segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Por que algumas pessoas boas e interessantes não conseguem um relacionamento?

Há um tempo eu estava lendo um conteúdo sobre relacionamentos do ponto de vista biológico. Eu não me aprofundei muito na questão, mas o que li faz sentido para mim e quero compartilhar algumas conclusões em cima desse estudo e outros (e um pouco de experiência própria).

Instintos naturais

O autor do conteúdo dizia que o que atrai as mulheres biologicamente não é dinheiro, ou músculos, ou beleza. O que atrai (e isso é subconsciente) é a aparência de que determinado homem é "disputado". O autor faz uma analogia com os animais. Ele cita, por exemplo, algumas experiências feitas com girafas. Segundo ele, cientistas perceberam que entre dois machos de igual saúde, tamanho, aparência e força, as fêmeas tendiam a escolher o macho que já tinha fêmeas disputando-o. A explicação é simples. Instintivamente falando, o macho mais disputado é, provavelmente, o mais saudável e, portanto, o mais fértil e o que gerará a melhor prole. E, instintivamente falando, isso é o que importa na natureza dos seres vivos: gerar uma prole saudável, a fim de manter a espécie.

O autor trabalha segundo um ponto de vista darwinista. Eu não creio no darwinismo (ler, por exemplo, o bioquímico Dr. Michael Behe sobre o assunto), mas penso que a analogia é válida, já que realmente Deus criou os seres com semelhanças entre si e quanto mais semelhante é um animal com o ser humano, mas é possível traçar paralelos de comportamento. Mas, independentemente da sua crença científica, o fato é que experimentos semelhantes já foram feitos entre humanos. Eu me lembro de uma vez ter assistido no Fantástico (isso deve ter mais de dez anos - eu ainda assistia TV) um quadro em que mulheres eram postas numa situação de escolher um cara. A maioria se sentia mais atraída pelo cara compromissado, em detrimento do solteiro. Se não me engano, era o mesmo ator fazendo dois papéis, só que para grupos diferentes. Também me lembro de ter lido uma matéria certa vez afirmando que mulheres tendem a se sentir atraídas por "bad boys" porque, inconscientemente, o organismo delas diz que eles têm maior possibilidade de gerar filhos saudáveis.

Perceba que o âmago dessa análise é o seguinte: é tudo subconsciente. Estamos falando de instintos. A mulher não pensa isso de modo consciente, tipo: "Olha como as meninas gostam daquele bad boy! Se eu conseguir engravidar dele, vou ter filhos fortes e saudáveis!". Trata-se de um instinto apenas. Instintos são cegos. São mecanismos importantes, pois nos geram alguns impulsos essenciais para autoproteção, proteção da espécie e reprodução da espécie. Mas são cegos. E por isso nem sempre estarão ao lado da razão ou da moralidade. Por exemplo, o nojo é um mecanismo de autoproteção. Por causa do nojo, somos protegidos de muita coisa. Você vê algo que não parece confiável para se comer e sente nojo. E isso te impedirá de comer. Agora, às vezes algo tem um aspecto nojento, mas não é perigoso. Como um bolo de amendoim que saiu mole. Se você sabe do que se trata, comerá sem problema.

Nós, humanos, temos instintos tal como os animais. A diferença é que, além dos instintos, temos também razão e moralidade. E isso nos dá a capacidade de julgar quando seguir o instinto natural não é conveniente. Quando um homem controla seu desejo sexual em vez de agarrar a primeira moça bonita que vê na rua, ele está usando a moral e a razão (e talvez o hábito também) para julgar seu instinto errado. Ele está literalmente indo contra seus instintos naturais. O instinto é cego. Cabe a nós, potencialmente racionais e morais, julgar quando devem ser contrariados.

