quinta-feira, 2 de julho de 2015

Esfacelando a suposta dualidade "educar x punir"

Boa parte do que vou dizer agora, eu já o disse no texto "Como discutir a redução da maioridade penal com um esquerdista". Mas faz-se necessário enfatizar alguns aspectos e lembrar outros, a fim de esfacelar a suposta dualidade "educar x punir", sempre proposta pelo esquerdista e aceita por muitas pessoas ingênuas. Vou fazê-lo em tópicos para facilitar o leitor, já que o texto tem caráter instrutivo. Serão nove tópicos. Vamos lá:

1) O principal objetivo da cadeia NÃO É reeducar o criminoso. Eu vou repetir estas minhas palavras. "O principal objetivo da cadeia NÃO É reeducar o criminoso". Tirem isso da cabeça. "Ah, e qual é o principal objetivo da cadeia então? Vingar-se do criminoso? Retaliá-lo? Fazê-lo sofrer desumanamente?". Também não. Nada disso. O principal objetivo da cadeia é livrar os cidadãos honestos de alguém perigoso. Toda a lei deve ser pensada priorizando a proteção do cidadão honesto.

Segue-se, portanto, que ainda que as condições das cadeias sejam ruins, isso não deve impedir que criminosos perigosos sejam isolados da sociedade. Segue-se também que a idade do criminoso também não deve impedir o isolamento. Tanto um assassino de 30 anos de idade, quanto um de 16, oferecem o mesmo risco às pessoas honestas. Lembre-se: a prioridade é a proteção do cidadão honesto.

2) Melhorar a qualidade da educação e, ao mesmo tempo, prender criminosos NÃO SÃO duas tarefas mutuamente excludentes. É perfeitamente possível fazer as duas. Possível e necessário. Entenda: a suposta dualidade "educar x punir" não existe. Quando ficamos gripados e com febre, há duas coisas que precisam ser feitas: tratar a gripe (causa) e tratar a febre (efeito). O tratamento de uma não deve anular o tratamento da outra. Os dois tratamentos são benignos e tem a sua importância. Da mesma forma, a tarefa da educação não deve estar dissociada da tarefa da punição dos criminosos (gosto mais da palavra "isolamento"). Isso me lembra que os esquerdistas não estão fazendo nenhuma delas há mais de duas décadas.

3) Aumentar investimentos na rede estatal de educação NÃO É sinônimo de melhorar a educação. O Brasil é um dos países que mais gasta dinheiro com educação no mundo. É preciso debater os problemas reais da educação e propor soluções efetivas. Isso, nem os governantes esquerdistas tem feito, nem os seus eleitores. Pergunte a qualquer eleitor de esquerda se ele tem ideia de o que deve ser feito para mudar a educação. Ele apenas repetirá o mantra: "Investir mais". Pergunte a ele como fazer para o dinheiro não ser desviado ou mal gerido. A maioria esmagadora não saberá responder.

4) O problema da rede estatal de educação NÃO É apenas administrativo. Ele também é pedagógico. Há 30 anos o país tem destruído a autoridade do professor de ensino fundamental e médio dentro das salas. Em prol de uma suposta educação mais livre e menos repressora, os esquerdistas criaram um sistema em que os alunos não tem mais limites, nem disciplina; e o professor não tem voz. O amigo esquerdista já deu aula? Já entrou em uma sala para ver o verdadeiro inferno que é? Pois é. Vocês criaram isso. Pergunte a qualquer pessoa que estudou nos anos 60 e 70 em colégio público, se essa falta de limites, disciplina e respeito existia nas salas. Todos te dirão que não.

5) O problema da rede estatal de educação NÃO É o principal. Antes do aluno ser aluno, ele é filho. É em casa, no seio da família, que uma pessoa aprende a ser honesta e respeitosa. As famílias tem sido rapidamente deformadas por meio de culturas que destroem valores familiares. As pessoas são ensinadas hoje a serem promíscuas, descartarem-se umas às outras mutuamente, pensarem no próprio prazer acima dos outros, a serem materialistas, a vingarem-se, a nutrirem rancor e etc.

