edificada por Cristo (sendo, inclusive, infalível em matéria de doutrina) e (2) que Jesus estabeleceu ali um cargo de líder máximo da Igreja na terra (Papa), ordenando o apóstolo Pedro como o primeiro na sucessão. 

A ideia aqui NÃO É ofender católicos ou defender protestantes, mas tão-somente fazer uma análise fria do texto. Vamos começar expondo o texto. Usarei uma Bíblia Católica que tenho em meu computador:
E eu [Cristo] te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus (Mateus 16:18-19).
Repare que Jesus chama Simão de Pedro (seu novo nome) que quer dizer “pedra” e diz que sobre esta pedra ele edificaria sua Igreja. A primeira e mais óbvia interpretação que nos vem a mente é que Jesus edificaria sua Igreja sobre Pedro. Mas até aqui, nada podemos concluir sobre a instituição do papado ou ordenação de Pedro como Papa. Jesus simplesmente diz que sua Igreja começaria a ser construída sobre Pedro. E, de fato, isso aconteceu. Exemplifico abaixo.

Em Atos 2 percebemos que quando os discípulos receberam o Espírito Santo e saíram a pregar, o discípulo mais destacado foi Pedro. Foi por meio de sua primeira pregação que três mil pessoas foram batizadas naquele dia de Pentecostes. 

Foi também a Pedro, vale ressaltar, que Deus deu o famoso sonho dos animais puros e impuros, que pretendia ensiná-lo que o evangelho deveria ser pregado aos gentios. Por causa desse sonho, Pedro pregou ao oficial Cornélio e sua família (Atos 10). E, em função dessa experiência foi que Pedro se tornou determinante em uma reunião entre apóstolos para definir se a circuncisão deveria ser imposta aos gentios ou não (Atos 15).

Então, nesta primeira interpretação, o que Jesus queria dizer era isso: que a Igreja começaria ser construída principalmente sobre o trabalho de Pedro. Ele seria a base para esse início. Alguns podem argumentar que o texto não quer dizer só isso, pois Jesus também afirma que Pedro receberia as chaves do céu e teria autoridade de “ligar e desligar” coisas. Entretanto, a mesma autoridade que Deus deu a Pedro nesta passagem, deu também aos demais discípulos em Mateus 18:18-20. Diz o texto:
Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
Nesse texto Jesus está falando para os discípulos. Não apenas para os doze, mas para todos os seus futuros seguidores (toda a Igreja), já que os discípulos não poderiam estar nas congregações de todas as cidades do mundo. Jesus estava dando conselhos práticos para os cristãos de cada cidade, de cada vilarejo, de cada ajuntamento de indivíduos que seguiam a Jesus. Então, a autoridade que Jesus outorgou a Pedro para ligar e desligar coisas com as chaves do céu não era diferente da autoridade que ele dera aos demais cristãos que faziam a vontade de Deus. 

Quanto a frase: “As portas do Inferno não prevalecerão contra ela”, é bem óbvio que aqui Jesus queria dizer que a Igreja não seria extinta. Porém, não há nada que nos leve a crer aqui que Jesus estava falando de uma instituição formal. Precisamos entender que a Bíblia nunca se refere a Igreja como uma instituição formal, mas como o corpo místico de Cristo. O corpo místico de Cristo é simplesmente o somatório de todos os seguidores de Cristo espalhados pela face da terra.

O que é um seguidor de Cristo? Em suma, é alguém que crê (e procura viver em conformidade com sua crença) que Jesus é o Messias prometido, que Ele veio a terra em corpo de homem para nos salvar mediante sua morte e ressurreição, que Ele deseja de nós obediência a Sua Palavra (Antigo e Novo Testamentos) e que Ele voltará para buscar todos aqueles que vivem segundo essa crença, a fim de introduzi-los em um novo reino de paz e vida eterna.