Eu vou voltar a falar das mulheres, mas antes, já que mencionei o desejo sexual masculino, vamos entender um pouco o subconsciente do homem. O homem é diferente da mulher. Ele é muito mais visual. Seu instinto procura as mulheres mais bonitas. Por quê? Porque, instintivamente, as mais bonitas são, provavelmente, as mais saudáveis, o que significa que elas terão maior possibilidade de gerar uma prole saudável e forte. De fato, se você olha para uma mulher de quarenta e poucos anos, não muito bonita, que viveu uma vida desgastante e a compara com a Gisele Bündchen, a aparência mais saudável é a da Gisele. Pois é isso que o subconsciente do homem vê na beleza feminina: saúde. Saúde para gerar uma boa prole.

Mais uma vez: isso não é algo consciente. Acontece tudo à nível instintivo. E cabe lembrar que o instinto não é um mecanismo determinista. Ou seja, é possível dobrar o instinto, contorná-lo e até anula-lo. É o que veremos logo mais.

Mas, voltando às mulheres, como funciona o subconsciente da mulher (segundo o que foi exposto aqui)? Ele procura fazê-la se apaixonar por caras que aparentemente são disputados. Não precisa ser disputado, de fato. Apenas aparentar. É neste ponto que fatores secundários como dinheiro fazem a diferença. Um cara com dinheiro aparenta ser mais disputado pelas mulheres. Por quê? Primeiro porque ele de fato é. Muitas o querem por interesse financeiro. Às vezes o interesse é de apenas estar perto mesmo, não necessariamente de seduzir e ficar com a grana. O dinheiro chama "amigos" e bajuladores, dá status e importância. E isso atrai homens e mulheres.

Segundo porque geralmente o cara com dinheiro tem uma postura mais decidida, firme, segura de si, altiva. Porque, de fato, um cara com dinheiro consegue quase tudo o que quer. Essa autoconfiança é expressa em seu modo de falar, andar, gesticular, agir, pensar, rir, se divertir e se relacionar. E quando um cara transpira essa segurança e autoconfiança, passa a mensagem subconsciente de que não precisa correr atrás de mulher nenhuma, que elas correm atrás dele. O que até é verdade. Ou seja, ele é disputado. E se você não o quiser, dane-se! Ele não se importa. Ele tem mil outras aos pés dele.

Pronto! É tudo o que uma mulher precisa para se apaixonar. No subconsciente dela uma luz vai piscar, um alarme vai tocar e seu instinto vai dizer: "Esse cara é ideal para gerar filhos. Veja como todas a querem! Ele é seguro, autoconfiante, decidido! Os filhos dele serão aptos para vencer o mundo! Serão machos-alfa!".

Se fôssemos animais, isso daria certo. Mas, na prática, o que geralmente se verá é a mulher sendo iludida por esse "macho-alfa" e jogada fora como um objeto após servir de diversão para o mesmo. Porque não somos animais. Por mais que tenhamos instintos, nós fomos projetados para amar e sermos amados. Se isso não ocorre, nos sentimos vazios e feridos.

O mesmo ocorre com o homem. Se ele consegue uma bela mulher para si, mas que só tem beleza, geralmente ele será usado, corneado, e também se sentirá ferido. E é por isso que há tanto sofrimento nessa área entre os humanos.

Tal como o dinheiro, músculos definidos, beleza e, principalmente, fama e poder podem dar a um homem a aparência de ser disputado, além de criar nele autoconfiança e segurança aparentes. Por isso, nem sempre um homem rico e poderoso consegue uma mulher bonita por mero interesse financeiro. Muitas vezes a mulher realmente se sentiu atraída pelo homem, já que seu poder gera uma aparência atrativa à nível instintivo. Sim, pode ser que Marcela realmente tenha se apaixonado por Michel Temer e não pelo seu dinheiro. Entender isso nos ajuda a compreender o motivo pelo qual homens feios podem conseguir mulheres muito bonitas. A beleza não é o fator preponderante para uma mulher se apaixonar. E é por isso que há mulheres que se apaixonam por homens não só feios, mas rudes, imorais, promíscuos e babacas. Ou seja, o cara não tem uma boa qualidade, porém chama a atenção da mulher no seu subconsciente. Que merda, não é?