Resultado: surgem pais irresponsáveis, pais egoístas, pais rancorosos, pais sem valores, pais que tiveram filhos indesejados e os tratam como um fardo, famílias sem pai, famílias em que a mãe não cuida do filho, famílias onde reina a traição, a infidelidade, os xingamentos mútuos, as brigas, a devassidão, a bebedeira, os vícios e o descaso uns com os outros.

E o que os esquerdistas fazem com relação a isso? Aplaudem! E incentivam! Eles são super à favor da vida libertina e desregrada, da promiscuidade, dos vícios, da felicidade sexual acima de tudo, da destruição da família tradicional e dos valores morais, éticos, cívicos e familiares. Ora, sem limites, disciplina, senso de moral e civilidade, essas crianças e adolescentes crescem flertando com a marginalidade da lei, sobretudo quando moram em locais onde a criminalidade é grande. Daí quando esses filhos de famílias horrorosas se tornam criminosos, os esquerdistas vem dizer que é melhor educar do que prender. Hipócritas!

Sim, "educar é melhor que punir". Mas a maioria dos esquerdistas que tem utilizado este bordão não está interessada em defender a educação, mas apenas em não punir. Em outras palavras, são pessoas incentivadoras (ou coniventes) com a criminalidade. Tanto em suas causas, como em seus efeitos.

6) Pobreza e etnia NÃO determinam caráter. Toda vez que um esquerdista disser que fulano se tornou bandido porque era pobre e negro, chame-o de preconceituoso. É o que ele é. Ser negro e pobre não tem nada a ver com moral. Qualquer negro e pobre é capaz de se tornar um cidadão de bem. Se pobreza e etnia determinasse caráter, brancos e ricos jamais se tornariam criminosos. E não é isso que vemos.

Lembre-se: Negros e pobres não são cães que precisam ser adestrados pelo governo. Eles precisam, sim, de uma família e de uma escola que lhes imponha limites (assim como brancos e ricos). E se a família e a escola falharem, que a cadeia o tire da sociedade.

7) Se o enrijecimento das leis penais (entre elas a redução da maioridade penal) incomodam tanto porque as cadeias são ruins e as escolas também, por que diabos os esquerdistas não propõem medidas efetivas para melhorar a qualidade das escolas e das prisões? Por que eles não brigam vorazmente por isso? A impressão que dá é que é muito mais importante impedir o enrijecimento das leis do que lutar para melhorar a qualidade das prisões e das escolas. Já que a redução está para se tornar realidade, por exemplo, por que eles não fazem pressão para subir a pauta da melhoria das prisões e das escolas, através de soluções efetivas?

8) O Brasil não apresenta, nem jamais apresentou um movimento e um partido (ou partidos) conservador na política e liberal na economia, isto é, genuinamente de direita. O que temos são alguns poucos direitistas conscientes espalhados por aí, alguns políticos e eleitores com ideias direitistas misturadas à vícios de esquerda, e uma enorme massa da população perdida ideologicamente e órfão de uma direita genuína e coesa que lhe represente. O que temos visto hoje no Brasil são alguns passos lentos da oposição ao governo em direção à algumas poucas pautas de direita, energizada e pressionada pelo crescimento do número (admirável, mas ainda pequeno) de eleitores conscientes de direita.

Dizer que os atuais governantes representam plenamente a direita ou que eles são políticos ideais para quem se identifica como direitista é ridículo. Estão longe de representarem plenamente e de serem ideais. O objetivo certamente é colocar melhores representantes lá no futuro. Enquanto isso não ocorre, deve-se pressioná-los para que coloquem em pauta outros temas importantes. A instituição do trabalho obrigatório para presos nas cadeias, a instalação de fábricas nas mesmas, a entrega da administração delas a essas fábricas e o fim do financiamento público de prisões são ideias que os direitistas conscientes defendem há tempos e que pressionarão os governantes a colocarem em pauta. A descentralização das escolas públicas, a reestruturação da autonomia dos professores e a gestão transparente das contas de cada escola também. E aqueles que dizem se preocupar tanto com educação e a situação dos presídios deveria pressionar nesse sentido também, em vez de apenas fingir preocupação.

9) A mim não importa que um criminoso vá para um presídio com piscina, cerveja e churrasco. Desde que ele trabalhe lá dentro para se sustentar e fique preso pelo tempo suficiente para que deixe de ser um perigo à sociedade, estou satisfeito. Tudo o que quero é estar protegido de suas agressões e não precisar sustentá-lo com meus impostos. Creio que todos concordam comigo nesse ponto. Então, quem pede punição, não está sendo desumano e sem coração, mas apenas querendo paz.

