quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Ainda sobre nazismo e fascismo

Ainda sobre a questão do nazismo e do fascismo, como eu disse no meu último artigo, o principal da discussão não é o nome, mas o mapeamento das ideias. Em outras palavras, o problema não é você ser de direita e chamarem o nazismo de extrema direita. O problema é você defender uma visão cultural e política conservadora e econômica liberal e alguém vincular isso a Hitler e Mussolini, quando não tem absolutamente nada a ver.
O fato é que o conservadorismo e o liberalismo econômico, se extremados, não se tornam nazismo e fascismo. Podem até se tornar coisas ruins, mas não nazismo e fascismo. Por outro lado, se você defender uma economia interventora e a transformação total da sociedade através do governo, essa posição extremada vai levar inevitavelmente à modelos bastante semelhantes a nazismo e fascismo.
O desafio continua: tente encontrar em autores como Edmund Burke, Alexis de Tocqueville, Raymond Aron, Eric Voegelin, Eric Von Kuehnelt-Ledding, Ortega Y Gasset, Russell Kirk, Jonh Gray (conservadores), Adam Smith, Frederic Bastiat, Carl Menger, Eugen von Bonh-Bewerk, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Ayn Rand, Milton Friedman e Thomas Sowell (liberais) algum traço de defesa do ou inspiração para nazismo e fascismo. Será um fracasso retumbante. E esses são os principais nomes da direita. Por outro lado, olhe para as ideias de Rousseau, Hegel, da Revolução Francesa, do marxismo, do positivismo, do darwinismo social, das diferentes doutrinas anticlericais e perceba que as raízes totalitárias e a sanha redentora estão lá.
O nome não é o mais importante. Mas o mapeamento. Você pode não brigar pelo nome. Mas é seu dever Mostar quê suas ideias não levam, em nenhum mundo possível, a movimentos totalitários de redenção. Tenha em mente, contudo, que é justamente pelos rótulos que a esquerda vai te jogar no mesmo saco de nazistas e fascistas, e te chamar de extrema-direita só por discordar de mulheres nuas protestando na rua e homens bomba destruindo a Europa.
Winston Churchill já dizia que os fascistas do futuro se chamariam a si mesmos de antifascistas. Seu dever é mostrar quem são os fascistas de verdade. E não é você.

2 comentários:

  1. A questão do liberalismo econômico realmente não encontra guarita na fascismo ou nazismo, porém a questão conservadora encontra sim, e muito. O repúdio a liberdade artística, a perseguição a homossexuais, o repúdio a mistura de etnias, o cerceamento de intelectuais e jornalistas isso tudo fez parte desses movimentos na Itália, Espanha, Portugal e Alemanha, e se não eram liberais eram com certeza conservadores

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    1. Zinga,

      O conservadorismo não repudia a liberdade artística. Apenas é mais propenso a criticar a arte pós-moderna. Ler Roger Scruton, por exemplo.

      Perseguição de homossexuais ocorreu também em regimes de orientação socialista. Ernesto Guevara, por exemplo, entendia que homossexuais não podiam ser bons revolucionários, pois isso era um traço burguês.

      Repúdio à mistura de etnias não é um traço do conservadorismo. Há conservadores que repudiam sim, infelizmente, mas não se trata de aspecto definidor de conservadorismo. Ler Edmund Burke, Kirk Russel, Eric Voegelin, Paul Johnson e Thomas Sowell, por exemplo.

      Cerceamento de intelectuais e jornalistas não é conservadorismo, mas ditadura. E isso foi comum em todos os regimes socialistas. Há uma entrevista interessante do Fidel Castro defendendo explicitamente a censura em Cuba. Posso te mandar o link, se quiser.

      Att.,

      Davi Caldas.

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