O que as mulheres mais assanhadas chamam de “homem com pegada” nada mais é que isso: um homem que aparenta ser autoconfiante e desejado por outras mulheres. Ele pode ser um babaca, mas se tem essas duas características aparentes (só precisa ser aparente, não se esqueçam), ele tem “pegada”.

Para o homem, por sua vez, o que vai importar para o subconsciente é a aparência de saúde, o que geralmente vai se refletir na beleza e na juventude. Já ouviram aquele ditado de que o homem troca uma de quarenta por duas de vinte? Pois é. É mais ou menos por aí. Isso quer dizer que a mulher pode ser uma pilantra, uma canalha ou uma imbecil, mas se ela é “gostosa”, o homem vai desejar ter. E o que é pior: quanto mais difícil essa mulher bonita e pilantra for, maior é a tendência do homem cair de quatro por ela. Por que? Aqui vai outra característica do homem: ele se sente atraído pela conquista.

O homem é, por essência, um ser que gosta de vencer desafios. Isso é algo comum ao gênero masculino em geral na natureza. Olhe para leões, tigres, leopardos, pavões e mais o que quiser, e verá o quanto ganhar uma competição é importante para este gênero. É ali que ele firma a sua força, sua masculinidade e, no caso dos homens, sua honra. A honra tem a ver não apenas com o modo como as pessoas nos veem, mas como achamos que as pessoas nos vemos e como nós mesmos nos vemos. O contrário de honra é vergonha e um sinônimo adequado para honra pode ser amor/orgulho próprio. Fira o orgulho próprio de um homem e você o derrubará. Um homem sem honra não se sente mais um homem em sua plenitude. E isso é a pior coisa que você pode fazer a um homem. Por isso a traição é tão dura para nós.

Pois bem. A conquista tem um sabor especial para o homem. E há estudos científicos que demonstram algo bastante interessante no cérebro masculino: ele despreza as mulheres fáceis. A mulher “piranha” é vista pelo cérebro do homem como mero objeto. Uma vez li sobre um estudo no qual se constatou que a mesma região do cérebro masculino que pensa em caixa de ferramentas, pensa em mulheres promíscuas e fáceis. Por outro lado, uma mulher bonita e safada que saiba se fazer de difícil pode se tornar o desejo supremo de um homem? Por quê? Porque ela é difícil. Se ela é difícil, torna-se um desafio e quanto maior o desafio, maior será a conquista. E se a mulher é bonita, segue-se que ela é saudável e gerará filhos saudáveis. Pronto! Tudo o que o homem quer. Isso, claro, à nível instintivo. Nada disso é pensado conscientemente.

Mas não só de beleza e juventude se perfaz a aparência de saúde para o homem. Outros atributos como jeito de andar, falar, gesticular, rir, se vestir e se portar podem ativar essa aparência. No entanto, isso depende mais do padrão pessoal de beleza feminina que cada homem tem. Há, de fato, características que atraem mais a uns do que outros. E isso é bastante pessoal. O que se deve lembrar, contudo, é que o homem é um ser mais visual que as mulheres. Então, geralmente o que vai atraí-lo mais é a beleza. Quanto mais bela for a moça, mais ele se sentirá inclinado a apaixonar-se.

Entenderam a dinâmica até aqui? Faz sentido, não é mesmo? Agora, vem algumas partes interessantes sobre a razão pela qual tanta gente legal e boa não consegue namorar, noivar e casar. Vou começar pelos homens.