Se você crê nessas coisas, faz parte do corpo místico de Cristo, independentemente de estar em uma instituição formal ou não. Podemos imaginar várias situações em que isso poderia ocorrer. Por exemplo, imagine um homem ímpio e descrente que naufragou e foi parar em uma ilha deserta. Toda a tripulação morreu, só restou ele. Entre os destroços, o náufrago encontra uma Bíblia. Começa a ler os evangelhos, passa a crer em Jesus como o Senhor e Salvador do mundo, passa a crer nas verdades básicas da Bíblia, muda seus pensamentos ímpios e inicia uma vida de oração. 

Ora, mesmo não pertencendo a uma instituição formal, este homem faz parte da Igreja, do corpo místico de Cristo. Ele é um seguidor de Cristo. Faz muito mais sentido postular que Jesus se referia a Igreja nesse sentido amplo e místico, capaz de englobar todo e qualquer seguidor de Cristo (ainda que afastado de uma instituição formal por circunstâncias infelizes), do que postular que ele se referia a uma instituição formal, excluindo todo seguidor que, por algum motivo, está fora da mesma.

Voltando a Pedro, há outra interpretação sobre o significado das palavras de Jesus ao discípulo. Uma segunda, não é tão óbvia, mas igualmente plausível, faz notar que quando Jesus chama Simão de Pedro, a palavra Pedro está sendo aplicada mais como um adjetivo do que como o substantivo que é. Jesus estava querendo dizer, através de uma metáfora, que Simão era Pedro porque ele era (ou, viria a ser) firme em Cristo tal como uma pedra é firme em sua natureza. Ou seja, o termo Pedro serviu nesta frase como um substituto de algum outro termo como “firme”, “forte”, “consistente”. 

Desta maneira, a ênfase da frase “e sobre esta pedra edificarei minha igreja” recai sobre o adjetivo e não sobre Pedro. Era como se Jesus estivesse dizendo: “Você é um homem firme em mim e é sobre esta firmeza em mim que eu irei edificar minha Igreja”. 

Uma vez que a firmeza em Cristo não seria uma característica só de Pedro, então Cristo estava dizendo que edificaria sua Igreja através de homens firmes nele como Pedro. Era uma forma de mostrar a Pedro como essa firmeza era importante para toda a Igreja e de incentivá-lo a continuar firme.

Uma terceira interpretação também plausível, embora mais complexa é a de que Jesus estava fazendo uma alusão ao relacionamento profundo que os cristãos deveriam ter para com ele. Cristo deseja de nós um relacionamento tão profundo para com ele que diz que fazemos parte dele. Ele é o cabeça e nós somos o seu corpo. Fazemos parte de Cristo. Desta maneira, se ele é pedra, nós somos parte dessa pedra. Por conseqüência, somos pedras também. 

Se era isso que Jesus tinha em mente (e não é uma figura incomum na mente de Cristo, já que ele contou parábolas como a da Videira – “Eu sou a videira, vós, os ramos”, João 15:5), então quando Jesus chamou Simão de Pedro, quis dizer apenas que Pedro era parte dele mesmo, era pedra. 

E por que era pedra? Por que estava conectado a Cristo, interligando, amalgamado, colado (como na parábola da videira). Enquanto Pedro continuasse assim, seria pedra, como Cristo o era. E era sobre esta pedra, isto é, na própria natureza firme de Cristo, da qual Pedro estava tomando parte naquele momento, que Ele edificaria sua Igreja.

Esta terceira hipótese encontra muito apoio nos textos em que o próprio Pedro identifica Jesus como a Rocha e a Pedra Angular (Atos 4:5-11 e I Pedro 2:1-8). É uma evidência forte de que Pedro compreendeu a imagem utilizada por Jesus na declaração de Mateus 16:18-20.

Como podemos ver, o texto de Mateus 16:18-20 oferece margem para mais de uma interpretação plausível. Contudo, de nenhuma delas é possível concluir que Jesus estava instituindo o papado, ordenando Pedro como o primeiro Papa e dizendo que a Igreja seria infalível. Afirmar isso é ir além do que o texto efetivamente diz.