4 comentários:

  1. Tirar os criminosos do convívio social é na verdade o objetivo secundário da cadeia, mas não o principal. Deixe-me explicar:
    Quando eu era pequeno minha mãe dizia algo assim: "não faça isso ou vai ficar de castigo!". Da mesma forma, o objetivo principal da cadeia, a meu ver, é estipular uma consequência negativa para determinados atos a fim impedir que pessoas os cometam. Porque existem tantos políticos roubando? Porque sabem que não serão punidos. A impunidade gera crimes, o que confirma o que expliquei anteriormente.
    O mesmo princípio se aplica ao inferno, será que alguém obedeceria a deus se não existisse o inferno? Tome o exemplo do rei Salomão que no fim de sua vida se perverteu pois chegou á conclusão que não faria diferença obedecer ou desobedecer a deus naquele momento.
    O ser humano é um animal, e como todo animal nos baseamos em recompensas. Se fazemos algo e a consequência daquilo é boa, tendemos a querer repeti-lo. Para impedir alguém de cometer crimes temos duas opções: 1- Crie uma recompensa negativa para aquele ato ou 2-Ensine essa pessoa a ter auto-controle.
    Convenhamos, a segunda é bem mais difícil.

    Desculpe o comentário longo e os erros de concordância. Sou péssimo em português...

    Boa noite.

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    1. Na verdade, nesse caso, a punição e o isolamento da sociedade são duas faces da mesma moeda. Ao ser isolado, o criminoso já está sendo punido. Portanto, as duas coisas são igualmente importantes. A única maneira de separar uma coisa da outra é estabelecendo como punição algo que não seja o isolamento. Um exemplo de punição que não seja o isolamento seria uma surra de açoites. Aqui, creio que sua teoria encontra uma falha. Afinal, se a punição for uma surra de açoite e eu considerar a punição como sendo a prioridade, então após a surra o criminoso estará livre para cometer crimes de novo. Muitos podem não voltar a cometê-los por medo de serem açoitados de novo. Mas sempre tem quem corre o risco. E sempre tem também aqueles que pretendem se vingar. Portanto, criminosos que fossem açoitados, mas não isolados, seriam potenciais perigos para a sociedade. Daí se conclui que o isolamento, nesse caso, seria mais importante do que o açoitamento e o açoitamento, sem o isolamento, se mostraria inconveniente.

      Att.,

      Davi Caldas.



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  2. Bom, aqueles que são presos, cumprem a pena e saem ou então ganham liberdade condicional também ficam livres para cometer crimes, caímos portanto na mesma situação dos açoites... Neste caso teríamos somente duas saídas, 1- Prisão perpétua ou 2-Pena de morte.
    Em todo o caso prevenir é melhor que remediar, se a educação no Brasil fosse de qualidade, se todos tivessem oportunidades iguais e se as leis funcionassem, ou seja, se não houvesse impunidade,estaríamos reduzindo o número de criminosos, coibindo o crime e tirando indivíduos perigosos da sociedade ao mesmo tempo.

    Portanto o melhor antídoto contra o crime não é a punição mas sim a educação de nossas crianças e a eficácia das leis. Os criminosos que agora existem dificilmente se endireitarão, mas podemos "impedir", ou melhor, desestimular o surgimento de novos criminosos.

    Obrigado pela atenção. Tenha um bom dia.

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  3. Sim, quando o preso sai, sempre há o risco de ele tornar a cometer crimes. Isso pode ser minimizado com a instituição de trabalho obrigatório nas prisões, possibilidade de fazer cursos e ler livros, e condições mais humanas de estadia. O aumento do tempo de isolamento para os crimes mais graves (ou para os criminosos reincidentes), incluindo a prisão perpétua ou pena de morte (da qual não sou favorável) para os criminosos hediondos também reduz o perigo para a sociedade.

    Sobre prevenir ser melhor que remediar, sim, isso é óbvio. Mas não há, como foi dito no texto, uma contradição entre as duas coisas. Tanto o mecanismo de prevenção, como o mecanismo de remediação precisam funcionar.

    Att.,

    Davi Caldas.

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