As razões da "sofrência"

O homem tem um instinto natural de proteger a mulher e a prole. Ele foi criado por Deus para isso. Essa é a posição natural do gênero masculino. A mulher deseja um homem que assuma esta função? Conscientemente, em geral, sim. E instintivamente também. Porém (e esse “porém” é muito importante), esse instinto protetor paternal do homem é algo que afasta as mulheres quando manifesto no momento errado. Explico. Para os homens mais românticos, como eu, é comum expressar esse instinto de cuidado para as garotas que estamos interessados. Mas isso é lido pelo inconsciente da garota flertada da seguinte maneira:

“Se ele quer tanto cuidar de mim, eu sou a única que ele deseja. E se ele está correndo atrás de mim, é porque provavelmente não tem nenhuma outra que o deseje. Ele não é um homem cobiçado, desejado, disputado. É só um tolo e fraco correndo atrás de mim. Logo, ele é um merda. E se é um merda, gerará filhos merdas. Não serve para mim”.

Não importa se o homem em questão é maravilhoso, educado, atencioso, fiel, trabalhador, estudioso, dedicado a Deus, másculo e etc. Se ele expõe seu instinto protetor, o instinto da mulher gritará essa mensagem. E ela provavelmente não sentirá atração por ele. Se a moça em questão for moral e bondosa, ela encarará isso como um: “Não rolou química, não sei. Ele é legal, mas só o vejo como amigo”.

Aliás, o mesmo ocorre com o romantismo. A maioria das mulheres deseja um homem romântico. E, de fato, para uma mulher que já está apaixonada, o romantismo é importante para mantê-la amando o homem. Porque a mulher é bastante sensível e precisa se sentir amada. Entretanto, o subconsciente delas milita contra o romantismo na fase inicial de conhecimento. Porque se o homem for romântico com ela, a aparência de ser disputado e autoconfiante vai por água abaixo.

Recentemente, publiquei um post no Facebook dizendo mais ou menos o seguinte: se realmente é verdade que quanto mais bonzinho, legal, atencioso e romântico o homem for, menos as mulheres se interessarão por ele, então eu (Davi) estou fadado à solidão, no que tange a vida amorosa. Este post que fiz é (e eu sei disso) um suicídio em termos de instinto. Ao fazer um post onde me mostro visivelmente triste com minha condição atual e onde me apresento como romântico (o que é fato), a única coisa que atraio das mulheres é pena. Nada mais. Por mais que muitas mulheres que leram o post sejam ótimas pessoas do ponto de vista moral e espiritual, no subconsciente delas o que elas leram foi:

“Coitado. O cara é legal, mas nenhuma mulher está interessada nele. Ele é legal, mas não tem autoconfiança e segurança, pois está aí se lamuriando. Ou seja, ele não serve para mim. Se me caso com ele, os filhos gerados serão todos fracos, trouxas, imbecis”.

Meu post não tem o poder de despertar paixão nas mulheres. Pelo contrário, ele tem o poder de afastá-las ainda mais. Por que então postei? Desabafo. Postagens do gênero são comuns tanto para mulheres quanto para homens que estão se sentido solitários e apesar de serem boas pessoas não conseguem companhia. Infelizmente, é o tipo de post que é um tiro no pé. E eu sei. Ser romântico, para o homem, é um grande fardo por conta disso. Porque precisamente tudo o que ele faz afasta o interesse das mulheres, por mais que elas queiram arrumar parceiros que sejam românticos. Sim, amigos, mulheres são difíceis. E isso é biológico.

No caso das mulheres, aquelas que aparentarem não ter uma boa saúde (ou por não serem tão bonitas, ou por serem desajeitadas), ainda que sejam inteligentes e com moral elevada, serão preteridas, à priori, pelas que parecem mais saudáveis. Mas no caso do homem, por ser este um ser mais visual, ele reconhecerá: “Fulana é legal, mas a aparência dela não me atrai”. Triste, não é? Mas é fato.

Dominando os instintos

Daí você deve estar pensando: “Mas então tudo se resume à instintos? Estamos fadados a fazer apenas aquilo que nossos instintos mandam?”. Essa é a boa notícia do post: “Não, não somos escravos dos instintos”. Como afirmei há pouco, o ser humano tem instintos, mas também tem moral e razão. São duas faculdades que nos auxiliam a perceber quando seguir o instinto natural não é conveniente. O que nos diferencia dos animais são essas duas faculdades. E é no uso habitual delas que conquistamos a capacidade de desejar o que vai além dos instintos e, até mesmo, de anular desejos instintivos, passando a vê-los com desprezo. Em linguagem religiosa, é possível vencer suas inclinações pecaminosas naturais, reformar sua mente e passar a ter desejos puros.

Isso, obviamente, precisa ser entendido dentro dos seus limites. Uma vez que somos seres pecadores e que a propensão ao mal só será totalmente anulada em nós quando Cristo voltar e nos dar um novo organismo, então sempre seremos propensos, aqui na terra, aos maus desejos. Mas é possível controlá-los bem. Para os cristãos, esse controle é possível porque o Espírito Santo de Deus se encontra na terra e ajuda a consciência natural de todas as pessoas. E, no caso específico dos cristãos, se encontra no interior dos mesmos, com grande poder, fazendo-os mais aptos para vencer o pecado. Isso quando, claro, esses cristãos possuem um relacionamento verdadeiro com Deus e se esforçam para fazerem a sua vontade.

Mas, na prática, o que isso significa? Vou dizer de maneira bem simples: nós, humanos, somos muito semelhantes aos animais. Apenas o uso habitual da razão e da moral nos torna humanos. Quando preferimos dar vazão aos instintos em lugar da razão e da moral, iniciamos um processo de animalização. Para quem crê em Deus, há um terceiro elemento que nos diferencia dos animais, que é o espiritual. E é no espiritual a razão e a moral se encontram. A razão e a moral é o que nos faz a imagem e a semelhança de Deus. Assim, quando mantemos nosso espiritual saudável, mantemos também nossa razão e nossa moral saudáveis. E dessa forma, nos tornamos mais parecidos com Deus e menos com os animais. A esse processo podemos chamar de humanização.

O ser humano entregue aos próprios instintos nada mais é do que um animal. Um animal mais perigoso que os convencionais, pois o ser humano pode maquinar o mal, enxergar benefícios na imoralidade e agir cruelmente contra sua própria espécie. Isso tudo sabendo estar errado.

Mas não é esse o ponto. A grande questão do texto é que, todos nós temos instintos um tanto traiçoeiros. Alguns deles nós sequer temos ideia que existem. Estou certo de que as mulheres que lerem este post, em sua maioria, pensarão: “Nossa, eu não sabia que meu subconsciente era assim”. Não obstante, a partir do momento em que se descobre esta útil informação, é possível lutar contra isso. Como? Aqui vão dicas.

Em primeiro lugar, esteja sempre elevando conscientemente os atributos que realmente importam em um homem ou em uma mulher. Espiritualidade, moralidade, inteligência, fidelidade, honestidade, afetividade. Essas qualidades precisam ser exaltadas. E se você não está habituado a se apaixonar por uma pessoa por conta dessas qualidades, procure dar uma chance de conhecer melhor quem as possui, mesmo que não esteja apaixonado ou apaixonada. Às vezes, ao conhecer melhor a pessoa, passamos a ter afeto por ela, e desse afeto pode surgir amor. Ademais, ao exercitar essa visão mais interior e paciente, seus maus instintos começarão a ser driblados e anulados, de modo que o que irá te atrair, em breve, será realmente o interior da pessoa e não o que ela aparenta ser.

Em segundo lugar, concentre-se nas coisas espirituais. Somos o que consumimos. Se você consome imoralidade, futilidade e carnalidade, será imoral, fútil e carnal. Ou, no mínimo, pensará de maneira imoral, fútil e carnal. Ainda que de maneira subconsciente. Agora, se alimentamos o nosso espírito, se buscamos a Deus e às coisas elevadas moralmente, nós teremos uma mente e um subconsciente mais limpos e puros.

Em terceiro lugar, vigie e questione a si mesmo. É sempre bom se questionar: “Por que estou gostando de tal pessoa? Como isso começou? Por que se sustém? Essa pessoa tem boas qualidades interiores?”. Da mesma forma, pode-se questionar: “Por que não gosto de tal pessoa? Por que não rola química?”. É evidente que isso não deve se tornar uma paranoia na sua vida. Até porque (e quero que prestem atenção nisso), o instinto não é mal em si mesmo. O fato de você se apaixonar por uma pessoa porque algo nela chamou a atenção do seu instinto natural não é, por si só, um pecado. Se eu gosto de ruivas e me apaixono por uma ruiva, não a nada de mal nisso à priori. O que se deve ter em mente é que (1) a mera paixão não constrói um relacionamento duradouro e (2) a aparência não é a coisa mais importante em uma pessoa. Vou elucidar melhor esses dois pontos.

Paixão x Amor, Aparência x Realidade

Sobre a paixão, não há nada de errado em apaixonar-se. Mas a paixão advém de algum atributo da pessoa que nunca representa a sua totalidade. Você pode apaixonar-se por uma garota pelo modo como ela mexe no cabelo. Por alguma razão aquilo faz seu cérebro acha-la graciosa, bela e, portanto, saudável. Mas a mexida no cabelo não representa a totalidade da mulher, tampouco representa o que é primordial para um relacionamento dar certo. Ela pode ter uma ótima mexida no cabelo, mas ser irritante, desinteressante e não ter nada a ver com você. O resultado será o seguinte: após começar o relacionamento, conforme forem convivendo, os outros atributos dela (que são ruins) falarão mais alto, e o que te chamava a atenção nela antes, não chamará mais (ou não será suficiente). Aí a paixão acaba e junto acaba a vontade de estar junto.

Por outro lado, você pode se apaixonar por uma mulher pela mexida no cabelo e, ao iniciar um relacionamento com ela, perceber que vocês possuem muitas coisas em comum, que ela tem ótimas qualidades e que você adora estar perto dela. Pois é aqui neste ponto que a paixão inicial dá lugar ao amor. O amor não nasce à primeira vista. O amor se constrói com o tempo, na medida em que um conhece o outro. Antes do amor pode haver simpatia, paixão, atração, admiração e até mesmo amor no sentido mais geral (o sentido em que amamos amigos ou pessoas comuns). Mas o amor de casal, esse só o tempo gera. E esse só é alimentado pelo convívio.

Sobre a aparência, como já bem disse acima, ela não representa a totalidade da pessoa e, por vezes, não representa sequer a pessoal parcialmente. No caso do homem, só para citar um exemplo, o fato de ele aparentar ser disputado e autoconfiante não significa que ele realmente o seja. Pode ser só aparência. Um homem pode aparentar ser assim por um dia, em um determinado momento da vida e ter a sorte de alguma mulher achar que ele é assim de fato. Um momento é suficiente para apaixonar-se. Por esta razão, não se deve colocar a aparência e a paixão como prioridades. Não há pecado nelas em si mesmas, mas elas sozinhas não levam a lugar nenhum. A paixão requer o amor para fazer uma relação dar certo. E a aparência requer a realidade.

Distúrbios e compulsões

Perceba algo importante: estou falando neste post todo sobre o início das relações e não sobre a continuidade. A continuidade das relações obedece a outras leis. E é nesse ponto que as análises aqui feitas se tornam mais plausíveis. O que atraiu uma pessoa para o início de um relacionamento tende a perder força se o convívio do casal não for bom por alguma razão. Na prática, se uma mulher se interessou por um homem porque o homem aparenta ser disputado e autoconfiante, ela pode perder o interesse nele porque dentro da relação ele não é romântico. E mulher sente falta disso. O que pode acontecer aqui, aliás, é a mulher se interessar por outro homem aparentemente disputado e que aparenta ser romântico. Aqui há um combo. O homem em questão não está aos pés dela, mas parece ser romântico. Neste caso, soma-se o que uma mulher quer durante o relacionamento, de modo consciente, com o que ela quer no início, de modo inconsciente.

Já o homem pode se interessar por uma mulher pela beleza, mas perder o interesse nela durante o relacionamento porque ela não o valoriza como homem. O homem não sente nela admiração e respeito e, portanto, se sente menos másculo. Isso fere a honra e tira o apoio do homem, de modo que ele pode começar a almejar outra mulher. Se aparece alguma mulher bonita que lhe dê a atenção devida, ele será tentado a cair.

Há nuances também. Algumas mulheres se manterão presas ao instinto, de modo que mesmo seus namorados sendo completos babacas, elas mendigarão sua atenção. A gente costuma a chamar esse tipo de mulher de “mulher de bandido”. Outras se manterão presas ao instinto de forma diferente: após laçarem a atenção de um homem, perderão o interesse nele porque seu subconsciente diz que ele não é mais disputado. Isso a fará querer outros homens, sempre de perfil “pegador”.

Por sua vez, os homens que se mantiverem presos ao instinto, geralmente se tornarão promíscuos e não conseguirão se manter fieis a uma mulher. Se casarem, irão sempre criar relacionamentos extraconjugais. Se não casarem, preferirão a vida de “pegador” mesmo. E, infelizmente, como há mulheres para esse tipo de homem, esse tipo de homem continuará a existir. Pegadores se alimentam de mulheres promiscuas. Ambos possuem o mesmo erro: deixam-se levar pelos instintos naturais.

A única forma, portanto, de não cair nesses maus hábitos é suplantando seus instintos em favor da espiritualidade, da razão e da moral. Sim, ressalto aqui a razão, pois não somos animais. Para os animais, a vida se resume, em geral, a comer e se reproduzir. A espécie humana, no entanto, foi feita para se relacionar. Quando o ser humano não cria laços afetivos fortes e baseados na fidelidade, não vive completo, não se sente preenchido, não mantém seu psicológico plenamente saudável. E isso gera compulsões. Compulsão por sexo, por diversão, por compras, por comida, por festas, por status, por dinheiro, por fama, por curtidas, por atenção, enfim, compulsões diversas. O ser humano não foi projetado para viver como um animal. A animalização do ser humano é coisa muito triste. É um caminho natural do pecado, mas não é o projeto de Deus.

Influência, não determinismo

Finalmente, quero deixar claro um último ponto antes das considerações finais. Não ache que o interesse de todas as pessoas (ou da maioria delas) em outras se resume ao que o subconsciente ditou. O subconsciente (ou o instinto dele) é um fator influente, mas não um fator determinante. Cada pessoa é de um jeito. Em algumas pessoas o instinto é mais fraco, em outras é mais forte. E cada pessoa é criada de um jeito. Alguém que foi criado em um ótimo ambiente moral e espiritual pode muito bem não ter inclinação natural aos tipos aqui citados. Assim, uma mulher pode se interessar de primeira por um homem apenas por ele ser educado, por exemplo. Ainda que este homem seja feio, use óculos e pareça bastante inseguro. E um homem pode se interessar de primeira por uma mulher apenas por ela ser meiga. Ainda que essa mulher não seja muito bonita e sequer tenha os atributos físicos que ele prefere.

Uma experiência interessante minha: há pouco tempo uma amiga da igreja resolveu me indicar uma moça dela para eu conhecer. Ou seja, essa amiga resolveu ser nosso cupido, falou de mim para a moça e falou da moça para mim. Essa moça é bonita. E é uma boa cristã. Eu pensei: “Não vou recusar. Não se pode recusar oportunidades”. Então, iniciei conversas com a tal moça, a fim de nos conhecermos, ambos com a finalidade de, se desse certo, iniciarmos um namoro. Ao fim de um tempo nos encontramos como amigos. Ora, tanto nas conversas, como no encontro, não sentimos “química”. E eu me esforcei. Eu estava aberto. Mas o que falou mais alto, no meu caso, não foi a beleza da moça. Foi o fato de que não tínhamos nada em comum e nossas conversas não fluíam.

Neste caso, portanto, eu não fui movido pelo instinto natural, mas pela visão do próprio relacionamento. Vi que não daria certo e isso foi suficiente para que a beleza dela não me atraísse a ponto de eu me apaixonar. Isso não quer dizer que não tenho essa tendência masculina de desejar as mais bonitas acima de tudo. Talvez, se essa moça tivesse o tipo de beleza que a mim, pessoalmente, atrai muito, eu me apaixonasse. Talvez. Porque, no fim das contas, não havia futuro ali. Tanto que ela mesma percebeu. Pelo menos, foi o que ela disse. Eu, por mim, deixei bem claro, para não dar falsas esperanças.

Considerações finais

Em minhas considerações finais, quero dizer que realmente estas análises, baseadas não apenas em um, mas em vários estudos que já vi (e experiências pessoais) me parecem corretas e bastante plausíveis. Acredito que se muitos homens e mulheres interessantes tem sofrido por não conseguirem uma companhia é porque o ser humano está, em geral, viciado em se guiar pelos instintos. E nem sempre isso é perceptível à própria pessoa. Eu estou certo que muitos cristãos genuínos têm se guiado por instintos sem perceber e, por isso, não encontram a pessoa certa e impedem que boas pessoas as encontrem.

Estou há muito querendo escrever esse artigo, até como uma forma de alertar às pessoas contra isso. Mas o que me levou a escrevê-lo hoje foi uma terrível desilusão amorosa que tive e que, talvez, possa ser explicada por essa dinâmica. Em todo o meu romantismo, atenção e cuidado (sem com isso ser meloso, ciumento ou controlador) acabei por afastar uma namorada que parecia gostar de mim (segundo ela, não por ter deixado de gostar, mas por insegurança). Após isso, por insistência minha (em função de crer haver ainda algum sentimento por parte dela), fui relegado à posição de mero amigo e, depois de uma reaproximação amigável, trocado por alguém, aparentemente muita boa gente, mas que, tenho certeza, não dedicou a terça parte do carinho e da preocupação que dediquei.

Não está em questão aqui a conduta da moça. Ela teve seus erros, creio, mas eu também tive os meus. Errei por insistência. Este, no entanto, não é o ponto. O ponto é que por mais doloroso que seja tudo isso, há algo útil nessa experiência. Eu passei por diversas possibilidades ruins que uma relação pode gerar: rompimento, “friendzone”, o ser trocado (ou, talvez, a melhor palavra seja “preterido”) por alguém que não foi tão companheiro quanto fui. Dói mesmo. Lembra do que falei sobre a honra masculina? Pois é, a minha honra está manchada. O coração sangra. E por mais que eu sonhe com uma companheira para namorar, noivar e casar (sonho antigo e persistente), esta não aparece. Contudo, ao menos eu tenho uma ideia da razão principal pela qual estas coisas acontecem. E uma vez que conheço muitos nesta situação, deixo aqui minha contribuição sobre o tema.

Paulo, na epístola aos Romanos, capítulo 7, fala sobre a terrível luta que se dá no interior de todo o ser humano. Ele afirma:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.
Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7:14-25).
O apóstolo continua no próximo capítulo, falando sobre como Jesus resolve este terrível problema. É, na minha opinião, uma das passagens mais lindas da Bíblia:
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito” (Romanos 8:1-5).
Que todos os que leram este post agarram-se ao Senhor Jesus Cristo e procurem, nEle, tratar todas as nossas inclinações pecaminosas (ou, se preferir outro termo, “instintos naturais inconvenientes”). E que não percamos jamais a oportunidade de conhecer melhor aquelas pessoas interessantes que só vemos como amigos. É possível que o amor da sua vida esteja mais perto do que você pensa. E falo isso para mim também. Porque também eu sou homem como vós, sujeito às mesmas paixões (Atos 14:15).

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